Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Fuzilaria não é inteligência
>>Mistificação e mentira

Fuzilaria não é inteligência


A eliminação pela Polícia de 13 supostos suspeitos de preparar ataque a agentes penitenciários sob ordens do PCC, na Grande São Paulo, é em si mesma evidência de que não se tratou de trabalho de inteligência policial. Inteligente e eficaz teria sido prender. Fuzilar é sinal de fraqueza, despreparo, improvisação.


É inevitável a comparação com o ataque da polícia a um ônibus na rodovia Castelinho, em 2002, quando uma fuzilaria produziu 12 mortos.


Um dos pontos mais frágeis da segurança pública aparece em declaração do presidente do sindicato dos agentes penitenciários, Cícero Santos, publicada no Globo de hoje:


“Ninguém consegue dominar os presídios. As condições são subumanas. Os presos vivem amontoados, criando espaço para justificar barbaridades”.



A Copa e a vida


Alberto Dines adverte que a vida não pára durante a Copa do Mundo.


Dines:


– Leitura labial pode ser considerada invasão de privacidade? E o longo pedido de desculpas ao técnico Parreira lido por Fátima Bernardes ontem no Jornal Nacional foi um rapapé necessário? Pode ajudar o nosso estrategista-mor a vencer o jogo daqui a pouco? A Copa do Mundo, apesar de espetacular, tem algo de minimalista e reducionista. Ninguém está pensando na nova ofensiva do PCC às vésperas de um jogo-chave, nem no fracasso do governo no caso da Varig. A gana é vencer Gana, por pior que seja o trocadilho. O resto pode esperar. Mas será que a cobertura da Copa do Mundo poderia ser diferente se a maioria dos comentaristas fosse constituída de mulheres? Este é um dos temas da edição desta noite do Observatório da Imprensa. Às dez e meia, ao vivo, na TV E, e às onze e meia na Rede Cultura.


Competições desprimorosas


Muita coisa se reaproveita na mídia. Nesta terça-feira, o Globo retoma e destaca num quadro uma constatação feita no sábado pela Folha. A Folha havia mostrado que o candidato Lula trocou o slogan “Por um Brasil decente, vote Lula presidente” pelo atual “Lula de novo, com a força do povo”. Entre as duas frases, a crise do mensalão.


E o blog de Jorge Moreno foi retomado hoje na coluna de Tereza Cruvinel: ao dizer que o governo Lula ganha dos seus oito anos em matéria de corrupção, o ex-presidente Fernando Henrique sugere competição para ver “quem rouba menos”. Quanto à batalha de números, a Folha mostra que os dois lados manipulam os dados.



Mistificação e mentira


O repórter do Estado de S. Paulo Carlos Marchi identifica desafios para o jornalista que acompanha campanhas eleitorais.


Marchi:


– Os dois grandes obstáculos que um repórter enfrenta quando cobre uma campanha política são a mistificação e a mentira. A mistificação é, de certa maneira, a mentira edulcorada, é a adaptação de determinados problemas e situações que os políticos fazem para enganar, para encobrir momentos, ou movimentos, ou mecanismos que lhes são desfavoráveis. Na mistificação eu enquadraria também a invenção de idéias irrealizáveis, de promessas que não podem, evidentemente, ser cumpridas, mas que ele, assim mesmo, propõe. De outro lado, existe a mentira pura e simples. O político ou te tira da pista, ou te diz uma coisa que absolutamente não é verdade. Eu até enquadraria também na mentira um terceiro aspecto: o sujeito que some, que desliga o telefone quando está numa boa situação, em que não quer falar com você, num momento em que não interessa a ele entrar em áreas de questionamento.


Mauro:


– Carlos Marchi está otimista em relação à campanha presidencial deste ano.


Marchi:


– Esta campanha que vem por aí este ano vai ser uma campanha intensamente propositiva. Nós teremos dois candidatos extraordinários, representativos de um grupo de idéias e de dois partidos bastante sólidos, consolidados e enraizados na sociedade brasileira. Isso é bom, é educativo, é didático, porque permite ao eleitorado escolher com clareza aquele candidato que interessa a seus propósitos, a suas idéias ou à realidade de suas regiões, de suas cidades.


Clique aqui para ler a entrevista completa.


Eleição mexicana


Os maiores jornais acordaram para as eleições mexicanas do próximo domingo.



Tortura subestimada


O governo criou uma comissão de combate à tortura. É apenas uma nota de pé de página nos jornais de hoje.