Rádio Roquette Pinto
Presidente da Rádio Roquette Pinto desde o início do governo de Sérgio Cabral Filho, o jornalista e ex-senador Artur da Távola fala da orientação que decidiu dar à emissora.
Artur da Távola:
– A Rádio Roquette Pinto é uma das mais antigas do Rio de Janeiro, que leva o nome de um dos pioneiros da radiodifusão, e a minha preocupação aqui é restituir um modelo de rádio que seja um modelo popular sem ser populista, e ao mesmo tempo cultural sem ser elitista. Eu tenho uma influência muito grande, na minha formação, da Rádio MEC, onde eu comecei a minha vida, há 50 anos passados, e trabalhei até janeiro deste ano, e tenho também uma marcação muito forte da Rádio Cultura de São Paulo, na qual eu faço um programa e a qual eu escuto pela internet sempre que eu posso.
A vida inteira eu fui apaixonado por rádio e ouço muito rádio, rádio do exterior, etc. A minha idéia básica aqui é fazer uma rádio plural. Hoje em dia as rádios têm o hábito de serem “posicionadas”. Aí duas das posicionadas dão audiência, todo o restante fica repetindo as coisas e não acontece nada.
Sessenta e dois por cento do público do Rio de Janeiro não ouvem rádio, e é para essas pessoas, e mais para as que ouvem rádio, que nós queremos ir, desde samba de raiz a Brahms, a música nacional, numa proporção de 90%, em todos os ritmos, sem preconceito, mas sempre com uma mensagem informativa que tenha um caráter, não digo educativo direto, mas pelo menos de massageador da sensibilidade do ouvinte.
Mauro:
– O responsável pelo jornalismo da Roquette Pinto é Marcos Gomes.
Marcos Gomes:
– Aqui na Rádio Roquette Pinto do Rio de Janeiro, a rádio pública, oficial, rádio do governo do Rio de Janeiro, nós estamos trabalhando no sentido de focar radiojornalismo, trazer as informações referentes ao nosso estado. Ela é uma rádio pública mas não é uma rádio do governador, é uma rádio do governo e nós nos preocupamos com a isenção da informação oficial e também a informação relacionada à opinião pública, o que a opinião pública acha, pensa, anda dizendo. Isso sem coloração partidária, sem envolvimento de teor político, qualquer que seja ele. A, B ou C, partido X, Y, Z, a opinião de quem quer que seja. Todos terão espaço aqui na programação jornalística da Rádio Roquette Pinto.
Gogó do Aquiles
Um dos programas de música da Roquette Pinto será feito por Aquiles Reis, do MPB-4, que assina uma coluna em vários jornais do país há nove anos.
Aquiles:
– Eu estou na iminência de estrear um programa, e eu estou muito entusiasmado com isso principalmente porque eu adoro rádio, sempre fui um grande ouvinte. O meu programa vai se chamar O Gogó de Aquiles. O primeiro programa já está gravado e eu vou abordar nele principalmente uma grande cantora a quem eu admiro muito, que é a Edith Veiga, e vou botar como complemento de repertório outras cantoras, algumas contemporâneas de Edith, como Elza Laranjeira, a própria Elis Regina… Eu conto uma história interessante de uma música que a Elis cantava mas que a Edith Veiga correu e lançou na frente. Vou tocar Maysa, Dalva de Oliveira, cantoras assim. E vou contar sempre alguma historinha, algum fato, alguma coisa que está na minha memória. O programa pretende ser semanal e eu estou muito entusiasmado com isso porque o rádio, para mim, é o grande veículo.
Cobranças ao Executivo
Alberto Dines diz que a mídia deve voltar atenções para o Executivo.
Dines:
– O Congresso cedeu ao clamor da sociedade através da mídia e aprovou rapidamente cinco medidas destinadas a tornar mais rigoroso o cumprimento das penas. É importante lembrar que estas cinco medidas foram aprovadas em votações simbólicas, portanto por unanimidade. Isso é muito bom, prova que há disposição para agir rapidamente. É também prova da omissão quase criminosa das legislaturas anteriores que não perceberam a importância de ações tão evidentes. Mas a mídia está esquecendo de fazer cobranças ao Executivo. Se o governo pronunciar-se com um mínimo de disposição, o Legislativo poderá ir adiante e agilizar o processo penal. Mas o governo ainda não é governo. Com exceção do Presidente e do Vice-Presidente da República não há nenhum ministro confirmado e nenhum deles se mexe. O Ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, apenas escreveu um artigo reclamando a aprovação de quatro medidas capazes de evitar a lentidão do judiciário. Escrever um artigo não basta, se desejasse efetivamente ser ouvido o ministro, respeitado criminalista, deveria convocar a mídia. No dia seguinte, os legisladores acordariam mais cedo. Mas será que o governo deseja mesmo ocupar a Câmara e o Senado por mais tempo com questões que atrasem o PAC? Com a nova agilidade do Congresso as quatro medidas reclamadas pelo ministro da Justiça levariam no mínimo uma semana para serem aprovadas. Em outras palavras, menos aceleração para o programa de aceleração do crescimento. Vale a pena esta troca? A mídia deveria pensar nisso.