Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quatro jornalistas presos em protestos

Nova York, 18 de maio de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades colombianas a liberar quatro jornalistas que foram presos ontem, no Departamento de Cauca, enquanto cobriam protestos indígenas contra o tratado de livre comércio com os Estados Unidos.

Organizações de camponeses e indígenas têm protestado desde terça-feira, em Piendamó, contra o tratado de livre comércio e o presidente Álvaro Uribe, que busca a reeleição este mês. Os quatro jornalistas estão detidos em uma delegacia local, informou a imprensa colombiana e internacional. A polícia disse ao CPJ que apenas podia confirmar a prisão de dois jornalistas.

Richard Calpa, diretor da rádio La Libertad, no município de Totoró, Marcelo Forero, jornalista do site El Turbión, sediado em Bogotá, e Carmén Eugenia León e Jusús Lopez, comunicadores da rede de rádios indígenas Asociación de Cabildos Indígenas, foram detidos pelas forças de segurança quando cobriam os protestos, informaram fontes do CPJ. Um coronel da polícia disse ao CPJ que León e López haviam sido detidos sob acusações de incitação à desordem e perturbação da ordem pública.

O jornalista local Mauricio Dorado informou ao CPJ que as forças de segurança invadiram uma improvisada central de imprensa e bateram nos quatro jornalistas. Confiscaram câmeras, gravadores e um computador. Forero, León e López foram presos. Calpa escapou em uma motocicleta e foi detido mais tarde. Sua motocicleta e um transmissor de rádio foram encontrados queimados, disse Dorado. Um porta-voz da Fundação para a Liberdade de Imprensa (Fundación para la Libertad de Prensa) afirmou que os quatro jornalistas possuíam credenciais de imprensa. Cerca de 28 manifestantes também foram detidos durante os protestos, informou a polícia.

Contra a democracia

A imprensa colombiana informou que os manifestantes denunciaram a brutalidade policial. Autoridades vincularam os manifestantes com grupos guerrilheiros e disseram que o protesto foi uma tentativa de alterar as eleições presidenciais de 28 de maio, acrescentou a imprensa local. Os manifestantes negaram as acusações. Um camponês morreu e cerca de 30 pessoas ficaram feridas durante os enfrentamentos, segundo a Associated Press.

‘Condenamos a prisão de nossos quatro colegas e apelamos para que sejam libertados de forma imediata e incondicional’, disse a Diretora-Executiva do CPJ, Ann Cooper. ‘Dada a recente condenação expressa pelo presidente Uribe às autoridades que impeçam o trabalho da imprensa, o instamos a se interessar pessoalmente pelo assunto e assegurar que seja respeitado o direito dos quatro jornalistas de cumprir suas tarefas informativas’.

Depois de uma reunião em Bogotá com o CPJ, em março, Uribe expressou seu apoio ao trabalho dos jornalistas regionais que exercem a profissão sob ameaças de violência e disse que qualquer autoridade que impeça seu trabalho ‘está cometendo um crime contra a democracia’.

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todas as partes do mundo