Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Crime é a emergência
>>Cartolas na mira

Crime é a emergência


A Polícia paulista conseguiu prender acusados de fazer reunião para planejar novos ataques do PCC. Mas o crime organizado continua matando. Ontem à noite foram assassinados um agente penitenciário e um PM. E o PCC planeja novas ofensivas.


No Rio, bandidos em favelas atiram em presos dentro de penitenciárias.


A face mais ameaçadora da crise brasileira se concentra hoje no noticiário policial.


Cartolas na mira


Alberto Dines pede que não se deixe de questionar os cartolas do futebol brasileiro.


Dines:


– Estavam lúgubres as primeiras páginas e os cadernos esportivos dos três jornalões nacionais ontem, depois da débâcle diante da França. As culpas foram distribuídas ao técnico, aos jogadores, à falta de garra, à empáfia, etc. etc. Ontem, nenhum dos astros ou asteróides da mídia impressa que estão ou estavam na Alemanha tentou enquadrar a CBF. Afinal, Parreira tem um chefe, o cartola-presidente Ricardo Teixeira. E Parreira não errou apenas no sábado. Vem errando sistematicamente desde que escolheu os pífios adversários para os amistosos e convocou a seleção. Dentro do princípio da responsabilidade sucessiva, Ricardo Teixeira não pode ser eximido. Ele poderia ter vencido as obstinações do técnico, não durante o jogo, mas muito antes, quando elas já eram visíveis e evitáveis mas a mídia ainda estava anestesiada pela euforia de “melhores do mundo”.


Derrotas são duras mas são necessárias. Sem derrotas não chegamos à hora da verdade. Agora, depois do Carnaval e desta segunda Quaresma, pode começar a empreitada de reconstruir o futebol brasileiro. Mas teremos que começar de cima.


Lavagem cerebral


O país estava sendo submetido a uma espécie de lavagem cerebral por todos os meios de comunicação de massa, TV Globo à frente. Isso cansou tanto quanto o jogo medíocre da seleção.



México e Bolívia


Prevê-se que só na quarta-feira (5/7) seja proclamado o vitorioso na eleição presidencial do México, mas os resultados para a Assembléia Constituinte na Bolívia indicam um equilíbrio de forças que pode ser o caminho mais interessante para o país. Não havia hipótese de uma vitória oposicionista, mas havia, sim, hipótese de uma vitória mais folgada dos partidários do presidente Evo Morales, o que poderia ser percebido como ameaça no leste do país, onde a economia é mais avançada. O resultado cria ambiente para negociações. E é preciso, porque o contencioso econômico, social e político na Bolívia é pesado.



Políticos e comunicação


Alberto Dines constata uma recompensa ao esforço que ele comanda desde a fundação do Observatório da Imprensa para questionar a posse indevida de meios de comunicação por políticos:


Dines:


– Eu dizia há pouco que estamos chegando na hora da verdade. Há anos o nosso Observatório da Imprensa vem denunciando a clamorosa ilegalidade que acontece na Câmara e no Senado. A maioria dos nossos legisladores são também concessionários de canais de rádio e TV. Há duas semanas, a Folha resolveu apoiar as nossas denúncias. Ontem, foi a vez do Estadão entrar na parada com uma enorme matéria escancarando a velha indecência. Finalmente. Você, Mauro, levou à Procuradoria Geral da República os subsídios para uma representação contra a irregularidade que grassa no Congresso. Oito meses depois, a imprensa acordou. Quando a imprensa quer, as coisas podem mudar. No futebol, só dentro de quatro anos. Mas na mídia, pode ser amanhã.



Governo ajuda coronelismo eletrônico


Hoje a manchete da Folha acusa o presidente Lula de querer retirar do Congresso processos contra 255 emissoras, a fim de beneficiar políticos detentores de concessões vencidas. O Estadão publica declaração do deputado e ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira com sugestões para punir politicamente quem afronta a Constituição.


Depois deste fim de semana será muito difícil ocultar da opinião pública os danos à democracia provocados pelo coronelismo eletrônico.