O jornal A Gazeta iniciou a publicação, na segunda-feira (15/5), de uma nova coluna na editoria de Cidades. Ocupando meia página, a coluna ‘Fotoleitor’ é constituída por fotos produzidas pelo próprio cidadão, que flagra acontecimentos de seu cotidiano e as envia ao veículo.
A proposta do jornal é formidável, pois abre um espaço de pluralidade que permite a cada pessoa denunciar os problemas que observa no tecido social. Aliás, entre os debates atuais que envolvem o jornalismo, está justamente a busca de um maior espaço para a opinião da sociedade civil, e menos para as concepções das fontes oficiais. Além disso, como a ‘Fotoleitor’ evidencia, há a possibilidade de o cidadão comum auxiliar na cobertura jornalística, recortando fatos da realidade que não foram percebidos pelos profissionais no instante de sua ocorrência, como é o caso das grandes tempestades.
A primeira edição teve caráter ambiental e mostrou, entre outros problemas, o desperdício de água. Um leitor fotografou uma mulher lavando a calçada com mangueira e, outro, as luzes de postes acesas às 10 da manhã.
Este é um sinal de que, quando se cria um diálogo entre sociedade e veículos de comunicação, fundamenta-se o verdadeiro exercício da cidadania. Já não são apenas os jornalistas os denunciadores dos males sociais, mas o próprio leitor interessado numa informação de qualidade.
Mas é preciso lembrar de que a seleção das fotos é feita pelo jornal. Assim, se o diário não hesitar em tornar público, por exemplo, o flagrante de uma grande empresa poluindo o meio ambiente, com certeza o objetivo da coluna terá sido alcançado. Entretanto, se o contrário ocorrer, a proposta de um belo exercício de jornalismo vai se transformar em ilusão.
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Estudante de jornalismo da Ufes, integrante da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa