Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Terra Magazine


TELEVISÃO
Márcio Alemão


Quanto riso, quanta alegria, 21/02/07


‘Confesso: fracassei.


Não suportei permanecer todo o tempo diante da TV durante as transmissões da ‘maior festa do Brasil’. Temi por um dano maior. Ainda assim, foram horas, muitas horas que não me serviram para absolutamente nada. Tudo poderia ter sido condensado em 10 minutos.


De longe, com vários e vários corpos de vantagem, Nelson Rubens, na RedeTV!, como seu ‘Bastidores do Carnaval’, fica com o troféu do pior programa.


Nelson ok ok tem o sorriso mais falso do mundo. Minto. Talvez não seja falso. É o sorriso repleto de aleivosia, típico do fofoqueiro, do personagem que ele decidiu viver. E é um sorriso que se desarma sempre meio segundo antes da câmera sair, deixando claro que não está feliz, não está compartilhando nada com ninguém.


A ‘equipe de reportagem’ não conseguia ir muito além das frases: ‘E aí? Muita emoção?’ E o final que se repetiu 795 vezes: ‘Agora mostra pra gente que você tem o samba no pé’. Uma cena espetacular: falando sobre a tal da emoção, a passista nos conta que, quando entra na avenida, sente um friozinho na barriga. Pois acreditem, o câmera corrigiu para a barriga da moça. Comentário de um amigo: ‘Tá fácil ser repórter hoje em dia, não tá?’


O Carnaval pela Band, o Folia na Band, admito que estava bem mais rico que das outras vezes. Tenho problemas com Otaviano Costa. Na minha opinião ele poderia fazer uma dupla com Celso Portioli para rodarem pelo interior apresentando baile de debutantes. Tento explicar o incômodo, o estranhamento que senti ao ver durante horas o Folia na Band. Deixou de ser uma transmissão do carnaval da Bahia. Transformou-se em um programa de auditório. O auditório, no caso, era formado por trios e bandas, além do povo pulante. E pela falta de espaço, o povo pulante era pequeno. Povo caminhante com dificuldade via-se mais.


Imagino que, segundo acordo firmado entre emissora e participantes do Carnaval, todos deveriam parar em frente ao palco e bater aquele papinho gostoso com Betinho e Otaviano. Deveriam ainda enaltecer a Band, seu trabalho maravilhoso, mostrar que gozavam de intimidade com os apresentadores e vice-versa. E foram muitas as vezes que esses mestres de cerimônia atravessaram o ‘samba’. Marcio, da banda Psirico, decide rodar um som tecno. Otaviano se anima e começa fazer seu beatbox – sons com a boca colada ao microfone. E faltou a noção do tempo. E sobrou entusiasmo. E a cena foi ficando constrangedora.


Sempre no quesito constrangimento, a drag Léo Aquila, no Bastidores do Carnaval, volta e meia pedia ao câmera: ‘Começa aqui em baixo. Agora vai subindo. Olha isso, que maravilha, gente. Que deusa!’ Vi essa cena se repetir umas 5 vezes. Em todas as vezes meus olhos foram agredidos. Deusas de um reino perdido que, espero francamente, jamais seja descoberto e revelado.


Mas nenhum, nenhum constrangimento foi maior que o provocado pela Mangueira ao expulsar Beth Carvalho de seu desfile.


Semana que vem volto ao assunto.’


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