Foram anunciados, na semana passada, os 12 vencedores de 2006 do George Polk Award, prêmio concedido pela Universidade de Long Island aos profissionais de imprensa que enfrentam perigos e riscos na apuração jornalística.
O diretor Spike Lee, junto com seu produtor e editor, foi premiado pelo documentário When the Levees Broke: A Requiem in Four Acts (Quando as barragens se romperam – um réquiem em quatro atos, tradução livre). Com quatro horas de duração, o filme exibido na HBO traça um panorama sobre a situação na Nova Orleans pós-furacão Katrina.
Na categoria de reportagem internacional, quem levou o prêmio foi Lydia Polgreen, do New York Times, pela cobertura da guerra em Darfur, conflito que matou 200 mil pessoas e desalojou 2,5 milhões delas. A repórter foi citada por suas reportagens ‘corajosas e freqüentemente exclusivas que deram voz às vítimas do conflito, alertando ao mundo sobre seu sofrimento’.
A correspondente investigativa do programa da NBC Nightly News With Brian Williams Lisa Myers e o produtor Adam Ciralsky ganharam na categoria de reportagem televisiva por expor o que foi considerado tratamento preferencial do governo americano, que concedeu um contrato de US$ 70 milhões para a Raytheon Company desenvolver um sistema para combater granadas guiadas por GPS, quando já existe um sistema israelense bastante eficiente com o mesmo objetivo. O Congresso está revendo as circunstâncias do acordo.
Doenças e danos
O prêmio de reportagem militar foi para Lisa Chedekel e Matthew Kauffman, do Hartford Courant, pela série de quatro partes que detalhou o alto índice de suicídio entre as tropas americanas, principalmente entre soldados sob severo estresse em combate no Iraque e sem acompanhamento psicológico.
Robert Little, do Baltimore Sun, foi o vencedor da categoria de reportagem médica, por sua série de três partes que examinou o uso de uma droga experimental de coagulação sangüínea em mais de mil soldados, embora o medicamento estivesse associado a coágulos fatais no coração, pulmões e cérebro.
A série investigativa Altered Oceans (Oceanos Alterados, tradução livre) deu aos repórteres Kenneth R. Weiss e Usha Lee McFarling, do Los Angeles Times, o prêmio na categoria de reportagem ambiental. A série descobriu que lesões na pele de bombeiros australianos, leões-marinhos com problemas no cérebro e manchas vermelhas em praias na Flórida estavam associados ao despejo de lixo, à poluição industrial e a outras atividades humanas nocivas aos oceanos.
Investigações e processos
Jeff Kosseff, Bryan Denson e Les Zaitz, do Oregonian, foram os vencedores da categoria de reportagem nacional, por artigos que expuseram falhas em um programa federal de US$ 2,25 bilhões destinado a ajudar cegos e outros deficientes a encontrar empregos. Enquanto o programa enriquecia executivos, muitos trabalhos acabavam recebendo menos que o salário mínimo. Depois da publicação dos artigos, foram iniciadas investigações federais, processos e renúncias.
Na categoria de reportagem de economia, Charles Forelle, James Bandler e Mark Maremont, do Wall Street Journal, receberam o prêmio pela exposição de uma prática comum que permitia a executivos aumentar seus lucros em investimentos em ações da bolsa. Os artigos deram início a investigações federais em mais de 130 empresas, gerou diversas resignações e levou a várias acusações criminais.
Prêmio estudantil
O prêmio para reportagem radiofônica foi para 11 estudantes de jornalismo que cobriram o que chamaram de ‘misérias humanas’ e ‘perigos ecológicos do aquecimento global’ em diversas regiões, incluindo o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, e arredores de Auckland, na Nova Zelândia. Os artigos foram produzidos e editados pela Escola de Jornalismo da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
A cerimônia de premiação acontecerá em abril. O jornalista George W. Polk, correspondente da CBS, morreu em 1948, quando cobria a guerra civil na Grécia. A premiação foi criada em 1949, sendo os vencedores escolhidos por um júri formado por membros da faculdade e ex-alunos, a partir de submissões de jornalistas e organizações de mídia e indicações de um grupo de editores, repórteres e professores de jornalismo. Informações de Robert D. McFadden [The New York Times, 20/2/07].