Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Regras draconianas em favor da chatice

Com uma confortável vantagem nas sondagens, o presidente Lula ontem [quinta, 19/10], no debate do SBT, preferiu fazer o papel de apresentador de dados. Convenhamos, não é o seu forte. E como o candidato Alckmin resolveu não insistir no malogrado estilo Mike Tyson, pode-se dizer que o debate foi chato, sumamente chato.


Algum mérito coube ao SBT que optou por um confronto mais curto, porém tão fragmentado como o da Band. A grande verdade é que o formato rigoroso e cronometrado de todos os debates – inclusive os da Globo – esvazia o interesse e torna tudo entediante.


Para que haja um autêntico debate e confronto de idéias seria preciso que o tempo das intervenções fosse um pouco mais generoso. Mas, para isso, é indispensável a presença de mediadores capazes de impor-se aos debatedores. E debatedores capazes de expor raciocínios um pouco mais elaborados. Na falta de uns e de outros, a solução é recorrer a estas regras draconianas que só permitem a exibição de números entremeados de algumas farpas sem a menor graça.


Se não surgirem fatos novos, os próximos debates da Record e da Globo correm o risco de mergulhar o país numa profunda letargia. O que não deixa de ser uma boa solução considerando o nível de insensatez e exaltação das torcidas organizadas.