Até a imprensa cansou dos escândalos
Os analistas da política começam a admitir que a eleição presidencial está definida em favor da candidata governista, Dilma Rousseff.
Também aparecem textos na imprensa internacional afirmando que há poucas possibilidades de surpresas daqui até o próximo domingo.
Ainda assim, as edições dos jornais seguem recheadas de denúncias, repercutindo um pouco do que foi o penúltimo debate deste segundo turno entre os candidatos.
Mas há novidades.
Uma deles é produzida pela Folha de S.Paulo, que realizou aquela velha tática de antecipar o resultado de uma licitação para demonstrar que o processo de contratações para o setor público é feito com cartas marcadas.
Desta vez, o jornal paulista antecipa a escolha do consórcio de empresas que seriam encarregadas das obras de dois lotes da linha 5 do metrô de São Paulo.
A licitação foi aberta quando José Serra era governador do Estado.
A Folha também publica um artigo, de autoria do físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que considera pífia a atuação de Serra como ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso.
Munição para o último debate, na Rede Globo.
Para alguns analistas apressados, pode parecer que a Folha de S.Paulo, considerando perdida a candidatura do PSDB, tenta equilibrar seu conteúdo diante das evidências de que teremos um novo governo do PT.
Mas o histórico do jornal paulista não autoriza essa interpretação.
A Folha tem sido, em sua fase moderna, inaugurada no final dos anos 1980, o jornal mais surpreendente do País. Para o bem e para o mal.
É possível que novas pesquisas do Datafolha, ainda não divulgadas ao público, tenham influenciado o jogo das pressões internas no jornal.
Outro aspecto interessante que diferencia a edição desta terça-feira dos jornais é a admissão de que a quebra de sigilos fiscais de figuras ligadas ao PSDB pode ter sido produzida por personagens do próprio partido, na disputa pré-eleitoral entre os então governadores de São Paulo e de Minas Gerais, José Serra e Aécio Neves.
Os diários continuam recheados de escândalos, alguns requentados, mas percebe-se que o nível da agressividade diminuiu.
Mesmo porque há muitas evidências de que o barulho da imprensa não define o voto da maioria.
A Justiça atrasada
Tudo indica que os brasileiros vão voltar às urnas, neste domingo, sem ter uma decisão do Judiciário sobre o critério para a confirmação de candidaturas.
Com grande número de candidatos eleitos ainda sub judice, questões importantes como a formação das bancadas no Congressso Nacional e nas Asssembléias Legislativas ficam em suspenso.
Esse é o tema desta terça-feira do Observatório da Imprensa na TV.
Alberto Dines:
– Amanhã o Supremo retomará a discussão da Lei da Ficha Limpa, desta vez enfocando o caso de Jader Barbalho, que renunciou para não ser cassado. O julgamento anterior sobre o caso de Joaquim Roriz, terminou empatado e ficaram em suspenso mais de 200 candidaturas sufragadas por cerca de oito milhões de eleitores. Teme-se que o empate volte a repetir-se.
Será uma desgraça institucional porque a promessa de dirimir a questão antes do segundo turno não poderá ser cumprida. É uma situação inédita. A imprensa ainda não conseguiu alertar a sociedade para os riscos de manter sub-judice um pleito que compreende a sucessão presidencial (evidentemente fora da discussão). O “Observatório da Imprensa” desta noite vai tratar novamente da Ficha Limpa. Hoje pela TV-Brasil, às 22 horas, ao vivo. Em S. Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TVA.