Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Sai Lula, entra Chávez
>>Fora da margem de erro

O teatrinho da campanha


Não houve no primeiro turno debate dos problemas do país e das propostas para enfrentá-los. Nenhum dos candidatos disse nada de novo ou de importante.


Comentaristas mais céticos já prevêem que não haverá no segundo turno o tão necessário debate de fundo. O que vai haver é luta pelo poder. Pode ser. A mídia, em tese, não teria obrigação de se render à lógica das campanhas. O Valor faz hoje um esforço para examinar programas de governo. Mas, no frigir dos ovos, quem dá mais espaço a uma discussão sobre carga tributária, ou gastos públicos, ou previdência, ou burocracia, ou infra-estrutura, ou competitividade, do que ao apoio de Garotinho a Alckmin?


Lembo só vê sintomas


O governador Claudio Lembo diz que os três principais problemas que José Serra enfrentará em São Paulo são “segurança pública, sistema prisional e menor infrator”. Está erradíssimo. Confunde sintomas com causas.



A voz das urnas


O Globo bateu forte em candidatos à reeleição para a Assembléia Legislativa do Rio que respondem a processo criminal ou são investigados por suspeita de enriquecimento ilícito. Dos dez arrolados na edição de sábado, véspera da eleição, sete se reelegeram. Um deles, Marcos Abraão, processado por homicídio, foi o mais votado de seu pequeno partido. A imprensa tem poder, sim, mas limitado. Como diria o personagem de Gláuber Rocha, “mais fortes são os poderes do povo”. Para o bem e para o mal.


Sai Lula, entra Chávez


Desde 29 de abril, quando Hugo Chávez, Fidel Castro e Evo Morales assinaram em Havana a entrada da Bolívia na Alternativa Bolivariana para a América, Alba, contraponto à Alca, aumentou muito o interesse dos principais veículos de imprensa de língua inglesa, que são os mais influentes do mundo, pela atividade do presidente da Venezuela.


Correspondentes veteranos estão sendo mandados para a terra de Chávez. Um exemplo é Simon Romero, do The New York Times, agora sediado em Caracas. O mesmo movimento é observado na agência Bloomberg.


Na eleição de 2002, o candidato Lula apareceu sozinho na capa da revista The Economist. Na edição desta semana, dividiu-a com Chávez. Lula deixou de preocupar os chamados mercados, mas deixou também de empolgá-los. Chávez preocupa-os cada vez mais.


Ontem a Sociedade Interamericana de Imprensa denunciou Chávez por violações reiteradas da liberdade de imprensa.


Papel social da mídia


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto fala de um congresso mundial que porá em destaque a necessidade de maior diálogo dos meios de comunicação com a sociedade.


Egypto:


– Daqui a duas semanas, entre os dias 25 e 27, reúne-se em Roma o Primeiro Congresso Mundial sobre Comunicação para o Desenvolvimento, promoção do Banco Mundial, da FAO – organismo da ONU para a agricultura e alimentação – e da Rede Iniciativa da Comunicação. Ali estarão profissionais de comunicação envolvidos com ações para o desenvolvimento, acadêmicos, autoridades governamentais, entidades financiadoras, representantes de organizações não-governamentais e de comunidades.


A convocação desse evento é um sinal inequívoco da importância que a comunicação em particular, e a mídia em geral, assumem nos processos de desenvolvimento humano. Quanto mais não fosse pelo papel central desempenhado pelos meios de informação na vida social.


Por todas as razões conhecidas, os novos tempos requerem das empresas de mídia uma maior predisposição ao diálogo, além de práticas de boa governança e de transparência. É também seu papel articular atores sociais por intermédio da informação de qualidade e de interesse público. A história demonstra que sem uma comunicação plural e diversificada não há desenvolvimento possível.


Fora da margem de erro


No sábado já saem pesquisas do Datafolha sobre o segundo turno para presidente e governos estaduais. A Folha defende hoje a qualidade das pesquisas do Datafolha e do Ibope no primeiro turno para presidente. Mas silencia sobre os ibopes para governador ou senador em seis estados onde houve diferenças bem além da margem de erro. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o Ibope feito entre 27 a 29 de setembro deu 25% para Yeda Crusius. Ela teve 32,9%. Deu 34% para Germano Rigotto. Ele teve 27,1%. Em São Paulo, Ibope e Datafolha davam a Eduardo Suplicy uma folga, na média, seis vezes e meia maior do que ele de fato teve contra Guilherme Afif. (Os resultados estão no site do Ibope. Ver também as explicações do instituto.)


Hoje em dia a TV Globo já indica claramente os limites da margem de erro. Antigamente, nem isso. Mas não seria correto dizer abertamente ao telespectador que o número encontrado não é uma verdade absoluta? Ou será que isso tira a graça do espetáculo?


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