Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Veja

CASO RENAN
Carta ao leitor

O desespero de Renan

‘Na semana passada, VEJA revelou que o senador Renan Calheiros, além de ter usado os serviços de um lobista para pagar suas despesas pessoais e de ter favorecido uma cervejaria às voltas com problemas fiscais, é o dono oculto de uma empresa de comunicações em Alagoas, pela qual pagou em dinheiro vivo, não declarado. Em vez de apresentar uma explicação para o fato, o que fez o senador? Recorreu ao velho artifício de muitos poderosos pegos com a boca na botija: atacou o mensageiro, acusando o Grupo Abril, que publica VEJA, de realizar uma associação ilegal de sua operadora de TV por assinatura, a TVA, com o Grupo Telefônica. A acusação leviana é fruto do desespero de Renan Calheiros, que pode ser apeado da presidência do Senado e ter seu mandato cassado por falta de decoro. O Grupo Abril reitera que a parceria em questão está rigorosamente dentro da lei e já foi aprovada pelo Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), após nove meses de tramitação e análise.

VEJA se tornou a maior e a mais respeitada revista semanal do país porque desde 1968, quando foi lançada, sempre informou corretamente seus leitores. Ao longo de quase quarenta anos, VEJA dedica tempo, recursos e coragem para desmascarar aqueles que abusam do poder conferido pelos eleitores com o objetivo de enriquecer ilicitamente ou obter vantagens que colidem com a lei. É fundamental ressaltar que, ao seguir nesse caminho, VEJA não extrapola seu papel. Quem julga, absolve ou condena os denunciados em reportagens da revista são as autoridades. No caso de Renan Calheiros, a tarefa está a cargo do Conselho de Ética do Senado, da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. É sobre os olhos de seus integrantes que o senador quer lançar uma cortina de fumaça na tentativa de encobrir seus desvios de conduta. Diante dos numerosos e fortes indícios existentes contra o senador, essas instâncias não demoraram a abrir investigações. É a elas e ao país que Renan deve explicações.’

Alexandre Oltramari

‘Renan foi um bom sócio’

‘Fatos são coisas teimosas. Eles resistem a desaparecer em meio à névoa das versões fabricadas por assessores e especialistas em recuperar a imagem de políticos dilacerada pela revelação de suas condutas impróprias. Confrontado com a demonstração de que é o verdadeiro dono de uma empresa de comunicação em Alagoas, o senador Renan Calheiros se limitou a dar sua versão negando a propriedade. Formalmente, Renan está certo. Mas só formalmente. A empresa JR Radiodifusão foi comprada pelo senador, mas está registrada em nome de dois laranjas – um primo de Renan, Tito Uchôa, e o filho, Renan Calheiros Filho, o Renanzinho. Na semana passada, o usineiro João Lyra, que foi sócio de Renan durante cinco anos, falou pela primeira vez sobre o assunto, e a teimosia dos fatos mais uma vez prevaleceu. Em entrevista a VEJA, ele confirmou que Renan Calheiros era dono de metade de uma sociedade secreta montada entre os dois para comprar uma emissora de rádio e um jornal em Alagoas, que mais tarde deu origem à JR Radiodifusão. Renan investiu 1,3 milhão de reais no negócio, parte paga em reais, parte em dólares. Nada disso – a origem do dinheiro, a sociedade, a rádio, o jornal – foi declarado pelo senador à Receita Federal ou à Justiça Eleitoral. Em 2005, a sociedade foi desfeita.

Veja – Como era sua sociedade com o senador Renan Calheiros?

Lyra – Renan foi um bom sócio. Todos os compromissos que assumiu comigo ele honrou. Foi bom enquanto durou.

Veja – O senhor se refere a compromissos financeiros?

Lyra – Sim. Inclusive financeiros. Na compra das rádios e do jornal ele pagou tudo direitinho. Não tenho do que me queixar do senador.

Veja – O senhor nunca teve curiosidade de saber de onde vinha o dinheiro do Renan? Pagamentos em dólar costumam chamar atenção…

Lyra – Sinceramente, no decorrer da minha vida, nunca me preocupei muito com as coisas dos outros. Cada um deve responder pelo que faz.

Veja – Além das empresas de comunicação, que outros tipos de negócio havia entre o senhor e o senador Renan?

Lyra – Eram negócios privados. Não gostaria de me estender sobre eles.

Veja – Por que Renan não quis aparecer como sócio na compra do jornal e da rádio?

Lyra – Ele me disse que não tinha como aparecer publicamente à frente do negócio, mas não explicou as razões. Por isso, pediu para colocarmos tudo em nome de laranjas. Eu topei.

João Lyra e Renan Calheiros tornaram-se desafetos políticos, mas foram muito íntimos no passado. Enquanto durou a sociedade secreta, de 1999 a 2005, a relação entre os dois era tão próxima que o usineiro chegou a colocar à disposição do senador um jatinho e um helicóptero da frota de uma de suas empresas, a LUG Táxi Aéreo. VEJA teve acesso a uma planilha de controle da empresa em que estão listadas todas as viagens que o senador Calheiros fez nesse período, assim como o roteiro, o nome dos passageiros, o custo do vôo e o responsável pelo pagamento. No total, o senador usou 23 vezes as aeronaves de João Lyra. Os dados da contabilidade da LUG indicam que o gasto foi de pouco mais de 200.000 reais. O senador não desembolsou um único tostão. As despesas foram todas contabilizadas em nome das usinas Laginha e Taquara, ambas pertencentes a João Lyra. Os jatos e os helicópteros foram usados pelo senador para levar colegas, ministros e senadores a atividades políticas em Alagoas e também a eventos sociais. Em 25 de junho de 2005, três meses depois do fim da sociedade entre Renan e Lyra, o senador ainda usou o jato Hawker 800XP, prefixo PR-LUG, para viajar de Brasília a Belo Horizonte, onde participou da festa de casamento de uma das filhas de Lyra. A bordo, além de Renan, estavam sua mulher, Verônica Calheiros, e colegas do partido. O grupo retornou a Brasília no dia seguinte, no mesmo avião. A viagem custou 50.000 reais. Procurado por VEJA, Renan não se manifestou.

Desfeita a sociedade, em março de 2005, Renan Calheiros perdeu as caronas nos aviões, mas prosperou no ramo das comunicações. A JR Radiodifusão, que tinha Carlos Santa Ritta, um assessor de Renan no Senado, como sócio-laranja, passou a ser controlada pelo primo, Tito Uchôa, e por Renanzinho. A partir de então a empresa recebeu quatro outorgas do Ministério das Comunicações, comandado pelo PMDB de Renan Calheiros desde 2004. A última, que autoriza a JR a operar uma rádio FM na cidade de Água Branca pelos próximos dez anos, foi assinada na semana passada pelo próprio Renan Calheiros. No cadastro da Anatel, a agência reguladora das telecomunicações, a JR ainda pertence a Tito Uchôa e Carlos Santa Ritta, os laranjas iniciais do senador. Renanzinho não aparece como proprietário. Os laranjas do senador Renan, aliás, continuam escondidos. Procurados, não dão entrevista. Santa Ritta, que é funcionário do gabinete em Brasília, não tem sido mais visto ali. Ele costuma dar expediente na cidade de Jequiá da Praia, a 60 quilômetros de Maceió, onde sua mulher, Rosinha Jatobá, é prefeita pelo PMDB. Já o primo Tito Uchôa, que sete anos atrás era funcionário da Delegacia Regional do Trabalho e tinha um salário de 1.390 reais, hoje é ‘dono’ de várias empresas – das famosas rádios a locadora de veículos, agência de turismo e um jornal. Ele responde a processo por improbidade administrativa, superfaturamento e fraude em licitações.

Tito Uchôa, o laranja do dinheiro, é acusado de fraude em licitação, e o assessor Santa Ritta (à direita), o laranja da rádio, é fantasma no Senado

Na semana passada, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito para investigar a relação de Renan Calheiros com um lobista da empreiteira Mendes Júnior que pagava suas despesas pessoais. Na terça-feira, o STF aceitou o pedido e determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador. Na quarta-feira, uma nova investigação foi aberta contra Renan no Conselho de Ética para saber se ele fez lobby no governo para beneficiar a cervejaria Schincariol, que comprou uma fábrica de refrigerantes de sua família por valor superior ao de mercado. Na quinta-feira, o corregedor do Senado, Romeu Tuma, decidiu investigar se Renan utilizou laranjas para obter concessões de rádio em Alagoas. Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada na sexta-feira, mostrou que o senador Calheiros comprou uma fazenda usando, de novo, o primo Tito Uchôa como testa-de-ferro.

Renanzinho, o filho do senador, tinha apenas um carro em 2004. Agora, prefeito de Murici, já é dono de uma rede de emissoras de rádio

Acuado, Renan Calheiros foi à tribuna pela primeira vez depois dos escândalos envolvendo seu nome, que começaram em maio. Não explicou nada a respeito das acusações a que responde e constrangeu os colegas que voltaram a pedir seu afastamento da presidência do Congresso. Por fim, atacou o Grupo Abril, que publica VEJA, questionando a legitimidade da associação da TVA com a Telefônica. Em nota oficial, a Abril informou que a transação foi aprovada pela Anatel em 18 de julho passado, depois de nove meses de análises. Abandonado por seu próprio partido (nos bastidores o PMDB já articula um nome para substituí-lo), largado pelo governo (o presidente Lula mandou um recado de que gostaria que a situação no Senado se resolvesse o mais rápido possível) e minado pela oposição (que vai obstruir as sessões enquanto ele permanecer na presidência), o senador vai afundando a cada dia no poço de areia movediça criado por sua própria conduta, marcada pelo apreço por favores de empreiteiras, negócios escusos e sociedades secretas.

Com reportagem de Otávio Cabral’

MAINARDI vs. LULA
Diogo Mainardi

Corre, Diogo, corre

‘Correr é de direita? Quem se perguntou isso foi o jornal Libération. Os franceses entendem do assunto. O conceito de direita e de esquerda foi criado por eles 200 anos atrás. Se eles dizem que correr é de direita, acredite: correr é de direita. Um especialista citado pelo jornal declarou que a corrida passa a idéia de desempenho e de individualismo, valores tradicionalmente associados à direita. Se o direitista corre, o esquerdista só pode andar. É outro jeito de analisar a história. Os monarquistas corriam. Os jacobinos andavam. Maria Antonieta corria. Robespierre andava.

O que desencadeou a reportagem do Libération foi o fato de o presidente Nicolas Sarkozy ter o costume de correr. Pior: ele costuma correr com a camiseta do Departamento de Polícia de Nova York. Sarkozy é um representante da direita. Logo, correr é de direita. Descartes se orgulharia do rigor intelectual de seus compatriotas. Eu nunca li o Libération, um jornal de esquerda. Eu soube de sua inspiradora reportagem sobre o caráter reacionário da corrida por meio do Times, um jornal rigorosamente de direita. O artigo do Times foi publicado em 4 de julho. Naquele mesmo dia, decidi começar a correr. Se José Dirceu me classifica como o ‘agitador de todas as direitas do Brasil’, só me resta correr. Como sofro de uma certa fraqueza ideológica, acabei adiando por mais de quatro semanas o início de minha atividade física. Na última quarta-feira, na falta de uma camiseta do Departamento de Polícia de Nova York, coloquei uma camiseta da Drogaria Pacheco e corri pela orla até o fim do Leblon. Descobri que o tornozelo inchado é de direita. A bolha no pé é de direita. O ácido láctico é de direita.

A esquerda francesa pode contar com a ajuda da esquerda brasileira em sua grandiosa tarefa de redefinir os atributos dos dois campos políticos. Até outro dia, quando tinham de se posicionar ideologicamente, os petistas recorriam ao pobre Norberto Bobbio, abastardando um ou dois enunciados mais rasteiros de sua obra. Agora isso mudou. Para os propagandistas do PT, um direitista é aquele que arremessa ovos podres pela janela e surra empregadas domésticas. Por mais direitista que eu seja, segundo José Dirceu e seus amigos, ainda reluto em adotar a prática de arremessar ovos pela janela. Por outro lado, penso em surrar minha empregada sempre que ela se esquece de comprar manteiga no supermercado. Os repórteres esquerdistas que cobriram a última passeata contra Lula revelaram também que os direitistas só se referem ao presidente da República com termos grosseiros como ‘ca-cha-cei-ro’ e ‘va-ga-bun-do’. O esquerdista Luis Fernando Verissimo repete todas as semanas que os direitistas rejeitam Lula por ele ser um metalúrgico. Mais: um pau-de-arara. Rejeitar Lula seria uma forma de preconceito de classe. Eu gosto de ler o Verissimo porque ele me trata como um aristocrata. É como se eu, com toda a minha vira-latice, me tornasse momentaneamente um personagem de P.G. Wodehouse. Um Bertie Wooster. Corre, Diogo, corre.’

TELEVISÃO
Marcelo Marthe

Hora da merenda

‘Nos anos 90, Gabriela Duarte ganhou (má) fama como a mimada Maria Eduarda da novela Por Amor. Nada menos verossímil do que escalar uma atriz tão marcada como patricinha para o papel de diretora de uma escola pública da periferia de São Paulo. O noveleiro Walcyr Carrasco resolveu correr esse risco no atual folhetim das 7 da Globo, Sete Pecados. E não se deu mal: em suas primeiras semanas no ar, o núcleo em torno do colégio se revelou um chamariz de ibope. A história da diretora que enfrenta alunos hostis e professores desmotivados nasceu do desejo do autor de fazer propaganda de uma boa causa. ‘Quero mostrar que, com o engajamento da população e dos profissionais do ramo, é possível salvar a escola pública’, diz ele. Trata-se de um universo ausente das novelas da Globo, em que sempre se viram apenas colégios de classe média como o de Malhação. O estabelecimento em questão tem paredes pichadas e salas de aula em frangalhos. A biblioteca estava um caos até Miriam, a tal diretora, comandar sua recuperação. A moça enfrenta ainda o bad boy Xongas (Kayky Brito), que já liderou o furto de um portão da escola e soltou um enxame de abelhas numa festa. Em breve, um tio criminoso tentará cooptá-lo para um assalto – e ele só não morrerá por intervenção da diretora. Carrasco não pretende ir muito além disso em matéria de realismo. ‘Se eu mostrasse barbaridades como as das escolas de verdade, minha novela não iria ao ar antes das 11 da noite’, diz.

De um filme como Ao Mestre, com Carinho à novelinha mexicana Carrossel, a escola é um cenário clássico. ‘Ela permite misturar todo tipo de personagem e explorar várias tramas simultâneas’, diz o diretor de Sete Pecados, Jorge Fernando. Um pesquisa acaba de demonstrar que as espectadoras se sensibilizam com a realidade abordada por Carrasco. Mas a boa aceitação tem a ver mesmo é com os ingredientes folhetinescos da trama. A diretora é uma heroína tão valorizada quanto as protagonistas por sua determinação e pelo romance açucarado com um professor de educação física sem sal (Marcello Novaes). Da mesma forma, o namorico que se delineia entre uma aluna e Xongas faz com que o público desculpe o revoltado. O que não significa, é claro, que as caretas de ursinho panda de Kayky Brito mereçam perdão.

O destaque da escola é reflexo também de um dado que preocupa a Globo: o triângulo central de Sete Pecados ainda não caiu no gosto do público. Parte das espectadoras não engole o fato de a protagonista riquinha e fútil interpretada por Priscila Fantin dar em cima de um homem casado (Reynaldo Gianecchini). Também não entende por que a mulher dele (Giovanna Antonelli) não reage às investidas da rival. Depois da pesquisa, programou-se uma cena em que essa última levará uma surra da esposa ameaçada. Será uma forma de lhe conferir mais dignidade – e de dar ao público alguém mais para torcer além da diretora-patricinha.’

***

A heroína dos bispos

‘Ultimamente, a atriz Bianca Rinaldi vem se submetendo a sessões de acupuntura e fisioterapia para tratar de uma bursite no ombro esquerdo. É um caso de doença ocupacional. Para viver a protagonista da próxima novela da Record, Caminhos do Coração, Bianca pôs seus músculos e articulações à prova. Como a personagem Maria será uma heroína de ação, sua preparação inclui aulas de trapézio, malabarismo, ginástica olímpica e luta tailandesa. A dedicação rendeu dores, mas reforçou um cacife que já era alto. Nos últimos três anos, a emissora de Edir Macedo investiu 300 milhões de reais declarados na teledramaturgia e valeu-se de rostos conhecidos dos folhetins da Globo para chamar atenção para suas produções. Bianca é um fenômeno diferente. Embora tivesse uma carreira pregressa, foi na Record que ela alcançou projeção de fato. É, em suma, a primeira estrela forjada nos folhetins da emissora. Se a versão de A Escrava Isaura que inaugurou a indústria de novelas da Record foi bem-sucedida, isso se deveu em boa medida à sua escalação para o papel principal. Ela também teve sucesso como a mocinha de Prova de Amor, o maior êxito da rede no ibope. E será a âncora de sua maior aposta até agora – pois Caminhos do Coração, que estréia no dia 28, tem o custo recorde de 200.000 reais por capítulo.

Antes de desembarcar na Record, Bianca teve uma trajetória de artista infanto-juvenil. Aos 15 anos, essa filha de uma família de classe baixa (sua mãe foi copeira de um conhecido hospital paulistano) desbancou 7.000 garotas num concurso para ser uma das paquitas de Xuxa. Rebatizada de ‘Xiquita’, ela passou a freqüentar o círculo íntimo da apresentadora infantil. Depois, trabalhou na novelinha Malhação, também na Globo, e em produções do SBT – onde seu maior papel foi o da vilãzinha de Chiquititas. Foi na Record, entretanto, que ela se impôs como atriz adulta. Em busca de emprego, enviou um portfólio por e-mail à assessoria de imprensa da emissora. Ele foi encaminhado ao diretor de A Escrava Isaura, Herval Rossano. Logo no primeiro encontro, Rossano (morto em maio deste ano) decidiu que o papel seria de Bianca. Graças a Isaura, ela ganhou fama até em outros países, como o Chile. ‘As pessoas me abraçavam na rua’, diz.

Com o moral nas alturas e um holerite de atriz do primeiro time da Globo (na faixa de 40.000 reais por mês), Bianca sente-se para lá de confortável na Record. ‘Quando cheguei, pouca gente botava fé na emissora. Sinto orgulho de saber que tem um saco de cimento meu nessa obra’, diz. Ela encontrou uma forma de retribuir: emprestou sua imagem de boa moça às causas dos bispos. Tornou-se embaixadora do principal projeto social da Record. Ao lado de Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, apresenta o programa Ressoar, ligado ao instituto filantrópico homônimo. A atriz, ‘católica de nascença’, não se furtou ainda a dar seu testemunho em reuniões com jovens em templos da Igreja Universal do Reino de Deus, a grande patrocinadora da Record. É das raras artistas que se dirigem diretamente ao bispo Honorilton Gonçalves, que dá as cartas no canal – e tem fama de inatingível. Uma vez, o bispo interrompeu a decolagem de um helicóptero ao saber que ela queria conversar com ele. ‘Sempre que bato na sala dele, tenho certeza de que serei atendida’, diz Bianca.

Bianca é casada há seis anos com seu empresário, Eduardo Menga. Ela tem 32 anos e Menga, 54. ‘Eu me divirto quando perguntam se ele é meu pai’, diz. Ao intermediar sua ida para a Record, o maridão (pai da ex-tenista Vanessa Menga) também acabou arranjando emprego na emissora, como negociador dos contratos com atores. Menga não é seu único conselheiro. Nas interpretações de Bianca há sempre ‘um dedinho’ de sua psicoterapeuta, Helena Martins, inventora de uma certa ‘casuloterapia’ – que consiste numa maratona de três dias de análise intensiva num chalezinho branco. ‘Aprendi que nosso DNA é o mesmo, mas faz muita diferença o jeito como cada um desenvolve o que está ali nos cromossomos’, filosofa.

O noveleiro Tiago Santiago, que a princípio questionou a escolha da atriz para fazer Isaura, hoje se desmancha por ela. ‘Adoro escrever cenas para a Bianca chorar’, diz. Agora, ele vai brindá-la com uma trama bem maluca. Em Caminhos do Coração, a trapezista vivida por ela se descobre herdeira do dono de uma clínica onde se produziram crianças mutantes com superpoderes. Maria será perseguida como suspeita do assassinato do tal médico, interpretado por Walmor Chagas. ‘Ela vai cair no sono depois de tomar um ‘boa-noite-cinderela’ numa festa e acordará ao lado do cadáver, com uma seringa com veneno na mão’, informa o autor.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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Veja

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