Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Dia de “mensalão” e Varig
>>Adaptação da mídia impressa

Dia de “mensalão” e Varig


Duas novelas nacionais de 2005 podem ter capítulos emocionantes nesta quarta-feira, 21 de dezembro. A CPI dos Correios divulga relatório que pretende comprovar a existência do “mensalão”. Em Nova York, um juiz da Corte de Falências poderá liberar o arresto de 40 aviões da Varig. Se isso acontecer, a empresa recebe um golpe do qual dificilmente pode se recuperar.


A tentação da gastança


Há sinais crescentes de que em 2006 poderá prevalecer a lógica eleitoral sobre os ditames de uma política econômica responsável. Isso aconteceu no governo Sarney em 1986, com o congelamento de preços, no contexto do Plano Cruzado, e novamente em 1998, na reeleição do presidente Fernando Henrique, como câmbio apreciado. A revista The Economist, na edição de fim de ano que circula a partir de hoje, diz ser provável que o gasto do governo brasileiro se eleve em 2006. Mas cita uma opinião confiante na consolidação do compromisso com a responsabilidade fiscal.


O problema é que porta-vozes do empresariado com muita presença na mídia põem lenha na fogueira da gastança. Assim como uma longa lista de outros interessados, na qual brilham setores influentes do PT.


Bom de palanque eletrônico


O Observatório da Imprensa na televisão promoveu ontem a discussão dos ataques do presidente da República à mídia, criticados por Alberto Dines. O jornalista Luiz Gutemberg, de Brasília, disse que o presidente Lula deu poucas entrevistas coletivas porque prefere aparecer no Jornal Nacional. Lula, é bom lembrar, aproveita o treinamento que recebeu de Duda Mendonça.



Financiamento de campanhas


Com ressalvas, como é obrigatório na política, a imprensa constata hoje que o presidente já está em clara campanha pela reeleição. Acelerada desde a divulgação, na semana passada, de resultados desfavoráveis em pesquisas de opinião.


A comentarista Lúcia Hippolito previu ontem no Observatório que a campanha de 2006 será “pobre, sangrenta, sem graça e feia”. É previsível que os financiadores tradicionais não estarão dispostos a confiar em tesoureiros como Delúbio Soares, do PT, Jacinto Lamas, do PL, ou Emerson Palmieri, do PTB. Mas isso também pode ser uma chance para novos financiadores de campanhas. Não necessariamente aceitos no establishment brasileiro.



O que a imprensa cobre mal


No programa de televisão do Observatório, o jornalista Luís Nassif disse que as críticas do presidente são sem parâmetro, mas mencionou deslizes da cobertura, como as críticas da revista Veja ao vice-presidente José Alencar. Nassif questionou a apuração deficiente do papel de fundos off shore e contribuições para campanhas eleitorais via doleiros.


Adaptação da mídia impressa


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala dos desafios criados à mídia impressa após o advento do jornalismo na internet.


Egypto:


– Cinco anos atrás, no estouro da bolha pontocom, os executivos de mídia quebravam a cabeça para descobrir qual seria o modelo econômico do jornalismo na internet. Hoje, com a crescente consolidação dos meios digitais, a pergunta que se faz é outra: qual será, daqui a cinco anos, o modelo econômico do jornalismo impresso?


O jornalismo está mudando em função da crescente simbiose das mídias. E muito embora o jornal em papel seja insubstituível, por motivos vários, alguns deles correrão sérios riscos de sobrevivência caso não se adaptem aos novos tempos.


O desafio é grande. Alguns dos diários mais importantes do mundo já trabalham na fusão de suas redações “de papel” com as de internet. Mas a questão que ainda assalta a todos diz respeito a como gerar valor a partir dos conteúdos oferecidos na Web.


Na economia digital, quanto maior o número de utilizadores, a um custo próximo do zero, maior o valor do produto ou serviço. Por enquanto parece difícil entender isso. E os próximos anos prometem fortes emoções para a imprensa.


Arquivos da ditadura


O governo começa hoje a transferir para o Arquivo Nacional de Brasília os documentos da ditadura que estavam sob a guarda da Agência Brasileira de Inteligência, Abin. É o cumprimento de uma promessa do presidente Lula e permitirá a obtenção de novas visões sobre a história do regime autoritário.


Mas essa transferência cria um problema prático. Desde o governo de Fernando Henrique, a Abin, subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, forneceu aos interessados documentos para instruir processos de anistia. Agora, os funcionários que faziam essa busca, a pedido de qualquer cidadão, continuarão no Planalto, longe dos documentos, que ficarão no Arquivo Nacional.