Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornal faz crítica da mídia e incomoda concorrência

A imprensa de Roraima ainda sofre de um provincianismo inaceitável. Com algumas raras exceções – TV Roraima e TV Ativa –, os programa de televisão geralmente são muito mal produzidos, com seus apresentadores se comportando como nos primeiros anos da invenção, na década de 1950. Postam-se diante das câmeras como se estivessem num estúdio de rádio. Falo de entonação e trato com a linguagem. Muitos gritam ao microfone. Os comentários são os mais estapafúrdios possíveis. Tudo muito rudimentar.

Mas a postura mais provinciana vem exatamente dos que encaram a coluna ‘Imprensa Urgente’, publicada no jornal Roraima Hoje, diário recém-fundado no estado, como uma prática aética. Os comentários surgidos no meio dizem que não estamos agindo direito ao apontarmos os erros e o trato sofrível dado à língua pátria, verificados nos veículos locais, inclusive no RH. Das duas uma: ou essas pessoas não estão antenadas com o que acontece no mundo da comunicação em termos globais ou se consideram semideuses, cujos erros não podem ser apontados.

Chá de humildade

A crítica da mídia é feita nos maiores e melhores centros jornalísticos do país e do mundo. O ombudsman de imprensa não é uma invenção nossa. O cargo surgiu no início do século XIX, na Escandinávia. O primeiro jornal a adotar essa já não tão nova instituição da mídia mundial foi o Louisville Courier Journal, do Kentucky (EUA), em 1967. Já em outubro de 1991, o número de ombudsmen superava os 70 em todo o mundo. Hoje eles se multiplicaram ainda mais.

O principal jornal em circulação no país hoje, a Folha de S. Paulo, tem seu ombudsman, que critica os seus próprios erros e os dos demais veículos. O jornal O Povo, de Fortaleza, também mantém um jornalista exercendo a função desde 1997. Isso sem falarmos neste Observatório da Imprensa, que faz o media criticism na internet e em programas de rádio e televisão. Então, não estamos inventando a roda. Por que a mídia roraimense cobra correção de todo mundo e fica irritada quando essa cobrança é feita contra si?

O Roraima Hoje, desde quando nasceu numa primeira versão eletrônica em agosto do ano passado, trouxe essa proposta de fazer um jornalismo mais incisivo, criticando inclusive a própria mídia. Aqui no nosso impresso, as primeiras críticas foram feitas ao próprio jornal. Continuaremos nesse caminho, pois entendemos ser essa uma característica do jornalismo moderno. Acreditamos que essas análises ajudam a melhorar e a amadurecer o jornalismo aqui praticado. Os incomodados terão muito ainda o que reclamar. Aconselhamos tomar chá de humildade.

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Secretário de Redação do Roraima Hoje; Blog Repórter