Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia lê errado números das pesquisas

Os eleitores têm sido mal-informados sobre os números das pesquisas para o segundo turno das eleições presidenciais. A leitura dos dados coletados e divulgados por institutos de pesquisas sobre votos válidos está sendo malfeita por jornais, rádios e TVs, confundindo mais ainda a cabeça do público.

Nesta quinta-feira (12/10), o Jornal Nacional divulgou pesquisa do Ibope. Lula lidera com 57% dos votos válidos; Geraldo Alckmin tem 43%. De pronto, a informação começou a ser repercutida pelos sites de notícias em tempo real. Em manchete única diziam que o petista aparece com 14 pontos à frente do tucano.

O jornal O Estado de S. Paulo informou: ‘Pesquisa Ibope divulgada pelo Jornal Nacional nesta quinta-feira mostrou que a diferença entre as intenções de voto para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, e o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB chegou a 14 pontos. Tomando por base os votos válidos, Lula tem 57% das intenções e Alckmin, 43%’.

O Portal Terra também seguiu essa linha, com o seguinte título: ‘Lula abre 14 pontos de diferença para Alckmin’. Na chamada, diz: ‘Lula (PT) tem 57% dos votos válidos, contra 43% de Alckmin (PSDB), na primeira pesquisa do instituto após debate do 2º turno’.

Outra fórmula?

Os jornais O Globo e Folha de S. Paulo evitaram dar títulos com Lula, supostamente, 14 pontos à frente de Alckmin. A leitura errada, contudo, veio nos textos. São informações, no mínimo, inexatas. Lendo os números do Ibope e tomando por base os votos válidos, a diferença a favor de Lula atinge 7 pontos percentuais e não 14.

Para alcançar o petista, o tucano precisa tirar somente sete pontos percentuais. Por efeito, eles estariam rigorosamente empatados – cada qual com 50%. Se Alckmin tirasse oito pontos, por exemplo, chegaria a 51%. Lula cairia para 49%.

Se as notícias divulgadas pela mídia estiverem corretas, ao contrário desta avaliação, a soma dos votos válidos obtidos pelos candidatos totalizaria 107%. Por outras palavras, a conta não fecha. E não fechará nunca partindo dessa avaliação. Desnecessário argumentar que, em disputas semelhantes, a única saída para um concorrente vencer é tirar a diferença em cima do outro. Se um ganha pontos, o rival perde. Não há outra fórmula. Ou há? A ajuda de um cientista político seria bem-vinda para explicar essa questão.

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Jornalista, Brasília