TV CULTURA
Markun é eleito presidente da Padre Anchieta, 7/05/07
‘O Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (FPA) elegeu na manhã desta segunda-feira (07/05) o jornalista Paulo Markun como seu presidente. Candidato único, o apresentador do Roda Viva recebeu 38 votos dos 41 conselheiros presentes e deverá tomar posse em 14/06 da fundação que mantém a TV Cultura.
O nome de Markun foi o único que obteve apoio tanto do governo estadual, que repassa verbas para a fundação, como do Conselho Curador e desde antes de ser indicado à presidência já era tido como futuro presidente da Padre Anchieta.
A mesma reunião também reconduziu Jorge da Cunha Lima à presidência do Conselho Curador e empossou Eugênio Bucci, Gustavo Ioschpe, Luiz Gonzaga Belluzzo, Matinas Suzuki Jr. e Rubens Barbosa como conselheiros. A indicação do empresário Luiz Fernando Furkin ao conselho foi aprovada e ele agora deverá passar por uma votação da entidade antes de ser empossado como conselheiro.
O novo presidente irá substituir Marcos Mendonça em um mandato de três anos. Markun assumiu o compromisso de aprofundar a vocação da Cultura em realizar conteúdos culturais, educativos e artísticos. Também declarou que terá como prioridades a dramaturgia e a programação infantil, que já rendeu três prêmios Emmys, entre outros prêmios, à emissora.
O jornalista apresenta há oito anos o programa de entrevistas Roda Viva, veiculado pela emissora paulista. Trabalhava na Cultura com Vladimir Herzog durante a ditadura e foi preso junto com ele no episódio que terminou na morte do jornalista. Markun declarou que não vai se pronunciar oficialmente antes de sua posse na presidência da FPA. Em seu blog, o último post data de 15/02/07.
Questões trabalhistas
O jornalista goza de prestígio entre os funcionários da emissora, que possuem um voto no Conselho Curador e, em plebiscito interno, aprovaram sua eleição com 74,8% dos sufrágios. Este percentual poderia ser maior, não fosse a campanha dos sindicatos dos radialistas e dos jornalistas de São Paulo que aconselhou os profissionais a se abster na votação.
Antes da votação, ambas as entidades publicaram uma carta aberta contemplando pontos de exigências históricas dos trabalhadores, como aumento de 13% para os radialistas previsto de 2003 e ainda não cumprido. Como Markun, candidato único, não respondeu à carta aberta dos sindicatos, as entidades decidiram aconselhar a abstenção na votação. Os sindicatos ainda tentarão uma reunião com o jornalista antes de sua posse para discutir questões trabalhistas.
Apesar disso, muitos funcionários acreditam que a eleição de Markun será benéfica para a casa e que o fato inédito do novo presidente ser um funcionário da emissora conta a favor. ‘É um cara que até pouco tempo estava lá trabalhando com a gente, que encontramos nos corredores. É muito mais fácil você cobrar alguém que você apoiou’, considerou Sergio Ipoldo Guimarães, técnico em meterologia da Cultura e diretor executivo do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Estado de SP.’
BANDNEWS
BandNews estréia parceria com Al Jazeera, 7/05/07
‘A Bandnews inaugurou nesta segunda-feira sua parceria com a TV Al Jazeera English, braço internacional da TV árabe. Na estréia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu entrevista às 16h para a emissora sediada em Washington. Com a nova parceria, as duas redes farão intercâmbio de hospedagem, infra-estrutura e conteúdo. Haverá um produtor árabe na redação da Bandnews em São Paulo e um profissional brasileiro trabalhando em Washington.
‘Essa parceria fortalece muito a cobertura do Oriente Médio. Afinal, a Al Jazeera é o grande veículo da região e isso com absoluta certeza incrementa e muito o noticiário da Band’, declarou Humberto Candil, diretor geral do Bandnews.
Japão
Além do Oriente Médio, o Grupo Bandeirantes também ampliou seu alcance até o Japão através de acordo assinado com a empresa japonesa TV BrazSat, dona de dois canais de transmissão distribuídos pela Sky Perfect TV. Com o acordo, a programação da Band e da BandNews deve chegar a mais de 300 mil brasileiros, os dekaseguis.
O grupo pretende atingir 70 mil assinantes até 2009, com o lançamento em setembro e início das transmissões em novembro. O projeto deve aproveitar as comemorações do centenário da imigração japonesa no País, já que 2008 será o ‘ano do intercâmbio Japão – Brasil’.’
VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS
Jornalista é assassinado em Porto Ferreira (SP), 7/05/07
‘O jornalista Luiz Carlos Barbon, finalista do Prêmio Esso em 2003, foi assassinado na noite de sábado (05/05) em Porto Ferreira (SP). Barbon foi indicado ao prêmio na categoria Especial Interior pela reportagem ‘Corrupção de menores’, publicada no Jornal Realidade, que denunciou vereadores da cidade que abusavam sexualmente de adolescentes. Trabalhando agora no Jornal do Porto, ele era conhecido por suas denúncias contra os políticos da cidade.
Barbon, que tinha 37 anos, foi morto com um tiro de espingarda no abdômen e outro na perna em um bar próximo à rodoviária. Os disparos foram feitos por dois homens encapuzados que desceram de uma moto e foram na direção do jornalista. Ele chegou a ser levado com vida ao pronto socorro, mas não resistiu. Segundo a polícia, o crime tem características de ser encomendado.
‘Os tiros foram de perto. O assassino se aproximou dele e atirou, com uma arma de grosso calibre. Ele criticava várias pessoas. Não dá para dizer ainda que ele foi morto por causa desse ou daquele caso’, afirmou à Folha de S. Paulo o delegado Eduardo Campos, da Polícia Civil de Porto Ferreira.
Desmentido
Campos também lembrou que recentemente Barbon assinou um artigo desmentindo informações e denúncias da reportagem de 2003. ‘Talvez ele estivesse batendo na mesma tecla para que o caso voltasse à imprensa’, disse à Folha.
Luiz Carlos Barbon foi enterrado no domingo (06/05) no Cemitério Municipal de Tambaú (SP), sua cidade natal. A polícia deve começar a colher depoimentos dos familiares nesta segunda-feira.’
OLIGOPOLIZAÇÃO DA MÍDIA
Que tal uma olhadinha na Al Jazeera?, 4/05/07
‘Anup Shah, criador do site www.globalissues.org, onde são debatidos os temas mais importantes de nosso tempo, apresenta na mais recente edição interessante estudo sobre a concentração da propriedade dos meios de comunicação em todo o mundo, da qual apresento aqui um razoável resumo.
Shah considera que a propriedade privada da mídia não é em si algo ruim para a sociedade, porque promove saudável competição e oferece um elemento de controle dos governos. Mas a concentração preocupa, por causa do risco de que a influência econômica e política possa se tornar incontrolável.
No final do ano passado, segundo um levantamento da revista Mother Jones, havia apenas oito empresas gigantes dominando os meios de comunicação nos Estados Unidos:
Disney (valor de mercado: US$ 72,8 bilhões)
AOL-Time Warner (US$ 90,7 bilhões)
Viacom (US$ 53,9 bilhões)
General Electric (dona da NBC, valor de mercado: US $390,6 bilhões)
News Corporation (US $56,7 billion)
Yahoo! (US$ 40,1 bilhões)
Microsoft (US$ 306,8 billion)
Google: (US$ 154,6 bilhões)
Yahoo, Microsoft e Google são as novas estrelas nesse grupo, trazidas pelo sucesso da comunicação on-line.
Já o respeitado crítico da mídia Robert W. McCheney, no livro ‘A nova mídia global: o pequeno mundo dos grandes conglomerados’, fala do rápido avanço dos conglomerados globais (TV via satélite ou cabo) e diz que às vezes eles podem ter um impacto progressista na cultural local, especialmente em nações que tenham sido duramente controladas por sistemas corruptos de mídia ou que tenham sofrido significativa censura estatal sobre a mídia. E afirma também:’O sistema global de mídia comercial é radical em relação à total falta de respeito às tradições ou costumes (…) se forem obstáculos no caminho dos lucros. Mas, no cômputo geral, são politicamente conservadores, porque esses gigantes são beneficiários significativos da estrutura social em todo o mundo, e qualquer mudança brusca na propriedade ou nas relações sociais – particularmente se reduzirem o poder dos negócios -não lhes interessa.
E, a respeito do assunto que, a nós jornalistas, interessa mais diretamente, RifkaRosenwein, sustenta em seu livro ‘Por que as fusões na mídia são importantes’ que, com poucas megacorporações controlando nossos canais de expressão, teríamos uma cobertura de noticias menos ampla e um mercado de idéias mais emudecido.
Em 1983, 50 corporações dominavam o mercado americano de comunicação. Em 1983, tinham sido reduzidas a 29. Mais três anos, eram apenas 23. Em 1997, chegaram a 10.
Mesmo com a chegada da turma da internet, tínhamos no final de 2006 as oito já mencionadas. E o número de globais também tende a reduzir a diversidade de informação, análise e opinião na televisão do mundo inteiro.
Teremos de aprender árabe e dar também uma olhada na Al Jazeera?
Repito: quem estiver interessado no texto integral, acesse www.globalissues.org
(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
MERCADO EDITORIAL
Publimetro começa a circular em SP na próxima segunda, 7/05/07
‘Após quase seis meses de gestação, na próxima segunda-feira, 7 de maio, chega ao mercado paulista um novo diário gratuito, criado a partir de uma sociedade entre o grupo sueco Metro International, com 30% do controle acionário, e o Grupo Bandeirantes de Comunicação, com os outros 70%, composição que se enquadra dentro do que estabelece a atual legislação relativa à propriedade de meios de comunicação. Forte no campo do rádio e da televisão, a Band com esse negócio amplia sua atuação no campo da mídia impressa, onde já está presente como sócia do jornal Primeira Mão.
São Paulo integra-se, desse modo, a um circuito no qual figuram outras 100 cidades de porte de mais de 20 países, onde o diário gratuito Metro circula, totalizando alguns milhões de exemplares diários. Em São Paulo serão inicialmente 150 mil, distribuídos por um exército de 300 ‘gazeteiros’ em cruzamentos estratégicos da cidade, grandes centros empresariais, universidades e também no Metrô, onde já disputam a atenção das pessoas o Destak, lançado em 2006, e o veterano Metrô News. Porém, no caso do Metrô, a distribuição deve se concentrar na linha Verde, que tem a Av. Paulista em seu itinerário, um dos alvos geográficos principais do novo jornal.
Tablóide e com circulação de segunda a sexta-feira, o Publimetro larga com 30% de publicidade nas 16 páginas da edição inicial, tendo como público-alvo as classes A e B, com faixa etária de 18 a 35 anos, que não é leitor da chamada ‘grande imprensa’.
Segundo o diretor Editorial Ricardo Anderáos, o Publimetro segue o mesmo padrão de seus congêneres de outros países: uma operação enxuta (são apenas 16 pessoas na Redação, todas multifuncionais) e idênticos projetos gráfico e editorial. ‘Apostamos na qualidade gráfica, pois, além de bonito, tem excelente impressão, que não suja as mãos; nem parece jornal. Em termos de conteúdo, vamos trazer o resumo das principais notícias do dia, como os demais diários, mas teremos muitas matérias exclusivas para o nosso público-alvo. É claro que não trataremos de Macroeconomia, mas, sim, do que ‘pega no bolso’. Na área internacional, buscaremos curiosidades, enfoques originais, coisas que primeiro prendam a atenção do leitor, para depois tratarmos do básico’, exemplifica ele.
Anderáos realça que, para a equipe, o principal desafio foi o que ele chama de ‘duro aprendizado da humildade jornalística’. Significou despirem-se de preconceitos e embocaduras para encontrarem novas formas de dar as notícias, de atrair leitores que não têm o costume de ler. ‘Aos 45 anos, sou o mais velho da turma. Os outros são jovens, mas já vêm de experiências em outras redações. Tivemos que reaprender muita coisa. Por exemplo, se o Estadão fizer uma reportagem que interessa ao nosso público, no dia seguinte a gente repercute e dá o crédito da matéria, coisa impensável em outro tipo de veículo. Não competimos com o Estadão’, garante.
Essa equipe é formada por Renato Essenfelder Abraão Filho (editor-chefe), Noelly Russo (editora-geral), pelos editores Roberto Pellim e Marina de Sá Gomara (Em Foco), Lia Hama (Internacional), Lilian Cunha (Economia), Maurício Xavier (Esportes), Fernanda Danelon (Cultura), pelo repórter Edmundo Clairefont, pela fotógrafa Luciana Benaduce Figueiredo e pela revisora Maria Rosário Souza. Na Arte estão o editor Fábio Machado e a assistente Gisele Pungan. O grupo é completado pelos estagiários Sílvia Borges e Fernando Su De Christo. A Redação fica na rua Minas Gerais, 454, 4°, em Higienópolis, tel. (11) 3528-8500.
Considerado auspicioso pelos investidores, o fato de o Publimetro sair já com 30% de publicidade paga na primeira edição demonstra, segundo Anderáos, a grande aceitação do projeto pelos anunciantes, fruto de um projeto comercial flexível e criativo. ‘Já nos tornamos um case no Grupo Metro por causa disso – diz -, pois o normal é lançarem jornais sem nenhum anúncio’. Ele também garante que o diário tem ‘bala na agulha’ para se sustentar por mais de um ano antes de começar a dar retorno.
Embora não tenha comentado, essa garantia é importante principalmente neste momento, em que acaba de ser divulgado que o balanço de janeiro a março do Grupo mostrou um prejuízo de US$ 14,3 milhões – o que derrubou suas ações na bolsa de Estocolmo no dia do comunicado.
Não é demais lembrar que também o Destak, primeiro diário gratuito de grande porte lançado no Brasil, tem sócios estrangeiros e recursos, segundo informou tempos atrás o diretor de Redação, Fábio Santos, para aguentar até dois anos de prejuízos. Com a chegada de um concorrente, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o Destak ganha um aliado, pois a partir de agora serão dois diários de porte, de circulação gratuita, buscando abrir mercado para abocanhar ao menos uma pequena parte do rico mercado publicitário.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
MEMÓRIA / OCTÁVIO FRIAS DE OLIVEIRA
O sr. Frias foi empresário. Sempre e só, 6/05/07
‘O XIS DA QUESTÃO – Mesmo quando parecia pensar e falar como jornalista, era o empresário que agia em Octavio Frias de Oliveira. Um empresário forte, persistente, inteligente, com mente de estrategista, sempre de olho em metas ambiciosas. E com esperteza oportunista, para pensar e realizar, no tempo certo, ações táticas que interessavam ao sucesso ambicionado para os seus empreendimentos.
1. Na morte, o que lhe faltou em vida
Não para repetir o já escrito, mas para dar contexto à reflexão que pretendo aqui fazer sobre a vida e a morte do empresário Octavio Frias de Oliveira, reproduzo a abertura do texto que escrevi dois dias atrás, no meu blog (www.oxisdaquestao.com.br):
‘Na morte, aos 94 anos, mais do que na vida de tantos sucessos, o sr. Octavio Frias de Oliveira teve realizado, em plenitude, o sonho maior que o moveu, como empresário da comunicação: tornar-se figura importante, respeitado, reverenciado, com lugar próprio, conquistado, nos planos superiores da história do jornalismo brasileiro.’
Com sentimentos de sinceras homenagens ou com simulações das conveniências protocolares, àquele funeral no Cemitério Getsêmani do Morumbi compareceram as mais ilustres figuras da República. Nelas, a Nação esteve presente para, simbolicamente, proclamar que ali se sepultava o corpo de alguém que, transformado em memória, para sempre deveria viver na História do jornalismo brasileiro.
Para as razões e funções da História do jornalismo brasileiro, o nome de Octavio Frias Oliveira está hoje colocado em patamares de dignidade e respeitabilidade próximos aos atribuídos à memória de outro grande empreendedor do jornalismo, o sr. Roberto Marinho.
Pelo que sei por testemunhos colhidos de pessoas que conheceram a intimidade das frustrações e vaidades do sr. Frias, talvez esteja nesse detalhe o lado mais cuidadosamente escondido nas ambições do dono da Folha de S. Paulo: o de se equiparar, em prestígio e reconhecimento social, ao sr. Roberto Marinho. Isso, nos espaços da memória. Porque, nos vazios da vida real, ele, que nascera no Rio de Janeiro, sempre se incomodou com o fato de jamais ter recebido, das elites paulistanas, os acalantos e afagos com que a sociedade carioca tratava o dono das Organizações Globo.
Na descida ao túmulo, o sr. Frias teve realizado, enfim, o seu grande sonho de empresário da comunicação: ocupar lugar próprio nos altares mais venerados da História do jornalismo brasileiro.
2. Dupla solidária
Para a História do jornalismo brasileiro importa, porém, dizer que nem só verdades se disseram e se escreveram nos muitos panegíricos das homenagens feitas so sr. Frias, nos rituais retóricos do funeral. Quiseram nos convencer, até, que ali fora sepultado um grande repórter e um notável jornalista.
Ora, como escrevi no meu blog, ele jamais foi jornalista. Nem repórter. Ele foi, sim, tanto para as melhores como para as piores coisas que fez nos negócios do jornalismo, um talentoso e corajoso empresário. E como empresário, sempre tratou o jornalismo como produto vendável. Pensava em mercado. Movia-se pela lógica do mercado. Não por outra razão, quando a Folha de S. Paulo resolveu colocar no Manual de Redação as razões de ser do seu jornalismo, assumiu como principal compromisso o de tratar o leitor como cliente.
Mesmo quando parecia pensar e falar como jornalista, era o empresário que agia em Octavio Frias de Oliveira. Um empresário forte, persistente, inteligente, com mente de estrategista, sempre de olho em metas ambiciosas. E com esperteza oportunista, para pensar e realizar, no tempo certo, ações táticas que interessavam ao sucesso ambicionado para os seus empreendimentos.
Assim conseguiu chegar aonde chegou. Partindo da compra, em 1962, de um jornal com anos de história, mas falido, o sr. Frias construiu um império empresarial de comunicação jornalística.
Mas não fez isso sozinho. Teve um parceiro, igualmente esperto, inteligente e ambicioso. E não se contará a verdade de Octavio Frias de Oliveira se a seu lado não se colocar Carlos Caldeira Filho.
Mino Carta considera a sociedade com Carlos Caldeira Filho o mais grave de três grandes defeitos que aponta em Octavio Frias de Oliveira. Está escrito no seu blog, sobre Caldeira Filho: ‘Talvez fosse sócio recomendável em outro ramo de negócios, não se diga o mesmo em relação ao jornalismo’.
A meu ver, é um equívoco. Carlos Caldeira Filho era a face oculta de Octavio Frias de Oliveira, e vice-versa.
Os dois formaram uma dupla capaz de remover montanhas, amarrada por inquebrantável fidelidade recíproca, dividindo e complementando tarefas em dois grandes campos: o sr. Frias cuidava da redação e das interfaces com a sociedade; o sr. Caldeira Filho dava as cartas na publicidade e nas oficinas.
O que um fazia, o outro não desfazia. E se entendiam, às mil maravilhas. Porque os dois eram empresários do mesmo negócio: a Folha de S. Paulo.
Frias e Caldeira eram também sócios da Estação Rodoviária Júlio Prestes, por eles instalada em 1961. Fizeram dela uma formidável fábrica de dinheiro, sem a qual a Folha (comprada um ano depois) não teria sobrevivido às dificuldades financeiras que com ela vieram.
Mas o jornal também herdou, da Estação Rodoviária, um pesado ônus de dependência política que lhe minava a credibilidade. E que só foi superado com o audacioso e vitorioso Projeto Folha, no qual está, a meu ver, a melhor parte da história do empresário Octavio Frias de Oliveira. E essa parte da história eu a conto no outro texto, o do blog.
(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’
INTERNET
Games, essas baboseiras, 3/05/07
‘Não, eu não acho games besteira. Mas muitos acham.
Fato é que existem pessoas, fatos ou situações que nascem para ser alvo. E os games foram escolhidos para Judas.
Infelizmente, games ainda são encarados como ameaça a crianças e adolescentes. Na infância, transformam a petizada em robôs; na adolescência, prendem em casa a rapaziada que devia estar na rua, vivendo.
Nunca gostei de games, mas muitos amigos adoram. Acompanhei os jogos para computadores surgirem, primeiro, via CD-ROM, há uns dez anos. Ninguém falava que eram prejudiciais à saúde ou ao convívio social. Havia o deslumbre com a tecnologia, um ‘ahhh!’ que saía da boca de gente de todas as idades.
Mas os games estavam lá, em meio físico, e não era toda hora que os pais abriam a carteira para comprar ou alugar os jogos que os filhos imploravam em ter no PC.
Aí veio a internet, e não era mais tão fácil assim entender a tecnologia. O admirável mundo novo era grande demais, amplo em excesso, desconhecido o bastante para todos os alarmes tocarem ao mesmo tempo. O que era aquela tal de web? Computador e CD-ROM eram uma coisa – mas o que era esse buraco negro que prometia sugar quem ousasse mergulhar de cabeça?
Pois o monstro cuspia novidades, e então surgiram os games para download.
Games à solta! À disposição, de graça, para baixar para os computadores, que logo passaram a ficar lotados de centenas de arquivos que faziam a alegria da garotada.
Os pais gelaram. De onde vinham estes games que choviam como ácido nos PCs dos filhos? Era fácil assim, baixavam-se jogos aos montes?
De repente, havia a ameaça de perder o controle. Se deixasse, os filhos viravam a noite. Era preciso impor limites.
Que horror! Limite? A escola não dava conta de tudo, então?
Os pais precisavam trabalhar, viajar, não havia tempo para ‘impor limites’. Talvez o psicólogo: isso, terapia. Ticava-se este item na agenda, e vamos em frente porque há trabalho a fazer.
E então vieram os games online. Desta vez, não havia arquivos a baixar, os jogos eram via web, mesmo.
A essa altura, o pânico era generalizado. Mas houve alívio quando TV, jornais e revistas escolheram os games para pato e pauta mensal, semanal ou até diária.
Games, inimigos do bom-senso, crias do monstro chamado web
Ah, sim, a web ajudava a pagar as contas, de longe, quando os pais estavam em viagem, ou naquele final de semana ‘especial’, sem os filhos. Havia a ‘web do bem’ e a ‘web do Mal’, que precisava ser vigiada.
Mas o vento começou a mudar de direção, e o que era pretexto para matéria virou pauta de gaveta. Os mesmo psicólogos que ajudavam os pais a extirpar a luz estromboscópica dos games da mente de seus filhos, agora começavam a ceder.
‘Games auxiliam no aprendizado de crianças e adolescentes’
Deu n’O Globo há alguns dias. Segundo a Federação de Cientistas Americanos, os jogos ‘desenvolvem características como pensamento analítico, facilidade de trabalho em equipe, capacidade de resolver vários problemas ao mesmo tempo e de raciocínio rápido sob pressão’. Na mesma matéria, a professora Cristina Casadei, da prestigiada Escola do Futuro, da USP, assina embaixo.
Para o coordenador dos cursos de games da PUC-Rio, Esteban Clua, parte do preconceito com os jogos vem do fato de que ‘temos uma geração de educadores que nunca jogaram e têm medo de jogar’. Pano rápido.
Medo. Seria ele de novo, o velho medo do desconhecido? Um pavor que quase joga para escanteio um método de aprendizado revolucionário, um mercado de trabalho promissor e uma indústria capaz de gerar milhões para países emergentes?
Quando estou com medo, eu me controlo. Senão, não consigo, por exemplo, fazer duas coisas ao mesmo tempo. Imagino que tenha sido este mesmo medo, descontrolado, que tenha feito milhões de pais acreditar que uma criança não pudesse ler livros e jogar no computador em um mesmíssimo dia-a-dia, ou que adolescentes não fossem capazes de cair na ‘pegação’ no sexta à noite, jogar online no sábado e estudar no domingo.
Mas desconfio que haja mais nesta história. Que o problema seja a falta de envolvimento com o filho. Uma distância que transforma web em buraco negro e games em ameaça mortal.
Uma pena. Isso, porém, não é papo para esta coluna. É item de terapia – a terapia dos pais.
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Na terça-feira da semana que vem, dia 8, inicio mais uma edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ no Rio de Janeiro, na Faculdade Hélio Alonso, em Botafogo.
Serão cinco terças-feiras seguidas, sempre à noite. Para mais informações, é só ligar para 21023200 (Cursos de Extensão) ou enviar um e-mail para extensao@facha.edu.br.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
CRÔNICA ESPORTIVA
Marcelo Russio
Loucos por futebol, 2/05/07
‘Olá, amigos.
Estive em Buenos Aires curtindo uns dias de folga no último fim de semana, mas aproveitei (como todo bom jornalista esportivo que se preza) para acompanhar o cenário do jornalismo esportivo na terra dos nossos vizinhos. E confesso que me impressionei.
São quatro canais esportivos dedicados exclusivamente aos esportes (sendo que 80% da programação é voltada para o futebol). ESPN e ESPN +, TYC e TYC plus, além de outros que dedicam um bom espaço ao noticiário esportivo. Uma coisa que me chamou a atenção foi o fanatismo por futebol seja ele de onde for. Campeonatos europeus, norte-americanos, mesas redondas quase infinitas e, o melhor de tudo: um programa dedicado à QUARTA DIVISÃO argentina (chamada por lá de ‘Primera D’).
Esse programa mostra os melhores momentos dos jogos, tabelas de classificação, artilheiros e tudo mais o que temos por aqui nos estaduais e no Campeonato Brasileiro. O detalhe é que, além de ser dedicada à quarta divisão, o programa tem uma hora de duração e é diário.
Aproveitei também para ir ao jogo Boca Juniors x Racing, na Bombonera. Tirando o fato de estar no mítico estádio argentino, aproveitei para acompanhar o trabalho da imprensa após o jogo, pela TV (já que estava hospedado a cerca de 20 minutos do local do jogo). Neste ponto, Brasil e Argentina são muito parecidos. Entrevistas nos vestiários, mesas redondas e reprises e mais reprises das partidas.
Outra coisa muito legal, que não tem a ver com jornalismo esportivo propriamente dito, é que lá a torcida TORCE. De verdade. Sem se preocupar com o placar. O jogo estava 0 a 0, e os torcedores cantavam e batucavam muito. O Racing fez 1 a 0 e a torcida do Boca dobrou a empolgação com músicas de incentivo. Palermo perdeu um pênalti para o Boca e houve aplausos ao atacante (que é especialista nesse tipo de erro).
Quando o Boca virou a partida para 2 a 1, a torcida quase foi ao delírio, mas depois se acomodou. Aos 45 minutos, quando o Racing empatou com um gol de pênalti, voltou a se ouvir os cantos de incentivo, que duraram até o apito final, quando todos aplaudiram o time e foram embora sem xingar jogadores ou brigas. Pelo menos eu não vi rigorosamente nada na saída do estádio.
Aparentemente o relato acima pouco tem a ver com jornalismo esportivo, mas ele dá o tom da crônica esportiva argentina, que é apaixonada e escreve para o torcedor, sem medo de carregar nas tintas. Uma derrota é um drama. Uma vitória é uma loucura. Sem nenhum medo de parecer parcial diante das outras torcidas.
Confesso que fiquei muito bem impressionado com as publicações esportivas e com os cadernos de esportes. Afora falar-se quase totalmente de futebol, o que me incomoda um pouco, as edições são muito bem feitas, e os títulos são bastante criativos e divertidos.
Como experiência pessoal e profissional, foi um ganho muito grande. Como análise, posso dizer que, se há um povo fanático por futebol, ele fica na Argentina.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
TELEVISÃO
O poder da TV nas finais dos campeonatos, 7/05/07
‘A televisão como conhecemos está em crise. Assim como o rádio no passado, hoje a TV perde audiência, prestígio e poder para as novas tecnologias como a Internet. Até aí, nenhuma novidade. Mas nesse último domingo, nas finais de campeonatos em diversos estados brasileiros, a velha TV deu mais uma demonstração contundente do seu poder.
Foi um show de futebol no campo, um espetáculo de torcidas apaixonadas nas arquibancadas e de uma transmissão ao vivo competente pela TV. Mas, sinceramente, poderia ser muito melhor.
Muito brasileiros, como eu, não quiseram ou não puderam assistir às finais do campeonato nas arquibancadas. A decisão de não ir aos estádios, assistir aos jogos pela TV para muitos ‘puristas’ é ainda considerada impensável. Uma heresia ao futebol e uma traição à torcida. Mas todos possuem seus motivos ou justificativas. Do desconforto à falta de segurança dos estádios, do alto preço dos ingressos às dificuldades de trânsito. Não faltam razões tanto para ir aos estádios como encontrar os amigos para assistir aos jogos nos bares da vida ou simplesmente na companhia solitária da telinha. Entre ir aos estádios e assistir pela TV, qual seria a sua opção? Transmissão ao vivo pela TV tira torcedores dos estádios?
Assisti à final do campeonato carioca pela TV. Se você ainda não sabe, pois estava em estado de coma ou ausente do planeta, o Flamengo foi campeão.
Para quem viveu fora do Brasil durante tantos anos, para quem sentiu tanta saudade dessas finais e ainda é apaixonado por futebol e televisão essa decisão não é menos difícil. É quase dolorosa. E quem já foi a uma final de campeonato no Maracanã, por exemplo, sabe muito bem o que estou tentando explicar.
Em um jogo emocionante até o último segundo com direito à decisão histórica nos pênaltis, a grande atração, no entanto, não estava no campo. Estava nas arquibancadas.
O duelo das torcidas do Flamengo e do Botafogo pela primazia do espetáculo foi uma das coisas mais emocionantes que já pude testemunhar. Mesmo que seja, ou principalmente, graças à televisão.
As câmeras estrategicamente espalhadas pelo estádio mostraram imagens nunca dantes vistas no velho Maraca. Essa ousadia combinada com muita criatividade brindou os telespectadores com um espetáculo maravilhoso. Futebol pela TV ainda tem muito o que criar, inovar ou inventar. Mas após muitos anos é, sem dúvida, um belo espetáculo para olhos. As imagens do futebol pela TV descobre o passado nas imagens dos replays e tira-teimas e prevê o futuro ao oferecer sempre ângulos cada vez mais ousados e criativos.
Por outro lado, a transmissão dos narradores, comentaristas e repórteres ainda está na idade da pedra, quero dizer, em plena idade do rádio. Fala-se muito e informa-se pouco. Continua o mesmo FebeaTV, o festival de besteiras que assola a nossa TV. Narração fria, impessoal, desatualizada que não acrescenta nada acrescida de comentários óbvios. Minha sugestão seria incentivar o trabalho dos repórteres no campo, nas arquibancadas ou em volta dos estádios, mesmo durante a partida e diminuir o espaço dos comentaristas ou especialistas inúteis. A reportagem, mesmo nas finais de campeonato, ainda é a essência do jornalismo. Algumas boas idéias ainda são muito velhas e óbvias.
No último domingo aqui no Rio, a Globo lançou o camarote de celebridades no Maracanã. Foi uma total perda de tempo e recursos. Repito. O maior espetáculo da Terra estava no campo e nas arquibancadas. Nas arquibancadas.
Ao invés do conforto de um camarote de celebridades desconhecidas, a reportagem deveria estar junto das torcidas. Jornalismo de verdade, assim como viver, dá muito trabalho e também pode ser perigoso. Mas sempre vale a pena.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.
JORNAL DA IMPRENÇA
Preço altíssimo, 3/05/07
‘Por que ficamos
cada vez mais distantes
dos amigos de infância
(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)
Preço altíssimo
O considerado Delamar da Cruz, jornalista que prefere omitir o nome da cidade onde mora e deve ter boas razões para assim proceder, envia assustadora manchete por ele colhida no site do UOL, na sexta-feira, dia 9 de março, à noite, por volta das 22h45.
A princípio, achei que estivesse ficando meio maluco, mas li e reli inúmeras vezes e a manchete era exatamente esta que reproduzo:
FAMA TEM PRESSO ALTO, DIZ MÃE DE ZEZÉ.
(A matéria continuava noutra página, com título diferente: Mãe de Zezé di Camargo e Luciano conversa sobre sua biografia.)
Delamar da Cruz (Jornalista – MTb. 16.942) dá fé e subscreve o despacho que o Jornal da ImprenÇa publica a bem da verdade.
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Champinha na rua
No momento em que fechávamos esta edição chegou mensagem do considerado Jefferson de Figueiredo Mendes, administrador de empresas em São Paulo:
Esqueceram uma escada no pátio da Febem e, embora seja menos, bem menos do que um animal, o assassino Champinha subiu os degraus e fugiu. A polícia prendeu o perigoso bandido algumas horas depois. Então, li na Folha Online:
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) impede a divulgação do nome de jovens que cometeram crimes quando tinham menos de 18 anos e estão sob custódia do Estado.
Ora bolas! Champinha não estava sob custódia do Estado; estava solto na rua! E, na minha opinião, constitui grave insulto à sociedade impedir a divulgação de nomes e fotos de criminosos perversos, menores ou não. E se um sacana desses vier bater na minha porta?!?!?! Os defensores de ‘direitos’ de bandidos que vão pra p.q.p!!! Às vezes tenho a impressão de que este não é um país, é um pesadelo…
É um país, sim, ó Mendes; só que um país de m…
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Filho e Júnior
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre a histeria ainda é possível escutar a irritação oficial contra os poucos gases expelidos pela Bolívia, pois Roldão encostou o exemplar do Correio Braziliense e resolveu escrever a seguinte carta ao diretor do vibrante matutino:
No caderno de hoje encontrei no último parágrafo da página 1 do caderno Informática uma menção a Filho como se fosse sobrenome. O senhor citado é Guilherme Stocco Filho, gerente de serviços de informação da Microsoft. Essa falha é muito comum, infelizmente. Há até quem realmente seja chamado e conhecido, por exemplo, por Júnior. Filho e Júnior são denominações que apenas indicam ter a pessoa nome igual ao do pai. Eu também sou ‘Filho’ e tenho sofrido esse engano quando abreviam meu nome.
Na página 5 do mesmo caderno há um título ‘inspirado’: ‘Música para os ouvidos’. Será que há música para os pés?…
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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra de Prisioneiros do Tempo, cujo excerto encima esta coluna. Trata-se de mais um poema da generosa lavra do considerado e sempre inspirado vate, poema que faz parte do recém-lançado Os Herdeiros da Rosa.
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Guerra Fria
O considerado Ruy Paneiro, veterano e competente jornalista carioca, que brilhou no Jornal do Brasil dos anos 60, escreveu texto especialmente para o Blogstraquis, no qual analisa as mais recentes estercadas entre Rússia e Estados Unidos, as quais reportam o leitor aos tempos da Guerra Fria:
Na quarta-feira desta semana, dia 25, o comandante do Estado-Maior russo, Yuri Baluyevksy, anunciou durante entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros em Moscou que a Rússia admite atacar ‘os sistemas de defesa’ que os Estados Unidos insistem em instalar na Polônia e na República Checa. Essa é a segunda vez que uma autoridade militar russa torna pública e clara a alternativa extrema.
Leia aqui a íntegra do excelente artigo.
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Íntimas confissões
O considerado Ronaldo Sant’Anna, atípico gaúcho com grau de macheza acima da média, despacha de Porto Alegre:
Navegando pelo site clicrbs.com.br, no dia 18 de abril, deparei com uma notinha sobre o casamento de SCHEILA CARVALHO. Normalmente passaria batido pela nota, até porque o termo casamento me causa um certo tremor, mas como era sobre a SCHEILA CARVALHO (não, não foi erro de digitação, acho que essa morena tem que ser referida em caixa alta), fui dar uma olhada.
Lá pelas tantas, encontrei o seguinte trecho:
‘Entre os 400 convidados, estavam Ivete Sangalo e o casal Carla Perez e Xanddy. Os quatro foram padrinhos de Scheila e Tony.’
Como assim, os quatro? Pensando bem, cheguei à conclusão de que o redator, com muita justiça, pensou que Ivetão Sangalo vale por duas, com o que eu concordo entusiasticamente.
Janistraquis acha que Ivetão vale por três, principalmente agora, quando confessou no programa ‘Tudo é possível’, apresentado por Eliana, na Record, que faz xixi em pé.
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Lula e o Ibama
O considerado Fritz Utzeri, muito conhecido entre os que apreciam o melhor da imprensa, revela no seu jornal eletrônico Montbläat os detalhes da implicância de Lula com o Ibama e a ministra Marina Silva.
O ‘Molusco’, como Fritz denomina o presidente, insiste em construir as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, temeridade que não sensibiliza um esperto ex-torneiro mecânico pessimamente assessorado.
Leia no Blogstraquis o comentário do Fritz, mas a coluna aconselha a compra de uma assinatura do Montbläat, que é baratinha e indispensável. Enviem mensagem para flordolavradio@uol.com.br.
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País de m…
Depois de muito ler e escutar, Janistraquis chegou a esta esquisitíssima porém verdadeira conclusão:
‘Considerado, a coisa que mais cresce no Brasil é o obscurantismo.’
Concordo. E não confundam obscurantismo com espiritismo!
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Inclusão digital
Janistraquis leu no boletim:
Cultura e Mercado desta semana destaca a cobertura do 8º Fórum Internacional de Software Livre, que aconteceu em abril em Porto Alegre. Entre os principais debates, trazemos ao leitor notícias do crescimento dos mercados globais informais, o embate gerado entre a liberdade de informação e o direito autoral, as lan houses como equipamentos efetivos de inclusão digital e os motivos pelos quais o Brasil é apontado como o inimigo nº 1 da propriedade intelectual.
Pois uma dessas coincidências espetaculares nos trouxe, no mesmo instante, mensagem do considerado Odin Matthiesen, engenheiro civil a curtir justíssima aposentadoria em Arraial do Cabo, mensagem com o seguinte e profundo (no bom sentido) conteúdo:
‘A verdadeira inclusão digital é o exame da próstata.’
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Pátria-mãe
Janistraquis não conseguiu acompanhar até o final a performance de Eduardo Suplicy, que cantou um rap, imitou cachorro e o som de tiros na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde se aprovou a redução da idade penal:
‘Considerado, Suplicy é boa gente, porém demonstra claros sinais de loucura; os ‘discursos’ dele são mais constrangedores que os de Lula, algo inimaginável até poucos dias.’
Concordo, porém acho que se o deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio, também fosse bom de rap, poderia ser escalado no time de Suplicy. Afinal, ao dizer que a juventude brasileira precisa de escola e não de cadeia, enfia todos os adolescentes no mesmo saco e os afoga neste mar de cretinice em que se transformou a pátria-mãe.
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Ventosa utopia
O considerado Ernesto La Guardia, advogado em São Paulo, considera o artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988, o supra-sumo da mais ventosa utopia:
‘Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida (…).’
La Guardia confessa que também anda de saco cheio com a tal Carta Magna:
‘Garantir’ tal igualdade, algo que não se encontra nem nas filas do SUS, é mais ou menos dizer que ninguém pode ser pobre no Brasil e todos terão direito às mulheres mais gostosas!
Aliás, por falar no besteirol jurídico-constitucional deste país de m…, a coluna recomenda a leitura do artigo do nosso Mestre Deonísio da Silva, intitulado ROBERTO CARLOS, A BIOGRAFIA — O rei não leu e não gostou, publicado no Observatório da Imprensa.
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Nota dez
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha ao sítio onde a torcida cruzeirense vela suas esperanças no campeonato mineiro, pois Camilo enviou o texto nota dez da semana, escrito pelo não menos considerado Carlos Heitor Cony na Folha de S. Paulo.
Cony descreve uma cena brasileira:
Juiz – Depois de encerrado o prazo, nada mais pode aparecer. A defesa teve tempo de sobra… Tempo legal…
Repórter – Mas o que apareceu, senhor juiz, foi a vítima! A vítima está viva, logo não morreu, não foi assassinada…
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que instrui, diverte, dá o lustro e faz crescer, como anunciavam os antigos ambulantes de tempos mais amenos.
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Errei, sim!
‘JUSTÍSSIMO ATRASO – Notícia exumada da coluna Falecimentos, de O Estado de S. Paulo de 26/04: ‘Faleceu no dia 6 último, em Roma, aos 83 anos, o professor Deoclécio Redig de Campos, diretor-geral emérito dos monumentos, museus e galerias pontifícias do Vaticano (…)’.
Janistraquis ficou intrigadíssimo: ‘Considerado, uma demora de vinte dias para divulgar a morte do professor só tem uma explicação – dada a intimidade do falecido com as coisas da igreja católica, o Estadão esperou que o homem pudesse ressuscitar…’.
O raciocínio não é de todo desprezível. (julho de 1989)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).
(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’
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