Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 34
>> Avaliação conservadora de Dilma
>> Roda Viva se perdeu no tiroteio
>> Observatório na TV discute CPI e mídia
>> Caneladas fora do campo
>> Blogs da liberdade
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Avaliação conservadora de Dilma

 

Ao abrigar o discurso sobre o que chama de falta de habilidade da ministra Dilma Roussef para negociações, o noticiário político se deixa manipular pelo discurso do conservadorismo, o discurso dos que querem deixar intacta a barganha de cargos, contratos e obras.

 

A oposição se apega ao argumento segundo o qual o presidente Lula, se fez uma boa escolha para ‘gerente’, continuará tendo um problema de articulação política. A mídia não enxerga que a politização espúria da administração pública é um problema a ser enfrentado, não uma lei da natureza. A ministra Dilma não resolverá isso, mas sua nomeação corre por fora do esquema conservador.

 

Com as limitações que lhe são atribuídas, Dilma Roussef conseguiu se fazer respeitada no Ministério das Minas e Energia, uma área onde convivem historicamente grandes feitos do Estado brasileiro e gigantescas bandalheiras em obras públicas e financiamento de campanhas eleitorais. E não embarcou na idéia de uma reestatização, que seria um desastre econômico e político.

 

A mídia subestima esse histórico da ministra porque é refém da lógica de suas fontes habituais. Hoje, o jornal Valor chega a citar entre aspas declarações de parlamentares hostis, embora da base aliada, que se escondem no anonimato.

 

Roda Viva se perdeu no tiroteio

 

A bancada da imprensa poderia ter ouvido do deputado Roberto Jefferson no programa Roda Viva, da TV Cultura, ontem, mais revelações sobre nomeações para cargos públicos e para empresas estatais, e sobre o caixa dois de empresas privadas que abastece a atividade político-partidária.

 

Jefferson chegou a pedir que se discutisse sua frase-chave: ‘Ninguém quer dar dinheiro por dentro’, ou seja, legalmente. Mas os jornalistas, na maior parte do tempo, preferiram se colocar como interrogadores de um réu confesso que só fala o que lhe convém.

 

Observatório na TV discute CPI e mídia

 

O Alberto Dines antecipa a pauta do Observatório da Imprensa que será transmitido pela televisão nesta terça-feira, 21 de junho, dia em que começam os trabalhos da CPI dos Correios.

 

 

 

Dines:

 

– São várias as metralhadoras atirando ao mesmo tempo, Roberto Jefferson é incansável e está fazendo escola. Cada insatisfeito tem uma denúncia, cada mulher abandonada tem uma reclamação. Nicéia Pitta virou musa das preteridas. A imprensa, é óbvio, deve ficar atenta a tantos estilhaços, mas a sua preocupação principal deve ser a CPI. Roberto Requião fez da CPI dos Precatórios um grande circo com ajuda de uma imprensa que atirava primeiro e depois perguntava ‘quem vem lá?’. Quase desmoralizou a instituição.

 

O governo, agora, está empenhadíssimo em limitar o âmbito das investigações. O perigo da pizza é concreto. Para complicar, parte substancial dos parlamentares está envolvida em algum tipo de ‘mensalão’, não lhes interessa vazar muitas informações. A mídia brasileira está diante de um dos seus maiores desafios. É exatamente isto que vamos discutir na edição televisiva do Observatório da Imprensa, hoje, às 22h30 na Cultura. Participe.

 

Caneladas fora do campo

 

A Rede Bandeirantes de Televisão noticiou ontem que a Rede Globo tentou impedi-la, por intermédio da Federação Paulista de Futebol, de ter acesso a estádios onde se realizavam jogos cuja transmissão havia sido negociada com exclusividade para a Globo. A notícia não saiu em nenhum jornal importante nesta terça-feira.

 

Blogs da liberdade

 

A organização Repórteres sem Fronteiras criou um prêmio para blogs do mundo inteiro que se destacam na defesa da liberdade de expressão. Uma pré-seleção foi submetida a votação por internautas. Chamam a atenção os eleitos no Irã e na Malásia, reprimidos pelos respectivos governos.

 

Abin versus Polícia Federal

 

A imprensa deve acompanhar de perto o conflito entre a Abin, Agência Brasileira de Inteligência, sucessora do antigo SNI, e a Polícia Federal. Noticia-se que o vazamento da fita dos Correios foi fruto desse conflito.

 

Há pouco mais de vinte anos, o general Otávio Costa, que tinha sido colaborador do general Médici na presidência da República, atribuiu o assassinato do jornalista Alexandre von Baumgarten, informante do SNI, à polícia secreta do Exército.