Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

PROTESTO VIRTUAL
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Blogueiros promovem `Google bomb´ para série de Nassif sobre Veja, 29/2

‘A série de reportagens que Luis Nassif publica na web sobre a revista Veja ganhou um aliado extra na divulgação: blogs simpáticos à iniciativa do jornalista promovem um Google bomb na página com a série. Espécie de protesto virtual, a ação consiste em estabelecer um grande número de links para a série no termo `Veja´. As referências são detectadas pelo Google, que aumenta a relevância do endereço em uma busca.

No início da semana, uma busca por `Veja´ no Google trazia o trabalho de Nassif na terceira referência de resultados. Na sexta-feira (29/02), a série era a quinta referência sugerida em uma busca. Segundo o Techorati, 446 blogs já linkaram a página.

´Eu duvido que aumente a visibilidade, mas isso mostra que na internet, o jogo é outro. Há a possibilidade de reação´, afirma Lucia Freitas, do Ladybug, um dos blogs que encamparam a ação. A idéia do Google bomb da série surgiu no Bender Blog, de Daniel Bender.

Lucia informa que Nassif não pediu ao blogueiros que promovessem a manifestação. O jornalista também diz que não pediu, mas já alertava sobre a possibilidade no primeiro post da série.’

LUTO
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Morre Haroldo de Andrade, 1/3

‘Um dos profissionais mais importantes do rádio carioca, Haroldo de Andrade morreu no sábado (01/03), aos 73 anos, de complicações da diabetes. Ele comandou por décadas o programa Haroldo de Andrade nas manhãs da Rádio Globo. Deixou a emissora em 2002 para criar a Rádio Haroldo de Andrade, que começou as transmissões em 2005.

Haroldo de Andrade passou também pelas TVs Excelsior, Tupi e Globo, além de outras rádios. Ele será enterrado no domingo (02/03), às 11h, no cemitério do Caju.’

LEI DE IMPRENSA
Carla Soares Martin

Jornalista é libertado com suspensão de parte da Lei de Imprensa, 29/2

‘O jornalista José Diniz Júnior, editor do tablóide Matéria-Prima, de Taubaté, interior de São Paulo, está livre desde a última sexta (22/02), quando a Vara das Execuções Criminais de Taubaté determinou sua saída, da pena que cumpria em regime semi-aberto, devido à suspensão de artigos da Lei de Imprensa pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Diniz, como é conhecido na cidade interiorana de Monteiro Lobato, recebeu uma pena de um ano e um mês de prisão – em regime semi-aberto e aberto – por ofender um advogado ao dizer que atendia as duas partes de um mesmo processo. Desde que saiu de seus 80 dias de cadeia, o jornalista vem recebendo inúmeras ligações: `Estou nos meus 15 minutos de fama´, comemora Diniz.

Vida na prisão

Em vez de se abalar com o regime semi-aberto, com a obrigatoriedade de dormir na cadeia com outros 1.630 reeducandos, o jornalista de 62 anos usou a força a favor: decidiu escrever sobre a prisão. A tiragem do jornal aumentou. `Estava preso de corpo, mas não de cabeça´, afirma. O jornal não deixou de circular uma semana sequer e Diniz já tem planos de escrever um livro: `Diário da Tranca´.

Fim da Lei de Imprensa: liberdade demais?

O editor do Matéria-Prima já fora preso duas vezes antes pelo mesmo crime de danos morais, fundamentado na Lei de Imprensa. Diniz não acredita que o fim da lei deixará impunes os atos de crimes contra a honra, por parte dos jornalistas. `Nós teremos agora os Código Civil e Criminal, como qualquer pessoa. Por que jornalista tem que ser diferente?´, questiona.

O jornalista afirma que manterá a postura editorial de `cobrança´ e `indignação´ contra as injustiças, mas que agora terá mais cuidado ao fazer as acusações. `Os advogados já me disseram para eu denunciar sem ofender. É o que vou fazer.´

Carreira

Diniz conseguiu o MTB, registro de jornalistas, pela assiduidade com a qual colaborava para os jornais. Há dez anos, edita o Matéria-Prima. A publicação está toda sexta-feira nas bancas.

Diniz não vê a necessidade de se fazer uma faculdade de jornalismo. `Jornalismo é vocação´, justificou.’

PALESTRA
Bruno Rodrigues

Jornalismo online: me engana que eu gosto, 29/2

‘Sabe aquela cena absolutamente clichê em cinema, em que algo muito trágico acabou de ocorrer com o personagem principal da história e um amigo próximo ou parente tenta trazê-lo para a realidade, agarrando-o pelos ombros e gritando: `você precisa aceitar que isso aconteceu, você precisa!´.

Ontem à noite, ao participar no Rio de Janeiro – com transmissão via webcast para todo o Brasil – como palestrante do Seminário `O Mercado e O Ensino do Jornalismo Online´, promovido pelo site `Jornalistas da Web´, fiz o papel do que precisa trazer para o mundo real aqueles que querem tapar o sol com a peneira.

Para mim, não é tarefa fácil. Tenho vocação para bonzinho, sou visto como paciente, gosto de ver sempre o bom lado de tudo e quando o assunto é internet, minha tendência é falar e endeusar as vantagens da web. Mas há 1) um limite, 2) o lugar certo e 3) o público certo para minha persona `especialista em informação para a mídia digital´ agir.

Frente a frente a um público de jovens adultos, a maioria entre 20 e 30 anos, e também sabendo que estava falando, ainda que a distância, por um imenso público da mesma faixa etária espalhado pelo Brasil e pelo mundo, não era a hora, nem o lugar.

Minha missão, ali, como conhecedor do mercado e quarentão, era alertar o público, chamar atenção para o lado bom e o péssimo de um mercado que funciona igualzinho a qualquer outro, não é privilégio da Comunicação.

Para um auditório calado (e visivelmente incomodado), expliquei que existem dois aspectos no Jornalismo online: as características do trabalho e a situação do mercado. Sobre como o dia-a-dia do jornalista web funciona, vale a pena participar de seminários e listas de discussão, devorar livros sobre o tema e ouvir o que especialistas ao redor do planeta têm a dizer sobre uma área que ainda está em sua infância. Até aí, tudo é lindo, e é parte da rotina de quem deseja ficar em dia com um conhecimento que evolui a cada mês, literalmente.

Se deixar, fica-se congelado a vida inteira neste lado da história. Você faz graduação, mba, mestrado, doutorado e nunca encara o mercado de trabalho. São poucos, em mídia digital, que abraçam a vida acadêmica por vocação. Muitos têm – sinto dizer – é medo, mesmo.

Medo de encarar um mercado que, embora novo, é restrito no mundo inteiro. No Brasil, conta-se nos dedos os noticiosos online que periodicamente criam vagas – vagas, não uma vaga de vez em quando – que consigam absorver as centenas de recém-formados (ou até experientes) que as perseguem todo santo ano.

Além disso, a tendência, de 2006 para cá, é a fusão das redações tradicionais com as online, e neste processo todos são treinados a lidar com ferramentas de multimídia – edição de áudio e vídeo, utilização de publicadores, noções de webwriting, usabilidade e arquitetura da informação, orientação sobre blogs e criação de comunidades, lições de como lidar com o jornalismo participativo e outras `cositas más´.

A um público cada vez mais tenso e silencioso, toquei na ferida: dinheiro. Muitos dos que me ouviam serão, daqui a alguns anos, pais e mães de família, terão que pagar a escola do filho, a prestação da casa própria, o plano de saúde. Ninguém vive para sempre na casa dos pais e, para a maioria, morar sozinho é uma fase que dá e passa, naturalmente. E, todos sabem, as redações brasileiras não são exatamente o Eldorado em relação a salários. Fosse a realidade apenas das redações offline (enquanto elas ainda existem à parte), poderíamos ir em frente tranqüilamente, mas o mundo do jornalismo online brazuca paga mal, igualzinho ao que acontece com nossos irmãos mais velhos.

A saída? Perceber que o bom salário está 1) nas grandes agências de publicidade que, de dois anos para cá, incluíram a web como mídia lucrativa e, cada vez mais, contratam jornalistas online 2) na área de mobile, leia-se elaboração de conteúdo para celulares; e 3) na intranets das empresas (falo isso há anos), onde se paga muito bem.

Dei meu recado e passei a bola para o palestrante seguinte, quase podendo `tocar´ no silêncio do auditório. Fechei o papo dizendo que `passamos muito tempo falando do nosso filho feio e burro, é a hora de colocar na roda o filho bonito e inteligente´.

E lá fomos nós todos, palestrantes e platéia, animadíssimos, falar sobre o fantástico admirável mundo novo do Jornalismo online pelo resto da noite…

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, `Webwriting – Pensando o texto para mídia digital´, e de sua continuação, `Webwriting – Redação e Informação para a web´. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete `Webwriting´ do `Dicionário de Comunicação´, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

AUMENTO
Milton Coelho da Graça

Coluna de Sardenberg merece mais espaço, 29/2

‘Carlos Alberto Sardenberg é seguramente um dos mais importantes e bem-informados jornalistas de economia e negócios, tanto do rádio como da mídia impressa.

Leio sem falhar todos os seus artigos semanais em O Globo e o desta quinta-feira (28/02 – `Renda e bem-estar´) – é particularmente interessante porque demonstra que menos desigualdade não assegura maior capacidade de aquisição.

Sardenberg pede ao leitor: `Imagine agora um país com dois habitantes, mas com renda total de 30 moedas, sendo que o indivíduo A fica com 20 e o B com 10. A renda do rico é o dobro daquela do pobre, mas este certamente está melhor de vida do que os dois igualmente pobres do primeiro país.´.

O exemplo da China serve a Sardenberg para demonstrar – com toda a razão – que a China se tornou muito desigual (´No ano passado, 177 chineses compraram Ferrari zero-quilômetro por não menos que 300 mil dólaers e isso em um país no qual um salário de 300 dólares/mês é bastante bom. Enorme desigualdade – mas toda a população vive melhor hoje do que há 30 anos, quando, antes das reformas econômicas, havia uma ampla igualdade na pobreza. Desde a introdução do capitalismo, cerca de 600 milhões de chineses deixaram a linha de pobreza, processo que continua. Em outras palavras, a China desigual de hoje é melhor que a China igual do passado. Cuba é um exemplo, hoje, de igualdade na pobreza.´

Daí em diante, Sardenberg faz uma maravilhosa exposição, mostrando como `a expansão do capitalismo trouxe ao mesmo tempo uma maior desigualdade de renda e uma maior igualdade material e, pois, de qualidade de vida.´

Mas, ao escrever isto, o espaço da coluna estava acabando e, certamente por isso, Sardenberg não pôde responder algumas dúvidas minhas e de outros leitores:

Cuba tem um PIB 260 meses menor e uma renda per capita oito vezes menor do que os Estados Unidos. Como a mortalidade infantil em Havana é menor do que em Nova York? Como os índices de crimes violentos em Cuba e de presos por crimes comuns são tão menores do que nos Estados Unidos? Como o índice de analfabetos strictu sensu dos dois países é tão próximo e o de analfabetos funcionais é maior em quase todos os países desenvolvidos do que em Cuba? E como a expectativa de vida de um pobre cubano (77,4 anos) pode ser equivalente à de um robusto e rico dinamarquês? E por que os garotos finlandeses (cidadãos de um país que pratica a social-democracia e tem ótimo índice de Gini), podem ter notas tão melhores em Ciências, Matemática e Leitura do que todos os países desenvolvidos com indiscutível devoção ao capitalismo?

Sardenberg chega a dar como bons exemplos de qualidade de vida (e também com toda a razão) ter geladeira, automóvel, celular, geladeira, computador, além de `comunicar-se, preservar alimentos e ver a Globo´. Mas nada falou sobre o papel que saúde, educação e segurança desempenham na qualidade de vida. Como ele também entende muito também destes problemas, é claro que faltou espaço. O editor de Opinião do jornal deveria dar-lhe o mesmo espaço reservado a Ali Kamel.

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Valor muita qualidade e muito $$$, benza Deus!

A edição deste domingo (02/03) do Valor baterá dois recordes do jornal (desde o lançamento em 2 de maio de 2000) – número de páginas (260) e de publicidade (190).

Dando clara importância à qualidade de seu corpo editorial, Valor foi comendo pelas beiras o jornal que, há sete anos, liderava o mercado de diários dedicados a economia e negócios – Gazeta Mercantil –, que tinha também na época a melhor redação especializada, mas foi sendo reduzida em tamanho e qualidade desde que Luiz Fernando Levy perdeu o controle da empresa e Roberto Muller deixou a direção editorial.

Hoje Valor tem 30% do espaço publicitário pago por grandes companhias abertas contra 18% da GM (a preços menores). E essa publicidade específica de jornais de negócios é acompanhada de um faturamento igual em anúncios de produtos, imagem, carros, empregos etc.

Valor prova que vale a pena investir em bons jornalistas e a melhor demonstração disso é o fato de ter, a meu ver, além de um timaço especialista em economia e negócios, a melhor equipe política da imprensa brasileira: Maria Inez Nassif, Maria Cristina Fernandes, Rosangela Bittar, Raymundo Costa, Cesar Felício dos Santos, Cristiano Romero, Caio Junqueira Franco, Raquel Ulhoa, Paulo de Tarso Lyra e outros, além de cientistas como Wanderley Guilherme dos Santos e Fábio Wanderley. O time de colaboradores regulares é realmente representativo do pensamento brasileiro e só tem cobra – de Delfim Neto e Eliana Cardoso a Martin Wolff, Jeffrey Sachs, Márcio Pochman, Fábio Giambiaggi, Cláudio Haddad e tantos outros.

Reconheço que estou quase fazendo um anúncio. Mas jornal bom sempre merece elogio.

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Veja: opinião acima da informação?

Foto de Fidel Castro e título `Já vai tarde´. Time, Newsweek, Panorama, L´Express – nem a própria Veja (em seus quase 40 anos) haviam imaginado uma capa decididamente opiniática como essa. Mino Carta (autor do projeto e primeiro diretor de Veja há quase 40 anos) usou em Carta Capital (revista que dirige hoje) quase a mesma ilustração, mas título bem mais comedido: CUBA SEM FIDEL.

(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se’

FUTEBOL
Marcelo Russio

Prova de maturidade, 26/2

‘Olá, amigos. Não há como não falar do episódio protagonizado pelos jogadores e pelos dirigentes do Botafogo no último domingo, após a derrota para o Flamengo por 2 a 1 na final da Taça Guanabara. O teatro patético montado por aqueles que representam o Glorioso não teve o efeito esperado, que era o de sensibilizar a opinião pública pelo que eles consideram (como sempre consideraram) uma perseguição ao clube.

A imprensa, dando uma mostra de total maturidade, percebeu que tratava-se de uma simples exibição, um `jogar para a galera´, como se diz no Rio de Janeiro. Tentou-se vender uma imagem de indignação apaixonada e inconseqüente que não foi comprada (ou engolida) pela imprensa, que classificou o ato, no mínimo, como uma infelicidade.

´Triste´, `patético´, `vexame´ e `vergonhoso´ foram os adjetivos mais usados por colunistas de diversos veículos para ilustrar o espetáculo dado pelos atletas e dirigentes botafoguenses. A imprensa percebeu que os atletas mais tocados pelo clima criado pelos mandatários do clube estavam cuidadosamente à frente do grupo, para que as câmeras os flagrassem com lágrimas nos olhos.

O presidente botafoguense, indignado, renunciou ao mandato diante das câmeras, crendo estar protagonizando um ato histórico, que mostraria o tamanho dos prejuízos que o clube vinha sofrendo ao longo dos seus seis anos de mandato. Curiosamente, diante das críticas contra todo o acontecido, a renúncia transformou-se em licença. E de apenas 15 dias.

Prestei especial atenção aos programas opinativos de esportes da segunda-feira. `Linha de Passe´ e `Pontapé inicial´, da ESPN Brasil; `Bem, Amigos´, `Arena SporTV´ e `Redação SporTV´, do SporTV. Todos, sem exceção, classificaram de, no mínimo, exagero as críticas à arbitragem da partida, e relembraram inúmeros episódios em que o Botafogo fora beneficiado pela arbitragem, deixaram no ar a seguinte pergunta: os dirigentes botafoguenses se indignaram com aquilo?

Foi um belo trabalho da imprensa neste fim de semana, mostrando que não é mais do tempo que os dirigentes do Botafogo pensam. A imprensa pensa, analisa e mostra os fatos. Como eles são. Para o desgosto de dirigentes e jogadores como os do Botafogo, que aparentemente tentam, mas não conseguem manipulá-la.

(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Veja passa da conta, 28/2

‘Fui a Limoeiro

e não me encontrei

(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)

Veja passa da conta

A revista meteu na capa uma foto eclipsada de Fidel Castro com a chamada Já vai tarde; o jornalista Luiz Antonio Magalhães, do Observatório da Imprensa, achou que o pessoal ultrapassou os limites e protestou em artigo que é a nota dez da coluna:

Isto é jornalismo? Não, nitidamente, não é jornalismo. Se alguém tinha alguma dúvida, a capa de Veja desta semana (edição nº 2049, de 27/2/2008), reproduzida abaixo, é esclarecedora: trata-se de um panfleto de direita e não uma revista informativa. O jornalista Luis Nassif, que está escrevendo um dossiê sobre a revista Veja em seu blog, é até gentil ao classificar de `jornalismo de esgoto´ o que é publicado na revistona mais vendida do país.

Leia aqui a íntegra desse justíssimo artigo-bofetada.

(E para completar o epítome vejal da semana, leia outro artigo do Observatório, escrito pelo mestre Deonísio da Silva, intitulado Cuba, outro país, outro comandante, que começa assim: `A revista Veja, outrora referência no jornalismo nacional e internacional, desistiu de contratar quem sabe escrever?´)

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Amor de perdição

Enquanto aguardava a chegada da Folha de S. Paulo, um dos muitos jornais que assina, o considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, resolveu passar os olhos no Estado de Minas. E como quem procura sempre acha, ele encontrou, no caderno Gerais:

´Rapaz morre — BALEADA PELO EX-NAMORADO

A estudante Daiane Ribeiro Damas, de 20 anos, está internada em estado grave no Pronto-Socorro João XXIII. Ela levou um tiro na cabeça e o ex-namorado Ailton Ribeiro Damas, de 24, é o principal suspeito. Testemunhas informaram que, depois de balear Daiane, ele atirou na própria cabeça e morreu na madrugada de ontem.´

A julgar pelos sobrenomes, trata-se de paixão incestuosa, porém o jornal ignorou solenemente tal possibilidade. Isso deveria ter sido elucidado. Ou estou errado?

Camilo está certíssimo, nesta e noutra que enviou à coluna, intitulada Uma vida, uma árvore. Trata-se de projeto revolucionário que medra em Belo Horizonte. Leia no Blogstraquis.

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Falsos juízes

Perplexo como sempre, porque é difícil alguém se acostumar com a safadeza, por mais recorrente que seja, Janistraquis leu o seguinte texto no indispensável site Consultor Jurídico, sob o título Provas marcadas — Relator no CNJ diz que houve fraude em concurso no Rio.

Houve fraude no 41º concurso para ingresso na magistratura feito pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2006. Esta é a conclusão do relator do processo sobre o caso no Conselho Nacional de Justiça, promotor Felipe Locke Cavalcanti (…). O relator afirmou que houve quebra de sigilo do conteúdo da prova, além de diversas outras irregularidades. Com isso, os 24 juízes aprovados, e que estão trabalhando, correm o risco de ter de deixar os gabinetes. As suspeitas eram de quebra de sigilo e fraude para beneficiar filhos, noras, genros e sobrinhos de desembargadores do TJ fluminense. Entre os aprovados no processo, sete têm parentesco com desembargadores.

Confira aqui os detalhes deste episódio tanto assombroso quanto brasileiríssimo e deverasmente nauseabundo. Que há juízes analfabetos `julgando´ a sociedade, todos sabemos; mas além de analfabetos, criminosos, acontece só de vez em quando.

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Dispensa/despensa

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado para a triste realidade vê-se o salário mínimo a lavar o rabo no espelho d´água do palácio, pois Roldão separava mofados exemplares do Correio Braziliense quando deparou com o seguinte texto, acocorado sob o entretítulo Resgatados após três meses:

(…) `Os mantimentos duraram até o início de janeiro, quando o grupo decidiu sair em busca de ajuda. Eles chegaram a comemorar o ano-novo com a comida da dispensa militar.´

Comemorar a dispensa militar, só se houvessem sido reprovados no exame médico na época do recrutamento. Como se tratava de mantimentos só podia ser a despensa militar.

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O tamanho da trolha

O considerado Fausto Osoegawa, que comemora o centenário da imigração japonesa, enviou link do site Estronho, que publicou esquisita matéria de A Gazeta, do Espírito Santo, na qual se lê, como se fossem caracteres chineses, a expressão `Vá se fuder!´, assim mesmo, com u de urtiga.

Trata-se de episódio de 2005, enviado ao Estronho por colaborador que se assina Mukeka, de Vitória (ES), porém besteira não prescreve e o leitor poderá conferir aqui o tamanho da trolhaça.

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Mestre Talis

Leia no Blogstraquis a íntegra de A Visita da Velha Senhora, cujo excerto é a epígrafe da coluna. São versos do poeta no reencontro com as raízes.

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Poder aos bandidos

Noticinha que foi manchete por aí, estabacada sob o título Lula: `Se porrada educasse, bandido saía da cadeia santo´:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira diante de operários no canteiro de obras de uma siderúrgica no Rio de Janeiro que, se o Estado e as empresas não dão oportunidade à população, o crime organizado dará. O presidente disse que `se porrada educasse, bandido sairia da cadeia santo´.

Janistraquis, que não dá refresco à insensatez alheia, embora ande a confundir cerimônia com seriema, acha que o presidente deixou justiça e polícia em maus lençóis, ao revelar o oficial e medonho tratamento do sistema carcerário, e encheu definitivamente o saco da nação:

´É quase impossível suportar as maluquices do elemento, considerado; e se ele diz que o crime organizado dará oportunidade à população, é melhor botar logo o crime organizado no poder; pelo menos é organizado, né não?´

Sou obrigado a concordar.

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Sérgio Augusto

O melhor jornalista cultural do Brasil analisa a nova crise nos Bálcãs, a partir de um artigo de Roger Cohen, do International Herald Tribune/NYTimes:

Não acaba de nascer, na antiga Iugoslávia, um `novo país independente´. O que efetivamente houve, no dia 17, foi uma declaração de dependência. O que concretamente nasceu (de cesariana) na província sérvia foi uma república parlamentar de proveta, um protetorado europeu (ou, melhor, da Otan), de duvidoso status internacional, reconhecido por alguns países, refutado por outros, e sem chances de vaga na ONU, negada pela Rússia, que tem poder de veto e é aliada histórica da Sérvia.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo originalmente escrito para o caderno Aliás, do Estadão.

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Político sertanejo

O considerado Leonardo Seabra, estudante de jornalismo em Natal (RN), envia notícia extraída do site Nominuto com o seguinte e extraordinário título:

Vereador promete sentar nu, em cima de cacto, em pleno centro de Caicó.

Conheça aqui os detalhes desta filáucia que revela do que é capaz um político sertanejo quando realmente se garante.

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Isoulamento do ABC

Disposto a flagrar ETs e OVNIs no quintal de sua casa, o considerado Fábio José de Mello, insone como todo bom estudioso desses fenômenos, despacha de seu observatório no interior

Como diria aquele locutor esportivo, chove aos `píncaros´ em Descalvado. São 5h49 e estou de vigília para ver se algum disco-voador baixa nos canaviais descalvadenses, mas até o momento os extra-terrestres não deram o ar da graça.

Então decidi saber como está o meu querido ABC, que ficou submerso depois do temporal de ontem. Aí encontrei isso, na página do G1, do portal Globo.com:

´A forte chuva que atingiu São Paulo na noite de quinta-feira isoulou o trem entre as estações Ipiranga e Tamanduateí, e seus passageiros tiveram de ser resgatados por meio de botes do Corpo de Bombeiros, pois o nível da água ainda não havia baixado até 2h´.

Choveu muito forte. Se chove fraco, o ABC fica apenas isolado; agora, quando cai um dilúvio de proporções bíblicas, as sete cidades ficam isouladas!

Vou voltar aos canaviais.

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Apaga ou não apaga?

Finalzinho do artigo do considerado José Sarney na Folha de S. Paulo, a propósito do altruísmo de Fidel:

Sua renúncia vira uma página da história. É o fim de um ciclo, ao qual ele teve a capacidade de chegar influindo em sua própria transição. O que vem pela frente ninguém sabe. O que se sabe é que seu nome, para amigos e inimigos, é tão forte que nem a morte apagará.

Janistraquis, que anda mais intolerante do que os luminares da CNBB, leu e devolveu:

´A morte nunca apagou o nome de ninguém, considerado; apaga, isto sim, o que o sujeito escreveu, se a própria vida não apagar antes.´

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Errei, sim!

´COLLOR E CONFIANÇA – A Folha de S. Paulo, que não veste a camiseta do presidente da República, como sabemos, deixou escapar esta alfinetada: `O Confiança, que já foi dirigido pelo presidente Fernando Collor, é hoje um time falido. Vive de doações e paga, em média, um salário mínimo a seus jogadores.´

Janistraquis, que acima de tudo é um especialista em futebol, me garantiu que a única informação correta é o salário pago aos jogadores:

´Considerado, é tudo mentira´, pontificou meu secretário; `o presidente jamais dirigiu o Confiança, que é, por sinal, time de Aracaju. Sua Excelência foi diretor do CSA, este sim, um clube de Maceió.´

Tá certo. Dessa, o Confiança escapou…´. (maio de 1991)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada `Carta a Uma Paixão Definitiva´.’

MERCADO
Eduardo Ribeiro

O agito dos veículos na web, 27/2

‘Várias são as notícias do mercado editorial que chegam esta semana tendo como origem a web. Podemos começar com a informação de que a agência Investnews estreará na próxima segunda-feira (03/03) seu novo site. Seguimos pelo anúncio de Joyce Pascowitch de que deixou o iG, após oito anos, para se alojar no UOL. Aproveitamos o gancho do UOL para mostrar que, a propósito, o portal criou um ambicioso e interativo programa de combate aos erros. Para desembocar na alegria que a crescente audiência tem levado à equipe de Exame, com as mudanças efetivadas no site da publicação. Mas vamos por partes, como diria Jack, o estripador.

Vamos começar pela Investnews, o serviço de informações econômico-financeiras que na sua origem era identificado com a Gazeta Mercantil e agora pertence à Brasil Digital. Não que isso tenha mudado muito, visto que a Brasil Digital, a exemplo da própria Gazeta Mercantil, faz parte do mesmo grupo, a CBM – Companhia Brasileira de Multimídia, de Nelson Tanure.

Uma das principais novidades da Investnews é que ela deixa de ser uma agência de plataforma única para se transformar numa agência multimídia, que produz e distribui conteúdo para os diversos tipos de mídia, como internet, telefone celular, podcast, SMS, rádio, jornal e TV, entre outros. Tem novo design, novas ferramentas tecnológicas e parceria com a ADVFN Brasil, um site financeiro que disponibiliza informações em tempo real do mercado local e internacional.

Aposta, além disso, na interatividade com os usuários, que poderão, a partir de agora, comentar e tirar dúvidas sobre investimentos e mesmo sobre o noticiário online. Blogs dos colunistas e entrevistas semanais serão outros atrativos do serviço.

O foco principal continua sendo a cobertura de informações econômico-financeiras. No entanto, nesta nova fase, a agência produzirá conteúdos on demand, de modo a ampliar o seu campo de atuação para atender outras necessidades dos leitores e clientes.

Outra novidade: ela passará a funcionar da meia noite às 22h e, num futuro próximo, ininterruptamente. A mudança se deve à demanda por informações internacionais e pela necessidade de uma melhor cobertura do mercado asiático e da Europa em tempo real. A editora-chefe da agência é Alessandra Taraborelli, que tem na equipe as editoras Silvana Orsini e Ciça Ferraz, e os repórteres André Magnabosco, Marcel Salim, Micheli Rueda, Sérgio Toledo, Vanessa Correia e Vanessa Stecanella. Na próxima 2ª.feira, começam a repórter Ângela Ferreira e os estagiários Déborah Costa e Thiago Peres.

Glamurama no UOL

O Glamurama está de casa nova. Site pioneiro na cobertura de bastidores do show bizz e do mundo das celebridades, criado por Joyce Pascowitch em 2000, o Glamurama fez sua estréia no UOL nesta 3ª.feira (26/2), com uma notícia exclusiva sobre o namorico de Selton Mello e Luana Piovani. Os últimos meses foram de muitas mudanças, preparando a estréia no novo projeto. A equipe se renovou bastante desde a chegada do editor Fabiano Mazzei em outubro passado. Mazzei trouxe nas últimas semanas a editora-assistente Iara Crepaldi (ex-revista Simples), e as repórteres Luciane Angelo (de Quem) e Fernanda Conde (ex-Vogue).

Para Joyce, levar o site para o UOL tem um gostinho especial: `Pessoalmente, é uma volta muito significativa: trata-se do grupo onde eu cresci e apareci´, diz, em referência aos 14 anos que manteve a sua coluna na Folha de S.Paulo. Ela promete uma série de novidades ao longo das próximas semanas. Entre elas, um canal de entretenimento para o fim de semana, um de moda e um sobre casa e decoração e modo de vida. `E mais uma novidade, que em breve anunciaremos, que vai tornar o site mais ágil e interativo´,diz ela.

Pelo UOL, as negociações foram conduzidas por Regis Andaku, diretor de Parcerias e Afiliados do portal. O novo acesso para o site é www.uol.com.br/glamurama .

UOL: combatendo os próprios erros

O UOL está comemorando os bons resultados obtidos pelo seu programa de controle sistemático de erros, implantado em agosto de 2007. Nesses primeiros seis meses de vida, o programa tem permitido ao portal não só aumentar a transparência e a quantidade de correções como consolidar uma cultura de interação e maior respeito aos leitores e demais usuários, inclusive na maior disposição em corrigir os erros. As metas da área de qualidade agora são aumentar a velocidade das correções e ampliar o canal de comunicação do público com a área de conteúdo do portal.

Atualmente, todas as páginas de conteúdo do UOL trazem link para formulários, por meio dos quais o público pode apontar falhas de apuração em reportagens, erros de português, links ou qualquer outro.

Ouvida por este J&Cia, a gerente-geral de qualidade do UOL, Mara Gama, lembra que `diariamente, com seus comentários, os leitores ajudam a melhorar os produtos editoriais, mostrando falhas que a redação não havia detectado. É um público muito ativo, rápido e colaborador. E a redação aderiu completamente ao programa´.

As notificações enviadas pelos usuários são analisadas online por editores e redatores e classificadas em um aplicativo especialmente desenvolvido para isso. Em caso de confirmação de erro, os textos são corrigidos. Erros de informação geram também erratas. Os erros de português são compilados e enviados a um consultor contratado para dar apoio técnico à redação. Esse consultor elabora, diariamente, para o blog de Qualidade de Conteúdo, uma orientação focada nos erros cometidos.

Para a área de qualidade de conteúdo do portal, os aspectos positivos do programa não se esgotam na correção dos textos. `Além do resultado imediato, que é a melhoria de qualidade, este tipo de comunicação direta torna real a figura do leitor. É muito educativo, pois faz com que os profissionais reflitam criticamente sobre a recepção ao seu trabalho e se deparem com outras possibilidades de interpretação do que escrevem. São aspectos que apontam para uma postura mais esclarecida, aberta ao debate e responsável na profissão´, diz Mara.

Exame quadruplica audiência

A revista Exame começa a colher os resultados dos importantes investimentos que fez na reestruturação de seu site: em pouco mais de um ano, a audiência quadruplicou, batendo nos 4 milhões de page views/mês). A exemplo do que está acontecendo em grandes redações do País e do exterior, a integração dos jornalistas da revista com o site está cada vez maior. Uma das conseqüências dessa integração é a maior quantidade de furos dados: o mais recente foi da editora Cristiane Mano, que descobriu e divulgou na 2ª.feira (25/2) que Fábio Barbosa, presidente do Real/ABN Amro, seria o novo presidente do Santander, como de fato se confirmou. Na direção editorial do Grupo Exame está Cláudia Vassallo, que deu a este J&Cia a seguinte entrevista:

Jornalistas&Cia – A Exame está fazendo um grande investimento no seu portal, o que inclui mudanças drásticas de formato e conteúdo. Quais as razões dessa reformulação e o que se pretende com elas?

Cláudia Vassallo – Eu não chamaria de mudanças drásticas. Mas de evolução permanente e de inovação no conteúdo e na forma. A internet possibilita a execução quase imediata de novas idéias, de novidades que ajudem o leitor a se informar e a formar opinião. Nas últimas semanas, por exemplo, lançamos a Exame Semanal, uma newsletter eletrônica, enviada, todas as 6ªs.feiras pela manhã, a cerca de 100 mil leitores cadastrados. A idéia é que esses leitores tenham em mãos – de forma prática e atraente – todas as notícias sobre economia e negócios mais importantes da semana. E não queremos dar apenas informação. Os jornalistas de Exame analisam, em vídeo, as principais notícias. Acreditamos que, assim, estamos entregando um serviço de alto valor para nossos leitores virtuais. Também estamos caminhando para uma convergência das mídias. A intenção é que o leitor tenha a informação e a análise com a qualidade da marca Exame na internet, no celular, que ele possa ouvir no seu iPod as principais matérias publicadas. Acreditamos que esse seja o caminho: levar o prestígio e a qualidade da informação e da análise de Exame onde quer que o leitor esteja, a qualquer hora do dia.

J&Cia – Como está a audiência e quais as metas? Já houve uma resposta positiva do público em função das inovações realizadas?

CV – Em janeiro deste ano, um mês normalmente fraco para o mundo dos negócios, tivemos uma audiência recorde, com 3 milhões de page views. Trata-se de um crescimento de mais de 110% em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo período, o número de visitantes únicos cresceu 40%. Esses são números bastante consideráveis para um portal com público segmentado, interessado sobretudo em negócios e finanças.

J&Cia – As mudanças incluem maior proximidade das equipes do portal e da revista? De que modo isso está se dando?

CV – As duas redações – portal e revista – hoje estão totalmente integradas. Queremos, cada vez mais, jornalistas multimídia. A revista continua sendo uma espécie de grande mãe. Sempre precisaremos de jornalistas com excelente texto, que enxerguem além da notícia e que consigam construir as melhores análises. Mas isso não quer dizer que essas pessoas não possam produzir para a web. A internet, no nosso caso, não veio para dividir. Veio para somar. Hoje, temos uma quinzenal com reportagens de fundo e matérias analíticas e temos a internet, com seus furos, seus vídeos e áudios, seus blogs e fóruns (Nossos blogs são uma referência na área de negócios). Graças à web, pudemos dar grandes furos nos últimos tempos – da tentativa da Vale de comprar a Xstrata à nomeação do executivo Fabio Barbosa como novo presidente do Banco Santander no Brasil. Temos mais hoje do que tínhamos no passado. E acho que somos jornalistas mais completos. Aliás, essa integração é uma tendência mundial, vista nas grandes revistas e jornais do mundo.

J&Cia – Que inovações podem ser destacadas no novo projeto?

CV – Além das novas newsletters eletrônicas, lançamos uma versão do site desenhada para smartphones e um serviço de notícias via SMS. Uma nova área de vídeos vai ser lançada nos próximos dias – ela inclui o CEO TV, entrevistas realizadas com alguns dos principais executivos do mundo e do Brasil. E muito mais vem por aí. Teremos grandes novidades.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia `Fontes de Informação´ e o livro `Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia´. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

XIS DA QUESTÃO
Carlos Chaparro

Dever jornalístico bem cumprido, 26/2

‘O XIS DA QUESTÃO – As multidões submetidas, horas a fio, a pregações que roçam perigosamente as técnicas de lavagem cerebral coletiva, têm, sim, o direito de saber quem são, como agem, quanto e como ganham aqueles que, com a posse e o uso de meios poderosos, tentam mover-lhes as mentes.

1. Feitiço quebrado

A reportagem feita por Elvira Lobato na Folha de S. Paulo, sobre o império empresarial da Igreja Universal do Reino de Deus, produziu uma reação orquestrada, em várias regiões do território nacional. Cerca de 60 ações foram impetradas por fiéis da IURD, todas na Justiça de Pequenas Causas, contra a jornalista e o jornal. E todas com argumentação padronizada, a de que as revelações jornalísticas submetiam os fiéis ao `risco diário de agressões físicas e discriminações´.

Até por falta de competência específica, não analisarei o aspecto jurídico da pendenga. Mas o fato de a Justiça já ter começado a recusar as ações indica que a tática jurídica da Universal não teve consistência nem esperteza suficientes para engabelar o Judiciário. Ainda assim, não entro nesse lado do conflito. Nem questiono a para lá de suspeita argumentação dos fiéis impetrantes, idêntica em todos os processos.

Como cidadãos, eles têm pleno direito de acionar a Justiça, em caso de se sentirem ofendidos ou ameaçados. Mas, num caso com as características que esse tem, quem entra na Justiça deve saber que, além de serem remotas as chances de ganhar, ainda corre o risco de arcar com conseqüências inesperadas. Exemplo: o juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, condenou os fiéis impetrantes de dois dos processos, ao pagamento das custas processuais, mais multa, por uso indevido da Justiça.

Ao que parece, o feitiço virou-se contra o feiticeiro…

2. Perguntas essenciais

Para os fins deste comentário, o que me interessa é o fato de em nenhuma das ações impetradas haver qualquer desmentido das revelações feitas por Elvira Lobato. O que me autoriza a acreditar e a dizer que tudo na reportagem de Elvira era rigorosamente veraz.

Ou seja: a IURD tem, sim, 23 emissoras de TV e 40 emissoras de rádio registradas em nome de pastores; é arrendatária de mais 36 rádios que integram a Rede Alelúia. E tem mais dois jornais diários, duas gráficas, quatro empresas de participação, uma agência de turismo, uma imobiliária, uma empresa de seguro saúde e uma de táxi aéreo. Daí, a pergunta: Igreja ou empresa? – com o detalhe nada desprezível de que o bispo Edir Macedo, chefe empresarial e religioso do conglomerado, tem participação majoritária em quase tudo.

Ora, se tudo é verdadeiro e não há desmentidos a fazer, porquê e para quê orientar os fiéis a entrar com uma avalanche de ações indenizatórias contra a Folha e a sua repórter? Todas as ações, diga-se de passagem, reclamam indenizações de pequena monta, para se adequarem aos limites dos juizados especiais de pequenas causas.

Outra pergunta: por que, em vez de empurrar os fiéis para a frente da `batalha´ jurídica, a instituição Igreja Universal do Reino de Deus não assumiu, ela própria, o acionamento da Justiça, para que a verdade dos fatos se impusesse e o bom nome da Igreja fosse protegido?

3. Respostas inevitáveis

Em resposta às perguntas que aí faço, arrisco uma resposta dividida em três pontos:

1) O vendaval de ações impetradas teve a clara intenção de atemorizar a pauta jornalística, para inibir, nela, impulsos de alargamento das revelações, com novas investigações. É o velho estratagema das ditaduras, de, pelo medo, impor ao jornalismo comportamentos de auto-censura. Nas ditaduras, costuma dar certo, porque elas dispõem de outras ferramentas de amedrontamento coletivo, como as prisões, a tortura e até o assassinato. Mas, neste caso da IURD versus /Elvira-Folha e outros jornais, quem inventou a armação das ações em massa fez um lamentável exercício de idiotice.

2) O fato de a instituição IURD ter fugido ao embate jurídico, que obrigaria à produção de provas de ambos os lados, confirma, implicitamente, a veracidade das revelações. Logo, a própria IURD produziu o subentendido de que nada de calunioso e injurioso havia na matéria de Elvira Lobato – muito elogiada, aliás, por quem a leu.

3) Se no mérito ético e técnico nada há a contestar na reportagem, então, estamos diante de um caso de tentativa de canhestra obstrução aos deveres da imprensa, como instrumento viabilizador do direito à informação.

Ora, qualquer entidade – seja igreja ou conglomerado empresarial – tem o dever irrecusável de se mostrar, na verdade do que é, se, como é o caso da IURD, tem o poder de agir na sociedade, em operações contínuas de convencimento emocional, por meio de 23 emissoras de TV, 76 emissoras de rádio e dois jornais diários, para produzir adesões a uma fé cega e a dízimos de resultados jamais revelados, Por outro lado, as multidões submetidas, horas a fio, a pregações que roçam perigosamente as técnicas de lavagem cerebral coletiva, têm, sim, o direito de saber quem são, como agem, quanto e como ganham aqueles que, com a posse e o uso de meios tão poderosos, tentam mover-lhes as mentes.

Em resumo: neste caso, Elvira Lobato e a Folha de S. Paulo cumpriram, e bem, a obrigação jornalística de informar e elucidar.

(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’

TELEVISÃO
Antonio Brasil

Fracos e incompetentes não deveriam ter vez no Oscar, 26/2

‘Não perco transmissão do Oscar. Onde estiver, em qualquer parte do mundo, este domingo é sagrado para quem adora cinema e TV. É a noite da grande parceria entre os dois grandes meios.

Mas este ano confesso que tanto a transmissão pela TV como o próprio show da entrega dos prêmios foram um enorme desastre. Um verdadeiro programa de índio ou filme de terror. Assisti a uma das piores edições da entrega do Oscar de todos os tempos.

Foi uma longa sucessão de atores muito velhos e atrizes muito grávidas. Nem mesmo o talento do Jon Stewart, apresentador do Daily Show, provavelmente o melhor telejornal (sic) americano, conseguiu evitar o fracasso da noite.

Altas horas, quando se resolveu mexer com os músicos da orquestra escondidos no fosso do palco, ficou evidente que a noite do Oscar tinha se tornado uma tragédia, tinha chegado ao fundo do… poço.

Aqui no Brasil, em termos de transmissão de TV, pra variar, o fracasso se tornou um desastre. Assisti à transmissão pela TNT. Nada poderia ser pior do que ouvir a tradução quase simultânea da apresentadora sobre o som original em inglês. O eterno problema de mixagem mal feita. Não nos é permitido ouvir o som original em inglês e a tradução fica impossível de se escutar. Não se entendia o inglês original e a tradução era um festival de chutes e trapalhadas. Um horror!

A transmissão da Globo consegue ser pior. É `inassistíve´l (sic)! A apresentação do José Wilker e a tradução conseguiram ser mais fracas e incompetentes. Por incrível que pareça, nos fizeram ter saudades dos horrores da transmissão do SBT. Eles, pelo menos, podem alegar que na entendem nada de cinema e TV. O negócio deles, todo mundo sabe, é roleta e dinheiro.

Filmes imperdíveis

Foi uma triste noite para a histórica octogésima edição da entrega dos prêmios. Uma noite de nostalgia dos bons tempos que, pelo jeito, se foram e não voltam mais. Em vez de shows musicais monumentais e trechos dos novos grandes filmes, os telespectadores fomos contemplados com uma coleção de clipes de filmes antigos. A celebração da nostalgia do passado. Pena!

Perdi na minha aposta de melhor atriz. A bem-humorada `Juno´, interpretada pela atriz canadense Ellen Page, de somente vinte um anos, é uma demonstração de que o futuro do cinema está na mão dos produtores independentes. Com muita criatividade, trata de um dos temas mais polêmicos para artistas e jornalistas: gravidez na adolescência e aborto. Muita coragem. Juno é excelente, aponta novos caminhos e prova que cinema pode ser boa diversão e tratar de temas sérios, temas jornalísticos. Juno segue a linha e o sucesso de Menina má ponto com e Pequena Miss Sunshine.

O grande vencedor da noite foi o violentíssimo e imperdível `Onde os fracos não têm vez´, dos irmãos Cohen. O filme é bom e a premiação do espanhol Javier Bardem foi mais do que justa. Estava torcendo por ele. Era a minha aposta pessoal. Javier personifica a própria maldade no papel do mais psicopata dos psicopatas na história do cinema. Sua interpretação é imperdível.

Mas aqui entre nós, no Brasil, os fracos e incompetentes também não deveriam ter vez na noite do Oscar pela TV brasileira. Agora é só aguardar a cobertura exclusiva da turma do Pânico na Rede TV! no próximo domingo. Nem mesmo a programação da TV Brasil poderia ser pior!

Fracasso do Oscar na TV americana

A transmissão da entrega do Oscar pela rede de TV ABC teve a menor audiência de todos os tempos.

Segundo o Instituto Nielsen, o Ibope americano, houve uma queda de 20% em relação ao ano passado.

Mas essa não é a pior notícia para os responsáveis pelo Oscar na TV. A faixa etária que teve a maior queda foi exatamente a mais importante, os jovens entre 18 e 24 anos. Alguns executivos da ABC buscam explicações para diminuir os prejuízo. Eles dizem que os índices não levam em conta o número de pessoas que gravaram o evento para assistirem mais tarde e as transmissôes via Internet.

O futuro das cerimônias do Oscar assim como o futuro da TV cada vez mais está na rede.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a `Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais´. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar `Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica´, `O Poder das Imagens´ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado `Antimanual de Jornalismo e Comunicação´ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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