Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia privatista e a falta que faz a Varig

Este 2006 ainda não acabou, mas já se pode dizer que o ano do centenário do vôo do 14-Bis foi catastrófico para a aviação comercial brasileira. E não apenas por causa da tragédia com o Boeing da Gol, em 29 de setembro, e os sucessivos apagões no controle do tráfego aéreo, mas pela forma irresponsável com que foi conduzida a crise da Varig.


É evidente que o governo tem uma grande responsabilidade no encolhimento da empresa pioneira. Mas a quota de culpas da mídia não é menor.


Receoso de ser acusado de estatista e intervencionista, o Executivo entregou o destino da empresa às ‘forças do mercado’. Acontece que o mercado é uma abstração, e, no caso, evidentemente não estava preparado para absorver a demanda nem substituir os serviços oferecidos pela Varig. A prova do erro vem sendo oferecida há dias e culminou no dia de Natal, com a inédita auditoria determinada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a ser feita na TAM.


Mais atenção


É preciso reconhecer que a nossa mídia não é diversificada. Em algumas questões de caráter econômico ou ideológico age de forma monolítica e paroquial. Se a imprensa não tivesse criado um clima antiintervencionista, o governo, ou parte dele, teria encontrado caminhos para uma intervenção breve e incisiva para salvar a Varig. E hoje, seis meses depois, não teríamos uma TAM desproporcionalmente grande e uma Varig injustamente amputada, que, mesmo assim, saiu-se muito bem na crise.


Ainda há tempo para corrigir o erro. Mas convém não prestar muita atenção aos instintos privatistas da mídia.