Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tereza Rangel

‘O UOL ‘noticiou’ ontem em submanchete que sete brasileiros morreram em acidente aéreo no Suriname. Era ‘‘informação’’ da agência France Presse. Foi submanchete a partir das 18h18. O texto dizia que ‘fontes’, assim mesmo, ‘fontes’ do aeroporto de Paramaribo davam a informação. Nenhum nome. Mesmo assim, o UOL insistiu em arriscar e colocou a ‘notícia’ na submanchete. Nenhuma outra agência trazia a informação, num indício de que poderia estar errada. Afinal, se sete brasileiros morrem em acidente aéreo, todas as agências que oferecem cobertura no Brasil teriam interesse em noticiar. A Folha Online fez texto em que colocava a informação sob suspeição (‘um funcionário da companhia Blue Wings afirmou à Folha Online que não havia brasileiros no avião’). Mesmo assim, o UOL não usou da prudência, mantendo no ar a informação dos brasileiros mortos. Foi, apenas, mudando o lugar da chamada na home page. A agência EFE, às 20h32, também dizia que os mortos eram somente surinameses. Os ‘brasileiros mortos’, contudo, continuavam na home page do UOL.

Nenhuma referência aos brasileiros. Agora, só surinameses

Somente às 21h23, o UOL noticiava que não havia brasileiros mortos no acidente. Em vez de assumir, com todas as letras: ‘não havia brasileiros entre os mortos no acidente aéreo no Suriname’, o UOL preferiu fazer um título que escondia o erro (‘19 vítimas de queda de avião eram do Suriname, diz companhia’), mandando para texto da Folha Online. Errata, somente na tarde de hoje, e mesmo assim sem chamada na home do portal. O texto com o erro continua no ar até agora. Quem fizer uma busca (‘Suriname + mortos’) pode achar este texto e pensar que houve brasileiros mortos.

Texto errado, com brasileiros mortos, continuava no ar até 20h10 de sexta

Às 21h28 de ontem, a própria France Presse corrigia a informação: todos os 19 mortos eram do Suriname. Sem reconhecer o erro, revelava quem eram as ‘fontes’: era a imprensa local.

Resposta da redação

O jornalista Rodrigo Flores, gerente geral de notícias do portal, escreveu à ombudsman.

‘Ao receber a informação da AFP sobre a queda do avião, a redação tentou confirmar, sem sucesso, a suposta morte de brasileiros com o Itamaraty. Houve precipitação da equipe ao não condicionar a publicação da nota à confirmação do Itamaraty. Houve ainda um erro de avaliação ao dar preferência ao texto original da AFP sobre a reportagem da Folha Online. A redação optou por publicar a errata apenas quando todas as informações estivessem confirmadas e consolidadas.’

***

UOL News? Não, UOL Oldies (3/4/08)

Dia 18 de fevereiro de 2008: o internauta Rodrigo Burgos escreve à ombudsman para reclamar da falta de atualização do site. Cita especificamente o Blog da Redação do UOL News, que ocupa lugar de destaque no menu da estação.

‘Como assíduo leitor do portal UOL e dos blogs da redação, faço uma observação que me ‘incomoda’. No blog do UOL News está a notícia: ‘Depois da Playboy e da geladeira, Ana Paula volta aos estádios’. A notícia é de 11/01/2008. Meio antiga não? Está mais para UOL Oldies. Se o blog foi descontinuado deveriam ao menos retirá-lo dali.’, disse Rodrigo.

Ao receber o e-mail do internauta, a redação fez rapidamente um post. Desde então, o blog foi atualizado apenas quatro vezes. No dia 31 de março, foi a vez de José Manoel Alves se queixar.

‘Sei que você já tocou no assunto de que algumas áreas do portal parecem esquecidas, paradas no tempo. Tenho que falar sobre o ‘Blog da Redação do UOL News’. Só a título de curiosidade, a última atualização ocorreu em 18/03/2008 e já estamos ‘com o pé em abril’, escreveu José Manoel.

A redação recebeu cópia do e-mail, com a pergunta: ‘não é o caso de descontinuar esse blog?’. Até porque, no período, houve mudanças no menu. Não houve nem resposta nem atualização.

Pega mal ter um blog de um site noticioso tão parado. O internauta Rodrigo tem razão. Está mais para UOL Oldies do que para UOL News.

***

O melhor da China (1/4/08)

O UOL fez um investimento econômico e jornalístico ao enviar duas equipes à China, meses antes do início dos Jogos Olímpicos de Pequim. Desde que o site de olimpíadas estreou, tem havido a publicação de reportagens especiais das duas equipes: a dobradinha repórter/fotógrafo e a dobradinha videorrepórter/cinegrafista. Como foi dito no texto sobre a estréia do novo site, o investimento teve como objetivo ‘trazer a visão brasileira da capital chinesa. Uma série de artigos e vídeos mostrará detalhes da cidade, com seus personagens, seus locais pitorescos, seus costumes e sua ligação com o esporte.’

Hoje, foi ao ar o melhor trabalho até agora dentre todos os publicados: videorreportagem de Marcelo Tas, com imagens e edição de Eduardo Piagentini, sobre a falta de liberdade de expressão no país. Boas pauta, imagens, execução e edição. As entrevistas com os jovens num centro comercial são uma lição de jornalismo.

UOL preferiu caramujos, girafa e cão a destacar seu melhor conteúdo

Uma pena que tenha havido tão pouco destaque para a reportagem na home page do portal. Foram duas horas e 25 minutos com foto no bloco de esporte e algumas horas numa chamadinha em letras minúsculas. Menos destaque do que o dado para o ‘Dia da Mentira’. Teria valido o espaço na foto principal da primeira página, que teve, entre outras imagens, um cão, um protesto na Ucrânia, uma girafa, caramujos africanos.

Em tempo: a reportagem foi, durante todo o dia, o principal destaque em foto do site de olimpíadas.

Dúvida: a China é mesmo o país que mais cresce no mundo, como diz Tas? Nos últimos anos, Azerbaijão e Guiné Equatorial não tiveram crescimento de PIB maior?

Observação: fora os álbuns de foto, com uma aba especial, os vídeos e textos desse investimento perdem-se entre outros textos e vídeos olímpicos. Valeria oferecer as duas séries, isoladas, aos interessados.

Dica: clique aqui (http://olimpiadas.uol.com.br/ultimas/2008/04/01/ult5584u1007.jhtm) para assistir à videorreportagem.

P.S. Alterei este blog às 19h29. Substituí o tempo com ‘as letrinhas minúsculas’ pelo genérico algumas horas, porque vi agora que há uma chamadinha para o blog do Tas.

***

Vídeos para todos (31/3/08)

O UOL está mudando seu padrão de exibição de vídeos. Durante muitos anos, prevaleceu o Windows Media Player, com a maior parte dos vídeos fechados a não-assinantes. Em julho do ano passado, estreou o UOL Vídeos, uma espécie de YouTube do portal. Em janeiro, o UOL Vídeos evoluiu para UOL Mais, plataforma para publicação não somente de vídeos, mas também de fotos e áudios. Apesar de ainda estar em fase de testes, a plataforma foi adotada pela redação do UOL, com alguns inconvenientes: ao decidir ver um vídeo do UOL Esportes, por exemplo, o internauta é jogado para fora da estação e fica à mercê de intervenções pouco jornalísticas, como o coelhinho com ovinhos que invadiu as páginas do UOL Mais durante e depois da Páscoa, causando ruído no conteúdo veiculado.

Na segunda-feira pós-Páscoa, desenho infantil de coelhinho invadiu páginas de conteúdo editorial do portal

Na semana passada, uma boa notícia: estreou em UOL Jogos uma página de vídeos que os abriga dentro da estação. Ou seja, qualquer internauta consegue assistir a vídeos em Flash, com melhor qualidade, sem precisar se perder em outra área do portal e sem correr o risco de receber um coelho inesperado. Um detalhe que faltava chamou atenção: agora, na listagem vídeos, consta o tempo de duração de cada um (poderia seguir o padrão jornalístico para minutos e segundos). É bom saber com antecedência se um vídeo tem 30 segundos ou 15 minutos. A gerente geral de entretenimento do portal, Manoela Pereira, informa que o padrão será seguido por todas as estações de conteúdo do UOL. A estação de jogos perdeu, porém, uma funcionalidade importante: o botão que permite que o vídeo seja exibido em toda a tela do computador do usuário. Como a cada dia melhora a qualidade de vídeos exibidos na Internet, a possibilidade de exibição em tela cheia é aconselhável.

Avanço: vídeos de jogos dentro da estação e com tempo de duração

Ainda na semana passada, o UOL News, que já vinha publicando seus vídeos em Flash no UOL Mais, mas ainda privilegiava o Windows Media, radicalizou: mudou o menu, abandonando o antigo formato (exceto ainda para vídeos ao vivo, Monkey News e Ooops!!!). Com isso, o conteúdo passa a ser, oficialmente, aberto a não-assinantes. Agora, somente a home page oferece edição por relevância. Nas demais seções, em que o internauta é jogado para fora do UOL News, a ordem passa a ser a cronológica invertida, o que pode prejudicar um pouco o entendimento do que é realmente importante. Outra dificuldade, já relatada por uma assinante, é encontrar material produzido pela própria redação, que fica perdido entre vídeos de parceiros e agências de notícias. Seria bom que o internauta pudesse encontrar facilmente o que procura. Seria bom também que a transição do template do UOL Mais para o das estações seja rápida, de modo a não deixar o internauta perdido.’