Desvio de tráfego
O Jornal Nacional de ontem e o Estadão de hoje tiram a conseqüência mais prática da crise aérea: desvio de passageiros da aviação, que é mais segura, para as inseguras estradas brasileiras.
Sem comemoração
Alberto Dines critica o pequeno destaque dado na mídia ao primeiro aniversário da CPI dos Correios.
Dines:
– A imprensa não se saiu muito bem ontem na comemoração do primeiro aniversário do relatório da famosa CPI dos Correios. A mais importante CPI desde a derrubada de Collor, foi lembrada de maneira quase envergonhada pelos principais jornais. A Folha de S. Paulo lavou a honra da mídia ao mostrar num editorial as semelhanças entre os procedimentos no Congresso em 2005 e os de agora. O Estadão fez uma entrevistinha com Osmar Serraglio, ex-relator da CPI, hoje primeiro secretário da Câmara que lembrou por dever de oficio os 124 indiciamentos pedidos pela CPI e agora confirmados pela Polícia Federal. Mas Serraglio foi obrigado a admitir que nada, nada aconteceu no intervalo de 365 dias. “A justiça é lenta” explicou, resignado. A nossa mídia, porém, nada tem de lenta, ao contrário, é ágil. Em compensação, é monotemática e monocórdia. Absorvida integralmente pela tensão da crise aérea na véspera de um feriadão, nossa imprensa demonstrou mais uma vez que só tem ânimo para uma grande cobertura de cada vez. O resto fica diluído ou simplesmente evapora. A culpa certamente não é do cidadão brasileiro que tem a capacidade de acompanhar e interessar-se por tantas telenovelas ao mesmo tempo. A culpa deve ser dos enredos repetitivos. Ou então dos velhos personagens que não conseguem sair de cena.
A lista da CPI
Hoje o Globo dedica a página 3 inteira ao aniversário da CPI, sob o título “Um ano depois, todos impunes”. Num quadro, apresenta os principais personagens do escândalo, segundo o relatório de Osmar Serraglio: José Dirceu, Luiz Gushiken, Roberto Jefferson, Marcos Valério, Delúbio Soares, José Genoínio, Eduardo Azeredo. O presidente Lula é isentado de responsabilidade. Em relação a seu filho Lulinha, o relatório pedia investigação para saber se a Petros e a Previ foram lesadas em negócios da Telemar com ele.
Araraquara e cocaína
A TV Globo fez reportagem convencional, o Estadão subestimou, a Folha e o Globo ignoraram uma importante operação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas que resultou na prisão de uma família de Araraquara acusada de comandar 30 pessoas de uma rede internacional e ter ligação com o PCC. O trabalho policial durou um ano e meio. Segundo a Tribuna Impressa, de Araraquara, a quadrilha, que ligava a Bolívia com a capital, o interior e o litoral paulista, movimentava algo como 2 milhões de reais por mês e usava a compra de carros para lavar dinheiro.
Computador de 100 dólares
No site da revista Exame, reportagem de Ricardo Cesar lembra que o presidente Lula deu, há quase dois anos, prazo de 29 dias, 30 seriam muito, para se chegar ao modelo de computador de baixo custo a ser levado a escolas. A reportagem mostra que o assunto está longe de ter sido equacionado, e que o custo da operação será maior do que se imaginava. Faltou uma visita a algumas das numerosas escolas dotadas de computadores que não são usados por ninguém. Principalmente porque os professores não têm a menor idéia de como fazê-lo.
TV pública
Nelson Motta volta hoje a fustigar, na Folha, com inteligência e bom humor, a idéia da TV pública. Imagina a cobertura da crise aérea. No Estadão, o secretário executivo da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto, sugere que o governo use a nova rede pública prioritariamente para veicular programação educativa.
Trem freado
O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, colocou freio num concurso que, entre outras funções, criaria mais empregos para jornalistas, com salário inicial de 9 mil reais. O site Congresso em Foco descobriu em fevereiro que a maior redação de Brasília é o Congresso Nacional, onde trabalham mais de mil jornalistas. Não é a maior de Brasília, é a maior do Brasil.