Chuva de pesquisas
Chuva de pesquisas de intenção de votos, ausência de análises mais abrangentes do quadro político. É o preço de cobrir as eleições segundo a lógica das campanhas.
Terrorismo pop
O escritor português João Pereira Coutinho critica hoje na Folha a orgia macabra de dor produzida na televisão a título de evocação da tragédia de 11 de setembro de 2001: “Imagens pretensamente épicas, acompanhadas por palavras pretensamente profundas. E, pormenor fundamental, uma forma de consagração pop que transforma um ato criminoso e imperdoável numa encenação operática que deve fazer as delícias de qualquer terrorista”.
Internet muda jornalismo
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala da influência crescente da internet no jornalismo, abordada ontem no Colóquio Latino-Americano sobre Observação da Mídia, promovido pelo Observatório da Imprensa com apoio da Fundação Ford e da BBC.
Egypto:
– Em palestra proferida ontem no Colóquio Latino-Americano sobre Observação da Mídia, o jornalista Dan Gillmor, diretor do Centro de Jornalismo Cidadão, apoiado pela Universidade da Califórnia e pela Universidade Harvard, reiterou suas conhecidas posições expressas no blog que mantém e, em especial, no livro We The Media – trabalho este que se consumou a partir de uma forte interação com os leitores. Em resumo, Gillmor defende que o jornalismo não é mais uma via de mão única, como tradicionalmente o compreendíamos. Com o aporte das tecnologias de informação e comunicação, o jornalismo, segundo ele, se transformou num diálogo e agora convive com instrumentos que possibilitam o pleno exercício do chamado jornalismo-cidadão.
O assunto é provocador e suscita boas discussões. O debate que se seguiu à sua fala mostrou muito bem isso. De toda forma, e malgrado as eventuais críticas que se façam ao jornalismo feito por não-jornalistas, uma certeza é inquestionável: a internet mudou radicalmente a prática jornalística. E o melhor da história é que esse processo está apenas começando. É um fenômeno do nosso tempo. Cabe a nós acompanhá-lo. E sobretudo compreendê-lo.
Mauro:
– Os comentadores que fizeram a defesa dos jornalistas profissionais foram William Waack, da Rede Globo, e Alberto Dines, do Observatório da Imprensa.
Na Venezuela, crítica é elogio
A coordenadora do Observatório Geral de Mídia da Venezuela, Mariclen Stelling, relatou ontem no Colóquio a situação surrealista de confrontação de veículos a favor e contra o governo do presidente Hugo Chávez. Ela relata como foi recebido o deslavado desequilíbrio de uma emissora de rádio governista, constatado nas eleições municipais de 2005.
Mariclen:
– Temos também um caso bem interessante para referir, uma estação de rádio do governo saiu muito mal, absolutamente desequilibrada no índice de equilíbrio aplicado pelo Observatório. E o comentamos informalmente, amistosamente com a pessoa que dirige essa emissora de rádio. E essa pessoa respondeu que se sentia na verdade orgulhosa, porque essa era uma emissora que estava apoiando o governo, e esse desequilíbrio expressava o apoio absolutamente emotivo, irracional, acima de qualquer desempenho racional, ao presidente Chávez. O que se pensou que ia causar mal-estar na emissora causou profundo orgulho.
TV digital concentradora
Diogo Moyses e Gustavo Gindre, coordenadores do Intervozes Coletivo Brasileiro de Comunicação Social, denunciam hoje em artigo na Folha a maneira como foi estabelecido o padrão brasileiro de TV digital. Dizem que o governo, ao invés de procurar desconcentrar o mercado, optou por entregar aos atuais radiodifusores todo o novo espaço criado.
Auto-regulamentação capenga
A Folha de S. Paulo apóia em editorial o movimento Beba Cidadania, que defende fortes restrições à publicidade de cerveja, não apenas de bebidas destiladas. Segundo o Beba Cidadania, traços de etanol são detectados em 70% dos laudos cadavéricos de mortes violentas.
Este é mais um caso em que o Código de Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária falhou. Em seu anexo relativo a cervejas e vinhos, o Código diz que a publicidade não deverá induzir, de qualquer forma, ao consumo abusivo e irresponsável de bebidas alcoólicas. Seria cômico se não fosse trágico.
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