As listas de assinaturas
O Estado de S. Paulo e a Folha de ontem, publicaram a lista dos parlamentares que votaram a favor da criação da CPI sobre corrupção nos Correios.
Se havia falta de espaço para publicar o mapa completo da votação, mais adequado teria sido publicar a lista dos que assinaram o pedido de convocação da CPI e depois, por disciplina partidária ou razões menos nobres, retiraram suas assinaturas.
Nesta sexta-feira, 27 de maio, só a Folha de S. Paulo dá a informação correta: quem assinou e quem retirou a assinatura. O Estadão dá a lista completa dos que assinaram. O Globo só trata do Estado do Rio e do PT.
Choro de artista ou choro honesto?
Segundo a Folha, o ministro José Dirceu disse, e o presidente Lula teria concordado plenamente com ele, que o choro do senador Eduardo Suplicy no plenário foi coisa de artista. Mas o Alberto Dines tem uma visão nada cética do episódio. Fala, Dines.
Dines:
– Mauro: o machismo brasileiro não admite que homens chorem, sobretudo que chorem em público. O pragmatismo da política brasileira não permite que senadores da República tenham crises de consciência. Na noite de quarta-feira, o senador Eduardo Suplicy emocionou-se ao anunciar que pela primeira vez na vida discordava da orientação do partido e mesmo sabendo que corria o risco de ter a sua reeleição embargada em 2006 assinaria o requerimento pela abertura da CPI dos Correios. Sem a menor vergonha tirou o lenço do bolso para enxugar as lágrimas.
A imprensa brasileira desacostumou-se de cobrir o que acontece nos plenários do Congresso mas nas edições de ontem os jornalões paulistas emocionaram-se com a emoção do senador: o episódio foi manchete de página na Folha e no Estadão, com direito a foto.
Pode-se argumentar que foi uma maneira indireta de engrossar as críticas ao governo que tenta abafar a investigação nos Correios. Mas foi também uma forma de saudar um político que tem alma e mantém seus compromissos com os eleitores.
Na cabeça do inimigo
Marcha de dois milhões de evangélicos com o bordão ‘Pisa na cabeça do inimigo’, na Avenida Paulista, é algo que dá o que pensar.
A que distância de uma cobertura correta da religião e sua influência na vida social se encontra a mídia brasileira?
Cidade impermeável
Sem a ajuda dos meios de comunicação, por intermédio de uma educação sistemática, a cidade de São Paulo não poderá enfrentar os problemas de impermeabilização do solo e ocupação de áreas de mananciais que tornam insuficientes as eternas obras de remanejamento e limpeza de rios e córregos.
A imprensa deveria também questionar a irresponsabilidade com que a Prefeitura autoriza construções, desde que isso lhe permita cobrar imposto territorial.
Reside aí um dos nós do problema de massacre do solo.
A mídia e o referendo francês
O clima na França, às vésperas do referendo sobre a nova Constituição européia, está envenenado, escreve o correspondente em Paris da revista alemã Der Spiegel. ‘A julgar pela retórica, um observador externo poderia ser perdoado por pensar que cada um na França é um mentiroso e um traidor’, disse ele.
A correspondente da britânica BBC afirma que o debate sobre os prós e contras do texto dividiu amargamente os jornalistas franceses quanto à natureza da cobertura que ofereceram.
Os que são contra o texto acusam os favoráveis de terem promovido o ‘sim’ na televisão e no rádio sem o menor senso de equilíbrio.
A internet acabou se transformando em opção para os oposicionistas. Estima-se que a França tenha 24 milhões de pessoas ligadas à rede, numa população de 60 milhões.
A campanha do referendo pode ter inaugurado o uso da internet como meio de debate político de massa na França.
O resultado será conhecido no domingo.