Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Duas semanas de abobrinhas

A Copa do Mundo começa no dia 9/6, a seleção brasileira já está concentrada na Suíça preparando-se para o primeiro jogo no dia 13/6 em Berlim. Faltam dez dias para a abertura e 14 para a estréia, mas jornais, rádios e tevês já estão dominados pelo frenesi do Mundial.

Sheila Soares, a loura brasileira residente na Suíça, não resistiu ao charme de Ronaldinho Gaúcho, jogou-se sobre ele e rolou na grama com o craque. Não é jornalista, mas sabia exatamente o que aconteceria no dia seguinte (27/5): ganhou a primeira pagina dos nossos jornais. E, de quebra, exibiu a disponibilidade geral para o jornalismo de abobrinhas que dominará as duas próximas semanas.

Se a seleção já iniciou o treinamento, é óbvio que a reportagem especializada deve acompanhá-lo. Mas junto com os abalizados comentaristas esportivos vai um destacamento de especialistas em picadinho e laranjada, encarregados de explorar ao máximo aquilo que ocorre fora de campo e além do tempo regulamentar.

Devidamente gratificada, Sheila Soares desapareceu do noticiário. Em seu lugar apareceu Ronaldo, o Fenômeno, queixando-se abertamente da cerrada marcação da imprensa por causa do seu peso. Ronaldo imaginou que seria eternamente endeusado. Foi ingênuo, a mídia é volúvel e voraz, agora tem outro Ronaldo para endeusar.

O ‘quadrado’ de atacantes pode ser infalível, o talento dos atletas pode ser inesgotável e a sua fibra, imbatível, mas é preciso não esquecer que os patrocinadores gastaram fábulas de dinheiro e as empresas jornalísticas investiram fortunas na cobertura.

Todos precisam rentabilizar custos e monetizar o noticiário. Jogo e placar ficam a cargo da TV Globo.