A PF e o irmão do presidente
Não é a primeira vez que Genival Inácio da Silva, irmão do presidente Lula, aparece no noticiário. Em novembro de 2005, Vavá foi defendido em reportagem da revista IstoÉ. Agora, uma operação de nome estranho, Xeque-Mate, recoloca Genival na berlinda.
O pretendido republicanismo da Polícia Federal seria um milagre no contexto brasileiro. Pesa a favor da PF a constatação de que a quadrilha alvo da operação, cuja base é Mato Grosso do Sul, é muito barra-pesada. Mas na cultura brasileira sempre fica um travo de dúvida sobre a possibilidade de manipulação política.
Chávez e Cisneros
Alberto Dines anuncia que a situação da mídia na Venezuela será o tema do programa de hoje à noite do Observatório da Imprensa na televisão.
Dines:
– Os arrufos entre o Senado brasileiro e o caudilho venezuelano têm algo de folclórico. O Congresso de um país democrático tem todo o direito de manifestar-se sobre qualquer assunto, essa liberdade é que caracteriza o regime representativo. Mas é preciso não esquecer que o senador que iniciou a ofensiva antichavista foi José Sarney, ex-presidente da República, um dos fundadores do Mercosul e um dos principais aliados do presidente Lula. Talvez por isso Chávez tenha estrilado. Neste caso, não deveria ter ofendido o Senado, pois assim ofende o conjunto federativo. Mas o que chama mesmo a atenção no tumultuado processo venezuelano é que um dos canais que mais combateram Hugo Chávez em 2002 foi a Venevisión, do poderoso barão da mídia Gustavo Cisneros. Se a RCTV perdeu a concessão justamente porque Chavez diz que a mídia é golpista, por que razão o golpista Cisneros sobrevive? Essa e outras questões serão discutidas hoje no Observatório da Imprensa. Às 23:40 na Rede Cultura. Ao vivo, às dez e quarenta na TV-E.
Chávez, Lula e Odebrecht
O correspondente da Folha de S. Paulo na Venezuela, Fabiano Maisonnave, escreve hoje em artigo de opinião, abre aspas: “Não deixa de ser notável que Lula se esquive do que ocorre na Venezuela depois de ter usado tanto apoio internacional na época pré-poder, enquanto o repúdio mais forte à medida contra a RCTV venha do senador Sarney, que, no seu Maranhão, dispõe da hegemonia midiática que Chávez ainda busca”. E prossegue o jornalista Maisonnave: “Há fortes motivos para Lula agir assim. Empresas brasileiras, lideradas pela Odebrecht, doadora de sua campanha, lucram cada vez mais com os petrodólares de Chávez – o Brasil já é o segundo parceiro comercial, atrás dos EUA. São esses os interesses que se busca preservar, nem que para isso seja necessário sacrificar temas caros como a liberdade de expressão”, fecha aspas de citação de Fabiano Maisonnave.
Efeito e causa
Saiu a notícia de que Marta Suplicy e Geraldo Alckmin estão empatados num patamar de 35% das preferências em sondagens de opinião sobre a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2008. A mesma notícia dizia que o atual prefeito, Gilberto Kassab, não chega a dois dígitos da preferência, nesse retrato do eleitorado. Ontem começou uma campanha de mídia da prefeitura em que Kassab é o principal protagonista. Com dinheiro público.
Jornais e patrões
O Wall Street Journal traz hoje reportagem sobre a tentativa em curso do magnata Rupert Murdoch de comprar a editora Dow Jones e, com ela, o próprio Wall Street Journal. Em texto assinado por quatro jornalistas pode-se ler, a certa altura, abre aspas: “Em meio século de carreira jornalística e empresarial, os jornais e outros meios de comunicação de Murdoch têm tomado decisões de cobertura que apóiam os interesses de seu vasto conglomerado de mídia, a News Corp. Com isso, Murdoch tem rompido um limite que existe em muitas outras empresas jornalísticas nos Estados Unidos entre os lados empresarial e jornalístico – um muro cujo objetivo é evitar que os interesses empresariais e políticos dos donos influenciem o noticiário”, fecha aspas. É por essas e outras que o Wall Street Journal é influente.
No Brasil, um texto assim ainda é inconcebível. O Globo jamais publica críticas sérias à Rede Globo. IstoÉ não fala das aventuras empresariais e editoriais de seu dono, Domingo Alzugaray. Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil não noticiam como seu dono, Nelson Tanure, trata os empregados. A Abril é acusada de fazer parceria com uma empresa de passado racista na África do Sul e não sai uma linha a respeito em nenhum de seus meios de comunicação.
Força estranha
Pedem-se informações a respeito do paradeiro da Força Nacional de Segurança, que chegou ao Rio de Janeiro no início do ano com a missão de ajudar a pacificar a cidade.