Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 24 de abril de 2006
POLÍTICA CULTURAL
Gil conclui reforma na Lei Rouanet
‘Será publicado nesta semana, na quarta-feira, no Diário Oficial da União, o decreto com mudanças na Lei Rouanet (8.313/91), lei federal de incentivo à cultura. As modificações foram resultado de seminários realizados ao longo de um ano e meio em todo o País, a partir de 2004.
Entre as principais modificações no texto, duas certamente vão causar reações: a primeira é que, a partir de agora, não haverá mais um porcentual de 10% do valor do projeto para pagar a figura do ‘captador’ (o profissional que conseguia o patrocínio na empresa). O produtor até pode procurar ajuda de um profissional e pagá-lo, mas esse pagamento deverá ser incluído nos 15% previstos para custos administrativos do projeto.
A segunda é que todo projeto apresentado ao Ministério da Cultura, a partir do decreto, deverá incluir um ‘plano de acessibilidade’, ou seja, o produtor deverá mostrar como utilizará os recursos para atingir segmentos de públicos que não seriam atingidos de outra maneira, diz Juca Ferreira, secretário executivo do Ministério da Cultura.
‘Queremos saber como o dinheiro público repercutirá, no sentido de alcançar segmentos de público que não seriam atingidos de outra maneira’, afirma. Os institutos e fundações que se beneficiam da lei também estão enquadrados nas novas regras: podem continuar apresentando seus projetos em blocos, mas, a partir de agora, não poderão mais pagar suas despesas de funcionamento com verba da legislação. ‘Tinha instituto que pagava até papel higiênico com dinheiro público’, diz Ferreira.
Não haverá mudanças em porcentuais de renúncia fiscal – isso só poderia ser feito por uma nova lei, que requereria o trâmite no Congresso Nacional. A reforma apresentada parece um tanto cosmética, em face da quantidade de distorções apontadas na sua utilização desde que começou a ser utilizada, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
‘Como a maioria das distorções estava no manejo da lei, não é preciso modificar a lei para corrigi-las. É só organizar o manejo’, diz Ferreira. Apesar disso, o governo vê grandes possibilidades de mudança concreta. ‘O fomento deixa definitivamente de ser fruto do livre-arbítrio e passa a ter critérios previamente definidos’, diz Ferreira. Para conseguir isso, o principal mecanismo será o uso do edital como instrumento e sistema de aprovação dos projetos. ‘Isso não vai abolir a avaliação individualizada, mas criar grandes blocos de avaliação. A idéia é que 75% do total da aprovação seja feito por meio dos editais para projetos em bloco.’ Com os editais, prevê o MinC, cria-se uma nova organização, que define previamente os critérios, as regras, dá um prazo e cria uma comissão de avaliação dos projetos.’
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O Que Muda e o Que Permanece Igual
‘MUDA
Não haverá mais a remuneração na lei para a figura do captador cultural, personagem que recebia até 10% do valor total do projeto para buscar recursos na iniciativa privada. Esse custo poderá ser incluído nos 15% do custeio do projeto inteiro;
Institutos e fundações não poderão mais utilizar dinheiro público para custear suas despesas de funcionamento;
Todo projeto deverá apresentar um ‘plano de acessibilidade’, mostrando de que maneira o trabalho buscará atingir públicos que não os tradicionais;
A lei menciona que há necessidade de se promover um equilíbrio na distribuição geográfica, por regiões, do incentivo, mas não estabelece os percentuais;
Uso de editais para a aprovação de projetos no Ministério. Cada edital terá regras e prazos próprios, com uma comissão de avaliação específica.
NÃO MUDA
Porcentual dos descontos no Imposto de Renda de empresas (4% do valor devido) e pessoas físicas (6% do valor devido) sobre investimentos em projetos aprovados pelo Ministério da Cultura (30% ou 100% do valor investido no projeto). Isso só poderia ser feito por uma nova lei, que requereria o trâmite no Congresso Nacional.
Apesar do novo sistema de editais, projetos individuais continuarão sendo apreciados pelo Mecenato.’
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Projeto evita pecha de dirigismo, mas a esquerda critica
‘Mudanças seriam ‘tímidas’, para opositores, mas o governo salienta democratização
A nova lei orçamentária, aprovada pelo Congresso Nacional há uma semana, prevê um orçamento em torno de R$ 720 milhões para o Ministério da Cultura em 2006. É o maior da história, embora represente cerca de apenas 0,5% do total de receitas da União. No ano passado, o incentivo fiscal utilizado pela cultura foi de R$ 670 milhões, também um recorde histórico.
Com as mudanças na Lei Rouanet, o Ministério persegue hoje uma meta ainda mais ambiciosa do que aquela que o ministro Gilberto Gil estabeleceu quando assumiu, a de ter 1% do orçamento para a cultura – agora, baseado em estudos e projeções, o MinC pede R$ 3,2 bilhões, ou 2% do orçamento, buscando precaver-se do inevitável contingenciamento que o atinge todo ano. Juca Ferreira, secretário-executivo do Ministério, falou ao Estado sobre a nova frente de debate que se cria com a reforma da legislação.
O investimento das estatais sempre foi o grosso dos investimentos da Lei Rouanet. Essa triangulação de recursos precisa ser feita? Não se pode pegar o dinheiro todo e investir diretamente em projetos?
Não é possível. A Petrobrás, por exemplo, não sei se já lhe chamou a atenção, é Petrobrás S/A. Há acionistas da Petrobrás, inclusive, que são cidadãos americanos. E esses acionistas têm direito de exigir que os critérios de investimento da Petrobrás sejam institucionais, da própria instituição. Não é tão fácil assim. Exige uma negociação. Nós avançamos muito. Hoje, as estatais estão utilizando os mecanismos de política pública como principal critério de aplicação do dinheiro. Até para afirmação da empresa, já que é reveladora de uma responsabilidade social. Não há contradição entre o interesse empresarial e o interesse público, mas os dois têm de estar presentes no mecanismo da Lei Rouanet. É da natureza do mecanismo, mesmo com as estatais. Mas a gente reconhece que temos uma avenida para avançar em dois níveis: com as empresas privadas e com o contribuinte individual. Ainda é muito baixo no Brasil. A lei permite que o contribuinte canalize uma parte do seu imposto para o fomento cultural, mas por uma série de fatores ele não faz. Queremos estimular que as pessoas direcionem parte do seu imposto para o fomento à cultura. Também a iniciativa privada. Das 200 mil empresas que poderiam contribuir, apenas 2 mil contribuem, apenas 1% do total.
Você acha que é por desconhecimento das vantagens?
Há um mito aí, que circula em algumas empresas, de que isso implicaria em uma maior fiscalização da Receita sobre suas contabilidades. Mas eu acho que é basicamente falta de maturidade nessa área da responsabilidade social, da área empresarial.
E quantas pessoas físicas usam a lei no Brasil?
Pouquíssimo. Pouco mais de 3 mil pessoas no País todo, por ano. Nos Estados Unidos, a maior contribuição é a individual, para manutenção das universidades e uma série de outras atividades culturais. Na Europa também. Nós não temos essa tradição, nem da empresa privada nem do contribuinte individual.
Para a turnê do Cirque du Soleil, duas instituições financeiras, Bradesco e Visa, utilizaram R$ 8 milhões da lei de incentivo. Os ingressos custam R$ 240, ou seja, a turnê vai atingir apenas gente com um determinado poder aquisitivo. E sequer foi tornado público que o dinheiro da turnê é público, de renúncia fiscal. Como o decreto muda essa situação?
Nós estamos avançando. O decreto em dia inclui um critério importante que é a acessibilidade. Não se justifica investir dinheiro público se aquilo não gerar um incremento de acessibilidade.
Mas isso é quase uma declaração de princípios, não é uma mudança.
Se você não tem o princípio, você não cria mecanismos concretos. Todo projeto, a partir do decreto, deve apresentar o plano de acessibilidade, ou seja, como transformar aquilo numa aplicação de acessibilidade. De como o dinheiro público repercutirá no sentido de atingir segmentos que não seriam atingidos. Não se pode ter critério abstrato para definir isso. Varia de manifestação para manifestação, mas vai fazer parte de um sistema de pontuação que cada projeto terá aqui no Ministério.
O projeto da Ancinav, que o MinC defendeu, foi acusado de dirigismo cultural. Essa nova lei rá com algo que dê margem a essa acusação?
Olha, esse decreto é fruto de uma discussão exaustiva que eu acho até que ultrapassou o limite. As resistências que haviam à mudança hoje são muito pequenas. Tem uma crítica, ao contrário, pela esquerda, achando que a mudança é tímida, que poderia ser mais radical. Mas eu acho inquestionável que a mudança é no sentido da democratização, da abertura, da acessibilidade, de critérios objetivos. O fomento deixa de ser fruto do livre arbítrio e passa a ter critérios previamente definidos.’
ELEIÇÕES 2006
Alckmin aposta na TV para crescer
‘O PSDB anda aflito com as intenções de voto do ex-governador Geraldo Alckmin, mas o próprio pré-candidato tucano não vê nada de errado na campanha. ‘Eleição é televisão, e neste momento o único candidato que aparece no vídeo é o presidente Lula’, afirma Alckmin, que teve conversas demoradas sobre o assunto durante o fim-de-semana. ‘Vamos subir de verdade a partir de junho.’
Hoje dono de metade das intenções de voto de Lula, Alckmin possui uma estratégia que pede paciência aos aliados e aposta no desgaste lento mas contínuo do adversário. Em maio, durante a propaganda partidária destinada aos deputados estaduais do PSDB, Alckmin fará aparições de 30 segundos. Em junho, o PSDB apresenta o programa nacional, em que o ex-governador será personagem principal. Em agosto, começa o horário eleitoral.
‘Hoje, a eleição só preocupa políticos e jornalistas’, afirma. Para ilustrar o que diz, o ex-governador tem, como sempre, uma coleção de anedotas. A mais divertida envolve um episódio que lhe foi contado por Fernando Henrique Cardoso. Em viagem pela Espanha, o ex-presidente foi abordado por uma brasileira, que pediu seu autógrafo. ‘De repente, ela perguntou: ‘O senhor trabalha na Globo?’
Em posição de relativo equilíbrio em muitas regiões do país, Alckmin enfrenta um inferno eleitoral no Nordeste, onde Lula lidera por 60% a 10%. ‘Basta examinar a situação em cada Estado para ver que essa diferença não é real’, diz ele, que tem feito viagens regulares à região. ‘Temos apoio de vários candidatos fortes aos governos estaduais, com chances de ganhar a eleição. É óbvio que isso vai se refletir a nosso favor.’
Alckmin cultiva três convicções sobre a disputa presidencial. A primeira é que será uma campanha polarizada entre dois concorrentes. A segunda, que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão esses adversários. A terceira é que pode chegar atrás de Lula no primeiro turno, mas em condições de virar o jogo no segundo. ‘Temos boa perspectiva de vencer’, diz. Ele dispõe de pesquisas que informam que é segundo nome da maioria dos eleitores que hoje votariam em Garotinho.
O pré-candidato define Lula como um adversário ‘forte’ em função da economia favorável, ‘que poderia ser melhor, pois a situação internacional ajuda’. Ele sabe que o Bolsa-Família alavanca o presidente, mas vê limites no chamado voto-benefício. ‘A população associa o benefício ao chefe local, que tem muito peso na hora de definir o voto no interior. Muitos desses chefes políticos estarão do nosso lado.’ O ex-governador alega que o Bolsa-Família inclui muita gente, mas exclui muita gente também. ‘O cidadão que ganha dois salários mínimos e leva uma vida sacrificada está fora. O que ele pensa disso?’
Para quem acredita que Lula terá sucesso numa campanha com a linha ‘pobre contra rico’, Alckmin alega: ‘Como diz um amigo meu, o único dono de banco que me apóia é o Antonio Ermírio de Moraes, que, por sinal, é um homem da produção. Os outros estão com o adversário.’ Ele atribui essa preferência aos juros, que o governo manteve em taxas altas ‘sem necessidade.’
Escalado como candidato presidencial pela cúpula do PSDB numa operação em que deslocou o ex-prefeito José Serra, que possuía um cesto bem maior de intenções de voto, Alckmin tem demonstrado competência para cativar platéias, conforme políticos que acompanham suas viagens.
Mas tucanos de alta plumagem observam que até agora o ex-governador não se definiu sobre questões políticas essenciais, o que pode prejudicar esforços para crescer em larga escala, com ou sem tempo na TV. Por esse ponto de vista, a presença de visões conflitantes na área econômica atrapalha a luta por votos numa área fundamental – o bolso do eleitor.
Também a falta de uma articulação política sólida, desejada para a atual fase da campanha, produz situações difíceis. No Rio de Janeiro, PFL e PSDB montam palanques separados para disputar o governo estadual, o que só beneficia os adversários.’
INTERNET
Estudante vai processar Orkut
‘Em sua primeira entrevista à imprensa, a universitária Francine Simone Favoretto de Resende, de 20 anos, disse que pretende processar os responsáveis pelo site de relacionamentos Orkut pela divulgação em massa de fotografias em que ela aparece fazendo sexo com dois rapazes. Francine garantiu que as fotos são montagens e culpa o site pela situação constrangedora que está vivendo. Apenas entre os dias 10 e 11, ela e o ex-namorado receberam mais de 7 mil mensagens ofensivas pela internet.
No dia 12, Francine teve de ser trancada numa sala da Fundação Eurípedes Soares da Rocha, em Marília, onde cursa o 3º ano de Direito, e depois retirada com escolta da Polícia Militar para não ser agredida por outros alunos. Os PMs tiveram de usar gás de pimenta para conter o tumulto.
A mãe, Rose Simone Favoretto de Resende, disse que Francine não sai mais da casa da família, na cidade de Pompéia, a 32 quilômetros de Marília, temendo ofensas, e tem tomado tranqüilizantes para dormir. Rose afirmou que ela e o marido, o advogado Ércio Lacerda de Resende, muito conhecido na região, estão ‘no limite’. ‘A polícia poderia ser mais rápida e interrogar o suspeito (de divulgar as fotos).’
O escândalo afetou até os negócios da família, dona de uma loja de presentes. ‘Não posso trabalhar, tenho de ficar com minha filha. Ela é uma filha exemplar. Nunca foi de dar trabalho, entrou cedo para a faculdade. Acho que o fato de ela ser bonita e exemplar contribuiu ainda mais para a divulgação dessas fotos e para a reação maldosa das pessoas.’ Veja abaixo trechos da entrevista dada por Francine no sábado:
Você disse na polícia que essas fotos foram montadas?
Sim. Nunca tive aqueles sapatos, aquela bolsa e tenho esta pinta aqui (mostra uma pinta preta no ombro esquerdo) que comprova que aquele corpo não é meu. Além disso, a foto do meu rosto é de quando eu ainda tinha cabelos ruivos, há mais de um ano.
Você desconfia de alguém?
Tenho quase certeza. Não é um ex-namorado, como a polícia diz. É um rapaz que estava interessado em mim e não aceitou que eu não queria nada com ele e comecei a namorar outro. Ele conhecia de computador e queria atingir a mim e a minha família. Conseguiu: meu namorado terminou comigo e minha família está sentindo muito esta situação. Acho que a polícia está demorando muito para ouvi-lo. Não sei o porquê dessa demora.
O que aconteceu exatamente?
No dia 10, meu namorado ligou e perguntou o que estava havendo com nossas páginas no Orkut. Estava sem internet e corri para uma lan house. Quando vi tudo (chora)… liguei para meu pai e fui à delegacia fazer boletim de ocorrência.
E depois?
Tentei fechar minha página e deletar tudo, mas foram mais de 7 mil mensagens no dia 10 e no dia 11. Liguei para o Orkut, mas não se consegue contato com os administradores e tivemos de apagar as páginas. Isso demorou, tamanha a quantidade de mensagens.
Você acha que o Orkut teve alguma culpa nisso?
Acho que o escândalo ganhou essa amplitude por causa do Orkut. Os alunos da escola tiveram acesso às fotos pelo Orkut. O site deveria ter um meio de bloquear fotos e imagens ofensivas. E o problema é que burlaram minha página e não consegui entrar em contato com o administrador do site para reclamar ou evitar que as fotos fossem espalhadas pela comunidade.
Como você pretende lidar com a internet daqui para a frente?
Recomendo às pessoas que não entrem no Orkut. Caí numa armadilha e não quero que outras pessoas passem pelo que estou passando.
Como você está vivendo com esta situação?
Tenho medo da imprensa, a TV vive ligando aqui dizendo que, se eu não der entrevista, vão colocar uma reportagem no ar falando que as fotos são verdadeiras. Não sei como é a reação das pessoas nas ruas nesta cidade (Pompéia tem 18 mil habitantes). Se não fosse forte poderia ter feito uma besteira. Graças a Deus tenho a força dos amigos, que me ligam, e da minha família.’
Ricardo Anderaos
Negócio da China
‘Terça-feira da semana passada, na casa do homem mais rico do mundo, um jantar para 100 talheres homenageava o líder da nação mais populosa do planeta. ‘O senhor Bill Gates é um amigo da China. Por isso, sou amigo da Microsoft’, disse o todo-poderoso presidente chinês, Hu Jintao.
Depois de a fala ter sido traduzida para o inglês, Gates se preparava para responder ao afago, quando o sorridente Hu emendou: ‘Apesar disso, sou obrigado a enfrentar o seu sistema operacional todos os dias.’ E soltou uma sonora gargalhada.
Gates não se abalou. ‘Se o senhor precisar de ajuda quando estiver usando o Windows, eu ficarei honrado em ajudar’, respondeu.
Quem me dera! Apesar de viver dentro dessas malditas janelas há anos, e conhecer de cor e salteado cada menu de opções do Windows, muitas vezes ainda dou com a cara na parede dentro do meu computador. Seria ótimo poder ligar para Mr. Gates e pedir uma ajudinha quando as coisas estivessem complicadas.
Nossos computadores são muito burros e difíceis de usar. E isso não é, absolutamente, exclusividade do sistema Windows. Tanto o Linux quanto o Mac OS X são complicados demais para quem não vive enfiado dentro de um computador.
Tarefas simples, como imprimir um documento ou instalar um novo videogame, às vezes se mostram impossíveis mesmo para ‘usuários’ mais experientes. E não coloquei essa palavra entre aspas por acaso. A gente ainda é chamado de ‘usuário’ porque não é um ser humano normal.
Enquanto nós e o sr. Hu continuarmos lembrando que existe uma coisa chamada ‘sistema operacional’ é porque esse software que controla nossos computadores continuará sendo burro. Um dia, espero, esses sistemas serão transparentes. A gente vai ligar e usar o computador como liga e sai guiando um automóvel. Alguém já imaginou ter de desligar e ligar o carro de novo para ver se ele funciona direito?
O presidente chinês estava a caminho de Washington, para uma visita oficial ao seu colega George W. Bush. No caminho, deu uma paradinha na casa de Bill Gates.
O prato principal do jantar prometia ser meio indigesto. Afinal, a pirataria de software é o maior problema da Microsoft na China. Esse país não tem sido internacionalmente reconhecido como um exemplo de respeito aos tratados sobre propriedade intelectual.
Mas o camarada Hu trouxe boas notícias para Gates. O líder chinês afirmou que seu país vai usar toda a força do Estado para combater a pirataria. Provavelmente a mesma força que seu regime, incontestavelmente autoritário, vem usando para censurar a internet na China.
Antes do jantar, Hu visitou as instalações da Microsoft e foi recebido por uma turba de headbangers com faixas onde se liam frases como ‘Pare com a censura na web’ ou ‘Liberte todos os presos políticos’.
Nos últimos meses, os sites de busca da Microsoft, Google e Yahoo têm recebido muitas críticas nos EUA, por filtrarem os resultados das pesquisas feitas por cidadãos chineses. Tudo para agradar ao regime duro de Pequim. O caso mais grave foi o do Yahoo, que forneceu ao governo chinês informações que levaram à prisão de dois blogueiros dissidentes.
O homem mais rico do mundo fez que não era com ele. Como outros líderes empresariais e políticos, seu ‘pragmatismo’ econômico falou mais alto frente a Hu. O máximo que ele disse foi que ‘a nova economia baseada na internet apresenta desafios para todos nós’.
A China continua fazendo gato e sapato tanto da propriedade intelectual quanto dos direitos humanos. Alguém por acaso se lembra das atrocidades que o país continua cometendo no Tibete?
Esta semana recebemos a visita do Dalai Lama ao Brasil. É um bom momento para questionar esse ‘pragmatismo’ diante da China. Quando esteve em Pequim, Lula fez igualzinho a Bill Gates. Nos anos 30, a Europa também foi ‘ pragmática’ diante de Adolf Hitler. Deu no que deu. Quando o mundo resolver questionar o autoritarismo do regime chinês, talvez seja tarde demais.’
Pedro Dória
Caçadores de celebridades
‘Gawker Stalker funciona da seguinte maneira: você está andando pelas ruas de Nova York e vê Uma Thurman passeando com seu cachorrinho na Park Avenue, esquina com 37. Saca o celular, digita uma mensagem de texto e a envia para um determinado e-mail. E lá sai publicado a que horas aconteceu – no caso da bela atriz, ela estava na Park Ave no último dia 17, às 23 horas.
É uma febre nova-iorquina: todo mundo que vê uma celebridade logo saca o celular e envia o SMS para um serviço que tudo publica instantaneamente.
Gawker é um dos blogs mais populares dos Estados Unidos: dedicado a fofocas, surgiu faz uns três anos e foi, talvez, o primeiro blog realmente profissional. Dá uma grana.
Seu fundador, Nick Denton, foi correspondente do Financial Times britânico – aí decidiu ganhar dinheiro de verdade. Criou uma rede de blogs altamente acessados, o Gawker foi o primeiro.
A cultura de culto às celebridades não é tema novo – já estava lá na Hollywood dos anos 20. Mas o nível ao qual chegou, nos anos 90, é atordoante – e não só nos EUA.
O que é absolutamente novo é um serviço desses. O nome, aliás, não poderia ser mais apropriado.
Stalker é a palavra que se usa, em inglês, para designar aquele tipo de fã obcecado que fica perseguindo seu ídolo. Um desses fez cair morto John Lennon, numa noite de dezembro em 1980.
Gawker Stalker, portanto, persegue quem é famoso e se dispõe a seguir seus passos de forma que todo mundo possa saber onde encontrar, quando quiser, tal pessoa.
É curioso que tenha nascido em Nova York. Nesse sentido, ela é uma cidade parecida com o Rio de Janeiro. Vê-se gente famosa a toda hora na rua, num café, num bar, numa livraria.
Depois de um tempo, você nem liga – é impossível mesmo passar pelo Leblon sem ver alguma bela atriz da Globo, então fica cotidiano.
Daí uma certa frieza carioca e nova-iorquina com gente assim – viu alguém parando para pedir autógrafo ou mesmo olhando de longe, apontando com o sorriso meio tolo, bem, nova-iorquino não é.
E nova-iorquinos fazem particular questão de seguirem com seu estilo blasé. Olham para o lado propositalmente. É um símbolo da cidade, aquilo que os distingue do turista ocasional.
Só que não é mais nada disso: agora os nova-iorquinos perseguem seus vizinhos famosos e os colocam num mapa na web. A sensação de ser perseguido deve ser a pior do mundo.
Denton vem de um jornal respeitadíssimo – o de maior credibilidade no mundo desde que o New York Times começou a derrapar – e abraçou o que realmente dá dinheiro no jornalismo: fofocas de celebridades.
Dá dinheiro mesmo. Pegue qualquer portal brasileiro, vasculhe seus índices de popularidade e lá estão Fuxico, Babado, Dirce entre os sites mais lidos.
Há outro teste mais simples: entre numa banca de jornal e folheie as revistas. A Caras é grossa, a Contigo idem. Dê uma olhada nas outras revistas – não são tanto.
A espessura quer dizer pouco. Abra e vá de página em página. As páginas de Caras estão recheadas de anúncios – e não é anúncio de governo ou estatal. É assim que se mede a saúde de um veículo de comunicação. Tire os anúncios públicos e veja quantas são as páginas com comercial. Se tem muito é porque a revista vai bem financeiramente e tem muito leitor. É o caso das revistas de fofoca.
Muitas celebridades precisam desse tipo de imprensa e, na maioria dos casos, não há qualquer desvio ético por parte dos repórteres que trabalham no meio. Escrevem o que o público deseja saber e recebem, dignamente, um salário pelo serviço. Como há celebridades que precisam aparecer, e muito, para garantir o sustento que a falta de talento não provê, forma-se uma máquina azeitada por interesse mútuo.
Mas uma coisa é abrir a casa para Caras – ou People – e outra é ser perseguido por fotógrafos. E, repentinamente, não são mais apenas os fotógrafos. São todos. E a tecnologia está facilitando isto. Surgiu em Nova York, já já chega por aqui. Alguém fará, sempre tem alguém.
George Clooney comprou a briga. Quer motivar seus pares – e quem mais desejar – a enviar aparições falsas para o serviço. Se perder a credibilidade, some. É uma saída bem-humorada que pode funcionar. Quem sabe. Se não funcionar é porque o mundo ficou um quê mais apavorante.’
Gustavo Miller
Cinco patos pra lá de tecnológicos
‘De patos, eles não têm nada. Pelo contrário, são muito espertos. Antenados, sabem que, no mundo digital de hoje, as pessoas estão deixando de ser simples consumidoras para se tornar também produtoras e distribuidoras de cultura. Assim, os cinco integrantes da banda mineira Pato Fu delegaram aos fãs a criação dos videoclipes de seu último CD, Toda Cura para Todo Mal.
O resultado desse projeto pioneiro poderá ser visto no mês que vem, com o lançamento de um DVD contendo todos os trabalhos produzidos (saiba mais no quadro abaixo) – que contemplam cada uma das faixas do disco.
O Pato Fu sempre esteve ligado à tecnologia. O site do grupo (www.patofu.com.br), por exemplo, é todo multimídia, com músicas raras para download, cifras musicais, vídeos de shows e clipes. Há até uma curiosa seção onde o internauta pode imprimir uma máscara carnavalesca de cada integrante.
Para o guitarrista John, a homepage é atualmente o grande portal de divulgação e comunicação da banda. ‘Para a geração de hoje, o site é o grande link’, diz. ‘É lá que os fãs vêem fotos, vídeos, músicas. Eles ficam horas imersos naquele mundo, do mesmo modo que eu fazia olhando as capas de meus discos de vinil no passado.’
Todos os ‘Fus’ participam da atualização da página. A vocalista Fernanda escreve notas quentinhas e textos sobre as atividades do grupo. Já o baixista Ricardo é responsável pelo visual, disponibilizando todo mês fotos que tira durante as turnês. ‘Qualquer um de nós pode ‘bater’ um texto e mudar as fotos. Isso é bom para os fãs, que vêem um trabalho feito por nós mesmos’, comenta Fernanda.
Dono de uma câmera Canon Rebel 300 e apaixonado por fotografia, Ricardo realizou, por meio do site, o desejo de se expressar em imagens. A página virou o seu mural artístico. As fotos fizeram tanto sucesso que ele se tornou o fotógrafo oficial do Pato Fu – tanto que os créditos das imagens desta matéria são dele, com direito a cadastro no FotoRepórter e tudo.
Os mineiros foram uma das primeiras bandas nacionais a ter site próprio. Apesar de não terem micro, em 1996 eles contaram com a ajuda de um amigo webdesigner para inaugurar um endereço eletrônico. ‘Pedia para imprimirem os e-mails que os fãs mandavam e os respondia à mão, um por um’, ri Fernanda. Hoje, o Pato Fu leva dois notebooks nas turnês para responder às mensagens.
Procurar maior comunicação com os fãs e usar novas tecnologias para divulgar um trabalho são duas constantes na carreira do grupo. John, inclusive, diz gostar do fato de seus admiradores trocarem arquivos e informações sobre a banda pela internet e pelo Orkut. ‘É bacana’, diz. ‘Às vezes eu acho coisas que os fãs nos mandam que eu próprio não tenho. Como posso ir contra isso, se eles estão divulgando e comentando sobre a gente?’
HOMEM-BATERIA
Até o segundo CD, o Pato Fu era um trio e não tinha baterista – Xande entrou mais tarde. Para chamar a atenção da mídia e das pessoas que ainda não conheciam o grupo, John brincou de inventor e criou o ‘Pad Man’, o Homem-Bateria.
A engenhoca consistia em diversos pads (pequenos captadores eletrônicos sonoros) espalhados e grudados em seu corpo. Cada pad era ligado a um cabo que se conectava a um transmissor. Esse era programado para reproduzir um específico som de uma parte da bateria. Encostando nos captadores, John virava uma bateria eletrônica humana.
Um pad escondido no boné era o som de um prato, a barriga era um bumbo e os braços, a caixa. O brinquedo entrava nos shows para divertir os fãs, que escutavam covers famosos como We Will Rock You, do Queen.
Se a tecnologia sempre ajuda na divulgação, ela agora também dá asas à liberdade criativa do Pato Fu. Toda Cura para Todo Mal foi o primeiro álbum independente da banda, que só precisou de uma gravadora na hora de distribuir o CD.
Ao gravá-lo no estúdio da casa de John e Fernanda, eles se viram livres da pressão de produtores. Fizeram o disco do seu jeito. ‘Para quem tem uma carreira prévia como nós, fica fácil arriscar e colocar a tecnologia a nosso favor’, diz John, que produziu todo o CD.
Porém, ele não pensa em lançar futuramente um álbum para ser comercializado só no mundo virtual. ‘O caminho é esse apenas para quem está começando agora, o que não é nosso caso.’
Na última faixa do CD, Boa Noite Brasil, há a participação da cantora portuguesa Manuela Azevedo. Fã da gaja, Fernanda a convidou por e-mail para cantar, deixando em anexo um arquivo da canção em MP3. Manuela topou e respondeu ao e-mail com a sua voz já gravada.
‘É muito legal a tecnologia hoje, que permite à gente gravar e colaborar no trabalho de músicos que nunca vimos na vida’, diz Fernanda.
Uma coisa se pode dizer mesmo do Pato Fu: de patos, eles não têm nada.’
TELEVISÃO
Cidadão não agrada aos jovens
‘Cidadão Brasileiro, grande aposta da Record em teledramaturgia, não agradou ao público jovem, pelos menos o das classes A e B. Isso é o que apontam recentes pesquisas sobre a audiência da novela, que vem mantendo boas médias no ibope: 14 pontos desde a sua estréia, há seis semanas.
O autor do folhetim, Lauro César Muniz, diz que sente essa resistência do público mais jovem, mas se impressionou com a aceitação do enredo entre o público das classes C e D.
‘Para minha surpresa, as classes C e D estão bastante entusiasmadas com a trama. Eu esperava me apoiar mais nas classes A e B. Sinto alguma resistência nos jovens de até 21 anos. O passado próximo parece não lhes interessar. Estranham a linguagem e costumes da década de 50. Já os jovens das classes C e D se interessam pela novela.’
Lauro tem pelo menos mais três desafios pela frente: a crise envolvendo o diretor-geral da trama, Flávio Colatrello, a mudança de fase da novela e o envelhecimento dos personagens e a correria das gravações, ligeiramente atrasadas por conta das chuvas de março.
Nos corredores da Record a notícia é que Colatrello não tem se entendido com a produção do folhetim.
‘Entre os entendidos havia uma nítida reserva com relação à direção da novela. Eu acho que o tom ideal na direção está por vir’, sugere Lauro. O autor diz ainda que pretende manter a maior parte dos atores, mesmo com a mudança de fase das novela.
‘Depois do capítulo 135, a história vai dar um salto de 10 anos e terá ainda uma terceira fase’, diz. ‘Estamos fazendo testes de maquiagem.’ Lauro quer evitar a substituição de elenco – Colatrello é contra. Quanto às gravações, o autor promete escrever mais cenas em estúdio para fugir do mau tempo que atrasou a produção.’
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MTV impõe regras para Mion na Record
‘É só graças a um longo contrato de ‘restrições’ que o VJ da MTV Marcos Mion colocará os pés na próxima novela da Record, Bicho do Mato. A MTV, que liberou o rapaz para participar da trama, impôs uma lista de cláusulas que a Record e Mion terão de aceitar para que esse compartilhamento profissional se consume. Exemplo: a imagem de Mion não poderá ser exibida no mesmo instante nas duas emissoras. Outra: o VJ não poderá citar a Record e a novela em seu programas na emissora musical. E outras coisinhas fazem parte das exigências da MTV. As duas TVs ainda estão negociando.’
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 24 de abril de 2006
ELEIÇÕES 2006
PSDB quer suspender comercial da Petrobras
‘O PSDB informou ter ingressado anteontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com uma representação e um pedido de investigação eleitoral contra a campanha publicitária da Petrobras para divulgar a auto-suficiência na produção do petróleo.
Os tucanos pedem a suspensão da campanha e a aplicação de multa ao presidente da estatal, José Gabrielli, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O argumento dos dois documentos -cujo protocolo no TSE a Folha não conseguiu confirmar ontem- é semelhante: o de que o objetivo camuflado da campanha é beneficiar eleitoralmente Lula, que deve disputar a reeleição.
‘Na prática, a Petrobras malversou recursos para, de forma subliminar, promover eleitoralmente a pessoa do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, notório pré-candidato à Presidência da República’, diz o texto da representação.
Com o argumento de que a campanha da auto-suficiência tem cunho eleitoral, as ações fazem referência à seguinte locução da propaganda televisiva: ‘Só nos últimos três anos foram investidos R$ 63 bilhões para que o país chegasse a essa conquista’.
‘Uma rápida leitura do texto acima transcrito revela evidente propaganda eleitoral intempestiva pois afirma que nos últimos três anos, ou seja, durante o mandato do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobras recebeu, supostamente, um volume recorde de investimentos, R$ 63 bilhões, necessários para chegar a essa conquista’, diz a representação.
A assessoria do Palácio do Planalto disse ontem que, por enquanto, não comentará as ações do PSDB. A Folha não conseguiu falar com assessores da Petrobras.
‘Isso é propaganda eleitoral clara. Além disso, há evidentes mentiras, a maior delas é a desqualificação do governo passado. Entre 1995 e 2002, no governo do PSDB, praticamente dobrou-se a produção da Petrobras’, afirmou o deputado Alberto Goldman (SP).’
TELEVISÃO
Público heterossexual procura canal gay
‘Pesquisa que o instituto Ipsos acaba de fazer para a Globosat (programadora de TV paga da Globo) revela que pessoas que se afirmam heterossexuais convictas (muitas são casadas) têm interesse por conteúdo homoerótico.
O Ipsos ouviu 2.473 assinantes da Net e Sky atraídos para um questionário na internet. Do total, 1.953 (79%) só assinam o Sexy Hot (de conteúdo erótico heterossexual) e 249 (10%), só o For Man (com filmes gays). Surpreendentemente, 253 (10%) pagam para ver os dois canais de sexo.
Segundo o Ipsos, 26% das pessoas que assinam o Sexy Hot e o For Man (conjuntamente) se declaram heterossexuais, 30% são homossexuais e 35%, bissexuais. Mesmo entre os que só assinam o gay For Man, 14% se afirmam heterossexuais (25% são bi).
‘Uma boa parte do público hétero procura conteúdo homo. Descobrimos que há casos em que o casal assina o For Man por que a mulher gosta do canal e o marido não se importa com isso’, afirma Giani Scarin, gerente de pesquisas da Globosat.
Ela classifica o público que vê os dois canais de ‘mente aberta’. ‘Acreditamos que esse segmento seja bem maior do que 10%’, diz.
A pesquisa mostra ainda que os ‘mente aberta’ têm preferência por filmes de sexo entre homens, mas apreciam em menor escala homens com mulheres. Ou seja, os héteros que vêem canal gay não são tão héteros assim.
OUTRO CANAL
Disputa 1 O Grupo Bandeirantes poderá ter problemas com a marca PlayTV, que rebatizará a partir de maio a Rede 21, com a chegada da Gamecorp (de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Lula) ao controle de parte da grade do canal.
Disputa 2 A marca PlayTV já tem dono: o parque de diversões Playcenter. O Playcenter registrou em 1997 a marca na categoria ‘entretenimento’. A Band entrou com um pedido de registro (até hoje não concedido) em 2002, na categoria ‘telecomunicações’.
Disputa 3 Segundo especialistas, há conflito de interesses, porque ambas as empresas atuam com entretenimento. Programas de TV, aliás, são registrados na categoria ‘entretenimento’. A Band discorda dessa avaliação. O Playcenter não comentou.
Flashback Lembra do primeiro capítulo de ‘Belíssima’, em que André (Marcello Antony) atropelou Cemil (Leopoldo Pacheco)? Pois não houve nada de acidental no atropelamento. Segundo o autor Silvio de Abreu, o desastrado encontro já fazia parte do plano que está por trás de todas as vilanias da novela das oito da Globo.
Cabeça Viviane Mosé volta em maio a apresentar quadro de filosofia no ‘Fantástico’. Aproveitando a Copa, o quadro, com apenas quatro episódios, abordará temas que têm a ver com futebol: emoção, paixão, disputa e razão.’
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O Globo
Segunda-feira, 24 de abril de 2006
INTERNET
Novos Tempos, Nova Cara
‘Esta é a coluna nº 644 que produzo aqui para este caderninho, que hoje inaugura cara nova e nome novo. Hoje escrevo no Word em um PC com clock de 3,2 GHz, 1 GB de memória, 400 GB de disco e envio o texto para a redação via email a 1 Mb/s. Em 1991, quando foi criado o caderno, escrevia no WordPerfect em um PC com clock de 20 Mhz, 1 MB de memória, 40 MB de disco e enviava o produto para a redação via modem a 1200 bps. Comparando assim por alto o que mudou nestes 15 anos, temos que o clock acelerou pouco mais de cem vezes, a memória cresceu mil, o disco dez mil e a velocidade de transmissão cerca de mil vezes. Só que, bem sabemos, a qualidade de vida e a produtividade profissional do usuário médio de computador não cresceram, nem de longe, nas mesmas proporções.
Quanto ao conteúdo, de tudo que precisei ler e pesquisar neste período visando a apresentar a vocês algo minimamente interessante aqui nesse espaço, avalio que joguei fora mais de 90% do material coletado, publicando talvez menos que 10%. Se há 15 anos era preciso pescar a informação tecnológica relevante dentro de um monte de lixo, hoje então, com a web, os blogs e os agregadores, a torrente de informações inúteis é cada vez maior.
Mas tem algo que mudou para melhor nesse tempo todo. O acervo de informações online se tornou absurdamente gigantesco e abrange quase qualquer assunto que se queira pesquisar. E quase tudo isso de graça, ao alcance de nossos dedos em poucos segundos. Só o que ainda demora é ligar o computador. Conectar-se é em dois segundos. Googlar, digitar a busca e receber a resposta? Rapidinho. A comunicação também, quanto avanço! Do texto, fomos para a foto, depois para o áudio e hoje papeamos olhando a cara do interlocutor em tempo real.
Há também o vertiginoso afunilamento do hardware, a famosa convergência. Se há pouco tempo um cidadão minimamente antenado e plugado andava com quatro penduricalhos enganchados no cinto da calça – celular, câmera digital, pen drive e Palm – a tendência é que em pouco tempo passará a usar apenas um, dependendo é claro do quanto tiver de bala na agulha para comprar uma dessas belezocas faz-tudo, que ainda são um tanto caras aqui na terrinha.
Quanto à coluna, aqui no papel já não há mais espaço para publicar o tanto de informação nova que chega todo dia. O jeito é apelar para onde o espaço é virtualmente infinito, o universo online. Infinito mesmo ele não é, pois haja banda e haja servidor, mas dá pra fazer uma festa. A leitora então, a partir de hoje, lerá esta coluna do ‘c.a.t’ apenas uma vez por mês, mas ficará ligadaça na nova editoria de tecnologia do Globo Online, em
Essa idéia de um triângulo formado pelo Info etc, pela editoria de tecnologia e pelos tech-blogs, todos funcionando em conjunto, já vinha borbulhando há um bom tempo, mas só agora os astros se alinharam na conjunção perfeita e a coisa finalmente aconteceu. Vamos então juntos, rumo ao futuro.
E como pequeno presente de reinauguração, deixo com vocês um programinha bem simples, gratuito e miúdo que tem ajudado muita gente na China a navegar com um pouco mais de liberdade, naquele braço da internet tão cheio de censuras e bloqueios. Desenvolvido pela UltraReach, o softwarezinho se chama UltraSurf 6 e funciona acoplado ao Internet Explorer. Não precisa instalar, é só rodar o executável. Daí por diante, toda sua navegação na web terá seu IP real mascarado, o que será sinalizado por um cadeadozinho amarelo no canto inferior direito de sua tela. Baixe o software, que zipado tem apenas 101 kB, e o manual em inglês no site
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