Foi um debate animado sob o ponto de vista do espetáculo, mas não foi um debate proveitoso sob o ponto de vista do eleitor. O tom agressivo dos palanques chegou aos estúdios da Band. Ajudou a manter acordados muitos telespectadores, mas não contribuiu para o seu esclarecimento. Ao contrário, confundiu.
A concepção do debate tornou-o muito fragmentado. Segundo um diretor da Band, ouvido no fim do evento, os participantes fizeram cerca de 70 intervenções. Mesmo que a cifra esteja correta, fica claro que dois minutos para responder é pouquíssimo. Seria melhor conceder mais tempo para as respostas e diminuir a quantidade das intervenções. Com um tempo tão exíguo, os candidatos não tiveram outra alternativa senão despejar números em cima do pobre eleitor-telespectador sem que qualquer possibilidade de esmiuçar propostas ou políticas.
Os novos encontros poderão ser muito úteis daqui para frente desde que a emissora-anfitriã não fique tão preocupada com os índices de audiência. Manter o Ibope alto num debate eleitoral não é atestado de serviço público. Ao contrário, pode ser um desserviço.
Se os candidatos tiverem mais tempo para falar tomarão mais cuidado na hora de agredir o adversário, caso contrário poderão perder o fôlego. Com mais tempo também virão à tona mais idéias e a numerologia terá que ser explicada. É preciso lembrar que ontem foi o dia do não à baixaria da televisão.