‘O crack está a devastar setores marginalizados da população e também faz estragos na classe média. A notícia ‘Médico é preso após lesionar irmão’, publicada no O Povo (Fortaleza, 15/3), é uma demonstração de que o consumo da droga se registra também entre os profissionais liberais, atingindo até os que se dedicam ao tratamento de pessoas dependentes de tóxicos, um psiquiatra, no caso específico ocorrido em Viçosa do Ceará e noticiado neste jornal. É evidente que não se deve fazer generalização, mas o fato serve de alerta e demonstra que o crack não é mais ‘privilégio’ dos setores deserdados da sociedade. Avança em outros segmentos da população.
O assunto motivou carta do leitor Paulo Rodrigues da Costa (‘Médico enlouquecido’, Opinião, página 4, 20/3), que disse: ‘Urge que as autoridades constituídas dêem a prioridade que o problema merece e promovam em sinergia com a sociedade a erradicação dessa droga do diabo’.
Outro leitor, que prefere o anonimato, ressalta, em contato com o ombudsman, o alerta feito na nota ‘Epidemia’, da coluna Concidadania (16/3), de Valdemar Menezes, e diz que O Povo deveria dar mais atenção a esse gravíssimo problema em Fortaleza: a propagação, em níveis alarmantes, do crack, na periferia, em áreas centrais e, praticamente, em todos os recantos da cidade. Muitos dos assaltos nas ruas e cruzamentos são praticados por viciados em crack. Isto sem falar na quantidade de dependentes, verdadeiros autômatos, que perambulam pelas ruas, como pedintes, vendedores ambulantes ou prostitutas. A situação pode chegar a um ponto incontrolável. ‘Está na hora de o jornal abordar um assunto com uma série de boas reportagens’, cobra o leitor.
O crack é o resultado da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada. Tal combinação resulta em grãos (essa parte sólida é chamada popularmente de ‘pedra’) que são fumados em cachimbos improvisados, tais como latas de cervejas ou refrigerantes. A droga surgiu no começo dos anos 80. O que tornou possível a substância ser fumada foi a criação da base de coca chamada de ‘livre’. Em Fortaleza, o consumo intensificou-se a partir da década de 90 e, desde então, tem registrado um crescimento acentuado.
O consumo do crack é maior que o da cocaína. É mais barato, mas os efeitos euforizantes têm menor duração. Segundo os especialistas, o crack ‘ocasiona dependência física e pode, posteriormente, provocar a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco’. Por causa da ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera as seguintes reações no organismo humano: aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são: euforia, sensação de poder e aumento ilusório da auto-estima. A dependência se instala em pouco tempo no organismo. Se consumido com o álcool, o crack faz crescer o ritmo cardíaco e a pressão arterial, o que pode ocasionar a morte.
Álcool nas BRs
Deu na primeira página da edição de sexta-feira última (‘Liminares derrubam a lei seca em rodovias federais’) e foi manchete de Brasil (pág. 12, ‘Liminares deixam sem efeito a lei seca em rodovias’). Ocorre que, em termos de Ceará, esta liminar vale apenas para um supermercado localizado na BR-222. O assessor de imprensa da Polícia Rodoviária Federal, Darlan Antares, esteve sábado último no O Povo e disse que a notícia causou muita desinformação entre comerciantes que têm pontos instalados nas margens das rodovias federais. Afirma que a matéria, produzida pela Agência Estado e assinada por Vannildo Mendes, está cheia de equívocos. O mais grave está no abre (início da matéria), onde se lê: ‘O Ceará é um dos estados onde a lei seca foi cancelada nas BRs, em razão de liminares’. O texto diz ainda que ‘a Polícia Rodoviária Federal havia montado um esquema gigantesco para pôr em prática na Operação Semana Santa, que se estende até a meia-noite de domingo, de fiscalização dos estabelecimentos que vendem bebida à beira da estrada, sujeitos a multa de até R$ 1.500,00 quando autuados em flagrante’.
Desinformação total. A ‘lei seca’ continua a valer nas BRs no Ceará. Alguns comerciantes, dando crédito à notícia do O Povo, pensaram que a proibição havia sido levantada e passaram a vender bebidas alcoólicas em seus estabelecimentos. As autuações continuam e a Operação Semana Santa está em andamento neste ‘feriadão’. O jornal acreditou na matéria da Agência Estado e ninguém teve o cuidado de checar a informação, o que provocou confusão e desinformação..
‘Alemão’ ou Alemão?
Em ‘Mais 15 réus pelo furto ao Banco Central’ (manchete, dia 15/3) e em ‘Mulher de Alemão é libertada’ (coordenada), Antonio Jussivan Alves dos Santos, é tratado de ‘Alemão’ (com aspas) no texto da matéria principal e sem aspas no título e no texto da coordenada. Alguns leitores, inclusive o jornalista Miguel Macedo, já me dirigiram e-mails e telefonemas pedindo uma padronização do jornal a respeito do assunto. O apelido Alemão deve vir com aspas ou sem aspas? Apelidos consagrados são grafados sem aspas, como é o caso de Pelé, Xuxa, Garrincha. Mas, quando envolvem uma nacionalidade podem ferir suscetibilidades, daí a necessidade das aspas, para dirimir quaisquer dúvidas.’