Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Atalho publicitário
>>Crack no Rio de Janeiro

Primazia do Estado


Os governos brasileiros sempre dão primazia à defesa do Estado, em detrimento do cidadão. No Rio de Janeiro, o Exército faz um corredor de segurança para os chefes de Estado da reunião do Mercosul. Depois de amanhã, quando a reunião tiver terminado, volta a rotina do policiamento insuficiente.


A coisa pública


Retrato do Brasil. O PSDB já não apóia oficialmente o candidato do PT à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia. Houve nisso um dedo da indignação na mídia e na opinião pública. Bonito. Edificante. Mas hoje o Painel da Folha diz que essa mudança de rumo tornou mais caro para o governo o apoio de partidos da base aliada. Querem mais ou melhores ministérios e repartições públicas.


Atalho publicitário


Alberto Dines questiona a validade de campanhas publicitárias como a feita pelo Ministério Público paulista para valorizar sua atuação.


Dines:


– Uma das instituições brasileiras mais novas e mais importantes é o Ministério Público. É tão importante que muitos o designam como o Quarto Poder no lugar da imprensa que já foi dona do título, mas que é um poder informal embora garantido pela constituição. O Ministério Público é um poder formal, constituído como um dos esteios da república moderna. Quando o nosso Observatório nasceu, há 10 anos, tínhamos um espaço dedicado especialmente ao MP. Apesar da sua importância como defensor do cidadão, o MP é pouco conhecido e, além disso, visto com má-vontade por certos magistrados, por muitos advogados e às vezes pelas próprias autoridades policiais. O governador Serra disse ontem que o MP tem todo o direito de investigar o desastre na linha 4, mas nem todos os governantes adotam esta postura. É, portanto, legítimo o esforço para valorizar o trabalho dos procuradores e promotores perante a sociedade já que ela é sua primeira beneficiária. Pergunta-se: será que uma campanha de anúncios no rádio e na TV é a melhor forma de valorizar uma instituição com tamanha complexidade? Com comerciais de apenas 20 segundos consegue-se vender uma mensagem tão elaborada? E quem está pagando a conta? Sabe-se que uma agência de publicidade ofereceu-se para pagar a produção do comercial para a TV, mas quem está pagando pela parte mais cara, a veiculação dos anúncios? E de onde vem o dinheiro — do contribuinte? Isso é correto, não fica com cara de corporativismo? Precisamos voltar ao assunto.


Instituto Fernando Henrique


O Instituto Fernando Henrique é citado hoje nos jornais como beneficiário de recursos de renúncia fiscal da Sabesp, empresa de águas paulista. Também está na hora de discutir como se financiam com dinheiro público entidades privadas.



Crack no Rio de Janeiro


O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, coronel da reserva da PM de Minas Gerais Severo Augusto da Silva Neto, diz que, por uma questão de mercado, os traficantes de drogas do Rio estão em situação difícil, mas isso não é necessariamente um fator positivo.


Severo Augusto:


– Eles estão perdendo comércio. Por causa da droga sintética. Hoje, aqueles que iam para a maconha, iam para a cocaína… Quem faz o comércio de droga sintética já não é mais a boca-de-fumo na favela. O negócio é tão complicado, porque aí você vai ficar uma massa operária do bandido, com arma na mão… Por isso estão aumentando os assaltos. O traficante cada vez mais vai precisar vender crack, que é a Tubaína nas drogas, e ele vai vender para quem? Para a própria rede dele que vendia cocaína anteriormente, mas que não tinha dinheiro para comprar. Para fazer dinheiro agora ele vai ter que introduzir o crack. Só que o crack deixa as pessoas cada vez mais violentas. É por isso que esses meninos descem do morro feito loucos… Para o traficante não é interessante tocar fogo no ônibus com gente dentro. O crack deixa o menino mais louco, mais dependente e mais inconseqüente. Nós temos de nos preparar para enfrentar essa mudança de demanda, de mercado, mesmo.


Mauro:


– O coronel Severo vê com otimismo a atuação das autoridades no início do mandato dos governadores do Sudeste.


Severo Augusto:


– Hoje pelo menos já tem algumas mudanças, os governadores do Sudeste reunidos, os secretários reunidos, a questão da Força Nacional, independentemente de se ela vai produzir resultados, pelo menos mostra a postura de alguém que está dizendo: eu quero combater.


Clique aqui para ler a entrevista completa do coronel Severo Augusto.


Danos à imagem


Os jornais e cadernos de economia ainda não fizeram reportagens sobre os danos causados à imagem das empreiteiras pelo acidente na construção da estação Pinheiros do metrô. Os fatos correm céleres, mas esse tipo de reflexão sempre caminha devagar.