Aumento e CPI
O Congresso poderá, quem sabe, rever o aumento salarial concedido em causa própria no pior momento possível. Enquanto isso, a CPI dos Sanguessugas tem final melancólico.
Corporativismo e sigilo
O repórter do Globo Sérgio Ramalho diz que o corporativismo policial é o maior obstáculo à eficácia de denúncias feitas na imprensa contra policiais.
Sérgio Ramalho:
– Tem a questão do sigilo, que pode também atrapalhar, mas que não é o maior empecilho. O que eu acredito é que você tem o corporativismo, dentro dessas instituições – e isso não é só dentro da instituição policial, você vê isso em geral, até no próprio jornalismo –, e que em muitos casos usa do sigilo na investigação para acobertar suspeitos e não para proteger a pessoa que deveria estar sendo protegida até que se confirmasse o envolvimento delas num determinado crime. E esse corporativismo acaba protegendo esses grupos, e eles tendem a aumentar, vão ganhando mais corpo, o que dificulta mais ainda o nosso trabalho. Há várias investigações que a gente sabe que estão em curso, seja na Polícia Militar ou na Polícia Civil do Rio, mas que… Você tem as informações, eles comentam com você, mas o corporativismo acaba te prejudicando na hora de publicar, porque em alguns casos as investigações não chegam a um ponto em que se consigam informações suficientes para que determinado policial seja punido da maneira que deveria ser. E em geral nós acabamos processados, depois desses acontecimentos.
Veja sob pressão
Na Carta ao Leitor desta semana, a Veja afirma sua independência com a informação de que a edição tem 100 páginas de anúncios. Na página 185, um texto da Editora Abril afirma que ‘são totalmente improcedentes e infundadas as acusações a seu respeito amplamente divulgadas pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação”. Como se sabe, a Veja publicou reportagens sobre a participação de um filho do presidente Lula numa empresa, a Gamecorp, que compartilha com a Band o faturamento líquido de anúncios veiculados pela Play TV, antiga Rede 21, da Band.
Entre os anunciantes que a Veja reuniu para lhe dar respaldo estão os maiores bancos e as maiores montadoras de veículos do país. Paradoxalmente, ou não, cinco instituições estatais, entre elas os Correios, Furnas e o Sebrae, contribuíram com 10 páginas de anúncios.
Record em alta
A Folha informa hoje que a verba federal para a Rede Record de televisão cresceu no governo Lula.
O peso da imprensa
Alberto Dines diz que os governantes deveriam ler jornais inteiros, não apenas súmulas, os chamados clippings.
Dines:
– Ontem, penúltimo domingo antes do Natal, o leitor paulista fanático por jornais e revistas recebeu 1.180 páginas impressas na sua porta. Foram desconsiderados os encartes publicitários, folhetos e prospectos. A edição de IstoÉ não foi entregue e o JB não foi incluído porque deixou de ser um jornal nacional. Se O Globo trouxesse os classificados que circulam no Rio o número total de páginas seria ainda muito maior. Mas qual o saldo destes quilos de papel em matéria de serviço público? Impossível quantificar. Uma coisa é certa: sem estas toneladas de papel o mundo seria muito pior. Mesmo que uma parte destas notícias possa desagradar ou até mesmo conter erros, o volume e a importância do que é oferecido aos leitores desempenha um papel crucial na sua formação. Então por que tantas reclamações contra a imprensa? Simplesmente porque os governantes não recebem os jornais nas suas portas. Não lêem estes jornais, lêem apenas as súmulas dos jornais a seu respeito e, nesta seleção precária, perdem a perspectiva. Não se enxergam como parte de um todo. Se os políticos lessem os jornais por inteiro, os jornais seriam menores e os políticos, talvez, melhores.
Folha desrespeita leitor
Houve total desrespeito ao leitor na maneira como a Folha publicou ontem, na primeira página de sua edição dominical, um “informe publicitário” resultante de acordo judicial. Não há no jornal nenhuma explicação a respeito. O texto condena a utilização de cooperativas, a criação de pessoas jurídicas e a utilização de estágio para a realização de atividades normais da empresa. Supõe-se que sejam práticas usadas na Folha, como em muitas outras empresas, para reduzir o custo da remuneração de seus empregados.
Internet nas escolas
O governo anuncia que poderá usar o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, Fust, para conectar à internet 171 mil escolas e, assim, milhares de municípios. Seria uma revolução.