Já fui contra o Lula, votei na primeira eleição em Fernando Henrique. Mais tarde, na onda da ‘esperança vai vencer o medo’, em 2002, apostei no PT e em Luiz Inácio Lula da Silva. Fiquei decepcionado. Confesso que esperava mais da sua política social.
Agora, em 2006, não votei em sua reeleição. Preferi dar meu voto a Heloisa Helena, mesmo sabendo da sua derrota. Como muitos brasileiros, que buscam estar bem-informados, as sucessivas denúncias de corrupção divulgadas pela mídia, me deixaram desiludido. Quantos escândalos morais, quantos desvios de dinheiro público, roubo mesmo, envolvendo políticos de diversos partidos, aliados de Lula, amigos do presidente, ministros e amigos do peito, da cozinha do Planalto.
Até as eleições, a imprensa bateu firme no presidente-candidato. Tentaram de toda a forma incriminá-lo nas falcatruas. Inventaram conta bancária no exterior, repetiram acusações contra seu filho, mas não provaram nada. A cada instante o Ministério Público denúncia alguém envolvido em desvios, dossiê, a Polícia Federal dá nome a mais uma operação, prende um monte de gente, algema, humilha, joga no camburão e dias depois, todo mundo está solto.
O Congresso, desde as denúncias do Roberto Jefferson, instalou diversas CPIs, inquiriu centenas de acusados, puniu só uns três, absolveu os demais por falta de provas e tudo acabou numa grande pizza, como já era esperado. Os políticos usaram a imprensa como veículo, fizeram o Congresso de palco, utilizaram o povo como platéia e se projetaram nas eleições. E tudo continua na mesma. Parece que nada aconteceu.
Já não se fala mais no mensalão, nos desvios nos Correios, no envolvimento dos bancos Rural e BMG, nos dólares da cueca. O que foi feito do careca Marcos Valério, agora com outra cabeça, que virou o maior ladrão do país e que vive do mesmo jeito, entre carros e mansões? E o senador Eduardo Azeredo, acusado com todas as letras de ter sido o primeiro do Caixa Dois, ainda em 98? Foi tudo para o esquecimento..
Melhor a utopia
Aí a gente pergunta: pra que serve tanta denúncia, nomes expostos na mídia, gravações telefônicas divulgadas, garantias de provas evidentes, se logo depois, em média cinco dias, todo mundo está solto? Que o diga Paulo Maluf, acusado, denunciado em rede de TV, agora o mais votado para deputado federal em todo o Brasil..
Vou escutar rádio, ler jornais e ver televisão com outros olhos. Acho que estão enrolando a gente. Melhor, tenho certeza! De agora em diante, não vou mais dar importância aos ‘formadores de opinião’, que teimam em desmoralizar Lula, Chávez e Morales. Não vou mais acreditar nas ‘verdades’ produzidas por grande parte da imprensa brasileira, comprometida, que enxovalha a honra das pessoas e não prova nada.
Decidi que agora sou Lula. E também Chávez. E do jeito que as coisas andam, vou acabar gostando do Evo Morales, da Bolívia. Pelo menos os três parecem sinceros, falam, discursam e ameaçam se unir, prometem lutar contra os poderosos, acabar com a miséria, diminuir a desigualdade social. Parece utopia, mas prefiro acreditar nisso do que em políticos corruptos, Justiça lenta e confusa, e numa imprensa subserviente.
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Jornalista, Belo Horizonte