Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Câmara rejeita outorgas
de rádio e TV pela 1ª vez


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 21 de dezembro de 2006


OUTORGAS REJEITADAS
Gerusa Marques


Comissão rejeita concessões de TV


‘A Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação da Câmara rejeitou ontem 83 pedidos de renovação e concessão de novas outorgas de rádio e televisão. Esta é primeira vez, na comissão, que um grande número de pedidos é rejeitado em bloco.


O plenário ainda terá que apreciar os processos. Segundo o regimento da Câmara, quando a comissão rejeita este tipo de processo, a votação em plenário deve ser nominal e, para manter a rejeição, é necessário o voto de dois quintos dos deputados.


A decisão inédita da comissão foi um protesto dos parlamentares contra a forma de o governo encaminhar os pedidos ao Congresso. Conforme noticiou o Estado, os deputados reclamam de falta de transparência e agilidade do Ministério das Comunicações na condução desse processo.


Os documentos encaminhados pelo ministério, segundo os relatores, não permitiam verificar a regularidade fiscal e judicial das emissoras de rádio e TV. ‘A Comissão não vai mais dar parecer sobre outorgas sem que antes se tenha todos os elementos, todas as informações e a garantia de que essa renovação ou essa outorga se faz de forma justa e adequada, para que a gente não fique repetindo uma prática que não é correta’, afirmou a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), relatora de vários pedidos envolvendo emissoras de TV e de rádio comerciais e comunitárias.


A rejeição em bloco, na avaliação do deputado e relator Jorge Bittar (PT-RJ), não tem relação com o mérito de cada pedido. ‘Esta decisão significa uma mensagem que estamos enviando ao ministério para que haja uma mudança profunda de postura com relação a este tema.’


Para o ministro das Comunicações, Hélio Costa, houve uma retaliação. ‘Isso aqui é uma provocação porque não deixamos a comissão agir intempestivamente e prejudicar 225 emissoras’, disse Costa, referindo-se à retirada pelo governo, em meados do ano, de pedidos de outorga que tramitavam no Congresso e que corriam o risco de serem rejeitados. ‘Tudo sai daqui rigorosamente como prevê a lei.’’


POLÍTICA CULTURAL
O Estado de S. Paulo


Câmara vota incentivo ao esporte, mas ignora acordo


‘O plenário da Câmara dos Deputados modificou o texto aprovado na semana passada pelo Senado que garantia incentivos fiscais ao esporte sem que isso significasse redução da verba disponível para a cultura. A maioria dos deputados ontem rejeitou as emendas de senadores que haviam colocado fim ao impasse entre esportistas e artistas – classe que se mobilizou temendo concorrência pelos recursos levantadas por meio da Lei Rouanet.


Com a votação na Câmara, foi recuperado o projeto discutido inicialmente – prevendo destinação de parte do Imposto de Renda devido para incentivar os esportes. No Senado, acordo criou a previsão de que os recursos para a área sairiam do Programa de Alimentação do Trabalhador. O acerto tinha sido costurado com a presença dos ministros da Cultura, Gilberto Gil, e dos Esportes, Orlando Silva Junior, além de artistas e esportistas.


A primeira das emendas rejeitadas modificava o enquadramento da dedução prevista no projeto em relação à pessoa jurídica. Em vez de se somar às deduções já permitidas atualmente para o cinema e projetos culturais para compor o limite máximo de 4% do imposto devido, os senadores propunham a soma das deduções do esporte com as de programas de alimentação do trabalhador aprovados pelo Ministério do Trabalho. Outra emenda rejeitada remetia a um regulamento que definiria os porcentuais que podem ser doados para cada projeto desportivo aprovado para receber as doações dedutíveis.


Pela proposta atual, as empresas podem abater 4% do Imposto de Renda para patrocínio ou doações a projetos. E pessoas físicas podem descontar 6% do IR para investir na área.’


PRÊMIO ESTADO
O Estado de S. Paulo


Jornalistas recebem Prêmio Estado de 2006


‘Foram 21 trabalhos ganhadores de reportagem, edição, fotografia, ilustração e design gráfico feitos em 2006


Os vencedores do 6º Prêmio Estado de Jornalismo foram anunciados na tarde de ontem, no auditório do grupo. Foram 21 trabalhos premiados, divididos em primeiro, segundo e terceiro colocados, nas seguintes categorias: Reportagem, Reportagem Especial, Edição, Fotografia, Diagramação, Gráficos e Ilustração. O diretor de redação do Estado, Ricardo Gandour, ressaltou a qualidade dos 227 trabalhos inscritos.


Na categoria Reportagem, a vencedora foi a jornalista Rosa Costa, pela entrevista exclusiva com o caseiro Francenildo Santos Costa. Na conversa que teve com Rosa, Nildo revelou que a casa em que trabalhava no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, era freqüentada pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Conforme contou ao Estado, a casa – alugada por Vladimir Poleto, ex-assessor da prefeitura de Ribeirão Preto – era usada para partilha de dinheiro. Segundo ele, Palocci era freqüentador assíduo do local, onde todos o chamavam de ‘chefe’.


Em segundo lugar ficaram Sônia Filgueiras, Vannildo Mendes e Ana Paula Scinocca, com a reportagem sobre a compra do dossiê contra os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin, e o ex-ministro da Saúde, Barjas Negri. O terceiro lugar ficou com Alexssander Soares, Sérgio Duran e Juliano Machado pela série de reportagens ‘Litoral Norte em Perigo’, publicada em outubro.


Os vencedores em Reportagem Especial foram Bruno Paes Manso e Marcelo Godoy, por ‘PCC e Sociedade’, sobre a trajetória de um bandido apontado como o provável sucessor de Marcola (líder do PCC). Em segundo lugar, ficou Flávia Guerra, com ‘Um rolê fundamental’, sobre uma comunidade da zona sul paulistana, a Favela Godói. O terceiro colocado foi Jotabê Medeiros, por reportagem com ex-cangaceiros.


Na categoria Edição, os premiados foram: Luciana Garbin e a equipe do caderno Metrópole/Cidades, pela série de reportagens sobre a queda do avião da Gol, em primeiro lugar. Viviane Kulczynski, Paula Pereira e Irene Ruberti ficaram em segundo lugar, com o caderno especial Retratos do Brasil – Mulheres. Em terceiro, foram premiados Ilan Kow e Luiz Américo Camargo, com reportagem sobre o Prêmio Paladar.


O 6º Prêmio Estado de Jornalismo elegeu a foto da deputada Angela Guadagnin (PT-SP) dançando no plenário da Camara após a absolvição de seu colega de partido João Magno (PT-MG), feita por Beto Barata, a melhor do ano. Eduardo Nicolau, com foto de um ônibus em chamas durante ataques do PCC, ficou em segundo lugar. E o presidente Lula no mar do Piauí, de braços abertos, rendeu a terceira colocação para Celso Júnior.


Cláudio Gaspar e Edson Maldonado levaram o primeiro prêmio em Diagramação pelo Especial: Copa do Mundo 2006. A capa do caderno Paladar, com ‘Preciosas pitadas’, diagramada por Maria Suely Andreazzi, ficou em segundo lugar. Fernando Afonso Dos Santos também foi premiado.


Na categoria Gráficos, os vencedores foram Willian Danilo Mariotto e Regina Elisabeth Silva, com arte sobre o Rio Tietê. Glauco Costa Lara ficou em segundo lugar, junto com Herton Escobar e Cristina Amorim, com infográfico sobre o astronauta brasileiro. Willian Danilo Mariotto e Gisele Cristiane de Oliveira foram os terceiros colocados.


Em Ilustração o primeiro e terceiro lugares ficaram com Eduardo Baptistão, que retratou o julgamento de Suzane von Richthofen e técnicos de futebol paulistas. José Carlos Santos ficou em segundo.’


PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


Publicis leva agência dos EUA por US$ 1,3 bi


‘O grupo francês de publicidade Publicis anunciou a compra, por US$ 1,3 bilhão, da agência de marketing direto e interativo Digitas, dos EUA. A idéia do grupo é ampliar sua presença no marketing direto, um segmento de alto crescimento. A Publicis, quarto maior grupo de publicidade do mundo, é dona de agências como a Leo Burnett e a Saatchi & Saatchi.’


ITÁLIA
O Estado de S. Paulo


Jornalistas italianos iniciam greve hoje


Os jornalistas italianos começam hoje uma greve de três dias que deixará o país sem jornais durante esse período. A greve foi convocada pela Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), ‘diante da reiterada rejeição dos editores de abrir uma mesa de negociações para renovar o contrato nacional do setor, obsoleto há dois anos’. EmTempo


TELEVISÃO
Giuliana Regginato


Amazônia põe modelo em cena


‘A categoria modelo e atriz ganha mais uma representante na Globo em janeiro. Com seis anos de passarela e 22 de idade, Suyanne Moreira estréia na TV em dose tripla. Dona de traços exóticos e 1,75 m de altura, ela dá vida às três gerações de índias da minissérie Amazônia – De Galvez a Chico Mendes, que vai ao ar no próximo dia 2.


Top internacional, com editoriais publicados pela Vogue de vários países europeus e também pela britânica ID, Suyanne trocou o figurino fashion pelos trajes mínimos da minissérie. ‘Ianká se apaixona pelo filho de um coronel, mas o casal é separado. Após 30 anos, ele volta para procurá-la e se envolve com uma segunda índia. A história se repete com o personagem já velhinho, apaixonado por sua terceira índia’, adianta a moça.


Decidida a virar atriz, ela se desfez até da silhueta esguia que lhe garantia trânsito livre pelas passarelas. ‘Acho que não volto mais aos 55 kg. Não tem problema, aquela neura de ficar supermagra passou’, diz.


NU


As novas formas da cearense ganharam closes ousados, com direito a nu total. ‘Já tinha ficado sem roupa em trabalhos de modelo, mas na TV é diferente. Foi muito difícil, fica todo mundo pertinho de você.’


A paixão de Suyanne pelas câmeras surgiu após uma pequena participação no filme Árido Movie, de Lírio Ferreira. ‘Nunca fui dessas modelos que querem virar atriz, mas quando experimentei a profissão bateu uma paixão forte. Quando Amazônia acabar, vou estudar teatro.’


Natural de Juazeiro do Norte, Suyanne vivia na roça até os 9 anos. Em 2001, caiu no choro ao desfilar na São Paulo Fashion Week: virar modelo profissional era o milagre que havia pedido a Padre Cícero.


Notas


Mais uma bandeira social em Páginas da Vida: campanha de combate à hepatite C. As cenas gravadas na Casa de Saúde da novela já mostram vários cartazes de conscientização da doença. Nos próximos capítulos, a personagem Gabriela, de Carolina Oliveira, viverá um drama ao descobrir que é portadora da hepatite C.


Débora Falabella era a primeira opção da Globo para viver Elis Regina no especial Por Toda Minha Vida, que vai ao ar no dia 28. A atriz, que está de férias depois da maratona Sinhá Moça-JK, não pôde aceitar a missão, repassada a Hermila Guedes.


Nova emissora em UHF chega a São Paulo no dia 25 de janeiro: a TiViu abrirá espaço para anônimos mostrarem seu talento na tela. Equipes da emissora recrutarão pessoas nas estações do metrô e em pontos movimentados da cidade.


Big Brother Brasil 7 já tem data de estréia na Globo: 9 de janeiro. Dias antes, a emissora divulga a carinha dos 16 participantes – sim, esta edição terá dois a mais – escolhidos.


Comentários nos bastidores da novela Vidas Opostas, da Record, indicam que não são exatamente técnicos os beijos trocados entre Babi Xavier e Luciano Szafir em cena.


O Prêmio Craque do Brasileirão deu ao SporTV a maior audiência da TV paga no horário em que foi ao ar, dia 4. Mais de 800 mil pessoas passaram pelo canal durante a exibição do evento que consagrou o São Paulo como grande time do Brasileirão.’


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Walter Zagari assume vice-presidência


‘O superintendente-comercial da Rede Record, Walter Zagari, foi promovido à recém-criada vice-presidência comercial da emissora. Em nota, a Record informou que a promoção deve-se basicamente ao trabalho do executivo, que conseguiu colocar a emissora na vice-liderança de faturamento entre as redes de TV abertas, com um crescimento acumulado de 173% em três anos.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 21 de dezembro de 2006


INCENTIVO FISCAL
Folha de S. Paulo


Esporte e cultura vão disputar incentivo


‘A Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem, por votação simbólica, o texto original da Lei de Incentivo ao Esporte, que permitirá a empresas deduzirem até 4% do Imposto de Renda para patrocínio ou doação a projetos esportivos e paraesportivos.


O projeto segue agora para sanção presidencial.


Os deputados rejeitaram as emendas que haviam sido aprovadas pelo Senado.


O objetivo dos senadores era evitar a concorrência com a Lei Rouanet, que prevê incentivos para projetos de cultura.


Agora, tanto artistas como atletas vão disputar os recursos de empresas que queiram investimentos para pagar menos imposto.


Lobby


A Lei de Incentivo ao Esporte foi envolvida por lobby de representantes da classe artística e de atletas.


Os ministérios da Cultura e do Esporte chegaram a um acordo quanto aos mecanismos de renúncia fiscal para incentivar as duas áreas, de modo que elas não concorressem entre si.


Isso foi derrubado ontem pela Câmara.


Os representantes da classe artística faziam pressão contra a chamada Lei do Esporte, que na proposta original permite às empresas deduzir do Imposto de Renda até 4% para que sejam investidos também em projetos esportivos, não somente em cultura.


Conseguir uma lei de incentivo fiscal para o esporte é uma bandeira antiga dos esportistas, capitaneados, nessa questão, pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman.


Foi durante a gestão de Nuzman, também, que o governo Fernando Henrique Cardoso aprovou a Lei Piva, que destina ao setor um percentual da arrecadação das loterias.


A decisão representou o maior aporte já feito para as chamadas ‘modalidades olímpicas’, um termo -impróprio- para definir todos os esportes que não o futebol, cuja confederação, a CBF, não depende de dinheiro público.’


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Gil dá sinais de que ficará no segundo mandato


‘O ministro da Cultura, Gilberto Gil, aludiu ontem à possibilidade de permanecer no cargo. Em cerimônia pública no Rio, quando anunciava uma provisão extra de verbas para projetos culturais, ele encerrou seu discurso dizendo: ‘Ano que vem estaremos juntos. Ano que vem teremos mais’. Momentos antes, representantes da Petrobras, que anunciou verbas para a Cultura, tinham solicitado discretamente ao ministro que permaneça no cargo para o segundo governo Lula.


Cercado pela imprensa, o ministro disse que não falaria, pois estava atrasado para pegar um vôo para Brasília. ‘Estou indo para lá justamente por causa disso’, afirmou.


Gil já havia anunciado que estava cansado e que pretendia deixar o ministério, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o pediu para continuar no segundo mandato. Em uma conversa no começo de dezembro no Palácio do Alvorada, Lula apresentou o convite mas não recebeu uma resposta definitiva do seu ministro.


‘Tudo é possível, mas nosso acerto é que vamos continuar conversando. Não há nada definido’, afirmou à época. ‘Disse a ele que não posso dar ainda uma resposta. Tenho que examinar melhor’, justificou.


No início de novembro, em uma cerimônia da entrega da Ordem do Mérito Cultural, o ministro ouviu um coro de 500 artistas e outras personalidades do meio para que ficasse.


Ontem, Gil fez elogios à conduta da Petrobras. ‘A Petrobras é hoje a maior financiadora de cultura do Brasil e graças a ela estamos lançando mais uma primavera de editais para a cultura’, declarou.


Produtores culturais de diversas áreas -cinema, teatro, música e literatura- participaram da cerimônia de anúncio da verba extra, que pareceu um balanço do governo Lula na Cultura. Gil classificou a verba de última hora da Petrobras como um ‘presente-investimento’. O presidente Lula receberá o ministro hoje, às 9h.’


TELECOMUNICAÇÕES
Folha de S. Paulo


Senado arquiva o texto que estende limite de estrangeiro


‘O Senado arquivou a proposta de emenda constitucional que estenderia o limite de 30% para participação de capital estrangeiro em empresas de radiodifusão (rádio e TV) para qualquer outro tipo de companhia provedora de conteúdo.


Se aprovada, ela passaria a abranger, por exemplo, os provedores de internet e os programadores de canais de TV por assinatura. Alguns provedores de internet, por exemplo, teriam que vender parte de seu capital para se enquadrar no novo limite.


A proposta contava com forte oposição de provedores de internet e de empresas de telecomunicações, que também têm em seu quadro de sócios empresas de capital estrangeiro. As teles chegaram a enviar documento ao Senado pedindo mais discussões sobre o assunto.


Ontem, em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o assunto não entrou em votação porque nem o autor da proposta, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO), nem o relator, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), estavam presentes. Com o fim da atual legislatura sem a votação da emenda, ela foi arquivada.’


ENTREVISTA / WALTER SALLES
Silvana Arantes


‘Alta burguesia é caricata’, diz Salles


‘O cineasta Walter Salles analisava o filme ‘São Paulo S/A’ (1965) -em que Luiz Sérgio Person observa o processo de industrialização brasileiro pela ótica de um homem de classe média-, em debate, anteontem, quando ouviu de um espectador na platéia do Espaço Unibanco (SP) a provocação:


‘É sempre a classe média. Estranho que nossos diretores não toquem na burguesia ou nos banqueiros, nos grandes grupos econômicos. Fica a sugestão [de abordar a elite] para os cineastas presentes’.


Herdeiro do Unibanco, autor de filmes como ‘Central do Brasil’, em torno de personagens que representam a parcela de excluídos social e economicamente do Brasil; e ‘Diários de Motocicleta’, biografia da juventude do líder revolucionário Ernesto Che Guevara, Salles encarou a questão:


‘Vindo dessa classe social, eu te digo porque é difícil tratar dela no cinema: a alta burguesia brasileira é muito caricata’, afirmou. O diretor contou haver iniciado ‘vários roteiros nessa direção’ e disse que não os levou adiante por julgar que careciam do nível de complexidade necessário para ultrapassar o patamar da caricatura.


‘Talvez só um Buñuel’ conseguisse fazer bom cinema tendo como objeto a alta burguesia brasileira, na opinião de Salles.


Para avaliar ‘São Paulo S/A’, o cineasta recorreu ao pensador e crítico francês André Bazin. ‘Grandes filmes são aqueles que são moldes perfeitos da realidade’, citou, antes de dizer que Person (1936-76) conseguiu abordar o desenvolvimentismo brasileiro com o mérito adicional de fazê-lo ‘a quente’, ou seja, concomitantemente aos acontecimentos.


Para Salles, ‘São Paulo S/A’ é ‘um filme polifônico, que respeita o espectador e convida-o a ser seu co-autor’, ao mesmo tempo em que tem um ponto de vista claramente enunciado, o de que ‘a desumanização que vem com esse processo de desenvolvimento é irreversível’.


Um espectador indagou se o ‘pessimismo’ identificado no Person de ‘São Paulo S/A’ teria um parentesco atual na obra de Sérgio Bianchi, em filmes como ‘Cronicamente Inviável’ e ‘Quanto Vale ou É por Quilo?’.


Salles disse que o filme de Person ‘deve ser comparado a outros que conseguem falar do Brasil de forma complexa, como na visão alegórica e rica de ‘Terra em Transe’ [Glauber Rocha, 1967] ou na narrativa essencial de ‘Vidas Secas’ [Nelson Pereira dos Santos, 1964]’. E concluiu: ‘Estamos falando de grande cinema, dos grandes mestres. Estamos nesse nível’.


‘São Paulo S/A’ acaba de ser lançado em DVD pelo selo Videofilmes, de Salles. O cineasta contou que viu o filme pela primeira vez há muitos anos ‘numa cópia pirata’ e teve ‘um choque’ com sua grandeza.’


TELEVISÃO
Bruno Segadilha


Diretor espera Murilo Benício para emplacar ‘Os Amadores’ na Globo


‘Depois de uma bem-sucedida experiência no final do ano passado, os quarentões sobreviventes de ‘Os Amadores’ voltam à programação de fim de ano da Globo amanhã, às 23h05, para mais uma chance de dar um jeito em suas vidas e conquistar de vez a condição de programa fixo da emissora.


Parceria do diretor José Alvarenga Júnior com o roteirista Mauro Wilson, o programa ficou entre os quatro finalistas na categoria ‘comédia’ do Emmy Internacional deste ano, prêmio considerado o ‘Oscar da televisão mundial’.


Não venceu, mas ganhou visibilidade, fato que, aliado ao desempenho registrado na sua primeira exibição -35 pontos no ibope, índice considerado bom para o horário-, pode contar a favor para que o especial ganhe um espaço definitivo na emissora em 2007.


‘Dependemos do Murilo Benício, que está gravando agora ‘Pé na Jaca’. Assim que ele terminar a novela, por volta de outubro, devemos estrear a primeira temporada. Acho que no final de 2007 ou no começo de 2008’, diz Alvarenga sobre a exibição de novos episódios no ano que vem. Alvarenga afirma que a exibição da primeira leva de episódios estava prevista para este ano, mas a Copa do Mundo e as eleições acabaram deixando pouco espaço para a atração. ‘Pelo critério audiência, já teríamos entrado’, diz.


A série conta a história de quatro homens que morrem na mesma noite, voltam juntos do além e acabam se tornando amigos. Ao nascer de novo, resolvem sair em busca da felicidade e do tempo que perderam antes da morte. No segundo episódio do especial, Marquinhos (Cássio Gabus Mendes) sonha que um deles deve morrer de novo em seis meses.


Assustados, os amigos Jaime (Matheus Nachtergaele), Tadeu (Otávio Müller) e Guilherme (Murilo Benício) começam a ficar atentos ao que consideram ‘sinais do destino’.


Além de ‘Os Amadores’, a Globo exibe ainda os especiais ‘Dom’, que vai ao ar hoje, às 22h55, com Bruno Gagliasso no papel de um jovem paranormal, e ‘Lu’ (próxima terça-feira, 26), com Luana Piovani interpretando quatro mulheres, entre as quais ela mesma, que aparece interferindo nas histórias e alterando seus rumos dos personagens.


Segundo a emissora, não há compromisso de que os especiais entrem na programação do ano que vem.’


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