Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Falta competência
>>Viciados em petróleo

Falta competência


O jurista Dalmo de Abreu Dallari nota que o ministro Nelson Jobim não tem vocação para a Justiça, mas para a política. Dallari, no entanto, concorda no plano técnico com a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal de impedir a quebra de sigilos de Paulo Okamoto.


Se os parlamentares e a imprensa conseguissem dar nexo a tudo o que já veio à tona, não haveria esse tipo de problema.


A lista de Furnas


A lista de doações de Furnas a campanhas políticas parte de um fato plausível. Furnas foi, até muito recentemente, como boa estatal, um dos baluartes do financiamento irregular de campanhas políticas. Como eram a Cesp e tantas outras. Mas a lista em si, que circula há meses na Internet, é inverossímil. Parece mesmo documento forjado.



Viciados em petróleo


O Alberto Dines chama a atenção para a principal indicação do discurso de presidente Bush anteontem.


Dines:


– O presidente Bush apresentou ao Congresso, na tarde de terça-feira, a tradicional mensagem sobre o Estado da União. É um misto de comício, balanço e programa de ação. Sabendo que a diferença do fuso horário poderia impedir a publicação da mensagem no dia seguinte em jornais de diversas partes do mundo, a Casa Branca forneceu horas antes um resumo da fala do presidente. Apenas a Folha soube tirar partido desta vantagem e ontem na primeira página destacou o trecho mais “quente” do discurso em que o presidente constata que os Estados Unidos estão viciados, viciados em petróleo. Na mesma noite, os principais telejornais americanos estavam concluindo que o governo Bush vai apostar no etanol, extraído do milho, e assim favorecer o estado de Iowa, decisivo na reeleição de Bush. Ora, a aposta no álcool mexe muito com nossa economia, e como nossa imprensa preferiu comer mosca nas edições de ontem, o assunto veio requentado para as edições de hoje. Periferia é isso, conformar-se com o fuso horário e deixar a banda passar.


Ecos do discurso


Na segunda-feira, antes de ter sido concluída a redação do discurso do presidente Bush, os criadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, visitaram uma usina paulista de açúcar e de álcool.


O colunista do The New York Times Thomas Friedman, traduzido hoje na Folha, parte do discurso de Bush para mostrar a ligação do petróleo com ditaduras em países árabes.


No Estadão, o historiador britânico Timothy Garton Ash lê no discurso do presidente americano uma prudência diante do Irã que não houve no caso do Iraque. E a contrasta com a ameaça recente do presidente francês, Jacques Chirac, de usar bomba atômica contra inimigos.


Arquivado processo de Tanure


Foi arquivado ontem pelo juiz Juarez Costa de Andrade, do 10° Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro, o processo movido pelo empresário Nelson Tanure contra três jornalistas – os presidentes dos Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo, Fred Ghedini, e do Rio, Aziz Filho, e o repórter Murilo Fiúza de Melo – e o metalúrgico Luiz Chaves.


Tanure havia pedido adiamento de uma audiência marcada para novembro e faltou na nova data. O juiz manifestou a opinião de que processos desse tipo contra jornalistas – acusados de difamação – deveriam se restringir à esfera cível. O empresário, que pode recorrer, foi condenado a pagar as custas do processo.


Fred Ghedini anunciou que prossegue o movimento em defesa da liberdade de imprensa, contra a perseguição feita no Jornal do Brasil e na Gazeta Mercantil, veículos controlados por Tanure, ao repórter do Estado de S. Paulo Lourival Sant´Anna.


Crise não vende jornal


Foram divulgados números do Instituto Verificador de Circulação, IVC, relativos à venda de jornais em 2005. No Globo desta quinta-feira, 2 de fevereiro, o título enganador é “Venda de jornais no Brasil cresceu 4% (….)”. Quando se vai à tabela, verifica-se que, entre os jornais de importância nacional, só a circulação do Globo cresceu – 7%. Da lista dos dez maiores em circulação, caíram Folha, Estadão, Zero Hora e O Dia. O Jornal do Brasil, que saiu dessa lista, perdeu dez por cento em 2005. Os jornais que mais cresceram, e puxaram o resultado total para cima, são os chamados populares: Extra, Diário Gaúcho e Lance.


Engana-se quem acha que crise política vende jornal ou revista no Brasil.



Por Alá!…


A liberdade de imprensa deve ser defendida com unhas e dentes. Ponto. Mas as medíocres charges do profeta Maomé publicadas originalmente num jornal dinamarquês, e reproduzidas por solidariedade laica em jornais da França, da Alemanha e da Espanha, são um monumento de estupidez política como há muito não se via.