Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

OFENSAS & AMEAÇAS
Moacir Assunção

Ameaça de Paulinho a jornais será levada à OEA

‘A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) informou ontem que levará à Organização dos Estados Americanos (OEA) a ameaça do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, de processar em vários Estados os jornais Folha de S.Paulo e O Globo por causa de reportagens sobre o suposto favorecimento da Força Sindical e do PDT em convênios do Ministério do Trabalho. Paulinho é presidente da Força e a pasta do Trabalho é chefiada por Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT.

Paulinho adota estratégia semelhante à adotada pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) contra três jornais – Folha, Extra e A Tarde -, com dezenas de ações, às vezes em locais de acesso difícil. A única diferença, que o deputado fez questão de frisar ontem, é que no caso da Iurd a maioria das ações foi protocolada por fiéis. ´Vamos assumir as ações. Seremos nós mesmos que entraremos com elas´, avisou.

De acordo com o presidente da Fenaj, Sérgio Murilo, o vice-presidente da entidade, Celso Schörder, vai relatar na segunda-feira à OEA os casos que envolvem tentativas de cercear a liberdade de expressão no Brasil, entre eles as declarações de Paulinho e as ações da Iurd. ´Se ações desse tipo continuarem, a sociedade será prejudicada, já que o cidadão terá cerceado seu direito de ser informado´, analisou. Murilo vê risco de ´ação golpista contra a liberdade de expressão´.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, também usou termos duros. ´Isso não pode virar moda. O Judiciário não pode ser usado como instrumento de perseguição política ou de capricho de quem quer que seja.´

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares, também condenou a iniciativa. ´Tenho convicção de que a magistratura brasileira, que guarda muito respeito pela imprensa livre e democrática, vai usar seus instrumentos para impedir que o Judiciário se torne um instrumento de perseguição.´

O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas, concorda com Britto. ´É lamentável que comecem a surgir ações como essa, que caracterizam tentativas de intimidação.´

PRESSÃO

Ao confirmar a intenção de processar os jornais, Paulinho alegou que a Força foi prejudicada em todo o País. ´Todos os dias tem gente me cobrando. Como vou me defender? A Folha vai para todo o País´, disse. ´É um dano irreparável. Não tem dinheiro que pague.` O deputado rebate todas as suspeitas envolvendo a Força e o ministério.’

 

TV DIGITAL
Renato Cruz

Patentes emperram TV interativa

‘Um problema jurídico impede o lançamento da TV digital interativa no Brasil. Blocos de software que fazem parte do Ginga, sistema de interatividade criado por pesquisadores locais, podem exigir pagamento de royalties para a empresa americana Via Licensing. ´As especificações técnicas do Ginga já estão prontas desde 2 de dezembro´, disse Paulo Henrique Castro, coordenador do Módulo Técnico do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD).

A Via Licensing é dona de patentes do MHP, software de interatividade europeu, e também do OCAP, americano. O Ginga adotou o GEM, bloco de software que faz parte do MHP e do OCAP, exatamente para se tornar compatível com as tecnologias internacionais. Esta semana, porém, o Fórum do SBTVD fechou acordo com a empresa americana Sun Microsystems, criadora da linguagem de programação Java, para desenvolver um substituto do GEM em software livre, que não exige pagamento de royalties.

Na Europa, os fabricantes têm de pagar US$ 1,75 por equipamento vendido à Via Licensing, e cada emissora paga até US$ 100 mil por ano, dependendo do número de residências que alcança. ´Os radiodifusores na Itália estão furiosos, porque o pagamento não era previsto quando adotaram a tecnologia´, afirmou Castro.

A interatividade vai permitir, na TV aberta, serviços parecidos com os da internet, como escolha de câmeras e trilhas sonoras, clicar em imagens para obter mais informações, compras e troca de mensagens com outros espectadores.

Não existe no mercado nenhum conversor (também chamado de set-top box) ou televisor com o Ginga. Segundo o professor Luiz Fernando Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, um dos pais do Ginga, os lançamentos podem acontecer no segundo semestre.

Em 2 de dezembro, quando a TV digital estreou no Brasil, os pesquisadores que criaram o Ginga diziam que a tecnologia estava pronta, enquanto a indústria falava que não. ´Existe muito ruído´, disse o professor Guido Lemos, da Universidade Federal da Paraíba, que liderou os trabalhos do Ginga-J, parte do sistema que usa o GEM. ´Estão querendo transformar o Ginga-J numa Geni.` Segundo Lemos, não houve interatividade na estréia da TV digital porque os equipamentos ficaram prontos um mês antes, e vieram cheios de problemas.

O Ginga-J tem como base a linguagem Java, da Sun, que tem o código aberto e não exige o pagamento de licenças. ´Nosso trabalho vai durar de 90 dias a quatro meses´, disse Luiz Maluf, diretor da Sun.’

 

TECNOLOGIA
O Estado de S. Paulo

Nossa meta é alcançar o Google, diz Microsoft

‘O presidente-executivo da Microsoft, Steven Ballmer, prometeu que sua empresa ganharia mercado diante do Google na publicidade online e nas buscas na web, mesmo que isso seja ´a última coisa que ele faça` no comando do grupo.

Falando na conferência de tecnologia online MIX08 da Microsoft, em Las Vegas, Ballmer reiterou suas justificativas para a oferta não solicitada, no valor de US$ 41,2 bilhões, que sua empresa apresentou pelo Yahoo, afirmando que a transação poderia acelerar seus esforços para montar uma forte concorrência ao Google.

´Pode ser que seja a última coisa que eu faça na Microsoft, mas chegaremos lá, e vamos trabalhar sempre para ganhar mercado´, disse Ballmer durante uma animada conversa com Guy Kawasaki, um executivo de investimentos em empresas, que foi um dos primeiros funcionários da Apple .

´No mercado online é só Google, Google, Google, mas estamos no jogo. Somos aquele cara pequeno mas persistente que ganha vindo de trás´, brincou Ballmer, cuja empresa é a maior produtora de software do mundo.

Na longa conversa com Kawasaki, o executivo rebateu críticas ao Windows Vista, deu alguma sutis indiretas contra a Apple e até reproduziu uma infame dança que lhe valeu notoriedade no mundo do vídeo online e lhe garantiu o nada lisonjeiro apelido de ´Monkey Boy` em certos círculos da internet.

Mas não disse muito sobre a oferta da empresa pelo Yahoo. A Microsoft propôs adquirir o Yahoo por US$ 31 por ação, em dinheiro e ações. O conselho do Yahoo rejeitou a oferta, dizendo que ela subestimava o valor da empresa.

´Fizemos a oferta, e ela está lá, cara´, disse. Originalmente, a proposta valia US$ 44,6 bilhões, mas a queda das ações da Microsoft resultou em queda no valor.

Ballmer afirmou que, caso a transação seja concretizada, as duas empresas terão de reduzir as áreas em que existe sobreposição.

´Não deveríamos ter tudo duplicado. Não faria sentido ter dois serviços de busca, dois serviços de publicidade, dois serviços de e-mail; é algo que teremos de resolver.´

APPLE

A MIX é um evento da Microsoft para apresentar seus últimos lançamentos para a internet. A conversa ocorreu em tom relaxado, apesar das perguntas difíceis feitas por Kawasaki, incluindo uma referência a uma acusação de ter arremessado uma cadeira no meio de uma sala depois de saber que um funcionário estava trocando a Microsoft pelo Google.

Durante a conversa, Ballmer elogiou a Apple, por sua decisão de facilitar o acesso de desenvolvedores de software ao iPhone, e ironizou o Macbook Air – o superfino laptop recém-lançado pela Apple. ´Essa coisa é mais pesada que o Toshiba que eu uso´, disse Ballmer.AGÊNCIAS INTERNACIONAIS’

 

TELEVISÃO
Keila Jimenez

Profissão Repórter

‘Já está tudo certo para que o quadro Profissão Repórter, de Caco Barcellos, ganhe um lugar só seu e fixo na programação da Globo este ano.

A atração, que estreou em 2006 como um quadro-teste no Fantástico, conquistou o público e logo ganhou edições maiores, que foram ao ar substituindo o Linha Direta em algumas ocasiões.

Agora, o quadro vem sendo produzido em forma de programa mesmo e pode assumir de vez, em abril, a vaga deixada pelo Linha, que saiu da programação da Globo.

O formato continua o mesmo. Caco Barcellos comanda um time de jovens jornalistas na produção de reportagens, mostrando também os bastidores dessas apurações.

A saída do Linha Direta da emissora foi uma decisão tomada pela direção da rede no fim do ano passado. O programa tinha o apoio de uma corrente na Globo que o defendia como importante para a prisão de foragidos da Justiça.

Nos últimos meses, a audiência do programa caiu para a casa dos 17 pontos, o que apressou seu fim. Em suas exibições especiais, o Profissão Repórter bateu a casa dos 20 pontos de ibope.’

 

JORGE AMADO
Ubiratan Brasil

A volta do bem-amado

‘Com um abraço afetuoso, Roman Polanski iniciou sua amizade com Jorge Amado. ´Sua literatura inspirou a minha adolescência na Polônia´, disse o cineasta ao escritor, quando se encontraram na Bahia. ´Embora o governo polonês nos obrigasse a apenas ler obras com temática realista-socialista, seus livros traziam uma prosa solar e de amor ao próximo.` São justamente essas duas qualidades que marcam, em grande estilo, o retorno da obra de Amado às prateleiras – na segunda-feira, nada menos que seis livros ganham nova edição, iniciando o trabalho de republicação, agora sob a chancela da Companhia das Letras.

´Trata-se de um dos nossos maiores projetos editoriais´, comenta o editor Luiz Schwarcz. ´Estamos tratando os livros de Jorge como se inaugurassem a Companhia.` De fato, trata-se de um desafio provocador. Desde sua morte, em 6 de agosto de 2001, a quatro dias de completar 89 anos, Jorge Amado revelava-se cada vez mais um autor na contramão da tendência dominante na literatura contemporânea, tão pouco dado a mergulhar na introspecção psicológica que parecia até recusar a própria condição de modernidade.

Preocupada com os arranhões que a obra sofria diante da crítica (embora ainda vendesse bem), a família do escritor decidiu promover um leilão no ano passado entre as maiores editoras brasileiras. Com um projeto de 40 páginas, a Companhia das Letras ganhou a preferência por justamente oferecer um programa que inclui, além do relançamento, a divulgação da escrita de Amado por meio de palestras, concursos, shows e mostras de fotografia e cinema em quatro cidades do País.

´Queremos também preparar novos leitores, oferecendo cadernos de leituras que serão distribuídos nas escolas, além de cursos de capacitação de professores´, acrescenta Schwarcz. A idéia agradou em cheio à família Amado. ´Meu pai dizia que só depois de 50 anos de sua morte é que sua obra seria lembrada´, conta João Jorge. ´Felizmente não precisamos esperar tanto.´’

 

***

O mundo quer tempero de D.Flor

‘Até 2012, quando será comemorado o centenário de nascimento de Jorge Amado, toda sua obra deverá estar de volta às prateleiras. E com um novo aspecto – cada livro ganhará um posfácio, escrito por autores que também admiram sua obra. Assim, na segunda-feira, chega o primeiro lote formado por Dona Flor e Seus Dois Maridos (posfácio de Roberto DaMatta, colunista do Estado), Capitães da Areia (Milton Hatoum), Mar Morto (Ana Maria Machado), A Morte e A Morte de Quincas Berro D?Água (Affonso Romano de Sant?Anna) e Tocaia Grande (Mia Couto). O grupo dos seis se completa com uma história infantil, A Bola e o Goleiro.

´A generalizada e estereotipada visão de que o Brasil seria reduzível à soma mecânica das populações brancas, negras, mulatas e índias, perspectiva essa que, em todo caso, já vinha sendo progressivamente corrigida, ainda que de maneira desigual, pelas dinâmicas do desenvolvimento nos múltiplos setores e atividades sociais do País, recebeu, com a obra de Jorge Amado, o mais solene e ao mesmo tempo aprazível desmentido´, comenta José Saramago, em texto distribuído pela Companhia das Letras. Ele, que escolheu A Descoberta da América pelos Turcos para escrever seu posfácio, conta que foi surpresa para muita gente descobrir nos livros do escritor baiano a complexa heterogeneidade, não só racial, mas cultural da sociedade brasileira.

Tal observação, no entanto, ainda não é unânime, como comprovam alguns depoimentos de escritores ouvidos pelo Estado (leia abaixo) – ao longo da carreira, Jorge Amado enfrentou críticas pela generosa popularidade, que tanto minimizavam os temas tratados como desqualificavam sua linguagem, considerada simplista por traduzir a oralidade do povo, o ?escrever de ouvido?, como aponta Ana Maria Machado, uma das primeiras a nadar contra a maré e defender, em livro, as possíveis contribuições positivas do texto de Amado a um mundo em crise: o interculturalismo, a miscigenação, o hibridismo cultural, a sociedade relacional brasileira.

´É por isso que acreditamos ser essencial o lançamento de dois Cadernos de Leitura, que serão dirigidos a professores e escolas´, comenta João Jorge, filho do escritor. Segundo ele, os cadernos vão trazer textos de especialistas em educação e literatura acompanhados de material iconográfico e sugestões de atividades. ´O objetivo é preparar os novos leitores de Jorge Amado e como ele mostrava a capacidade do povo brasileirode conseguir vencer suas dificuldades.´

Além dos cadernos, um programa de capacitação de professores vai percorrer algumas cidades brasileiras com a finalidade de fornecer detalhes sobre como trabalhar a literatura do escritor com os alunos.

Apesar de os primeiros seis livros chegarem na segunda-feira (e outros 10 serão relançados ao longo do ano), o lançamento oficial está marcado para o dia 25, quando o Sesc Pinheiros certamente ficará repleto de curiosos em ouvir trechos de livros de Amado lidos por admiradores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Mia Couto, entre outros (veja programação completa no quadro ao lado).

Jorge Amado gostava de dizer que seu texto era prolixo, sem chance para a síntese. Assim, escreveu praticamente só romances, pouco se aventurando em outros gêneros literários. Mesmo assim, sua obra se tornou conhecida mundialmente e a nova edição já desperta interesse internacional. ´Na Feira do Livro de Frankfurt do ano passado, fomos sondados por diversas editoras em também participar da reedição´, conta o editor Luiz Schwarcz, lembrando de ter conversado com representantes da Espanha, Austrália e Alemanha.

Segundo ele, a família do escritor também se apressa para constituir novo agente literário internacional, o que vai facilitar o trabalho de uma nova expansão do texto de Amado pelo mundo. E, no Brasil, a perspectiva de venda também é promissora – enquanto editada pela Record, a obra chegou a atingir 21 milhões de exemplares vendidos ao longo dos últimos anos.’

 

Jorge Amado, Na Opinião Dividida De Outros Escritores

‘´O sucesso que ele fez com Gabriela e a popularidade que ele desfrutava no exterior foram fatais para a sua reputação de bom escritor. E é o que ele é: um bom escritor que conseguiu transcender o regional e tornar universais seus temas. Como escreveu muito, nem todos os livros mantêm a mesma qualidade literária. Mas Gabriela é um excelente romance, embora o meu favorito seja Terras do Sem Fim.´

MARIA ADELAIDE AMARAL

´A mesquinharia e a inveja passavam longe da alma desse baiano universal. Eu não via nele nenhuma gota de ressentimento, apesar das críticas que faziam à sua obra, algumas justas, outras cruéis e inconseqüentes. Inconseqüentes porque na ficção de Jorge as falhas não apagam, muito menos anulam a dimensão social e histórica: a densa dimensão humana de sua obra.´

MILTON HATOUM

´Para mim, o melhor livro, literariamente falando, é Pastores da Noite. Espero que seja reeditado brevemente porque, afinal, é uma referência.`

LYA LUFT

´Não tenho qualquer dúvida de que se trata de um grande fabulador, um formidável criador de personagens, um maestro a reger os mais diversos núcleos dramáticos. O problema é que nunca superou uma visão extremamente populista da realidade brasileira, herdada da sua fase de militância de esquerda. Além disso, é notório o seu desmazelo com relação à escrita. Naquele que é considerado seu melhor romance, São Jorge dos Ilhéus, o leitor tropeça com um clichê de imagem a cada página e com um clichê de situação a cada cinco.´

LUIZ RUFFATO

´Amado foi um grande escritor popular e um exímio contador de histórias, até um pouco em detrimento da preocupação com a linguagem. Tenho a impressão de que isso colaborou para que uma parte da crítica o enclausurasse no nicho do regionalismo, quase do folclore. Mas poucos escritores fixaram tantos tipos na galeria de personagens imortais da literatura brasileira. Gosto de alguns livros dele, em especial de Capitães da Areia, O País do Carnaval e Gabriela, Cravo e Canela.´

MARÇAL AQUINO

´Ele foi quem primeiro espalhou a nossa literatura pelo mundo. Como reclamar? Com ele, estávamos melhor representados. Há mais tempero no Amado do que no Paulo Coelho – este, duro de cozinhar.´

MARCELINO FREIRE

´Todo sistema racional parte de alguns axiomas. Todo pensamento crítico está fundado em preconceitos. No Brasil, há muito tempo que parece feio gostar de coisas brasileiras. Falo, evidentemente, das elites. Jorge Amado foi vítima desse sentimento. Para mim, é um clássico. Criou personagens magníficas, ícones da nossa mitologia moderna: Dona Flor, Pedro Arcanjo, Gabriela, Damião. Quantos livros são tão bons como Os Velhos Marinheiros?´

ALBERTO MUSSA

´Seus livros me divertiam, ao passo que os de Graciliano Ramos me tiraram o chão. A impressão que ficou é a de que os romances de Jorge eram engraçados e envolventes, mas também descuidados e excessivos.´

ANDRÉ DE LEONES’

 

 

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O Estado de S. Paulo – 1

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