Newsweek à venda
Sinal amarelo para as semanais.
Notícia em todos os grandes jornais brasileiros, inclusive entre os diários especializados de economia e negócios, o anúncio de que o grupo Washington Post colocou à venda a revista Newsweek chama atenção não apenas pelo novo indício de crise no mercado de publicações, mas pelas análises que acompanham a notícia, falando sobre os riscos à sobrevivência das revistas semanais.
Na coluna Toda Mídia, a Folha de S.Paulo reproduz análise do New York Times segundo a qual “a era das revistas semanais se desfaz”.
Embora ainda haja exemplos de vigor nesse setor do mercado editorial, como o caso da britânica Economist, lembra o site do jornal americano, há sinais claros de que as revistas semanais já não conseguem retratar satisfatoriamente a complexidade e a fragmentação da sociedade contemporânea.
Newsweek, a bola da vez, vinha acumulando perdas continuamente e já não conseguia competir com sua principal rival, a revista Time.
Grandes prejuízos se acumulam desde 2007 e sua receita caiu 27% em 2009, com especial gravidade no último trimestre, quando a perda chegou a 30%.
Analistas citados pela imprensa observam que a publicação, criada em 1933, já tinha esgotado todos os recursos de gestão e marketing para reverter a situação, com uma política de corte de custos e mudanças na linha editorial.
Newsweek tentou deixar de ser uma revista de notícias da semana para se enquadrar como uma publicação de opinião e análise, mas os leitores não compraram a idéia.
Uma das questões – levantada por uma jornalista do New York Times – lembra que, durante gerações, revistas semanais como Time e Newsweek definiam a agenda nacional em suas capas. Isso antes da internet e das revistas de amenidades.
À medida em que as conversações dos cidadãos vão se revelando mais intensas e variadas, se torna cada vez mais difícil resumir numa capa todos os assuntos que interessam, observa a reportagem.
O argumento, reproduzido em parte pelos jornais brasileiros, pode ser aplicado também às revistas semanais que circulam no País.
Com tanta informação disponível pelos novos meios, não faz sentido uma revista semanal tentar se impor como o denominador comum de todos os interesses.
Terra de ninguém
Os três grandes jornais de circulação nacional conseguem, nesta quinta-feira, cantar em coro e produzir pelo menos uma convergência entre os dois grupos que polarizam a disputa partidária no Brasil.
Tanto situacionistas como oposicionistas condenam a decisão da Câmara dos Deputados de aprovar um aumento de 7,7% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo.
Nos principais diários, a tendência do noticiário e das análises é pela condenação da votação dos deputados, qualificada por alguns jornalistas como um acordo de demagogos.
A decisão não deverá passar mesmo de um afago no eleitorado, pois a imprensa considera como certo que o presidente da República irá vetar a medida.
Além disso, segundo os jornais, os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas, o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff, também desaprovam o índice aprovado pelos deputados.
O governo havia definido que poderia absorver um reajuste de até 7%.
Além de tentar impor um índice superior, os parlamentares ainda derrubaram o fator previdenciário, sistema de cálculo criado no governo Fernando Henrique Cardoso como tentativa de conter o déficit na Previdência.
Nessa votação específica, segundo ilustra o Globo, ocorreu uma bizarra inversão de posições.
Dos 67 deputados petistas que participaram da sessão, 43 foram a favor de manter a lei de Fernando Henrique. Dos 44 parlamentares do PSDB que participaram da votação, 41 se manifestaram pela extinção do fator previdenciário.
O episódio revela que, mais do que nunca, o Congresso Nacional, e especialmente a Câmara dos Deputados, funciona como uma instituição à deriva, movida pelos ventos circunstanciais do interesse eleitoral.
E que, nas proximidades das eleições, se desvanecem os perfis partidários e predominam os interesses pessoais.
O “salve-se quem puder” dos parlamentares também se reflete na vagarosa e problemática tramitação da proposta que tenta barrar a inscrição de candidatos com ficha suja nos cartórios eleitorais.
A imprensa bem podia fazer um rastreamento dos bloqueios e manobras para atrasar a votação, e entregar seus autores à opinião pública.