Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Cobrir o Pan
>>Lei e ordem

Manchetes fugazes


A inércia arrasta para o esquecimento as manchetes sensacionais não do ano passado, mas do mês passado. Logo virá outra temporada de caça da Polícia Federal – não faltam alvos – e novas manchetes serão produzidas e destinadas ao esquecimento.


Cobrir o Pan


Alberto Dines anuncia que a cobertura do Pan será o assunto do programa de hoje à noite do Observatório da Imprensa na televisão.


Dines:


– Estamos na reta final: o PAN, Jogos Pan-Americanos, começam na sexta-feira. Como sempre, não se sabe se a animação da mídia é autêntica, ou é mero recurso para esquentar o evento, esquentar o noticiário e esquentar o interesse do público. Como em todas as grandes competições esportivas há enormes interesses comerciais em jogo o que torna difícil qualquer avaliação sobre a veracidade desta excitação toda. Uma coisa é certa: os esportes olímpicos, sobretudo os individuais, deveriam merecer mais atenção da nossa mídia. Outra questão que deveria ser discutida: será que as TVs públicas não deveriam participar desta cobertura e mostrar como se acompanha um evento esportivo sem mensagens comerciais? O PAN não seria uma oportunidade para experimentar a anunciada Rede Pública de TV? Tudo isso e muito mais será discutido hoje à noite no “Observatório da Imprensa”. Às onze e quarenta pela TV-Cultura e às dez e quarenta, ao vivo, pela TV-E.


A distante Argentina


Nevou pela primeira vez em muitos anos em Buenos Aires. Só não dá, usando a mídia brasileira, para saber quantos anos. O número vai de 90 anos no Jornal Nacional a 79 anos no Estadão. Deve ser porque a capital da Argentina fica muito longe do Brasil.


Política anti-social


O governo anuncia um projeto de impacto relacionado com segurança pública. Quer que os policiais moradores de áreas ditas de risco social passem a morar fora delas. Não seria mais sensato aplicar dinheiro para melhorar as condições habitacionais da população?


Lei e ordem


A antropóloga Luciane Patrício participou, com a antropóloga Haydée Caruso e o tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Antonio Carlos Carballo Blanco, do terceiro debate sobre raízes da violência no Rio de Janeiro, realizado pelo Observatório da Imprensa no fim de junho. A transcrição desse debate será publicada em breve neste site. Luciane Patrício criticou a espetacularização do noticiário sobre crime e violência.


Luciane:


– Na medida em que se tem o advento de um tipo de cobertura fantástica, a imagem tendo um peso muito forte, o imediato, você tem de fato uma série de notícias que são veiculadas que dão para todos nós, que vemos, elementos de um cenário que não é. Muitas vezes, palavras que são veiculadas, dotadas de um conceito muito forte, por exemplo, “guerra”, “enfrentamento”, “confronto”, são publicizadas como se fossem auto-explicativas, quando, na realidade, não o são. E nós, consumidores dessa imprensa, nos convencemos pela reificação e pela reprodução disso, de que de fato estamos numa guerra, estamos num confronto, e precisamos de mais “lei e ordem”, mais leis duras, mais ordem dura, para poder enfrentar esse tipo de coisa. Temos elementos de uma guerra? Podemos até ter. Mas ela é recortada, e a violência não se dá da mesma forma em todos os lugares da cidade do Rio de Janeiro. E acabamos convencidos do que reitera esse pedido por reação baseado em mais recrudescimento e leis mais duras.



Classificação na berlinda


Anúncio de página inteira é publicado hoje em vários jornais por entidades, com numerosas assinaturas individuais, para pressionar o Ministério da Justiça a mudar os termos da portaria sobre classificação indicativa de programas de televisão. A argumentação apresentada é em defesa da liberdade de expressão, contra a censura. Na sexta-feira, o jornal O Globo torceu palavras de uma manifestação da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, a respeito do assunto.



Admirável mundo novo


Há movimentos de placas tectônicas no setor de telefonia. A Telefónica espanhola fez uma oferta bilionária pela Vivo. Em face da cada vez mais palpável convergência digital, isso significa grandes mudanças a caminho no quadro das mídias brasileiras. Quando houver uma expansão mais significativa do acesso à internet por banda larga e telefonia celular, questões como a dos horários das redes abertas de televisão passarão a segundo plano. E surgirão novos problemas, talvez mais difíceis de regular.