Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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Estranha “calmaria”


É curioso que comentaristas políticos tenham descrito um certo clima de distensão justamente no dia em que dois ex-presidentes da República, Sarney e FHC, fizeram pronunciamentos. Talvez estejam com os olhos excessivamente colados no espetáculo das CPIs.


Pesquisas ocultas


Vários jornais mencionam hoje pesquisas sobre a popularidade do presidente Lula. Os números não são revelados. E os resultados são antagônicos: ora o povo ainda apóia Lula, ora já o está abandonando.


Repórteres amadores


Todo cuidado é pouco no tratamento das revelações do doleiro preso. Não custa muito, para um bandido que cumpre pena, procurar envolver pessoas de vida limpa. Informações sobre o esquema que levou ao assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel podem ser da maior gravidade. Mas é preocupante que integrantes de comissões parlamentares saiam de reuniões fechadas e deitem falação, como se fossem repórteres de veículos de comunicação. A mídia não questiona. Ao contrário, adora.


‘Chutometria’


Ouvinte (leitor), faça a seguinte experiência. Colecione previsões de crescimento do PIB em 2005. É divertido. Mostra como uma parte do noticiário se baseia em pura “chutometria”, usada para manipular humores e expectativas.


O ministro Palocci diz que o aumento do PIB pode passar de 3,4%. Aqui vai mais um chute, confessadamente um chute: salvo a ocorrência de uma hecatombe, o PIB vai crescer mais do que andaram dizendo no fim do primeiro semestre. Porque o Brasil não segue os planos e planilhas de ninguém.


Há poréns. No jornal Valor desta quarta-feira, 17 de agosto, Cristiano Romero chama a atenção para o risco de que manobras ditadas pela evolução da crise política obriguem a equipe econômica a abrir a guarda. Ele cita o aumento dado ontem aos militares, decisão que vinha sendo adiada desde 2004.


Falta a fonte


Ontem à noite, no programa de televisão do Observatório da Imprensa, o correspondente do Corriere della Serra, Rocco Cotroneo, que viveu a experiência da operação Mãos Limpas na Itália, relembrou algo que não se pode perder de vista: na crise do “mensalão”, todo mundo sabe quem são os acusados de corrupção e de intermediação, mas ninguém sabe quem são os corruptores, de onde vem o dinheiro.


Para notívagos


A TV Cultura noticiou ontem parceria com o Ministério da Cultura para o lançamento da segunda rodada da série DOC-TV, que divulga documentários brasileiros. Só que o horário será onze da noite de domingo, o que não é exatamente a melhor maneira de popularizar o programa. Recentemente, a TV Cultura passou de dez e meia da noite para onze horas a transmissão do programa do Observatório da Imprensa, comandado por Alberto Dines.



A vontade do freguês


O editor do Observatório da Imprensa online, Luiz Egypto, destaca a discussão do futuro da imprensa na era da internet.


Egypto:


O modelo da informação impressa está sendo revisto. No mundo todo jornais e revistas perdem circulação, assediados sobretudo, pela concorrência da internet. Os jornais não vão acabar, mas precisam ser repensados.


Em recente palestra em Londres, o professor Rosental Calmon Alves, da Universidade do Texas, assinalou o seguinte: “Estamos entrando numa era de mídias ‘eu-cêntricas’, isto é, que tragam o conteúdo que eu quero, quando eu quero, no formato que eu quero, mas apenas quando eu o quiser.” Este é um dos assuntos da edição online do Observatório.


Cartéis em ascensão


Agora ficou claro por que o norte do México passa por um alarmante surto de violência. Reportagem do Christian Science Monitor de ontem afirma que quatro grandes cartéis mexicanos de traficantes − os do Golfo, de Sinaloa, de Tijuana e de Juárez − substituíram as quadrilhas colombianas que eram as principais responsáveis por fazer chegar às ruas dos Estados Unidos cocaína, heroína, maconha, metanfetamina e outras drogas ilegais. Esses cartéis mexicanos estão em guerra pelo controle da lucrativa fronteira.


O jornal de Boston contabiliza 820 assassinatos relacionados com o tráfico, entre os quais os de dois chefes de polícia e 21 policiais, desde o início do ano, e de seis jornalistas nos últimos dezoito meses.


Vários jornais de cidades da região praticam hoje auto-censura, com medo da violência dos traficantes, que têm ligações com a polícia.