Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>As bombas da semana
>>Afobado come cru

As bombas da semana


Ninguém sabe o que vão revelar os tesoureiros Palmieri, Lamas e Delúbio em seus depoimentos nesta semana.


Em entrevista à Veja, Hélio Bicudo disse sobre o presidente Lula coisas graves.


Dois assuntos tratados na Folha desta segunda-feira, 15 de agosto, têm potencial explosivo.


Um é o possível depoimento do doleiro Toninho da Barcelona, que desejaria falar sobre operações clandestinas de remessas ao exterior a serviço de políticos de vários partidos, entre os quais o PT. A Folha relembra que no ano 2000 ele foi investigado pela CPI do Narcotráfico. Repito: narcotrafico.


O lobista Nilton Monteiro cobra dívida da campanha a governador de Minas, em 1998, do presidente do partido, senador Eduardo Azeredo. O senador diz que Nilton Monteiro é um criminoso, e mente.


Manchetes governistas


As manchetes dos principais jornais no sábado pareciam feitas para alguém chegado de Marte. Reproduziam, às vezes entre aspas, o “eu fui traído”, o “estou indignado” e “nós devemos pedir desculpas” do discurso presidencial. Foram exceções o Jornal do Brasil, com o título “A lama sobe a rampa”, e mais uns tantos, como o Correio Braziliense, O Estado de Minas, A Tarde, de Salvador, e A Gazeta, de Vitória.


Essas manchetes são, além de uma confirmação de que o PFL e o PSDB não querem a derrubada de Lula, mais um episódio revelador da crise atual da mídia. Com o advento de meios que usam texto e imagem na internet de banda larga, todos os outros precisam ser repensados. Em especial jornais e revistas. Sair 18 horas depois com a manchete “Lula diz que foi traído” é de lascar. E as revistas forçam a barra na tentativa de se tornar relevantes.


O problema jornalístico já existia há 40 anos, quando surgiu a TV Globo e você, Dines, então editor do JB, avisou que os jornais precisariam mudar dali para a frente. Ele só se agravou.


Afobado come cru


O Alberto Dines constata que a desorientação de jornais e revistas leva à pressa, que agrava a imperfeição. Fala, Dines.


Dines:


− Mauro: as burrices se sucedem, tanto do lado da mídia como do governo. Se o Presidente não tivesse desperdiçado a noite de quinta-feira para o tal ágape com Hugo Chávez, poderia ter reunido com calma a sua equipe de auxiliares para decidir o texto final do pronunciamento do dia seguinte. O hóspede atrasou, o jantar demorou e a fala presidencial marcada para as nove da manhã de sexta só foi transmitida ao meio-dia. O suspense agitou o mercado e deu margem a uma onda de boatos. Isto sem falar no seu decepcionante teor.


Por outro lado, se a edição da revista Época não fosse antecipada de sábado para sexta, a tal entrevista-exclusiva com o presidente do PL teria sido preparada com um pouco mais de cuidado. A repercussão política foi mínima e a repercussão jornalística péssima – parece plágio de matéria publicada antes na revista Carta Capital.


A mesma coisa aconteceu com a antecipação da pesquisa eleitoral da Folha, normalmente publicada aos domingos. Na sexta-feira, acabou sendo superada pelos fatos de um dia particularmente nervoso e logo abafada pelo fim-de-semana. Se tivesse saído ontem, estaria comandando o noticiário dos próximos dias. Fica provado mais uma vez o óbvio – a pressa é inimiga da perfeição


Fonte desmemoriada


Em seu site, a revista Carta Capital revela a semelhança entre uma reportagem de 2002 e a entrevista de Valdemar Costa Neto à revista Época que atrasou o discurso do presidente Lula. A turma da Época devia ter percebido que Costa Neto não é das fonte mais confiáveis…


Ministro ou advogado?


Ao se transformar em advogado criminalista in petto de pessoas acusadas de corrupção, o ministro Márcio Thomaz Bastos foge a seus deveres políticos e de alto funcionário responsável pela observância das leis. A imprensa precisa levantar a seguinte questão: de que lado da lei está o ministro, que no momento não exerce a advocacia, mas uma função de governo?


Jornalismo no SBT


Estréia hoje o SBT Brasil, com Ana Paula Padrão, que no mínimo provocou mudanças salariais na Rede Globo. A concorrência pode ser salutar. Resta ver se, como indaga o Alberto Dines, Silvio Santos vai resistir à primeira grande reclamação de algum governo ou anunciante. Boa sorte para Ana Paula.