Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Programa 13
>> Desmatamento na mídia mundial
>> A obra do São Francisco
>> Retrato da informalidade
>> Geografia da mordaça

Desmatamento na mídia mundial

 

Já começa a dar o que falar, nesta sexta-feira, 20 de maio, a repercussão internacional dos dados sobre desmatamento da Amazônia entre 2003 e 2004. A revista The Economist dá destaque ao problema na edição desta semana.

 

Um dos fatores que concorrem para a fraca atuação dos poderes públicos na Amazônia brasileira é a rarefeita e esporádica presença da mídia nas novas fronteiras agrícolas do Centro-Oeste e do Norte. A opinião pública conhece mal essa realidade.

 

Sintomaticamente, as reportagens dos jornais de circulação nacional sobre os números do desmatamento foram todas feitas em Brasília.

 

A obra do São Francisco

 

O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos, disse ontem em entrevista a Carlos Alberto Sardenberg, na Rádio CBN, que tentou oferecer ao presidente Lula e ao ministro da Integração Regional, Ciro Gomes, alternativas menos faraônicas ao projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Jarbas disse que não foi ouvido por Lula e Ciro.

 

O governador prevê que uma obra de quatro bilhões de reais, no Nordeste, não será concluída, e usou como argumento um canal muito menos dispendioso cuja construção, em Pernambuco, se arrasta há nove anos, por falta de recursos federais.

 

Quem sabe algum repórter se anima a ir lá verificar o que acontece?

 

Antes de mais nada, está claro que a opinião pública continua mal informada a respeito do projeto de transposição do São Francisco.

 

Há centenas de histórias assim que permanecem na sombra porque a mídia investe pouco na tarefa cada vez mais relevante de mostrar onde o interior do Brasil se desenvolve, e onde está parado ou em decadência.

 

Retrato da informalidade

 

O IBGE dá hoje nos jornais mais influentes um novo show de competência na divulgação de seus trabalhos. O material foi passado há dias aos jornais, revistas, rádio e televisão ‘com embargo’, como se diz no jargão profissional, quer dizer, com o compromisso de que a divulgação seja feita em determinada data. Para a televisão, foi ontem. Para jornais e rádio, hoje. É uma modalidade que funciona bem para todo mundo: mídia e público.

 

A informalidade, às vezes vista como solução, é um dos maiores problemas do país.

 

Geografia da mordaça

 

O Alberto Dines constata que as sentenças judiciais que afetam a liberdade de expressão começam a formar uma geografia que vai do Centro-Oeste, Goiás, ao Sudeste, Bahia, passando pelo Norte, Rondônia. Fala, Dines.

 

Dines:

 

– Passou a ser diária a violência judicial contra a imprensa. A Geografia da Mordaça começou há menos de um mês em Goiás, foi a Rondônia, agora faz escala em Salvador, onde uma juíza deu ganho de causa a um companheiro do senador ACM e diretor da empreiteira OAS. Ela impôs uma pena de três meses de prisão ao radialista Mário Kertesz, ex-prefeito da capital baiana, dono da Rádio Metrópole. Temendo a repercussão, a meritíssima resolveu transformar a pena privativa de liberdade em multa a ser paga a uma entidade social. O radialista vai recorrer, porque agora corre o risco de ser considerado reincidente. O autor da ação não gostou que Kertesz tivesse usado a expressão ‘se segura, malandro’ e o tivesse qualificado como ‘gordinho’. O governo federal fez recentemente um inventário de palavras politicamente incorretas, agora são os gordinhos que atacam. A coisa está ficando feia. Feia, dentro em breve, pode dar cadeia.