Ibope avalia Lula
Se for mantida a correlação observada ao longo do ano com as pesquisas CNT-Sensus, a próxima pesquisa do Ibope para a CNI poderá mostrar a aprovação do presidente Lula entre 41% e 42%. O Ibope deu sempre cerca de cinco pontos percentuais menos favoráveis a Lula do que o Sensus. A pesquisa CNT-Sensus de novembro mostrou Lula com 46,7% de aprovação. Em junho, antes de Roberto Jefferson dar com a língua nos dentes, o Ibope encontrou 55% de aprovação para o modo como Lula governava o país. Esse número caiu para 47% em agosto e 46% em outubro.
A pesquisa do Ibope será feita nos próximos dias.
Quem vota em Lula
O analista Rogério Smith, da consultoria Tendências, analisou os resultados do Ibope em 2005 até aqui. Concluiu que o voto em Lula é majoritário entre os homens, os mais velhos, com baixa escolaridade, nordestinos, de baixíssima renda familiar e habitantes de municípios periféricos pouco populosos.
Na opinião de Smith, a manutenção da vantagem nesse eleitorado não bastaria para reeleger Lula em 2006. A perda de apoio entre os mais escolarizados, urbanizados, jovens e de maior renda se traduziria em derrota no segundo turno.
Atenção ao Judiciário
O Alberto Dines pede melhor cobertura jornalística das atividades do Poder Judiciário.
Dines:
– Mauro, amanhã, quarta-feira, teremos nova trepidação no imponente palácio onde está o Supremo Tribunal Federal na praça dos Três Poderes em Brasília. Será a continuação do julgamento do recurso do deputado José Dirceu para interromper o processo de cassação do seu mandato. Falta o voto do ministro Sepúlveda Pertence, mas além dele espera-se a continuação do troca-troca que ocorreu na sessão anterior. O suposto empate anterior pode evaporar-se e até mesmo virar goleada. Qualquer que seja o resultado, os grandes veículos jornalísticos, sobretudo os jornais, precisam reaprender a cobrir o Judiciário. A prolongada crise e os impasses dela decorrentes transferiram os centros de decisão do Legislativo para o Judiciário. Significa que a cobertura da suprema corte precisa merecer a mesma atenção, o mesmo espaço e exigir a mesma vigilância da cobertura política. A verdade, Mauro, é que o jornalismo hoje se tornou tão especializado como a medicina. Aliás, a edição de hoje à noite do Observatório da Imprensa na TV vai tratar exatamente do jornalismo médico diante das ameaças de epidemias. Às dez e meia da noite na TVE e às onze na TV Cultura.
Sigilo da fonte
Dines, o Estado de S. Paulo desta terça-feira, 29 de novembro, dá destaque à informação de que um procurador pretende contestar na Justiça o direito da imprensa de preservar o anonimato das fontes.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busatto, disse que a pretensão do procurador nega frontalmente o Estado democrático de direito.
Incredulidade estrangeira
Veronica Goyzueta é presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros em São Paulo, que congrega em torno de 100 jornalistas. Peruana, ela trabalha no Brasil há 13 anos. Atualmente, é correspondente do jornal ABC, de Madri. Veronica narra a incredulidade dos editores no exterior quando começou a crise do “mensalão”.
Veronica:
– O Lula chegou ao poder com uma grande expectativa no mundo todo. Acho que é um dos presidentes mais lembrados no mundo. Quando começaram as primeiras denúncias sobre o governo, houve um clima de não querer acreditar. Era uma coisa que nós, correspondentes, sentimos nas redações dos nossos jornais. A gente passava as informações, os editores tomavam um pouco de cautela [sobre] se era verdade, se as denúncias eram fundamentadas. Houve um temor de que fossem manobras da oposição. Até que as evidências começaram a aparecer e as notícias começaram a ter mais força nos jornais de fora. Com o passar do tempo, nesta altura já da crise, tem caído mais o interesse, porque as notícias se repetem muito e não tem grandes novidades. A não ser semana passada, houve as notícias sobre Palocci, mas as informações sobre o governo Lula têm caído bastante.