Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Uma notícia, duas versões
>>Recuperando a História

Uma notícia, duas versões

A notícia é o relatório da OCDE, Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, sobre a situação das maiores economias do mundo frente à crise global.

O Estado de S.Paulo e o Globo seguem a tendência das agências internacionais e anunciam que o Brasil será o menos afetado e terá o melhor desempenho em 35 países estudados, entre os quais os onze mais desenvolvidos.

Mas a Folha de S.Paulo vai na contramão e prefere destacar que o Brasil está cada vez mais próximo de um ciclo de desaceleração, embora permaneça como a única entre as principais economias mundiais que ainda apresenta um cenário positito.

O leitor mais atento deve se perguntar: o que define a escolha de um editor, diante de um relatório técnico sobre o qual as interpretações também deveriam seguir o mesmo critério técnico?

Embora o conteúdo das reportagens dos três jornais seja rigorosamente o mesmo, o leitor da Folha tende a ficar mais pessimista com o título: ‘Brasil está próximo de desaceleração, diz OCDE’.

Compare-se, por exemplo, com o que induz o título do Globo: ‘OCDE – Brasil sofrerá menos com crise’.

Ou com o título do Estadão: ‘Para OCDE, Brasil é o menos atingido pela crise’.

Lidos os textos publicados pelos três principais jornais brasileiros, e comparados com as versões disponíveis na internet, observa-se que não há elementos para a escolha de um título pessimista.

O que predomina no estado de espírito que se irá formar no leitor é a mera escolha do editor.

Nem no conjunto de indicadores, nem nos indicadores específicos sobre desemprego, as informações originais induzem a uma interpretação diferente da que deram à notícia o Globo e o Estadão.

Mas o editor da Folha resolveu puxar para baixo, e isso basta.

Observando-se o conteúdo geral do noticiário e alguns artigos publicados nos últimos dias, constata-se que o Brasil se destaca no cenário global por sua menor exposição aos riscos que atingem a economia real.

O crescimento do mercado interno, produzido por uma década de medidas estabilizadoras e cinco anos de políticas efetivas de inclusão social, e a diversificação das relações de negócios, com maior presença no mercado latino americano e menor dependência dos Estados Unidos, são apontados por instituições e analistas como os motivos do melhor posicionamento do Brasil.

No entanto, os jornais brasileiros têm preferido dar destaque às notícias isoladas sobre dificuldades de alguns setores.

No fim das contas, é o senso crítico do leitor que vai predominar.

Mas não há otimismo que dure com tanta torcida contra.

Recuperando a História

A imprensa brasileira fugiu do debate no ano passado, mas não há como escapar da História.

O Observatório da Imprensa na TV volta a colocar diante do público o tema da fundação do jornalismo brasileiro e a questionar por que a imprensa nacional fugiu desse debate durante a comemoração dos duzentos anos da chegada ao Brasil da prensa régia, junto com a corte portuguesa, e o surgimento do primeiro jornal a circular no País.

Os jornais brasileiros tratam pouco de sua própria história e oferecem pouco espaço para o debate sobre a liberdade de imprensa.

O que se costuma publicar são os rankings internacionais e os boletins das entidades representativas do jornalismo.

O Observatório da Imprensa na TV propõe aprofundar essa discussão.

Alberto Dines:

– Hipólito da Costa, o Patriarca da Imprensa Brasileira, é a figura central do programa desta noite. A reapresentação da série sobre os 200 Anos da Imprensa prossegue com esta reportagem histórica sobre o Correio Braziliense, o primeiro periódico a circular no Brasil e em Portugal livre de censura.

Para que esta liberdade fosse efetiva, o mensário não poderia ser impresso no Brasil. Aqui seria apreendido pela censura inquisitorial ou pelo voluntarismo do Príncipe Regente. O tele-espectador talvez desconheça estas questões apesar da intensa badalação sobre a chegada da corte ao Rio de Janeiro.

A razão é simples: a própria imprensa omitiu a festa do bi-centenário. Vale a pena saber porque. Observatório da Imprensa, hoje às 10 e 40 pela TV-Brasil e em S.Paulo (capital) pelo Canal 4 da Net. Em qualquer lugar do país no site do Observatório da Imprensa. Aos notívagos: pela TV-Cultura, à meia-noite e dez.