‘A intenção era boa. Mostrar ‘a frágil relação do fortalezense com o seu patrimônio histórico’. A reportagem ‘Da arte de mudar e rebolar no mato’ (Fortaleza, página 6, 8/4) abriu a série ‘Fortalezear’, dentro das comemorações dos 282 anos de Fortaleza. Mas o grande erro da semana ficou por conta da foto publicada na primeira página da edição de 8/4. Na legenda da foto de ‘Fortaleza > 282 anos: ‘Prédios antigos, a exemplo do sobrado do Dr. José Lourenço, na rua Major Facundo, são facilmente abandonados’. Falha clamorosa de informação: o sobrado do Dr. José Lourenço foi restaurado e suas características arquitetônicas estão mantidas e abriga hoje espaço de convivência, experimentação e difusão de artes visuais. A inauguração ocorreu em 31 de julho do ano passado. Acrescente-se que a restauração do sobrado do Dr. José Lourenço foi amplamente noticiada no O Povo. Será que houve falta de leitura do próprio jornal?
Como era de se esperar, os leitores se manifestaram e cobraram providências. ‘Ocorre que a ilustração com o Solar D. Jose Lourenço foi infeliz pois a foto é antiga e não traduz a realidade de hoje uma vez que o mesmo foi totalmente reformado e faz parte das muitas instituições culturais do Ceará’, lamenta o leitor José D. Castro.
O jornal admitiu o erro no dia seguinte, não na seção ‘Erramos’, mas em matéria destacada sob o título ‘Sobrado foi restaurado’ (Fortaleza, página 6, 9/4). Mesmo assim, houve mais cobranças. ‘As explicações dadas no dia seguinte nem sempre alcançam os leitores do dia anterior’, reclama outro leitor, José de Borba.
Rebolar no mato
Na matéria produzida de Mariana Toniatti ‘Da arte de mudar e rebolar no mato’, pode-se fazer algumas observações críticas com relação à origem da expressão bem cearense: ‘Rebolar no mato’ que não pode ser analisada e explicada como resultado da preferência do fortalezense pelo novo. É uma expressão antiga e procedente do Interior, origem de muitas famílias que hoje formam a população da capital cearense. No passado, nos século XVIII, XIX e começo do século XX eram poucas as casas que tinham sanitários ou depósitos de lixo. A solução para jogar os detritos era ‘rebolar no mato’ mesmo. Daí em diante serviu para o ato de arremessar qualquer coisa fora, até mesmo nos depósitos de lixo, quando estes passaram a ser usados pela população. ‘Rebolar no mato’ virou sinônimo de ‘jogar no lixo’. O ‘cearensês’ aí fica mais por conta do uso do verbo ‘rebolar’ no sentido de ‘arremessar’, ‘jogar fora’.
No texto aparece três vezes ‘na Jacarecanga’, mas o fortalezense sempre chamou – e continua chamando – ‘no Jacarecanga’, masculino. Na oitava linha do quinto parágrafo está escrito: ‘As filmagens de Orson Wells registraram o Mucuripe dos pescadores no documentário Is all true. Dois reparos a fazer: o nome do cineasta americano é Orson Welles e não Orson Wells. É um erro muito repetido – para desespero do jornalista Frederico Fontenele Farias, sempre atento à grafia de nomes estrangeiros – mas é bom que não se consagre. H. G. Wells foi o escritor britânico de quem Orson Welles adaptou A Guerra dos Mundos, encenação dramática radiofônica que levou pânico aos Estados Unidos na década de 30. Talvez isto aumente ainda mais a confusão em torno dos dois nomes. O outro reparo é quanto ao nome do filme: o correto é It´s All True e não Is All True. Os erros foram observados em comentário interno do ombudsman, mas nenhuma correção foi feita, até o momento, na seção ‘Erramos’.
Queixas da prefeita
Na solenidade de anúncio da reforma do Paço Municipal, quinta-feira última (10/4), a prefeita Luizianne Lins aproveitou o momento para lançar algumas farpas contra a imprensa. Relembrando os seus tempos de participante do movimento estudantil, ela acusou a mídia de defender o status quo por fazer parte do ‘aparelho ideológico do Estado’, citando o líder da Revolução Russa de 1917, Vladimir Lênin. Mais adiante, parafraseando o autor de O Estado e a Revolução, a prefeita disse que ‘o criticismo é a doença infantil do comunismo’. Lênin havia dito que ‘o esquerdismo é a doença infantil do comunismo’.
Pode-se imaginar um jornalismo sem crítica? Fica difícil. Luizianne Lins, que é jornalista e professora licenciada do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal, deve ter a mesma opinião deste ombudsman. Além disso, das personalidades que estiveram à frente dos destinos de Fortaleza, Luizianne Lins é a que tem tido melhor relacionamento com a imprensa, tanto no que se refere às empresas quanto aos profissionais (editores e repórteres dos veículos de comunicação), muitos deles seus ex-colegas de faculdade. Vamos debitar o seu desabafo às tensões deste ano eleitoral.
Abaixo-assinado
Leitor reclama de Fábio Campos por causa das notas ‘A charge da desmoralização’ e ‘A ditadura oprime e enriquece’, publicadas na coluna Política de quinta-feira última (10/4), nas quais o jornalista reproduz abaixo-assinado contra o pagamento de indenizações aos cartunistas Ziraldo e Jaguar. Diz que a Coluna não publicou onde o tal abaixo-assinado pode ser encontrado na Internet. No dia seguinte, foi dado o endereço do site: www.petiononline.com/zj171/petition.html.
Até domingo.’