Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Mídia alimenta pânico
>>Revistas bobocas

Mídia alimenta pânico


O escritor Ferréz diz hoje em importante entrevista na Folha de S. Paulo que a mídia tem um papel cruel na relação entre povo e polícia na periferia paulistana, porque leva o pânico para esses bairros.


Ler também ‘O evidente despreparo‘.


Chacina da Baixada


Começa hoje o julgamento do primeiro Policial Militar acusado pela chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense em março de 2005. Procure a notícia na primeira página de qualquer jornal, ouvinte. Será em vão. Se fosse uma Suzane von Riechtofen dava mais ibope. O povo da Baixada Fluminense não suscita tanto interesse, ainda que a dose de assassinatos tenha sido tão absurda e os motivos tão torpes.


O jornal O Dia, do Rio de Janeiro, dá a notícia escondida na página 7. O Globo deu manchete de página, a 13. O Jornal do Brasil fez melhor: deu na manchete da página 9 notícia da manifestação que vão fazer hoje, no início do julgamento, parentes das vítimas.



Revistas bobocas


Alberto Dines faz um balanço do triste panorama das capas das revistas de notícias desta semana.


Dines:


– O que o leitor achou da capa de Veja com a reportagem sobre o Botox? E o leitor de Época, o que achou da capa sobre “As 100 melhores empresas para trabalhar”? E o leitor de IstoÉ: aprovou a grosseira fotomontagem com os candidatos à presidência na capa? E o leitor de Carta Capital, como avaliar a matéria sobre o PCC atrasada oito dias?


Nossos semanários estão cada vez mais descartáveis. Mas os leitores americanos foram mais afirmativos e estão deixando de comprar revistas de notícias. Resultado: numa decisão desesperada a direção da revista Time, a decana mundial, anunciou que em janeiro mudará o dia de saída. Chegará às bancas às quartas e não às segundas. Os assinantes, que liam a revista descansadamente aos domingos, agora vão recebê-la num dia de trabalho e certamente só irão lê-la no fim de semana seguinte.


É claro que as revistas de notícias não vão acabar. A inglesa The Economist e a alemã Der Spiegel são provas de que boas revistas não precisam fazer mudanças desesperadas. É preciso não esquecer que o leitor brasileiro um dia irá comportar-se como o leitor americano e pode cansar-se de ler revistas bobocas.



Despreparo jornalístico


O ombudsman da Folha de S. Paulo, Marcelo Beraba, escreveu ontem: “É evidente o despreparo dos meios jornalísticos para tratar de questões complexas como política de segurança. [….] Sem conhecer os procedimentos que deveriam orientar a ação das polícias fica difícil questioná-las”.


Na mesmíssima edição, como para confirmar Beraba, a Folha entrevistou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro. Não há na reportagem a mais pálida sombra de questionamento das premissas, dos métodos e do comportamento da Polícia chefiada há 55 meses por Saulo de Castro Abreu Filho, assim como não há qualquer menção ao contexto social.


Ler também “O evidente despreparo”.  


Ensino moribundo


Estudantes do quarto semestre diagnosticaram em artigo para o jornal Jeca 40, do centro acadêmico da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, o estado terminal do curso de jornalismo. Confeccionam um caixão para promover o enterro simbólico do curso, depois de amanhã, na USP.


Ler também: “Quando um departamento estrebucha”.


Boletim sindical prega fim de Israel


Boletim do Sindicato dos Trabalhadores da USP, edição de 11 de agosto, critica a reitoria da universidade por ter-se negado a ceder um auditório para ato contra a ação militar de Israel no Líbano. Trecho do boletim: “Defendemos que a luta dos povos árabes libaneses e palestinos contra o terrorismo do Estado de Israel seja a luta de todos os povos até o fim do Estado de Israel”.


(Clique aqui para ler o PDF do boletim.)


O Sintusp faz parte de um grupo de sindicatos ligados à CUT que adotaram como consigna combater a existência do Estado de Israel. Nos últimos dias, um desses sindicatos, o dos Jornalistas do Distrito Federal, entrou em conflito com o editor-responsável deste Observatório da Imprensa, Alberto Dines.


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