Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Mídia esquece a IstoÉ
>>Feriado nacional

Agora, debate obrigatório


Volta hoje o horário obrigatório. Com promessas de pancadaria de parte a parte, ao sabor da inspiração dos candidatos e de seus marqueteiros. Um deputado do PSDB paulista, Antonio Carlos Mendes Thame, vem com a idéia de obrigar candidatos a fazer debate no segundo turno. É a mania brasileira de querer enquadrar a realidade em leis.



Alckmin desmente Alckmin


Seria cômico se o assunto não fosse da maior relevância. Hoje o Estadão chama o economista Yoshiaki Nakano de “O aloprado de Alckmin”. Teria feito declarações despropositadas sobre câmbio e cortes de gastos do governo. O candidato Alckmin disse que seu programa não tem nada disso. O jornalista Vinicius Torres Freire, da Folha, foi conferir e encontrou tudo no programa.


Eis o resultado do baixo nível da campanha eleitoral: assuntos sérios são tratados no estilo “agitação e propaganda” dos velhos partidos comunistas.


Lula pela tangente


A entrevista do presidente-candidato Lula ao Globo é importante. Mais, talvez, pelas perguntas do que pelas respostas, em vários momentos evasivas.


Mídia esquece a IstoÉ


Alberto Dines diz que o papel da revista IstoÉ na tentativa de compra do Dossiê Vedoin também deveria ser investigado pela polícia.


Dines:


– A Polícia Federal, felizmente, não está em recesso, isso significa que não estão paradas as investigações sobre o Dossîegate. O deputado Ricardo Berzoini já marcou o seu depoimento na PF, na condição de presidente do PT quando aconteceu o escândalo e, agora, o senador Aloísio Mercadante manda avisar que está pronto para prestar todos os esclarecimentos embora considere o período eleitoral impróprio. Ora, o ilustre senador esqueceu que o dossiê foi concebido justamente para ser divulgado no período eleitoral.


Mas o que chama mesmo a atenção é a total ausência do semanário IstoÉ nesta fase de investigações. Nem as autoridades policiais e muito menos a própria imprensa parecem interessadas em esclarecer o papel do semanário no recebimento e divulgação do dossiê falsificado. Na primeira fase, quando estourou o escândalo, a imprensa parecia disposta a abandonar a solidariedade corporativa e tratar da revista como uma das partes do escândalo. Agora, já não se fala mais no semanário que foi o pivô de tudo. A imprensa nada cobra e a Polícia Federal nada esclarece. Mas deveria. Procurar a origem do dinheiro para comprar o tal dossiê falsificado e deixar de lado a revista que começou a publicá-lo é uma estranha forma de fazer uma investigação. Sherlock Holmes não a aprovaria.



Feriado nacional


Chama a atenção a quantidade de reportagens sobre eventos religiosos católicos divulgados pelo principal meio de comunicação do país, a Rede Globo de Televisão. Sem contar o que será exibido hoje à noite sobre a romaria a Aparecida do Norte, interior paulista – no ano passado o assunto foi tratado em um minuto –, em 30 dias o Jornal Nacional dedicou cerca de oito minutos, em quatro reportagens, a eventos católicos. Além de onze reportagens sobre atividades do papa Bento XVI e uma relacionada ao Vaticano.


Não houve no período menção a eventos protestantes, por exemplo. No Censo de 2000, 73,6% dos brasileiros se declararam católicos e 15,4% se disseram evangélicos.


Todo dia é dia de vendas


Hoje também é Dia da Criança. Todo ano, reportagens em lojas são feitas em todos os veículos. Para “dar uma forcinha” nas vendas. É Dia da Criança, dos Pais, das Mães, ovo de Páscoa, panetone, Natal. Não contentes em vender o tempo do público para anunciantes, os veículos preenchem parte desse tempo com propaganda genérica de produtos.


Banditismo policial


Os repórteres Rita Magalhães e Josmar Jozino dão hoje no Estadão um cálculo que, caso confirmado, explica a funcionalidade da corrupção e do banditismo na Polícia. Dizem que policiais ficaram com 50 milhões dos 164 milhões e 700 mil roubados do Banco Central de Fortaleza. Seria o crime perfeito. O assunto continua ausente do debate eleitoral, como se os candidatos não tivessem nada a ver com isso.


PCC na campanha


Geraldo Alckmin, entrevistado para um programa da TV australiana, disse que a jornalista deveria se dirigir ao “governo do estado” para perguntar sobre o PCC. O making of dessa gravação circula na internet e será explorado pela campanha de Lula. Ontem, o ministro Tarso Genro já falou em “milhares de mortos” nos ataques de maio. A contagem oficial chega a 142 mortos. É muito. Mas não são “milhares”.


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