Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Desagravo a Oscar Niemeyer

O Conselho Deliberativo da ABI aprovou em sua reunião de outubro uma manifestação de desagravo a Oscar Niemeyer, em razão de reportagem considerada ofensiva a ele feita pelo jornalista Fred Melo Paiva, que foi recebido no escritório do arquiteto, na Avenida Atlântica (Zona Sul do Rio), com a maior cortesia e montou um texto que, buscando ser jocoso, expôs ao ridículo o entrevistado.

Na reportagem, publicada em página inteira do caderno ‘Aliás’ de O Estado de S.Paulo (9/10/2005), o repórter traça um retrato desprimoroso de Niemeyer, dizendo que, aos 97 anos de idade, o decurso do tempo o fez diminuir de altura, em contraste com o crescimento das orelhas, e afetou sua visão, o que é verdade e foi deplorado pelo próprio entrevistado.

Desrespeitoso e deselegante, o repórter diz que Niemeyer está ‘meio ceguinho’, deficiência que, ao invés de lhe inspirar compreensão, o leva a oferecer uma imagem desairosa do arquiteto. Ao se referir à altura de Niemeyer, Melo Paiva exacerba sua deselegância em relação ao entrevistado, pois diz que, como diminui de tamanho, brevemente, sentado em sua cadeira de trabalho, ele não conseguirá alcançar o chão com os pés.

Numa das muitas passagens de mau gosto da reportagem, Melo Paiva faz referências também jocosas a um colaborador de Niemeyer, Luiz Otávio, apresentado como um dorminhoco que durante o sono emite ‘uns sinais de seu interior’.

A proposta de desagravo foi apresentada pelo jornalista Mário Barata, que foi crítico de artes plásticas do antigo Diário de Notícias e professor da Escola Nacional de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela qual se aposentou.

Oscar Niemeyer, nascido em 15 de dezembro de 1907 e que há 52 anos é sócio da ABI –, filiou-se em 30 de julho de 1953, tendo sido admitido na entidade pelo então presidente Herbert Moses; na ocasião, era proprietário e editor da revista Módulo, especializada em arquitetura.