Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

RIO 2007
Pedro Dias Leite

Lula vai ao Pan… Pan vaia Lula

‘Vaiado seis vezes na cerimônia de abertura do Pan-Americano do Rio, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez a declaração habitual de abertura, como exigia o protocolo esportivo, tendo sido substituído no último momento pelo presidente do comitê organizador, Carlos Arthur Nuzman.

Segundo a Presidência da República e o comitê organizador dos Jogos cariocas, ‘houve um desentendimento’ entre suas equipes responsáveis pelo cerimonial da abertura do Pan.

O governo federal bancou R$ 1,8 billhão dos R$ 3,7 bilhões gastos na preparação dos Jogos, sendo que R$ 49,8 milhões foram direcionados para festas relativas ao evento esportivo.

A primeira vaia a Lula, vinda de um público que pagou entre R$ 20 e R$ 250 por cada ingresso, surgiu quando a imagem do presidente apareceu nos dois telões do estádio. Sua figura foi rapidamente tirada, e então o público aplaudiu. A organização ainda tentou novamente, com uma imagem um pouco mais distante, e veio a segunda vaia. A terceira e quarta vaias aconteceram durante anúncio de sua presença no Maracanã pelo sistema de som e em nova imagem nos telões.

Outras duas vaias ocorreram durante a menção ao nome de Lula nos discursos de abertura dos Jogos, feitos por Nuzman e pelo presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), Mario Vásquez Raña. Quando Nuzman mencionou o governador do Rio, Sergio Cabral, houve aplausos parciais. Quando citou o posto do prefeito do Rio, Cesar Maia, houve aplausos efusivos.

Segundo o relato de integrantes da comitiva presidencial, Lula havia desistido de fazer a declaração de abertura dos jogos pouco antes do momento para o qual estava prevista. Nuzman, que é também presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, então assumiu para si o papel antes destinado ao presidente da República e desceu da tribuna de honra do Maracanã para o gramado.

Cabral ainda insistiu para que Lula fizesse a declaração de abertura, e o presidente cedeu, recuando de sua desistência.

Um microfone foi novamente colocado à sua disposição na tribuna, e as câmeras do sistema oficial de televisão filmaram, esperando por sua fala, ao lado de Cabral e de Maia.

Mas a informação de que o presidente decidira falar aparentemente não chegou a Nuzman. ‘Em nome de todos, declaro abertos os Jogos Pan-Americanos Rio-2007. Boa sorte, Brasil!’, declarou ele.

Na saída do Maracanã, Lula não quis falar com repórteres. Entrou rápido no carro. Sua mulher, Marisa, acenou, mas fez que não ouviu as perguntas.

O presidente estava acompanhado de seu vice, José Alencar, e de vários ministros, como Dilma Rousseff (Casa Civil). Também estavam presentes, além de Cabral (PMDB) e de Maia (DEM), o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM).

Apesar da segurança reforçada em toda a cidade, onde milhares de policiais patrulham as ruas ostensivamente com fuzis, Lula se deslocou só de helicóptero. Foi do aeroporto à Vila do Pan (zona oeste), depois ao hotel (zona sul), ao Maracanã (zona norte) e voltou ao aeroporto.’

Folha de S. Paulo

Venezuela diz que protestará ao COI

‘O presidente do Comitê Olímpico Venezuelano, Eduardo Álvarez, disse que o fato de os jornalistas que cobrem o Pan terem que pagar por conexão à internet é ‘uma violação à liberdade de expressão’. Álvarez afirmou também que Hugo Chávez irá se reunir com Joseph Blatter (Fifa) na segunda e informar a intenção do país de abrigar uma Copa.’

Luiz Fernando Vianna

Com tudo para dar errado, deu certo

‘Vamos ser sinceros: com jacaré de 20 metros e esse lema com jeitão de slogan publicitário (‘Viva essa energia’), tinha tudo para dar errado. Mas não é que deu certo?! Rosa Magalhães, que anda fazendo uns Carnavais muito sem graça na Imperatriz Leopoldinense, provou no Maracanã algo que tem sido difícil de ver até no Sambódromo, que é bem menor: não precisa ser megalômano para se ocupar um grande espaço.

A senha do ‘menos vale mais’ foi dada logo no início, com Elza Soares interpretando à capela, em andamento lento, o Hino Nacional. É impossível afirmar que foi ‘a mais linda interpretação do hino’, como palpitou Galvão Bueno, mas certamente não deu saudade da Fafá de Belém.

Bailarinos de azul e branco, com roupas leves, para representar ‘a energia das águas’ criaram outro momento em que beleza e leveza rimaram, assim como a referência às crianças no setor ‘energia do homem’, com Adriana Calcanhotto cantando sentada numa cadeira gigante. Mesmo o bloco ‘Energia do Sol’, no qual despontaram os clichês quase inevitáveis da ‘fauna e flora brasileira’ (pássaros, borboletas e o tal jacaré gigante), não chegou a agredir os olhos.

Mas tudo isso só conseguiu mesmo ser leve e agradável graças à melhor música brasileira. As ‘fantasias sinfônicas’ criadas pelo pianista André Mehmari beberam em fontes tão belas quanto reconhecíveis, como ‘Trenzinho do Caipira’, de Villa-Lobos, ‘Chovendo na Roseira’ e ‘Imagina’, de Tom Jobim, e ‘A Ostra e o Vento’, de Chico Buarque. Se resolvessem ‘incendiar’ o Maracanã com axé music, ia ser um inferno -Daniela Mercury cantando ‘Cidade Maravilhosa’ e ‘Aquarela do Brasil’ no final já não ajudou, mas era o final, vá lá.

A música só não teve sua força devidamente ressaltada porque quase tudo (ou tudo?) que se tocou e cantou foi dublado. Mas não dá para ser ranzinza demais: como fazer tudo na hora, correndo o sério risco de mandar qualidade e organização para a cucuia? Assim, tivemos que ver 1.750 ritmistas de escolas de samba fingindo destreza, e a Orquestra Sinfônica Brasileira, concentração.

A pantomima empolgada de Ana Costa, a única carioca do elenco musical, e Arnaldo Antunes não salvaram a música tema da sua fragilidade, mas de tanto tocar o refrão ‘viva essa energia’ é até capaz de pegar.

Até as vaias deram certo. No Maracanã, como já ensinava Nelson Rodrigues, vaia-se até minuto de silêncio. Imagine políticos! Os apupos provaram que ir de branco a pedido dos organizadores, tudo bem, mas se comportar como ‘ordem unida’ no estádio mais popular do país, aí não. Melhor assim.’

Mariana Lajolo, Italo Nogueira, Raphael Gomide e Sérgio Rangel

Abertura carnavalizada empolga o Maracanã

‘Com impecável exibição ao modo dos desfiles de Carnaval, a festa de abertura dos Jogos Pan-Americanos empolgou os 90 mil espectadores que lotaram o Maracanã e terminou com uma apoteose ao som de Daniela Mercury, após o ex-corredor Joaquim Cruz, campeão olímpico em Los Angeles-1984, e não Pelé, como chegou a ser cogitado, acender a pira.

A cerimônia, produzida pelo vice-presidente de entretenimento da Disney, Scott Givens, e com direção da carnavalesca Rosa Magalhães e do cenógrafo Luiz Stein, teve como pontos altos as apresentações de Céu, que cantou ‘Wave’ (de Tom Jobim e Toquinho), enquanto um balé com bandeiras azuis imitava o mar de Copacabana, e Adriana Calcanhotto, que fez o estádio cantar em coro ‘Acalanto’, música de ninar de Dorival Caymmi que remete ao ‘Boi da Cara Preta’.

A festa viu cinco atletas que desfilaram receberem atendimento médico. No caso mais grave, uma peruana (Suellen Baylon) torceu o tornozelo e pode ficar fora dos Jogos.

Do lado de fora

Os anti-Pan eram uma minoria, mas circundavam o Maracanã desfraldando suas bandeiras. O entorno do estádio tornou-se um palco de diferentes manifestações dos que se consideram ‘excluídos’ do Pan.

Punks, religiosos e moradores de favelas se misturaram aos cerca de 90 mil espectadores e participantes do evento, que aguardavam em longas filas e pequenas aglomerações.

Apesar dos insatisfeitos, prevaleceu a atmosfera de tranqüilidade. O temor de que o esquema de trânsito falhasse não se concretizou. A população atendeu à recomendação de usar transportes públicos e não houve grandes engarrafamentos.

Em lugar das queixas contra o trânsito, restaram os protestos dos grupos, que condenavam desde o aborto à operação no Complexo do Alemão. ‘O Pan é o evento para uma minoria e expõe que não se traduz no dia-a-dia. Queremos que esse tipo de diferença social fizesse parte dos Jogos’, disse o missionário Leonardo Neryn, 35.

O Movimento Revolucionário Brasileiro, com cerca de 20 punks, rodou o estádio atacando o evento. ‘Não ficaremos calados em casa, assistindo pela TV a essa merda do Pan. Quero ver se, quando o Pan acabar, vai ter policiamento ou se vão voltar todos aqueles carros sucateados! Isso é evento de burguês mesmo’, afirmou Alexandre Billy, que se disse operário.

Grupos de três diferentes associações ‘em defesa da vida humana’ levavam faixas contra o aborto. ‘Podemos matar hoje os atletas de amanhã’, disse o zootecnista João Matias, 50.

Filas, desorientação, reclamações de falta de informação a respeito de locais de entrada foram as principais queixas do público. Apesar da confusão, causada pela falta de informações e pela passagem obrigatória pelos detectores de metais, a espera raramente superou os 45 minutos para a entrada.

Não era permitida a entrada de bebidas, alimentos, objetos perfurantes e metálicos. Até canetas tiveram de ser descartadas. Dezenas de quilos de comida foram recolhidos.

A partir das 17h, meia hora antes do início previsto, quase todo o público já havia entrado, e os portões já estavam vazios.

A grande quantidade de policiais, agentes da Força Nacional e da Guarda Municipal não inibiu a ação de cambistas, que abordavam as pessoas oferecendo ingressos por até R$ 100. Ambulantes também agiram no entorno do estádio, apesar da fiscalização. O esquema de trânsito aparentemente funcionou, beneficiado ainda pelo ponto facultativo decretado por prefeitura e governo do RJ, e a liberação de funcionários de muitas empresas ao meio-dia.’

Vaias foram orquestradas, diz ministro

‘O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., atribuiu as vaias do Maracanã a um movimento organizado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ‘Parece uma coisa orquestrada. É só observar de onde vinha que dava para perceber que era uma coisa organizada’, disse.

Segundo ele, os ‘apupos’ dirigidos ao presidente partiam de um setor específico. Mas, na verdade, grande parte do Maracanã vaiou o petista ontem.

O prefeito do Rio, Cesar Maia, que foi o mais aplaudido dos governantes, afirmou que a gafe na abertura dos Jogos -quando Lula não fez a declaração de abertura, como estabelecido pelo protocolo- era de responsabilidade do estafe de Lula. ‘A assessoria do presidente se precipitou e pediu para não fazer’, declarou.

Só que ninguém se lembrou de avisar Mario Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana.

Ele, então, chamou Lula, que se preparou para falar. Só que já tinha ficado combinado com o presidente do COB e do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, que ele faria a declaração. Foi então que um presidente constrangido e irritado com seis vaias de uma multidão viu o anúncio, com um microfone à sua frente. Lula sorriu, num misto de nervosismo e constrangimento.

O vice-presidente da República, José Alencar, também ignorou questões sobre erros e constrangimentos. Só comentou: ‘A festa foi uma beleza’.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, confirmou que não haverá nenhum reforço do Exército na segurança do Rio. ‘Não temos nenhuma necessidade premente de Forças Armadas. A Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal estão trabalhando. Temos três organizações federais dando suporte absoluto, com toda a segurança.’’

SETE MARAVILHAS
Ruy Castro

Da janela vê-se

‘RIO DE JANEIRO – Como até as pirâmides do Egito já sabem, mal o nosso Cristo foi eleito uma das sete novas maravilhas do mundo começou o choro dos perdedores. Países europeus que não tiveram seus monumentos escolhidos, um deles a querida Espanha, atribuem a vitória do Cristo ao número de habitantes do Brasil.

É verdade, o Brasil tem mais habitantes que a Espanha. A China também tem mais habitantes que a Espanha e, por isso, elegeu sua Muralha. A Índia também tem mais habitantes que a Espanha e, por isso, elegeu o Taj Mahal. Convém não insistir nesse argumento, porque o Flamengo também tem mais torcedores do que a Espanha tem de habitantes, e nem por isso elegeu o Obina como uma das novas maravilhas do mundo.

Em Paris, a Unesco criticou a escolha das maravilhas por não obedecer aos seus critérios científicos e limitar-se a quem tinha acesso à internet ou ao telefone. Bem, a maior parte da humanidade tem hoje acesso à internet ou ao telefone. O que a Unesco queria? Que só valessem os votos por pombo-correio?

Conclui-se que a Unesco, se já existisse, não avalizaria também a lista das sete maravilhas do mundo antigo, porque esta seguiu critérios ainda menos científicos. Foi feita por um único eleitor: o matemático bizantino Filon, que, em 200 a.C., viajou por secas e mecas para elaborá-la. Sabe-se lá se, naqueles idos, Filon não levou por fora para eleger o Colosso de Rhodes em vez de algum monumento na Mogúncia ou na Antióquia?

O mundo ficou melhor ao reconhecer o Cristo como um belo monumento a visitar. Mas o que importa é que sua eleição representará turistas, divisas e empregos para o Rio, que os merece, e ajudará a reverter um vergonhoso fato: o de que todo o Brasil, grande e bobo como é, recebe menos turistas por ano do que a torre Eiffel.’

GAFE
Folha de S. Paulo

BBC se desculpa por exibir cena em que rainha ralha com fotógrafa americana

‘A BBC, emissora pública britânica, pediu anteontem desculpas à rainha Elizabeth 2ª por ter erroneamente noticiado que ela se enfezou e abandonou uma sessão de fotografias, em que era fotografada pela americana Annie Leibovitz, uma especialista em moda e celebridades.

A emissora está preparando um documentário sobre a rainha a ser levado ao ar no segundo semestre deste ano. A cena que gerou o mal-entendido foi divulgada para os jornalistas especializados em televisão na última quarta-feira, durante um almoço em que a emissora anunciou suas novidades de programação.

‘A BBC pede desculpas à rainha e a Annie Leibovitz por qualquer constrangimento que tenha provocado’, disse a emissora, em comunicado. Um dos diretores disse que a emissora e a produtora do documentário, RDF Media, editaram a seqüência da sessão de fotografias fora da ordem cronológica, o que induziu ao engano.

A filmagem ocorreu em março, no palácio de Buckingham, e mostra a sessão de retratos da rainha com Leibovitz para a revista ‘Vanity Fair’, a serem publicadas por ocasião da visita oficial que Elizabeth 2ª fez aos Estados Unidos em maio.

A cena que gerou a controvérsia mostra a fotógrafa dizendo à monarca que preferiria que na seqüência seguinte ela aparecesse sem a coroa na cabeça. Isso porque ‘as roupas que a senhora está vestindo são tão…’. Antes que ela completasse a frase, Elizabeth 2ª lançou um olhar gélido, apontou para as roupas da fotógrafa e completou: ‘de mau gosto’.

Na cena seguinte, a rainha comenta com uma dama de companhia: ‘Não vou mudar nada. Estou farta de ficar vestida assim. Muito obrigada.’

Pela seqüência, parecia que a rainha brigou com a fotógrafa e interrompeu a sessão. Mas em verdade o diálogo entre ambas, apesar de áspero, ocorreu antes do desabafo de Elizabeth 2ª com a dama de companhia.

O documentário, em cinco episódios, retrata a vida cotidiana de Elizabeth 2ª, com suas atribuições, seus familiares e seus compromissos no Reino Unido e no exterior.

Com o incidente ainda amplamente comentado, o ‘controller’ da BBC -ele assegura a qualidade ou a veracidade dos programas levados ao ar-, Peter Fincham, desmentiu ontem que tenha cogitado de pedir demissão.’

PUBLICIDADE
Silvana de Freitas

Limite à propaganda de cerveja sofre revés

‘A pretensão do governo de limitar a publicidade de bebidas alcoólicas no rádio e na televisão esbarrou em um obstáculo legal. A AGU (Advocacia Geral da União) elaborou um parecer no qual afirma que essa restrição só pode ser criada por lei ou por medida provisória.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) preparava uma resolução para estender a bebidas de baixo teor alcoólico a proibição de veiculação de anúncios publicitários entre as 6h e as 21h, já prevista em lei para bebidas com mais de 13 graus GL (Gay-Lussac).

Ela atingiria particularmente a propaganda de cervejas, cujo mercado fatura R$ 20 bilhões por ano. Hoje, não há limitações de horário para elas.

O primeiro passo para essa mudança foi a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio último, de um decreto que, ao definir a política nacional sobre o álcool, classificou como alcoólica toda bebida com mais de 0,5 grau GL (Gay-Lussac).

No parecer recentemente enviado à Anvisa, em resposta a consulta feita pelo órgão, a AGU afirmou que a Constituição exige a aprovação de lei ou a edição de medida provisória para ‘restrições legais’ à propaganda de bebida alcoólica, tabaco, agrotóxicos, medicamentos e terapias.

‘A alteração do conceito de bebida alcoólica só pode ser por meio de lei ou medida provisória’, disse ontem o consultor-geral da União, Ronaldo Jorge Vieira Júnior, responsável por elaborar o parecer.

Ele afirmou que o órgão apenas emitiu opinião técnica sobre o instrumento legal adequado para a adoção dessa mudança. ‘Não é nosso papel discutir o mérito da política pública de combate ao alcoolismo.’

Na prática, segundo a AGU, o decreto do presidente Lula que definiu bebidas alcoólicas como as que têm mais de 0,5 grau de GL (Gay-Lussac) não tem efeito prático para a proibição da propaganda de cerveja em determinados horários.

‘O decreto é uma sinalização clara de que a política pública do governo tem esse objetivo [de alterar o horário da propaganda], mas ele não tem o poder legal de alterar isso.’

A Anvisa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que aguarda o governo e o Congresso definirem o caminho legal para solucionar a questão. O órgão não é obrigado a seguir a orientação da AGU, mas enfrentará problemas judiciais se contrariá-lo.

O superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, Marcos Mesquita, disse que a entidade recorrerá à Justiça contra eventual tentativa do governo de restringir, por resolução, os horários de propaganda de bebidas de baixo teor alcoólico.

‘Temos o interesse de discutir na Justiça qualquer alteração nas regras que não seja feita pelo Congresso’, disse. Para ele, tanto a lei quanto a medida provisória envolvem debate parlamentar.’

OUTRO CANAL
Daniel Castro

Band quer tornar Miss Brasil reality show

‘A Band quer transformar o Miss Brasil de 2008 em um reality show. Trata-se de uma tentativa da emissora de manter o evento em sua grade. A Band teme perder o concurso para outras emissoras, principalmente a Globo, que vem assediando a atual miss, Natália Guimarães, que ficou em segundo lugar no Miss Universo.

A idéia da Band é mostrar em vários programas os cerca de dez dias que as candidatas de cada Estado ficam confinadas, antes do concurso. Nesse período, elas enfrentam uma maratona de ensaios, testes de maquiagem, prova de roupas. Acordam às 6h e só dormem bem depois da meia-noite, choram de saudades de familiares.

Com o formato de reality, a Band quer trocar o júri pelo voto do público. ‘Acho que o evento fica muito isolado [em um único programa]. Estamos propondo fazer um reality afunilando mais as eliminações e cobrindo os bastidores desse mundo que é muito mais rico do que o público imagina’, diz Elisabetta Zenatti, diretora de programação da Band.

Para transformar o Miss Brasil em reality show, a Band ainda depende da renovação dos direitos de transmissão e da aprovação da Gaeta, empresa que realiza o concurso. ‘Isso não está definido. Vamos discutir o formato nas próximas semanas’, diz Boanerges Gaeta Júnior, dono da Gaeta. Ele não confirma negociações com outras redes: ‘Não há nada certo’.

ADAPTAÇÃO 1

O uniforme dos jornalistas da Record que estão cobrindo o Pan reproduz o modelo adotado pela Globo há anos: cores fortes (algumas da bandeira) com o logotipo da rede em destaque no peito esquerdo.

ADAPTAÇÃO 2

Mas a Record não fez uma simples cópia da Globo, que no Pan usa amarelo. Adotou verde, azul e laranja para homens e vermelho, verde e amarelo para mulheres. Cada dia eles vestem uma cor, e elas, outra.

MARCA

A Record estreou no Pan seu novo logotipo. O desenho é o mesmo do anterior, mas as arestas que envolvem o globo central agora são cada uma de uma cor (azul, verde e vermelho); antes, cada aresta tinha mais de um tom.

SENSORIAL

Na linha ‘o poder da mídia’: o quarto item que mais gerou telefonemas à central de atendimento ao telespectador da Globo em junho foi o perfume de Daniel (Fábio Assunção) em ‘Paraíso Tropical’. O ‘produto’ foi citado numa cena em que Taís (Alessandra Negrini) pergunta à secretária de Daniel qual perfume ele usa. Mas o tal perfume, que muita gente quer comprar, é fictício.

VISUAL

Restaram toscas as seqüências de ‘Paraíso Tropical’, anteontem, em que Taís tentou matar Paula (Alessandra Negrini). Ficou nítido que a Globo usou filtro ou software para transformar tempo bom em ruim. E as cenas captadas no piscinão do Projac destoavam demais das do mar de Angra. O capítulo rendeu 47 pontos.’

RENCONTRES D’ARLES
Mariana Vasconcellos

Festival de foto destaca chineses e indianos

‘A charmosa cidade de Arles, no sul da França, que inspirou inúmeros quadros de Van Gogh, abriu suas portas novamente para o mais antigo e um dos mais apreciados festivais de fotografia. O 38º Rencontres d´Arles, que começou no dia 3 deste mês e vai até 16 de setembro, tem 50 exposições simultâneas e atrai em média 6.000 entusiastas e profissionais da fotografia do mundo inteiro.

Além das mostras de ‘estilo’ contemporâneo, artístico, experimental e histórico, o festival oferece exibições em vídeo, competições fotográficas e palestras com profissionais renomados. Neste ano, o evento destaca principalmente trabalhos da China e da Índia.

Numa fábrica abandonada, o Rencontres apresenta obras de artistas chineses da Dashanzi Art District do subúrbio de Pequim: um centro de produção experimental criado após a ocupação de uma antiga zona industrial e militar em 2002.

Grande parte dos trabalhos foram feitos por performers que usaram a fotografia para expressar transformações sociais. O tema recorrente é a destruição e reconstrução do país, com o destaque para a mostra dos Gao Brothers, que, numa mistura de ternura, ironia e humor, satirizam a imposição de uma uniformidade cultural.

Diferente da restrição governamental sob a qual a expressão artística chinesa floriu, a fotografia na Índia se desenvolve com outras características, notadamente uma forte ligação com tradição, família, relações sociais e amorosas.

Há também espaço para a nova geração, que explora temas como o auto-retrato ou a intimidade do lar. Entre os arquivos históricos, há uma retrospectiva de imagens da Índia desde os anos 60 feita por um dos mais conceituados fotógrafos do país, Raghu Rai.

Este ano, a agência Magnum recebeu uma homenagem pelos seus 60 anos, com uma retrospectiva. Fora dos temas principais, uma atração popular são as 300 polaróides da coleção de Pannonica de Koeningswarter, uma rica herdeira que, entre os anos 50 e 80, documentou momentos da vida privada de futuras estrelas do jazz, como Charlie Parker, Bud Powell, Thelonious Monk.

Outra curiosidade é a seleção de fotos do cotidiano tiradas de blogs ou mesmo do lixo, expostas pelo diretor de arte holandês Erik Kessel.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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