Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Desestimular o troca-troca
>>Mainardi desafiado

Desestimular o troca-troca


O único item inquestionável da legislação eleitoral aprovada ontem no Congresso é a distribuição do tempo de propaganda na TV e no rádio proporcionalmente ao número de deputados federais eleitos, e não aos do início da legislatura, depois do tradicional troca-troca de legendas. Essa é moralizadora.


Usar a internet


A publicação diária das contas de campanha na internet não será lei, mas pode ser exigência da sociedade. Funcionaria, agora, para candidatos cujo eleitorado tem acesso a todos os meios de comunicação e é mais participante. Já seria um começo.


Vai para a Caixa


A propaganda eleitoral não ocorre apenas em canais partidários. Os governos federal, estaduais e municipais usam dinheiro público para fazer propaganda política.


No momento, por exemplo, o ex-jogador de futebol Raí é o protagonista de uma campanha da Caixa Econômica Federal cujo tema é a casa própria. A casa própria que o caseiro Francenildo Costa não conseguiu comprar.


Mainardi desafiado


O diretor de jornalismo da Rede Globo em Brasília, Franklin Martins, anuncia no Observatório da Imprensa Online que vai processar o colunista da Veja Diogo Mainardi, a quem chama de difamador. Martins desafia Mainardi a encontrar um entre os 81 senadores que tenha ouvido dele pedido para nomear um irmão seu para cargo na Agência Nacional de Petróleo. E propõe: caso esse senador seja encontrado, ele, Martins, abandona o jornalismo. Caso não seja encontrado, Mainardi abandona a coluna que assina na Veja.


Franklin Martins anuncia que doará o dinheiro que vier a receber por decisão judicial.


Clique aqui para ler o texto de Martins.


O jornalista Leonardo Atuch, da IstoÉ Dinheiro, também anunciou, meses atrás, processo contra Diogo Mainardi.


Negócios da China


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, comenta o pragmatismo com que a empresa Google trata restrições à liberdade na China.


Egypto:


– A companhia Google, a jóia faiscante do mercado da internet, produziu uma prova definitiva de que os negócios serão determinantes sobre o caráter libertário da grande rede.


Para entrar no mercado chinês, atualmente com 111 milhões de usuários e extraordinário potencial de expansão, a empresa aceitou compactuar com a censura imposta pelo regime de Pequim. Seu motor de busca, por exemplo, filtra palavras-chaves como “Tibet”, “democracia” e todo e qualquer conceito que incomode as autoridades do país. Os internautas locais não são avisados disso.


E para evitar o fortalecimento de dissidentes na internet, Google também não abriu para a China os seus sistemas de e-mails e de blogs.


O site espanhol Periodista Digital reproduziu uma explicação do diretor-executivo do Google, Eric E. Schmidt. “Seria arrogância de nossa parte chegar a um país e dizer-lhe como deve ser governado”, disse. E arrematou: “Tínhamos a opção de não entrar na China, ou fazê-lo seguindo a lei”.


Mais pragmatismo do que isso, impossível.



De Maluf ao “mensalão”


A Folha de S. Paulo cobra em editorial que o Supremo Tribunal Federal use os meios de que dispõe para acelerar o julgamento da denúncia oferecida pelo procurador-geral da República contra os 40 acusados de ligação com o “mensalão”. Faz sentido.


Mas no noticiário desta quarta-feira, 19 de abril, há referências a falhas no documento produzido pelo procurador Antonio Fernando de Souza.


Bem brasileiramente, esse processo tende a caminhar aos trancos e barrancos. Vide o resultado final do processo contra Paulo Maluf pela doação de 25 Fuscas à seleção campeã de 1970. Trinta e seis anos depois, deu em nada.


Papagaios eletrônicos


É alarmante o grau de superficialidade com que a televisão trata assuntos de política internacional.


Ontem todas as emissoras disseram que o governo de Israel, em face do mais recente atentado de homem-bomba em Tel Aviv, decidiu não promover retaliação contra o governo palestino. Ninguém explicou que a medida tem por objetivo isolar politicamente o Hamas.


O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirma que o exército de seu país é um dos mais poderosos do mundo. Ninguém comenta. O Irã não está entre os dez países com exércitos mais poderosos. Seus gastos militares foram de 4,3 bilhões de dólares em 2003. Só para comparar, os do Brasil, que gasta pouco em relação ao PIB, foram em 2005 de 9,9 bilhões de dólares. Os dados são da CIA.


Ahmadinejad brada que vai “cortar a mão” de quem atacar o Irã. Essa metáfora é passada adiante como se significasse alguma coisa em si mesma. As televisões nem embrulham o peixe vendido pelo dirigente iraniano. O telespectador que se vire para extrair dessas palavras seu sentido político.


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Leitor, participe: escreva para noradio@ig.com.br.