Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Menos uma cassação
>>O chororô do Palácio

Menos uma cassação


Não é por falta de aviso dos jornais, mas hoje é dia da décima absolvição de deputado acusado de participar do mensalão. É Josias Gomes, do PT da Bahia. Daqui a pouco, vai a votos no Conselho de Ética da Câmara o caso de Vadão Gomes, do PP de São Paulo, acusado de ter recebido 3,7 milhões de reais do esquema de Marcos Valério.


O chororô do Palácio


O porta-voz do presidente da República, André Singer, exalta hoje em artigo na Folha o compromisso do governo Lula com a liberdade de imprensa. O texto requer um reparo. É quando diz: “Conteúdo fortemente agressivo ao governo e ao presidente esteve presente no noticiário sem que tenha havido qualquer reclamação por parte do Executivo, que soube conviver democraticamente com as notícias”.


Que houve reclamação, houve. E muita. O presidente Lula cansou de dizer que a mídia faz acusações levianas. É direito dele, às vezes é verdade, mas é reclamação.


Quanto à convivência democrática, é algo que merece estudo acurado. No plano institucional, houve a idéia de se criar um antidemocrático Conselho Federal de Jornalismo. No plano político, o governo só tomou diante da corrupção as providências práticas que entendeu inevitáveis. Esmerou-se em negacear diante de fatos gravíssimos. E quase expulsou do país o correspondente do The New York Times, por causa de uma reportagem mambembe na qual Larry Rohter dizia que hábitos alcoólicos do presidente eram uma preocupação em Brasília.


Censura indireta


Hoje, 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o presidente da Associação Nacional de Jornais, Nelson Sirotsky, dirá na Câmara dos Deputados que a censura persiste no Brasil. Dará como exemplo decisões da Justiça que proíbem a divulgação de reportagens.


Site redesenhado


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, descreve as mudanças ocorridas neste site, que completa dez anos de existência.


Egypto:


– A edição do Observatório que está na Web comemora os dez anos do site, oito do programa de TV e um ano deste programa de rádio.


Dez anos de presença regular na internet não é pouca coisa. O Observatório tem o dom de ser um veículo originalmente concebido para a Net. E a partir da Web o projeto se desdobrou para outras mídias. Fizemos o percurso inverso ao dos veículos tradicionais, que primeiro se firmaram em produtos compostos por átomos para depois transpor seu conteúdo para o ambiente digital.


Observatório na Web agora está de cara nova, como um novo leiaute que permite navegação muito mais consistente. Decidimos radicalizar no que o jargão chama de usabilidade. O design das páginas torna mais organizado o acesso ao conteúdo, depois de um ou dois cliques no mouse.


São mudanças importantes, embora saibamos que na internet nada está pronto. Resta seguir em frente, e trabalhar para continuar a merecer a confiança de nossa audiência – no rádio, na TV e na Web. Pelas próximas décadas, pelo menos.


Escolhas equivocadas


O ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira Luiz Hafers tem o dom das frases cortantes. Ele definiu assim, ontem, na Rádio Jovem Pan, a atual política externa brasileira:


“Querem ser gostados por quem não interessa e implicam com quem importa. Têm mais preocupação em ser contra do que em ser a favor de alguma coisa.”


Em artigo hoje no Estadão, o especialista Marcos Jank pede uma revisão dos rumos da inserção internacional do Brasil. Cristiano Romero, no Valor, e Elio Gaspari, na Folha, mostram como o Itamaraty enveredou por um caminho questionável.


Petrodólares


O noticiário sobre a decisão boliviana ignora uma questão: será que o aumento da arrecadação de recursos para o governo da Bolívia se converterá em ações para a efetiva melhoria das condições sociais e da infra-estrutura do país?




Garotinho esperneia


A dimensão da liderança política do ex-governador Anthony Garotinho pode ser medida pela densidade das visitas que recebeu na sede regional do PMDB, no Centro do Rio, onde faz greve de fome. Pouca gente do seu e de outros partidos. Na rua não apareceu até agora nenhuma multidão. Ontem, um grupo de policiais manifestantes colocou, ao lado de umas quentinhas com comida, uma mamadeira. E houve pancadaria.


Na Folha de hoje, mais denúncias, sobre fornecimento, por entidade de pastores evangélicos ligada a Garotinho, de fraldas para farmácias populares do Rio de Janeiro.


Mas Carlos Heitor Cony tem razão, na mesma Folha: o jornal O Globo não faz apenas reportagens sobre Garotinho. Faz campanha contra Garotinho. E o Estadão também. Publica hoje, só para chatear, uma gozação feita na internet que a Folha já havia dado ontem.


Mas Garotinho ainda tem margem de manobra.


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