Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mário Magalhães

‘A manchete de domingo passado da Folha continha uma informação grave: ‘Entidade alertou Lula de falhas no controle aéreo’. Completava-a o subtítulo ‘Vistoria no Cindacta-1 foi feita em outubro; FAB não comenta relatório’.

Além do título principal da primeira página, havia outro sobre o assunto, em Cotidiano: ‘Relatório já apontava controle aéreo inseguro’.

O subtítulo: ‘Documento da federação internacional de controladores, feito após acidente com o Boeing da Gol, foi enviado a Lula’.

As formulações estavam erradas. Foi o que sustentei na crítica diária da segunda-feira -distribuídas no começo da tarde à Redação, as críticas são divulgadas ao mesmo tempo na Folha Online (www.folha.com.br/ombudsman).

A ótima reportagem revelava que, já no ano passado, um relatório da Ifatca (Federação Internacional das Associações dos Controladores do Tráfego Aéreo) constatava que ‘o sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro é falho e tem um nível baixo de segurança’.

Ao contrário do que afirmava a manchete, contudo, o relatório havia sido remetido a uma entidade de aviação civil e a uma de pilotos. Não a Lula. Ao presidente da República, a Ifatca propôs consultoria.

Na terça, o jornal reconheceu em ‘Erramos’ a impropriedade do subtítulo de Cotidiano: ‘O relatório preparado pela Ifatca não foi enviado ao presidente Lula. O que a entidade enviou ao presidente foi uma carta para oferecer assessoria e consultoria’.

No mesmo dia, observei na crítica do ombudsman que o ‘Erramos’ era certo, mas faltava corrigir a primeira página. O texto da carta a Lula, a julgar pelo trecho publicado, não continha as conclusões do relatório. Logo, o Planalto não fora ‘alertado’.

Na sexta à noite, o jornal se preparava para publicar na edição de ontem um ‘Erramos’ da manchete dominical, além de um texto em Cotidiano explicando o equívoco.

A correção demorou e não tem o mesmo espaço da notícia, o que é uma pena. Mas fez muito bem a Folha em se corrigir. O momento mais duro para o jornal e o jornalista é o do erro. A grandeza está, respeitando os leitores, em reconhecê-lo.’

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‘Resgate dramático salva bebê em invasão de prédio; a Folha não deu’, copyright Folha de S. Paulo, 15/4/07.

‘A catadora de papelão e moradora de rua Sara Silva, 39, levou o caçula de dez meses, João Vítor, para a invasão de um prédio em São Paulo na madrugada da segunda.

Quando o gás de bombas da polícia penetrou no edifício, o bebê desmaiou nos braços da mãe. Ela o viu roxo. Pensou que estivesse morto. Por uma janela, um homem se dependurou com a mão. Com a outra, agarrou João Vítor e se esticou. Embaixo, dois homens seguraram e salvaram o bebê.

O resumo foi feito com base nos relatos dos repórteres Álvaro Magalhães, de ‘O Estado de S. Paulo’, e Gio Mendes, do ‘Diário de S. Paulo’.

Na edição da terça a Folha não citou o drama do bebê, embora tenha publicado a imagem do fotógrafo Thiago Bernardes (do ‘Diário’). A tensão do confronto da PM com os cerca de 400 sem-teto invasores do edifício São Vito não aparece na cobertura fria e distante.

Para produzir a reportagem, o jornal fez -mal- o que no jargão se denomina recuperar a história. É não presenciar os fatos e buscar versões para reconstituí-los.

Por que a Folha só foi apurar de manhã o ocorrido horas antes? A Secretaria de Redação informa que o plantão da madrugada é feito por dois jornalistas da Agência Folha e um da Folha Online. Eles avisam chefias e Fotografia em caso de ‘história maior’.

Nesta semana, o esquema não foi bem-sucedido. Há porém uma boa notícia: está sendo contratado um fotógrafo para a madrugada. O trabalho no plantão desse horário às vezes é pouco valorizado, mas tem importância notável.’

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‘Roteiro de filmes some no domingo’, copyright Folha de S. Paulo, 15/4/07.

‘Quem procurou a seção ‘Filmes da Semana’ na Ilustrada do domingo 18 de março não a encontrou. No seu lugar, em rodapé de página, uma nota orientava: ‘Leia o resumo dos filmes da semana na Folha Online’ (www.folha.com.br/ilustrada/filmes). Tem sido assim todos os domingos.

Leitores reclamam da ausência do serviço que lhes permitia se programar para assistir à TV aberta. A seleção era acompanhada de sinopse e cotação. Um leitor de Aparecida (SP) enviou e-mail apontando ‘falta de consideração’.

O editor-adjunto da Ilustrada, Naief Haddad, respondeu em março: ‘Deixamos de publicar a seção […] para dedicar mais espaço para reportagens sobre TV, nas quais falaremos inclusive de filmes’. Acrescentou que a programação diária de filmes continua a sair.

Creio que o jornal errou. Há quem compre a Folha só no fim de semana e não tenha tempo para a internet. O roteiro impresso de filmes é útil. Os leitores perderam.’

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‘Em crítica, ‘mãe verdadeira’ não é a que cria e ama, mas a biológica’, copyright Folha de S. Paulo, 15/4/07.

‘O filme de animação ‘A Família do Futuro’ está em cartaz. Na história, o garoto Lewis, que viaja no tempo, espera ser adotado.

No dia 4 a Ilustrada publicou a crítica de Pedro Butcher sobre o filme. Trecho: ‘Até alguns anos atrás, não haveria possibilidade de Lewis, nosso herói órfão, terminar o filme sem reencontrar sua mãe verdadeira e perdoá-la’.

Um leitor que não quer se identificar, para preservar a família, enviou mensagem ao ombudsman condenando a expressão ‘mãe verdadeira’. Para ele, a formulação expressa um juízo que inexiste no termo ‘mãe biológica’.

O leitor conta que, para magoar uma criança, há quem diga: ‘Sua mãe [ou pai] não é sua mãe de verdade!’.

Procurei Butcher, que respondeu: ‘Concordo com o leitor. Foi um lapso. Supõe que a mãe adotiva não seria verdadeira. Foi uma expressão infeliz. Peço desculpas’.

Penso como o leitor e admiro o reconhecimento de erro do crítico. Não há dúvida: mãe é quem cria e dá amor. Pode ser a biológica ou não.’