Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Telefônica desafia governo
e fecha acordo com a TVA


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 12 de dezembro de 2006


TELES vs. TVs
Elvira Lobato


Telefônica fará pacotes com TVA antes do aval da Anatel


‘O presidente do grupo Telefônica, Fernando Xavier Ferreira, disse ontem que a empresa começará a vender pacotes de serviços em conjunto com a TVA antes de a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovar sua entrada como acionista da empresa.


Segundo ele, a Telefônica e o Grupo Abril têm contratos de parceria comercial, que não precisam de aprovação da Anatel. Os acordos, afirma o executivo, dão respaldo para a venda conjunta de serviços, enquanto o processo de aquisição das ações é examinado.


Disse que o grupo Telmex/ Embratel fez o mesmo quando comprou parte do capital da Net Serviços, das Organizações Globo, no ano passado, e que não houve objeção por parte do órgão regulador. ‘Então, o nosso caso tem de ser igual. Se é que a lei é a mesma’, declarou. O pacote Telefônica/TVA deve ser lançado no início de 2007.


No final de outubro, a Telefônica anunciou um acordo com o Grupo Abril para comprar todas as operações de MMDS -sistema de TV por assinatura em que a programação é transmitida por radiofreqüência- e uma parte do capital acionário das operações de TV a cabo. Até agora, nenhuma das partes divulgou o valor do negócio, que está em análise pela equipe técnica da Anatel.


Divisão em três


Xavier Ferreira explicou que, em razão dos obstáculos legais, a TVA será dividida em três empresas. Uma empresa ficará com as operações de MMDS, situadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Como não há impedimento legal para controle de capital estrangeiro nesse segmento, o empreendimento de MMDS será adquirido na totalidade pela Telefônica.


A segunda empresa reunirá as operações de TV a cabo do Grupo Abril fora do Estado de São Paulo: Curitiba, Florianópolis e Foz do Iguaçu. Nesse caso, a Telefônica comprará 100% das ações preferenciais dessa empresa e 49% das ações com direito a voto, pois a legislação obriga que o controle de TVs a cabo fique em mãos de brasileiros.


Na terceira, ficará a TV a cabo da TVA de São Paulo. Como o contrato de concessão da Telefônica diz que ela não pode prestar outros serviços dentro de sua área de concessão, ela deverá adquirir participação inferior a 20% do capital, para não configurar presença no grupo de controle.


Em almoço que reuniu a direção da Telefônica e a imprensa, Xavier Ferreira -que deixa o cargo em janeiro e será substituído por Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica no Peru- insistiu em que a oferta de TV por assinatura, acesso à internet e telefonia, no mesmo pacote, tornou-se vital para as teles. Disse que o modelo de negócios das companhias telefônicas mudou, com a convergência das tecnologias.


‘A AT&T foi a maior empresa de telecomunicações do mundo e desapareceu’, afirmou, referindo-se ao fato de a empresa norte-americana ter sido vendida, no ano passado, porque a telefonia de longa distância perdeu importância e a empresa não se adaptou.


De acordo com Xavier Ferreira, a Telefônica gostaria de oferecer TV por assinatura pela tecnologia IPTV, via internet, usando sua rede de banda larga, mas a regulamentação só permite oferta de programas específicos, que sejam solicitados pelo cliente, nessa tecnologia. Por isso, ela fez os acordos para lançamento de TV a cabo e para TV paga via satélite.


Monopólio


Xavier Ferreira reagiu com ceticismo à proposta em estudo na Anatel, que a Folha publicou no domingo, para que as teles separem sua infra-estrutura e os serviços em empresas independentes para evitar o monopólio privado do mercado. Segundo ele, tal proposta tem recebido posições contra e a favor na Europa e não há consenso sobre o resultado.’


PINOCHET MORTO
Editorial


As mortes do ditador


‘O DITADOR Augusto Pinochet Ugarte morreu no domingo, Dia Internacional dos Direitos Humanos, aos 91 anos. O ditador Pinochet morreu em julho de 2004, com a revelação de suas contas secretas no exterior. O ditador Pinochet morreu em 5 de outubro de 1988, quando a maioria dos chilenos sepultou o seu regime em um plebiscito.


A perda do poder, o esfacelamento da liderança moral na extrema direita, o desaparecimento físico: a figura pública de Pinochet morreu três vezes.


Nos últimos 16 anos, afastado de La Moneda, pôde testemunhar o ‘julgamento’ que a história vem fazendo dos seus 16 anos no poder. Da constrangedora prisão em Londres aos processos e detenções em seu país, do notável sucesso da democracia chilena à ascensão ao poder de uma mulher molestada sob seu regime, o veredicto tem sido implacável com o legado de Pinochet.


A ditadura que começou em 11 de setembro de 1973, após a deposição do governo eleito de Salvador Allende, foi uma das mais sanguinárias já instaladas na América Latina. No período, mais de 3.000 pessoas foram mortas e 28 mil torturadas por razões políticas. Dissidentes foram assassinados até no exterior.


Perpassou o golpe no Chile a polarização ideológica da Guerra Fria, exacerbada após o advento de uma ditadura socialista em Cuba. Nesse período em que, à esquerda e à direita, a adesão à democracia sucumbia diante de projetos ditatoriais, militares arrebataram o poder em todas as nações sul-americanas, à exceção de Venezuela e Colômbia.


Tomando proveito da radicalização de Allende rumo ao populismo de esquerda, ancorado na repulsa que parte relevante da sociedade e da elite chilenas nutria por aquela opção e apoiado por Washington, Pinochet traiu o presidente que o nomeara chefe do Exército e liderou o golpe.


Em paralelo ao programa de extermínio da oposição e das liberdades civis deslanchado desde a primeira hora, a ditadura de Pinochet foi o primeiro governo do planeta a abraçar o experimentalismo ultraliberal. Antes de Thatcher, no Reino Unido, e Reagan, nos Estados Unidos, a economia chilena dos anos 1970 lançou-se a aberturas radicais na área comercial e financeira.


Porém a célebre estabilização econômica do Chile, combinada a altas taxas de crescimento, não foi alcançada nesse primeiro momento -que terminou em gravíssima recessão, no início dos anos 1980. Temperando reformas liberais com intervenções estatais, o outono do pinochetismo encontrou uma fórmula eficiente de lidar com as peculiaridades econômicas chilenas, fórmula que tem sido mantida e aperfeiçoada pelos governos democráticos que o sucederam.


No sucesso econômico, aliás, Pinochet depositou suas esperanças de continuar ditador. Mas os tempos haviam mudado. O socialismo soviético era mantido em coma induzido e a democratização era inexorável na América Latina quando 55% dos chilenos disseram ‘não’ ao general.


A barbárie que caracterizou regimes como o chileno e o argentino ajudou a incutir na sociedade latino-americana uma repulsa duradoura a qualquer ditadura -para o que contribuíram, de resto, os escândalos recentes envolvendo Pinochet, ao revelar a face corrupta de quem se vestia de paladino da moralidade.


Ditadura, seja de direita, seja de esquerda, nunca mais.’


MÍDIA vs. LULA
Mário Magalhães


Lula critica Pinochet, mas veta arquivos da ditadura


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em nota que ‘o general Augusto Pinochet simbolizou um período sombrio na história da América do Sul’, contudo seu governo mantém inacessíveis os arquivos com documentos sigilosos produzidos pelo regime militar brasileiro (1964-1985). A União também se esforça, na Justiça, para impedir que novos papéis sejam liberados.


A declaração de Lula foi feita domingo, exatos três meses depois de o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, lhe enviar ofício pedindo a abertura dos arquivos.


O chefe do Ministério Público Federal estipulou prazo de dois meses (11 de novembro) para o presidente responder e tomar previdências. Lula não fez nem uma coisa nem outra -segundo reafirmou ontem a Procuradoria em Brasília.


Na mesma nota divulgada anteontem, dia da morte do ex-ditador do Chile (1973-90), Lula disse que houve ‘uma longa noite em que as luzes da democracia desapareceram, apagadas por golpes autoritários’.


Em nome do direito democrático de conhecimento da história, em novembro de 2005 o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou ao Brasil ‘tornar públicos todos os documentos relevantes sobre abusos de direitos humanos’ durante a ditadura.


A ONU deu um ano -completado em 2 de novembro- para o Brasil ‘fornecer informações relevantes’ e para a ‘implementação das recomendações’. Até agora o país não enviou resposta nem mudou a postura sobre acesso a informação sigilosa do Estado.


De governo para governo


O governo Lula reúne muitos antigos oposicionistas ao regime militar. Esse perfil não implicou virada na política restritiva de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).


No fim de seu segundo mandato, FHC criou lei com a figura do ‘sigilo eterno’ para documentos com o carimbo de ‘ultra-secreto’. Lula mudou a lei, porém manteve a possibilidade de jamais haver acesso a certos papéis, se assim as autoridades quiserem. Com Lula, a Justiça ordenou a exibição de documentos relativos à Guerrilha do Araguaia. A União não concordou e recorreu.


‘Para que os brasileiros vivam em paz, é preciso passar a limpo essa história’, disse Suzana Lisboa, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos. ‘A iniciativa precisa partir do Estado.’


Em São Paulo foi criado o Movimento Desarquivando o Brasil. Um abaixo-assinado do grupo exige ‘o fim do silêncio imposto aos arquivos, sobretudo os do período militar’.


A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) anunciou a transferência de documentos para o Arquivo Nacional. O Grupo Tortura Nunca Mais-RJ considerou o gesto um ‘faz-de-conta’. O TNM-RJ lembra que a norma legal permite ao presidente desclassificar (tornar público) qualquer documento.


Entidades de defesa dos direitos humanos reivindicam acesso aos arquivos militares. Como as Forças Armadas asseguram que eles não existem mais, querem que o governo informe quando, onde, e por quem foram destruídos. O procurador-geral apresentou o mesmo pedido a Lula.


Dilma, ex-guerrilheira torturada, é a responsável por se pronunciar sobre arquivos. O tema é tido como delicado pelo governo, que teme a reação de militares. A assessoria da Casa Civil disse que ‘os arquivos estão abertos, mas com restrições para proteger de danos a imagem das pessoas’. Conforme o governo, as Forças Armadas sustentam não manter papéis.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


É guerra


‘Os sites de ‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’ tratavam ontem de Brasil nas manchetes, mas nada de política nem sequer de política econômica. O foco era a empresa privada CSN, que fez proposta bilionária de compra da anglo-holandesa Corus horas depois da indiana Tata. As expressões usadas pelos mesmos e por sites de ‘New York Times’ a ‘Guardian’ começaram em ‘batalha’, passaram por ‘escalada’ e chegaram a ‘guerra aberta’. ‘É guerra’, bradou o site da revista ‘Forbes’, em meio às centenas de posts. Na análise de um colunista do ‘FT’, ‘as manhãs de segunda, tão depressivas, estão se tornando cruéis’ (vicious). Ele destacou um ‘importante aspecto da batalha, a origem dos concorrentes: ambos são de mercados emergentes’. Como sublinharam os relatos das bolsas, a ‘guerra’ influenciou positivamente as européias e até, como noticiou o ‘WSJ’, Wall Street.


BATALHA DE EGOS


Steinbruch no perfil do ‘FT’


A cobertura da ‘guerra’ opôs não só Brasil e Índia, mas apontou ‘a batalha de egos’ -a saber, ‘os respectivos líderes das duas’, o indiano Radan Tata e o brasileiro Benjamin Steinbruch.


Na descrição de ontem do ‘FT’, por exemplo, o primeiro ‘fala pouco’ e é considerado conservador em suas ações como empresário. Já o segundo seria um ‘latin lover’, segundo título no ‘Times’ de Londres. E até ‘namorou uma Miss Brasil’.


AMBICIOSO


Na BBC, que também dedicou longa cobertura à ‘guerra’ pela Corus, Steinbruch foi descrito como ‘um homem muito ambicioso’.


Esta e outras opiniões sobre o brasileiro ecoam um longo perfil publicado no ‘Financial Times’ da semana passada (imagem acima). Sob o título ‘Steinbruch tenta novamente se tornar um jogador global’ (global player), o texto acentua sua ‘personalidade combativa’, mas é mais simpático a ele que os de ontem. Destaca, por exemplo, que a CSN se tornou a segunda empresa de aço mais lucrativa -ou mais eficiente- do mundo.


MAIS TIJOLOS


Por coincidência, o ‘International Herald Tribune’ publicou ontem uma longa análise de Brasil e Índia, de um colunista da Bloomberg, William Pesek, sob o título ‘Construindo tijolos’, num trocadilho com ‘brick’ ou BRIC, o acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China.


A tese, em suma, é que o Brasil deve aprender com a Índia como crescer, e esta deve aprender com aquele como controlar a inflação.


‘ACABOU. FINALMENTE.’


Em destaque na home page do ‘New York Times’, o blog The Lede acompanhou a reação à morte de Augusto Pinochet entre os blogs chilenos. Rosario Lizana, chilena do Global Voices Online, descreveu as ruas ‘elétricas’ e a blogosfera local envolvida no debate sobre o ‘legado’.


Para o Irreverencia, foi ‘data especial’ e de ‘reflexão’, que abre ‘um novo capítulo’ no Chile. O blogueiro Martin postou: ‘Viva este momento como quiser. Afinal, ele será parte da história de nosso país para sempre. Mas acabou. Finalmente’. E o Referente, do cientista político Patricio Navia, avisou que com a morte a ‘concertación’, o acordo que uniu o país, perde agora sua ‘principal razão de ser’.


TODOS À ESQUERDA…


E prossegue o debate sobre a ‘onda’ da América Latina para a esquerda. Ontem foi a vez do francês ‘Le Monde’, sob o título ‘Todos à esquerda, ou quase’. A idéia é que são muitas esquerdas, não só duas. E elas podem ser divididas pelas origens, como a sindical no Brasil ou a militar na Venezuela, ou o controle dos legislativos, como na Argentina, em contraste com o Chile.


OU À DIREITA


Em meio ao impacto das eleições no hemisfério, o ‘NYT’ apontou em título, no final da semana, que até o ‘Líder mexicano abraça políticas de seu oponente esquerdista’.


Mas o ‘Miami Herald’, na coluna de Andres Oppenheimer, tem outra teoria. Para ele, também em título, a ‘Esquerda latino-americana está pendendo para a direita’ em sua maioria, não o contrário.’


INGLATERRA
Marco Aurélio Canônico


Jornal reproduz quadro em que primeira-dama britânica aparece seminua


‘Um quadro que supostamente retrata uma seminua Cherie Blair -mulher do premiê britânico, Tony Blair- foi exposto ao público pela primeira vez ontem, nas páginas do jornal ‘The Sunday Times’, e deve chegar às galerias em 2007.


A obra inacabada, ‘Striding Nude, Blue Dress’ (caminhando nua, vestido azul), foi pintada por Euan Uglow, para quem a primeira-dama posou como modelo, no início dos anos 80, antes de se casar com Blair. Ela não confirmou ter posado nua.


Agora, o quadro que esteve escondido por 23 anos no arquivo de uma galeria, deve aparecer em uma retrospectiva da carreira de Uglow, morto em 2000, que abre em Londres em maio de 2007.


Mostrando uma jovem caminhando com um vestido azul aberto na frente, deixando o corpo à mostra, a obra está em poder de Will Darby, amigo e empresário de Uglow. Ela não apareceu mais aos olhos do público desde que Tony Blair foi promovido à bancada de oposição trabalhista, em 1984.


Nem Cherie nem o artista fizeram comentários públicos sobre a obra. ‘Euan queria que ela nunca fosse exibida, depois que os Blairs entraram na vida pública’, afirmou Darby ao ‘Sunday Telegraph’. A primeira-dama, então uma jovem estagiária de advocacia, teria posado por 5 libras a hora.


O casal Blair foi apresentado ao pintor por Derry Irvine, amigo de ambos e ex-líder da Câmara dos Lordes. Segundo a imprensa britânica, os Blairs teriam nomeado seu primeiro filho, Euan, em homenagem ao pintor.


‘Striding Nude, Blue Dress’ não mostra as feições da modelo completamente definidas, mas Darby garante que a imagem é da primeira-dama.’


TELEVISÃO
Renato Essenfelder


Talentos migram para TV, diz McKee


‘A televisão irá dominar o futuro da narrativa. Mais livre e ousada, dominada por escritores-produtores e tecnicamente impecável, baterá o cinema, na arte de criar ilusões e contar grandes histórias.


A opinião é de um dos mais famosos ‘treinadores’ de roteiristas dos EUA, Robert McKee, 65, cujos alunos -50 mil pessoas entre diretores, atores, produtores, roteiristas e mesmo compositores de trilhas sonoras para o cinema- somam 94 nomeações ao Oscar, 26 delas conquistadas.


Ao mesmo tempo que repele qualquer crédito direto pela cifra, McKee estima informalmente que suas platéias já movimentaram mais de US$ 1 bilhão na indústria cinematográfica. Não obstante as críticas que faz à primazia da forma sobre o conteúdo em Hollywood.


McKee é autor de ‘Story’, uma das bíblias dos contadores de histórias americanos, que ganha versão em português (chega às livrarias na próxima semana). Lançado originalmente em 1999, ‘Story’ (ed. Arte&Letra, 432 págs, R$ 65) não é um livro de fórmulas prontas.


Sua proposta é analisar e entender a substância dos enredos -sejam eles de TV, cinema, teatro ou romances.


Leia, a seguir, trechos da entrevista que McKee concedeu por e-mail à Folha, entre seminários no Canadá e nos EUA.


Folha – Sete anos depois de lançado nos EUA, ‘Story’ ganha tradução para o português. Seu conteúdo é ainda útil para jovens escritores?


ROBERT MCKEE – ‘Story’ não é um livro de ‘como fazer’. Ele analisa de forma persistente e abrangente o que é uma história, sua substância. Além disso, ‘Story’ é mais sobre dominar a forma das histórias do que as mecânicas da técnica.


O livro examina de perto os princípios que se encontram sob a arte da escrita -primeiramente para o cinema e a TV, mas também para romances e peças de teatro.


Na Inglaterra, por exemplo, mais novelistas e dramaturgos do que roteiristas de cinema e TV compram ‘Story’ e freqüentam meus seminários. As formas sobre as quais ‘Story’ lança luz existem em todas as histórias de todas as culturas desde o nascimento da mente humana. O livro também vai além de uma mera introdução da arte para os jovens escritores e reforça os talentos de autores experientes.


Folha – O que mudou no mercado de roteiros para o cinema e a TV desde a publicação do livro, em 1999?


MCKEE – Houve um fortalecimento das histórias do tipo multiprotagonista, multi-enredo, preconizadas por Robert Altman. Essa forma inspirou filmes como ‘Crash – No Limite’, ‘Réquiem para um Sonho’, ‘O Violino Vermelho’, ‘Corra, Lola, Corra’ e em particular filmes recentes de Alejandro González Iñárritú [cineasta mexicano], como ‘Amores Brutos’, ‘21 Gramas’ e ‘Babel’.


Folha – De que maneira aspectos culturais agem sobre enredos e técnicas narrativas?


MCKEE – A noção de que a substância e a forma das histórias é radicalmente diferente de uma cultura para a outra é falsa. Apenas à superfície os comportamentos pessoais e de classes sociais mudam. Veja, por exemplo, o filme ‘Babel’, que conta histórias passadas no Japão, México, EUA e Marrocos.


Folha – Nos últimos anos, escrever roteiros virou uma espécie de Eldorado para os jovens, considerando que um único bom script pode render uma pequena fortuna mesmo para um iniciante. Qual a sua opinião a respeito?


MCKEE – Essas coisas vêm e vão em ondas. Quando eu era muito jovem, a coqueluche era escrever um grande romance. Então, com o crescimento do teatro moderno, a onda mudou para a dramaturgia. Mais para o fim do século 20 a moda passou a ser escrever roteiros. Hoje, os melhores escritores da América estão migrando para a televisão. Estamos vivendo uma era de ouro no drama e na comédia televisivos.


Folha – Se os melhores estão na TV, o cinema está em declínio?


MCKEE – O cinema como uma forma de entretenimento sempre venderá ingressos, mas, como forma de arte, está em grande perigo. A ascensão de séries televisivas de expressão, como ‘Six Feet Under’, ‘Sex and the City’, ‘Deadwood’ e ‘Família Soprano’, corre paralelamente ao declínio do cinema. Considerando tendências que venho observando há duas ou três décadas, a televisão irá dominar o futuro da narrativa.


Folha – Quais são as maiores diferenças entre escrever para a TV e para o cinema?


MCKEE – A principal diferença é a quantidade de diálogo usada. A tela da TV é pequena, então, para ser visualmente expressiva, a câmera de TV deve estar próxima de seus objetos. Quando trabalhamos em planos fechados, naturalmente escrevemos mais diálogos. Também escrevemos mais diálogos para a TV, porque os orçamentos dela são geralmente menores do que os do cinema -e, embora diálogos custem muito em termos de criatividade, são relativamente baratos de filmar.


Folha – Você menciona, em seus seminários, que os autores estão perdendo a guerra para os clichês. O que isso significa?


MCKEE – Eu apelo aos escritores que vençam a guerra contra os clichês ao adquirir um conhecimento profundo, através da imaginação e de pesquisa factual, sobre seus temas. Hoje recicla-se mais do que se cria. Fazemos filmes sobre filmes, e não filmes sobre a vida.


Folha – É esse o principal problema das histórias contadas por Hollywood hoje em dia?


MCKEE – O problema mais avassalador, não só do cinema hollywoodiano, mas da maioria dos criadores hoje, é a ênfase na superfície em relação à substância. Muitos cineastas gastam todas as suas energias criativas aperfeiçoando a fotografia ou os efeitos especiais em vez de escreverem histórias que retratem a rica complexidade da natureza humana.


Folha – E qual é o mercado cinematográfico mais inovador hoje?


MCKEE – O asiático, em particular o coreano. É a principal exceção no mundo atual. Chineses e coreanos estão hoje definindo novos padrões de excelência para o cinema mundial.


Folha – Você acompanha a produção cinematográfica brasileira?


MCKEE – Tenho visto filmes brasileiros há décadas, desde obras-primas como ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’ e ‘Pixote -A Lei do Mais Fraco’ até os mais recentes, como ‘Cidade de Deus’ e ‘Central do Brasil’. Discuto ‘O Beijo da Mulher Aranha’ como um exemplo soberbo tanto em meu livro como em meus seminários. Todas essas histórias foram lindamente contadas.’


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Autor foi retratado em ‘Adaptação’


‘Robert McKee, ou melhor, o ator Brian Cox interpretando o papel do verdadeiro McKee, tem uma aparição de destaque no filme ‘Adaptação’ (2002), escrito por Charlie Kaufman. No filme, um roteirista em crise, interpretado por Nicolas Cage, é instigado pelo irmão a ler o livro e a freqüentar o seminário ‘Story’. O próprio McKee escolheu o ator que o interpretaria e ajudou a reescrever trechos do roteiro original de Kaufman.’


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‘Guru’ é famoso pelo rigor com os seus alunos


‘Ele cultiva a fama de durão. Refere-se obsessivamente à escrita como ‘a arte’. Não tolera interrupções durante suas longas palestras (12 horas por dia, com intervalos). Convida ‘diletantes’ e ‘amadores’ a se retirarem. Expulsa ‘escritores de uma idéia só’. Não discute projetos em andamento. Não vende ‘ilusões’. Cobra US$ 575 por um curso de três dias. E é aplaudido de pé.


Robert McKee, 65, é hoje um dos maiores gurus da indústria do entretenimento dos EUA. A natural comparação com outro ‘mago’ hollywoodiano, Syd Field, autor de diversos best-sellers sobre roteiros, é refutada. McKee apresenta-se como um ‘intelectual’, em contraste a Field, mais metódico na criação de esquemas para a composição de scripts ‘vendáveis’.


Há cerca de 20 anos, McKee era mais um roteirista atarefado de cinema e TV, com dezenas de textos vendidos -apesar de só um filmado-, quando houve o que se poderia chamar, em sua terminologia narrativa, de ‘incidente incitante’ (ponto de virada numa história). No caso, foi um telefonema.


Do convite para lecionar em Sherwood Oaks, extinta escola de Los Angeles em que só estrelas ‘do mercado’ davam aulas (Dustin Hoffman ensinava atuação, Sydney Pollack, direção, entre outros) surgiu o embrião dos seminários ‘Story’, lançados há duas décadas.


Esses minicursos (intensivos de quase 36 horas de aula em três dias) hoje reúnem estrelados, como o diretor Peter Jackson, de ‘O Senhor dos Anéis’, e anônimos, que sonham com uma entrada triunfal na indústria do entretenimento.’


BIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA
Sergio Torres


Roberto Carlos vai processar biógrafo


‘O cantor Roberto Carlos anunciou que processará o escritor Paulo César Araújo, autor da recém-lançada biografia ‘Roberto Carlos em Detalhes’. Ele afirmou que sua privacidade foi violada e que se sentiu agredido e ofendido pelo livro.


A decisão foi anunciada ontem no Rio, durante o lançamento do CD e DVD ‘Duetos’. Roberto revelou que pensa escrever sua própria biografia, possivelmente no ano que vem.


‘Não li o livro todo, mas há coisas de que tomei conhecimento, que leram para mim. Para começar, é uma biografia não-autorizada e cheia de coisas que não são verdadeiras. Coisas que ofendem a mim e a pessoas queridas, que são colocadas em uma exposição sensacionalista. Acho um absurdo isso. Essas pessoas merecem o devido respeito. Eu também.’


Roberto disse que está ‘muito triste e aborrecido’ e que conversou com seus advogados sobre a melhor forma de agir na Justiça, mas não falou sobre a possibilidade de pedir o recolhimento da obra. ‘Meus advogados estão estudando o caso, e vamos cuidar disso dentro da forma da lei. É estranho que alguém lance mão desse patrimônio, que é a minha história.’


Sobre a autobiografia, disse: ‘Tenho que escrever esse livro e contar, quando eu quiser, essa história, porque ninguém vai contar a minha história melhor que eu. E de forma verdadeira.’


Roberto não especificou que pontos da biografia seriam mentirosos ou ofensivos. Mas há algumas passagens polêmicas que podem estar entre as que incomodaram o Rei. Como a ‘revelação’ do namoro com Magda Fonseca, para quem ele teria composto ‘Quero que Vá Tudo pro Inferno’ e ‘A Volta’.


Ou ainda detalhes sobre o nascimento de Rafael Braga, fruto de um caso com uma fã de Belo Horizonte. E do casamento com a atriz Myrian Rios, que posara nua antes do começo do romance. As fotos teriam irritado tanto o Rei ‘que ele procurou a Editora Bloch, que publicava a revista [Ele & Ela], para comprar todas as fotos de sua mulher’, escreveu Araújo.


Outro capítulo conta que, em 1966, num programa na TV Record, Erasmo Carlos foi premiado por canções feitas com Roberto Carlos. A parceria não foi mencionada, e o Rei teria ficado furioso: ‘Roberto veio querendo me dar esporro. Não gostei e dei também um esporro nele. E ficamos nos esporrando’, diz Erasmo, em passagem que narra a separação de mais de um ano dos parceiros.


À Folha, Paulo Cesar Araújo disse que fez uma ‘pesquisa séria’.


Parcerias


‘Duetos’ reúne no CD 14 artistas que cantaram com Roberto em especiais natalinos da Globo desde a década de 70. Entre eles, Tom Jobim, Milton Nascimento, Chitãozinho e Xororó, Gal Costa, Fagner e Caetano Veloso. O DVD traz mais duas faixas, com Maria Bethânia e Rosana. Nas lojas desde ontem, o DVD, em média, custa R$ 49. O CD, de R$ 32 a R$ 34.


Roberto Carlos disse ter sido difícil fazer a seleção -no total, havia 93 duetos. ‘Ainda há material para a gente lançar o 2 e o 3, se quiser.’ Entre os planos para 2007, o artista pretende cantar na Espanha, o que deve gerar um CD e um DVD em castelhano, e, no segundo semestre, gravar um CD de inéditas, projeto que adiou neste ano por causa dos ‘Duetos’.


Roberto disse que, hoje, ao compor, toma ‘mais cuidado’ do que no passado. ‘Chega uma fase da vida em que a gente busca algo maior do que antes. Não acontece só comigo, não. Acontece com todos os compositores depois de uma certa época.’


Questionado sobre se apóia a permanência do colega Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Roberto foi evasivo. ‘Entendo pouco de política para analisar o Gil. Ele vai sempre fazer as coisas bem feitas. Se deve continuar, é questão de analisar.’


O artista falou ainda da possível ida a um baile funk, ciceroneado pelo MC Leozinho. ‘Claro que tenho curiosidade em ver como é um baile funk. Não é de agora’, disse. ‘Mas quero um baile funk de verdade, não quero baile funk de loja, não.’’


Eduardo Simões


Autor diz que fez pesquisa histórica séria


‘Paulo Cesar Araújo, autor da biografia ‘Roberto Carlos em Detalhes’, disse à Folha que não esperava tal reação do Rei.


‘O livro é uma pesquisa histórica séria, um mergulho na música popular brasileira, que tem o Roberto como fio condutor. Há dezenas de livros sobre Bob Dylan, Beatles etc. Alguém tinha que explicar o fenômeno Roberto Carlos no Brasil, portanto não vejo meu livro como problema, e sim como solução’, afirmou. Disse também que tem recebido mensagens de leitores de todo o Brasil elogiando o seu trabalho de pesquisa.


‘Roberto Carlos em Detalhes’, a biografia não-autorizada do Rei, foi lançada no dia 1º de dezembro, com tiragem de 30 mil exemplares. A Planeta, que editou o título, ainda não sabe precisar quantos livros já foram vendidos, mas na semana passada já havia providenciado reimpressão -com mais 30 mil cópias- para não faltar no estoque. A editora comunicou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar em relação às declarações de Roberto, até que seja notificada judicialmente.’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Diretor de ‘Pelé Eterno’ cobra Rede TV! por exibir cenas do filme


‘Diretor e produtor do documentário ‘Pelé Eterno’ (2004), Anibal Massaini Neto irá notificar a Rede TV! nesta semana por exibir trechos do filme sem a sua autorização.


Se a emissora não concordar em pagar pela veiculação, Massaini afirma que irá processá-la, em comum acordo com Edson Arantes do Nascimento, Pelé, co-produtor da obra.


Complica a situação da Rede TV! o fato de o filme ter sido usado não em uma reportagem para divulgá-lo, mas para ilustrar uma entrevista pouco favorável a Pelé. Trechos do documentário foram ao ar durante cinco minutos enquanto o viúvo da filha de Pelé, Ozeas Silva Felinto, era entrevistado pelo ‘Superpop’, de Luciana Gimenez, no dia 26 de outubro.


Sandra Arantes do Nascimento Felinto havia morrido de câncer naquele mês. Em 1996, ela foi reconhecida na Justiça como filha do ex-jogador, que foi obrigado a fazer teste de DNA e recorreu 13 vezes até perder. Pelé não mantinha contato com a filha e não foi ao velório nem ao enterro.


Massaini, que consultou Pelé sobre a questão, reuniu-se com o diretor do ‘Superpop’, Marcelo Nascimento, a diretora artística da Rede TV!, Mônica Pimentel, e o superintendente jurídico do canal, Dennis Munhoz. De acordo com o cineasta, ‘a reunião não resultou em nada, já que a emissora, com uma ótica oportunista para ter audiência’, ofereceu a Pelé o mesmo espaço no programa concedido ao viúvo de sua filha.


‘O problema não é esse. Estamos falando da exibição de uma obra sem autorização dos produtores. A emissora alega que deu o crédito, o que não quer dizer nada. Se a notificação não obtiver resultado, entrarei com uma ação’, disse Massaini.


Outro lado


Procurado pela Folha, o superintendente jurídico da Rede TV!, Dennis Munhoz, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que ‘não houve má-fé’ na veiculação do filme. ‘Massaini disse que iria falar com Pelé e depois procuraria a emissora. Ainda não deu resposta. Dennis Munhoz entende que está tudo bem até agora’, afirmou a assessoria.’


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Gafe no ‘SBT Brasil’ reflete caos no canal


‘Uma gafe da âncora do ‘SBT Brasil’ no último sábado reflete o caos instalado na emissora em razão das constantes e repentinas mudanças de programação determinadas por Silvio Santos. O vídeo com o erro circula na internet.


Ao encerrar o telejornal, a jornalista Juliana Alvim escorregou: ‘O ‘SBT Brasil’ termina aqui. Assista daqui a pouco o… [pára alguns segundos, procura no papel na bancada] Assista daqui a pouco o… o programa… [desiste] Boa noite.’


Há uma semana, a confusão no SBT se agravou quando Silvio Santos determinou o fechamento da assessoria de imprensa da emissora e a proibição da divulgação de qualquer informação, inclusive da grade de programação.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 12 de dezembro de 2006


TELES vs. TVs
Graziella Valenti, Renato Cruz


Telefônica quer ser tratada pelo governo como a Telmex


‘O grupo espanhol Telefônica se sente discriminado pelo Ministério das Comunicações e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Seu maior concorrente na América Latina, a Telmex, não teve nenhum problema para entrar no mercado de televisão por assinatura. A Telmex é dona da Embratel, uma concessionária de telefonia fixa como a Telefônica em São Paulo. A operadora participa do controle da Net, maior empresa de TV paga do País.


Mas por que Brasília está tratando a Telefônica assim? ‘Não sei’, afirmou Fernando Xavier Ferreira, presidente do grupo no Brasil. A Telefônica fechou um acordo comercial com a DTHi (Astralsat), empresa de TV paga via satélite, para oferecer pacotes com telefonia, internet e televisão, como faz a Net. Foi advertida pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, que teria que tirar do ar o serviço, chamado Você TV. Conselheiros da Anatel disseram que precisaria de anuência prévia. Xavier discorda: ‘Nunca foi preciso anuência prévia para acordo comercial’.


A Telefônica espera desde maio uma resposta para seu pedido de licença de DTH, televisão por assinatura via satélite, e até agora a agência não se manifestou. ‘Normalmente eles demoram 60 dias’, apontou o executivo. A empresa também aguarda uma decisão da Anatel sobre a compra da TVA, anunciada em outubro.


A Telefônica fez ontem um encontro com jornalistas em São Paulo. Xavier, que vai deixar a empresa em janeiro, considera que o setor de telecomunicações está ameaçado, por causa da legislação desatualizada e pelo desrespeito às regras atuais. ‘Não dá para entender porque investidores que fizeram um esforço descomunal são impedidos de fazer o que a lei permite’, disse o executivo. ‘Um país com instituições fortes tem uma regra básica: cumprir a lei.’


Ele ressaltou que, no México, a regulamentação foi atualizada recentemente para que a operadora fixa (Telmex) pudesse explorar o mercado de TV por assinatura. ‘Por que não podemos fazer o mesmo aqui?’, questionou Xavier. ‘Devemos todos ser defensores do futuro das telecomunicações. Precisamos ver o que é mais importante para a sociedade.’


O presidente do Grupo Telefônica argumentou que sua empresa traria mais competição para o mercado de TV paga. ‘É um setor em que uma única empresa controla 95% do mercado de satélite e outra quase 75% do de cabo’, apontou Xavier, referindo-se, respectivamente, à Net e à Sky/DirecTV, empresas que têm as Organizações Globo em seu grupo de controle.


O mercado de TV paga é bem pequeno, quando comparado ao de telefonia. No ano passado, o setor de televisão por assinatura faturou R$ 4,7 bilhões no País, comparado a R$ 69,1 bilhões da telefonia fixa e R$ 42,8 bilhões da móvel. Os assinantes de TV somavam 4,4 milhões em junho, comparados a 39,9 milhões de telefones fixos em operação.


Mesmo assim, as operadoras de telefonia local temem que a Net, com seu pacote que reúne voz, dados e imagem, tire delas seus melhores clientes, que garantem a maior rentabilidade. A estratégia é chamada de triple play.


‘O triple play é uma realidade de mercado’, afirmou Xavier. ‘Podemos trazer competitividade e baixar dramaticamente os preços.’ A estratégia de triple play leva o mercado a um movimento de consolidação. Entre as grandes operadoras de telefonia fixa, somente a Brasil Telecom ainda não foi atrás de ativos de TV paga.


A Telefônica adotou uma estratégia semelhante à da Net para defender o modelo de negócios triple play e, dessa forma, conseguir avançar nas suas iniciativas para TV paga. A justificativa para tamanho apetite da Telefônica para tornar-se triple play deve-se aos prognóstico da companhia para o setor. De acordo com Xavier, a expectativa do grupo é de que os serviços tradicionais de telecomunicações respondam por apenas 18% do faturamento do setor no mundo, já no ano de 2010.


Xavier afirmou que a operadora pode se unir comercialmente à TVA, em ofertas conjuntas, antes mesmo que a transação societária seja completamente avaliada pelo regulador: ‘É como na Net. A empresa começou a oferecer os serviços em parceria com a Embratel antes que todas as transações da societárias Telmex fossem aprovadas’.’


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


NatGeo ganha ibope


‘Em sete anos de operação no Brasil, o National Geographic Channel, agora chamado de NetGeo, aumentou em 100% sua audiência. Passou de 0,15% de média de audiência para 0,30%. Claro que, em números, esse crescimento parece insignificante se comparado com uma emissora de TV aberta. Mas, no universo da TV paga, são números representativos.


O crescimento de audiência foi impulsionado principalmente pela maior diversidade de temas dentro do canal que nasceu com os documentários de animais e de viagens. Agora, o NatGeo, assim como o Discovery Channel, ampliou sua grade de programação com outros assuntos mais populares. E a boa audiência foi notada, por exemplo, durante a Semana de Artes Marciais e com a série Bastidores, no show dos Rolling Stones em Copacabana e na final do Mundial Interclubes de Futebol.


Essa estratégia de popularizar as atrações nos canais de documentário é uma tendência em expansão. O People+Arts já foi um canal de documentários e agora preenche sua grade com reality shows. O maior exemplo é o GNT, canal em que só restou uma faixa de documentários, o GNT.Doc.


entre-linhas


Em entrevista ao Globo.com, o ator Jorge Garcia, o Hurley de Lost, foi só elogios ao colega Rodrigo Santoro. Disse que o brasileiro joga futebol com o colega de elenco Ian Cusick (Desmond) e que já está mais que enturmado por lá.


Desperate Housewives melhorou seu desempenho na RedeTV!. A série registrou média de 3 pontos anteontem no horário. Antes, a atração registrava 1 ponto de audiência.


E por falar em RedeTV!, o Pânico na TV! se superou no domingo na campanha ‘Doe uma calcinha a Adriane Galisteu’. Nos minutos em que a brincadeira foi ao ar , a atração registrou segundo lugar em ibope, com 11 pontos de audiência.


O contrato de Tom Cavalcante só termina em agosto de 2007, mas a Record já manifestou interesse em manter o humorista na casa. Enquanto a renovação não sai, Tom é citado por colegas de Globo despretensiosamente. Jô Soares e Lúcio Mauro Filho rasgaram elogios ao humorista na semana passada no ar.


Ainda na Record: A emissora informa que o programa Tudo É Possível, apresentado por Eliana, fechou o mês de novembro com 8 pontos de média, ante 6 ‘da emissora terceira colocada’ – leia-se SBT.


Bete Coelho deixou o SBT e desembarca na Record. Ela estará na novela de Ana Maria Moretzsohn, Segredos de Família. Está cotada para ser má, muito má no enredo.’


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