Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

IMPRENSA NA JUSTIÇA
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Veja e Lauro Jardim não terão que indenizar Gushiken

‘O juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, em São Paulo, determinou que Luiz Gushiken, ex-ministro de Comunicação do governo Lula, não tem direito a indenização de R$ 50 mil por danos morais contra a Veja e o jornalista Lauro Jardim, defendidos pelo escritório Lourival J. Santos Advogados. Para o juiz, Gushiken não pode se queixar já que a revista publicou resposta dele a uma nota na edição seguinte.

O jornalista escreveu a seguinte nota: ‘Gushiken revelou-se requintado… serviu-se de uma garrafa de Grand Vin de Chateau Latour, safra 1994, um tinto apreciadíssimo. O néctar do Pauillac custa 2 990 reais a garrafa. Depois, o ‘China’ acendeu um charuto cubano… Total da brincadeira: 3.500 reais. A conta foi paga em dinheiro vivo rachada entre os dois’.

Na edição seguinte, a revista publicou nota de Guskiken admitindo que jantou no restaurante Magari.

Gushiken se queixou do fato de Veja ter publicado que, embora não tivesse renda, teria pago um jantar caríssimo, insinuando que ele seria inidôneo. Para o ex-ministro, a nota é inverídica porque o valor do jantar divulgação não corresponde ao que foi cobrado.

‘Quando o veículo abre espaço para resposta, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo tem entendido que não há dano moral a ser reparado’, argumentou o juiz.

Ele citou decisão da 10ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP de maio deste ano. Nela, o desembargador Jomar Juarez Amorim, relator, disse que, no caso que julgava, ‘embora evidente o erro, aqui se entende que não houve má-fé, sobretudo porque diante da retificação da notícia na edição de 24/10/04, na primeira página e no editorial. Afastada a malícia na publicação, não há falar em reparação civil, conferindo-se primazia à liberdade de imprensa’.’

 

 

GAFE
Sérgio Matsuura

Senado vai punir jornalista que respondeu email com um palavrão

‘A TV Senado vai abrir inquérito para apurar denúncia de mau comportamento no uso do email pelo jornalista João Carlos Fontoura. Na quinta-feira, ele teria respondido a uma proposta de pauta do assessor da secretaria de Emprego e Relações de Trabalho de São Paulo Vinícius Prado de Moraes com um email dizendo ‘F…!’.

O diretor de comunicação do Senado, Helival Rios, informa que o episódio é ‘muito inusitado’ e causou imenso mal-estar na Casa. Segundo Rios, o presidente do Senado, Garibaldi Alves, exigiu explicações sobre o caso.

‘O jornalista não é um João ninguém. Ele representa o Senado Federal. Será aberto inquérito e ele será punido. Nós solicitamos que o destinatário do email formalize a queixa’, afirma Rios.

O assessor da secretaria paulista se disse surpreso com a resposta que recebeu e explica que a sugestão de pauta, sobre a participação do secretário Guilherme Afif em uma audiência pública, foi enviada para jornalistas de vários veículos.

‘Quando chequei a minha caixa, vi uma resposta: ‘F…!’. Eu respondi ao email agradecendo a confirmação de recebimento do aviso de pauta’, conta Moraes.

Na tarde desta sexta-feira, Moraes recebeu um email de desculpa enviado por Fontoura. Nele, o repórter da TV Senado diz ter confundido a mensagem com um SPAM.

‘Acredite, não foi minha intenção atingi-lo pessoalmente ou profissionalmente. Menos ainda ao senhor secretário Afif Domingos. Não foi, certamente, uma atitude compatível com a de um servidor público com 24 anos de serviços prestados ao Senado Federal. Creio que estava num mau dia’, escreveu Fontoura no email de retratação.’

 

 

REPRESÁLIA
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Deputado manda repórter se retirar da Assembléia Legislativa do MS

‘Repórter de Política do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, Humberto Marques foi convidado pelo presidente da Assembléia Legislativa, Jerson Domingos (PMDB), a se retirar da Casa, por reportagem publicada no diário sobre uma servidora suspeita de ser funcionária fantasma do Estado.

Marques conta que chegou à Assembléia por volta das 10h para repercutir matéria publicada do jornal com o deputado Antônio Carlos Arroyo, cuja mulher, Maria Aparecida Arroyo, é servidora do Tribunal de Contas e está sendo investigada.

‘Ao chegar para a sessão, o presidente da Mesa Diretora perguntou quem era o repórter do jornal. Apresentei-me e fui chamado para ir até a sala de reunião dos deputados, atrás do plenário. Lá, o deputado informou que eu estava ‘convidado a me retirar, porque não há espaço na Assembléia para o jornal O Estado’. Domingos protestou contra matéria feita no jornal sobre uma pessoa doente, cuja situação tem causado sofrimento ao deputado Arroyo, e reiterou para que a reportagem do jornal se retirasse, o que foi atendido’, explica o repórter.

Questionado por ter aceitado o ‘convite’ sem questionar, Marques diz que ‘preferiu não polemizar’. ‘Achei que qualquer reação poderia ser mais negativa pra mim e que a melhor arma que eu teria era mostrar o que estava acontecendo. Soube que, após a sessão, ele se reuniu com a imprensa para explicar por que tomou essa atitude’.

Segundo colegas do repórter, o deputado teria dito que se arrependeu do que fez e explicou que tentou ajudar um amigo – o deputado Arroyo. Ele também teria feito acusações ao dono do diário, Jaime Valler.

A direção de O Estado vai acionar judicialmente Domingos por mandar o repórter deixar a Assembléia e por informações ‘inverídicas’ atribuídas ao proprietário do jornal.

Procurado pelo Comunique-se, Domingos está viajando e, segundo sua assessoria, só poderá falar com a imprensa a respeito na próxima segunda-feira (17/11).’

 

 

CONTEÚDO NA REDE
Bruno Rodrigues

Como os americanos nos vêem?, 11/11

‘Obama ganhou. O mundo inteiro comemorou junto com os EUA – vide a quantidade de jornais que deram capa para o presidente eleito – e agora respiramos aliviados. Afinal, é uma oportunidade única de dar um reload em um século que começou mal; ninguém merece um novo milênio que tem como abre-alas (ainda que extra-oficial) um ataque terrorista. Prefiro a versão 2008 da História.

Não vou chover no molhado e ser mais um a repetir como a web serviu como base fundamental para a vitória de Obama e antes disso como um estímulo para que os jovens fossem às urnas. Funcionou, o candidato ganhou e ninguém mais irá questionar a força da internet. E ponto final.

Na verdade, o que tudo isso me lembra é como entra século, sai século, entra década, sai década, os americanos não entendem que para encontrar soluções para seus problemas é preciso olhar para além dos oceanos. É triste perceber que tenham sido necessários um 11 de Setembro, um Iraque, um Afeganistão, dois governos Bush e uma crise financeira para que toda uma nação abrisse os olhos.

A questão de como os EUA vêem o resto do mundo sempre me foi cara. Se por um lado acho uma miopia sem tamanho, também a encaro como uma certa ingenuidade tamanho G. Um ‘nós nos bastamos’ que nem sempre é intencional. Ou a ingenuidade é minha?

Fato é que não vem de hoje esta visão limitada. Há algumas semanas tive a felicidade de assistir à estréia latino-americana do documentário ‘Walt & El Grupo’, sobre a visita, em 1941, de Walt Disney e um grupo de desenhistas do estúdio a alguns países do continente, entre eles o Brasil de Getúlio Vargas. E lá estava mais uma vez a estranheza dos americanos perante o mundo, mas agora temperada – vá lá – pela ingenuidade de um grupo vivendo uma experiência sem igual alguns meses antes de Pearl Harbor acontecer e puxar o país para a dura realidade da Segunda Grande Guerra.

Em meu blog, escrevi sobre o filme e a impressão que tive de uma época em que havia mudanças iminentes – algo como vivemos hoje em dia, guardadas as devidas proporções, obviamente.

Leia o texto abaixo e me responda: esta miopia tem cura ou nem Obama e a crise financeira são capazes de ampliar os horizontes dos americanos?

‘Walt & El Grupo’

Em meados de 1941, os Estados Unidos ainda não tinham entrado na 2a Guerra, o que não significava, contudo, que o país pudesse ignorar o que estava acontecendo. As exportações americanas iam de mal a pior, já que a Europa estava em frangalhos. Resultado: a economia teve que se virar, e nem a indústria cinematográfica pôde ficar parada. Para evitar que as contas não caíssem no vermelho, Walt Disney passou a aceitar tudo quanto é tipo de proposta – e a mais estranha veio do próprio Governo dos EUA.

Preocupado com a possível influência do nazismo sobre os povos ‘neutros’ da América do Sul, os EUA tinham implantado a famosa ‘Política de Boa Vizinhança’. Diversos artistas, em especial atores e diretores, eram despachados para ‘south of the border’, com o intuito de reforçar a importância da democracia e dos valores dos Aliados. Foi um fracasso: ou os sul-americanos ignoravam a passagem das celebridades ou as rejeitavam – isso quando não havia má vontade de quem vinha. Por isso, nos primeiros meses de 1941, Walt Disney foi chamado às pressas para uma conversa.

Aquela seria a mais ousada e cara e tentativa do Governo: Disney viajaria por vários países da América do Sul em missão diplomática e artística. Levaria uma equipe de artistas consigo, que voltaria com material para produzir um ou dois desenhos animados, sem a obrigação de fazer sucesso nos cinemas – apenas propaganda implícita. Fossem outros tempos, Disney sairia esbravejando da sala; mas eram tempos difíceis e, além da Guerra, seus estúdios estavam prestes a entrar em greve – fato que seria divisor de águas na história da empresa e da vida do próprio Disney, ele próprio admitiria anos depois.

Por isso, em agosto de 1941, Walt Disney e uma pequena equipe de artistas embarcou em uma viagem de três meses para a então distante e exótica América do Sul, em tour por quatro países: Brasil, Argentina, Peru e Chile, com uma rápida passagem pelo Uruguai.

A viagem, um sucesso estrondoso sob o ponto de vista de propaganda – a comitiva foi recebida e acompanhada por multidões por onde passava – e artisticamente transformadora – Mary Blair, uma das artistas da equipe, por exemplo, criou se u estilo marcante a partir daí – nunca tinha sido tratada com a devida importância nem pelos próprios estúdios Disney, por mais que houvesse material de sobra como registro. Foi então que entrou em cena Diane Disney Miller, filha de Walt que, através da The Walt Disney Foundation, decidiu bancar duas empreitadas: o documentário ‘Walt & El Grupo’, dirigido por Ted Thomas, e um livro ainda inédito, do historiador JB Kaufmann.

Quase 1/3 do filme é dedicado ao Brasil. Aliás, o filme parece ter sido feito para os brasileiros, tanto é a quantidade de entrevistados daqui (famosos ou não) e as músicas escolhidas (do ‘Tabuleiro da Baiana’ a ‘Aquarela do Brasil’ com Mart’nália, fantástica). Como moro no Rio, no bairro do Flamengo, foi uma experiência única ‘esbarrar’ com os cenários do filme e determinados pontos da minha vizinhança, como o Hotel Glória (onde ‘El Grupo’ ficou hospedado e surgiu a denominação da trupe), o Palácio do Catete (onde Disney se encontrou com Getúlio Vargas), o Pão de Açúcar (que tanto deslumbrou a equipe) e o Cassino da Urca, de certa maneira um ponto ‘mítico’ do filme, que aparece diversas vezes, seja em desenho, em filmes de 1941 ou mesmo hoje, em tristes escombros.

O Rio de Janeiro fascinou tanto os integrantes de ‘El Grupo’ que eles saíram daqui determinados a ‘não gostar de Buenos Aires’. Ainda que as imagens da c apital argentina sejam lindas (como são as de todas as cidades mostradas no filme), há um certo desprezo da trupe com a Argentina (‘descobri a tão falada melancolia argentina, e lá repensei várias vezes o porquê de estar viva’, chega a dizer, sarcástica, uma das artistas, em carta à família). O incômodo não pára por aí: é tratada com delicioso deboche a descoberta de que, ainda hoje, os portenhos, jovens ou velhos, acham que Walt Disney foi congelado após a morte (o que é desmentido nos créditos do filme com o mesmo tom irônico).

Em Santiago do Chile, Disney é recebido por mais uma multidão (comum a todos os países por onde passa), mas se surpreende com a recepção de dezenas de crian ças que o homenageiam em um cinema. É, talvez, a foto mais significativa do filme: Walt em pé, de terno e gravata, cercado por um mar de crianças sentadas, sorridentes e vestidas de uniforme branco. Inesquecível.

Se há um mote para o filme é a ‘saída pela esquerda’ para a greve dos estúdios (é claro), mas também há uma outra mensagem, quase silenciosa: a imensa saudade de maridos, esposas e filhos (então crianças) pelos pais que estavam tão longe (ainda mais para a época).

Diane Disney Miller pontua o filme, e mostra que herdou o carisma do pai. Seu olhar diz tudo. Em uma das cenas finais, ela pergunta ‘se meus pais trouxeram presentes?’ e mostra, feliz da vida, duas bonecas brasileiras.

Para os brasileiros, vale repetir, o filme é um presente, e fica claro que ‘El Grupo’ amou mesmo foi o Brasil. Os outros países foram passagem e aprendizagem – definitiva para alguns, como Mary Blair -, mas não marcou tanto a memória do grupo…

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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.

2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

 

VIDA ÍNTIMA
Milton Coelho da Graça

O que é mais privado, sexo ou doença?, 14/11

‘Marina Lima conta em livro que sua primeira experiência sexual foi vivida com Gal Costa. Marina tinha 17 anos, era menor. Se a lei penal fosse cumprida à risca, dentro de ampla interpretação da igualdade de sexos, Gal Costa poderia até ser processada por abuso sexual de menor, não existisse o princípio da prescrição (afinal, o ‘abuso’ teria sido cometido há 36 anos!).

Estou recordando essa notícia dada pelo Ancelmo, não para também promover o livro de Marina (embora ela certamente conte outras estórias interessantes sobre celebridades), mas porque estou curioso sobre a natureza da doença de Fábio Assunção. Doença é assunto privado, mas todos sabemos que raramente é ‘escondida’, especialmente por artistas, por força de possíveis danos à imagem. Que diabo de doença poderá ter Fábio – um ator jovem, protagonista da novela de maior audiência, no auge do maior sucesso – que precisa ser rotulada como ‘motivos pessoais’ e nem a repórter que sabe tudo sobre os bastidores da Globo ousou revelá-la?

Quando o presidente João Figueiredo, num sábado, teve um piripaque no Rio, O GLOBO deu (nenhum outro jornal deu), no meio da matéria, que ele era portador de aterosclerose – informação dada por um dos médicos que o atenderam, sob a condição de sigilo. Roberto Marinho me telefonou, irritadíssimo, dizendo que eu tinha publicado uma mentira, ‘colocando a República em perigo’. Mas nunca mais tocou no assunto, provavelmente porque confirmou que a notícia era correta e sempre ficava orgulhoso quando O GLOBO dava um ‘furo’.

E você, até que ponto acha que a imprensa deve ‘esconder’ a natureza da doença de uma personalidade pública, especialmente quando a impede de exercer sua função?

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Sinais da crise, mas O GLOBO reage

A edição de aniversário do LANCE sai esta segunda-feira com 48 páginas. A informação me foi dada por um funcionário, mas não consegui confirmá-la com ninguém da direção editorial ou comercial do jornal. Como, no ano passado, essamesma edição teve 96 páginas, eu tentava apenas saber se a redução teria sido causada por queda de publicidade, redução do custo de papel ou outro motivo. Sem,portanto, essa confirmação, arrisco-me a dizer que é mais um sintoma da crise financeira (que já está se manifestando também na economia real), porque fontes das agências de publicidade me dizem que a coisa está se tornando realmente feia.

O GLOBO, entretanto, enfrenta esse problema com visão otimista, lançando a revista OH!, exclusiva para assinantes. Ela é descrita contraditoriamente como Edição Especial – Número 1 – datada como sendo de Novembro de 2008, o que parece indicar ser ainda experimental. Tem 108 páginas, em papel couché, luxuoso, impressa em ‘hotset’ (e, por isso, impressa fora da gráfica de O GLOBO) na Ediouro.

Foram distribuídos 60 mil exemplares apenas para assinantes e o critério de distribuição provavelmente foi o de classe social – ela seria exclusiva para a classe A. Mas ninguém da direção respondeu aos recados. A Tijuca, por exemplo, não foi atingida – segundo informou uma funcionária. Mas, em Ipanema, bairro de classe A, também houve assinantes que não receberam.

A revista é muito bem editada por Carla Lencastre e tem 27 páginas publicitárias (ótimo resultado se todas tiverem sido pagas!), duas delas com o único, ou pelo menos o maior, defeito de produção: de Sara Jóias, com fundo amarelo, ninguém consegue ler o texto em branco.

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Vitória de Obama, derrota do grotão

Os números eleitorais demonstram como o avanço do conhecimento e do modo de vida foram causas subterrâneas da vitória de Barack por maioria bem além do imaginável. Os dados foram reunidos pelo jornalista americano Bill Bishop e apresentados pela revista Slate:

A maioria dos municípios (counties) vêm se tornando ‘mais republicanos’ ou ‘mais democratas’. Em 1976 Communities are just as partisan now as they were in 2004. Em 1976, 26,8% dos eleitores votaram em municípios onde Gerald Ford ou Jimmy Carter ganharam por diferença superior a 20% do eleitorado. Em 1992 a percentagem de pessoas nos municipios com maiorias que podemos chamar de ‘indiscutíveis’ subiu para 38%, em 1992, 45,3% em 2000 e 48,3% em 2004. Este ano, mesmo numa disputa mais radicalizada e aparentemente mais encarniçada, essa percentagem atingiu 48,%. 94 milhões de pessoas moravam este ano em municípios onde os democratas venceram por grande margem (20% ou mais), em 2004 eram apenas 64 milhões. Para os republicanos, esses números foram, respectivamente, 53 milhões (2008) e 83 milhões.

Aumentou muito a diferença entre a América rural e a América urbana. Em 1976, essa diferença era pequena, mas, em 2004, Bush teve 59% dos votos em municípios de áreas rurais, Kerry teve apenas 40%. Obama teve 57% dos votos nas principais regiõesmetropolitanas.

Interessante resumo desses resultados: a média do eleitorado dos municípios em que McCain venceu por 20% ou mais foi de 37.475; nos municípios em que Obama venceu, 278.601. Clara vitória do pensamento metropolitano contra a do grotão.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Presidente Obama, cuidado com impotentes e malucos!, 13/11

‘Queria ser um

trovador como

Bernard de Ventadour

(Talis Andrade in L´amour Courtois)

Presidente Obama, cuidado com impotentes e malucos!

A mídia mundial deu destaque à notícia de que houve uma corrida às lojas de armas dos EUA depois da vitória de Obama. Informou-se que a população acredita nos boatos segundo os quais o novo presidente vai sugerir restrições a esse comércio, porém Janistraquis discorda:

‘Considerado, nem Obama nem ninguém vai mexer nesse vespeiro; afinal, o direito às armas é garantido pela Constituição. Lamentavelmente, nenhum jornalista pensou na hipótese de que estão comprando armas com o objetivo de despachar o presidente eleito desta pra melhor, de preferência antes da posse…’.

É mesmo, não se pode desprezar tal possibilidade, haja vista o que já ocorreu por lá. Violência não é apenas rima ordinária para impotência; esta quase sempre provoca aquela e assusta o mundo saber que estimativas recentes sugerem que nos Estados Unidos há cerca de 30 milhões de homens com algum tipo de disfunção erétil.

Some-se o ódio racial (que ainda persiste) a esses números e teremos um cenário devastador. E o FBI está careca de saber que, desde o aparecimento do transporte coletivo, todas as semanas pessoas armadas desembarcam na rodoviária de Washington dispostas a matar o presidente, não importa quem seja e a qual partido pertença.

(Até hoje os Estados Unidos já tiveram 43 presidentes da República; quatro foram assassinados [Abraham Lincoln, James Garfield, William McKinley e John Kennedy] e quatro sofreram atentados: Andrew Jackson, Harry Truman, Gerald Ford e Ronald Reagan. Por essas e outras é que Truman declarou certa vez: se você quiser um amigo em Washington, arranje um cachorro.)

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‘São Marcos’ por quê?!?!

Janistraquis, que jamais passou a mão na cabeça de goleiro algum e não engole essa besteira de chamarem de santo o palmeirense Marcos, garante que na partida contra o Grêmio o grande pecado da divindade não foi acorrer ao ataque para tentar evitar a derrota; foi aquela bola preguiçosa chutada do meio da rua pelo Tcheco, transformada em frangaço por sua falta de reflexo.

‘Considerado, chamam o cara de ‘São Marcos’ por quê?!??! De vez em quando ele comete erros inexplicáveis e a mídia faz que não vê; lembro-me daquele jogo da Copa do Brasil de 2003 contra o Vitória, no Parque Antártica, no qual o ‘santo’ foi chutar uma bola atrasada pelo zagueiro, furou espetacularmente e o adversário fez mais um gol. O Palmeiras perdeu de 7 a 2 e tudo ficou por isso mesmo. Assim, até minha avó…’

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Primeiro passo

Deu na imprensa do mundo inteiro:

Igreja Católica: Padres do Vaticano vão ter de bater ponto

Janistraquis leu e comentou:

‘Pois é, considerado, bater o ponto é o primeiro passo; depois eles vão arranjar algum trabalho útil pra fazer.’

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Acorda, Brasil!

O considerado Evaristo Donato Cunha, sociólogo paulistano, envia trechos de relatório do Fórum Econômico Mundial, segundo o qual nosso grande país está entre os 24 que dão as mesmas oportunidades de educação a homens e mulheres:

(…) O Brasil também está entre os 36 países que promovem políticas de saúde que beneficiam igualmente homens e mulheres, diz o documento. Em contrapartida, estamos apenas em 73º lugar no ranking que mede a igualdade entre os sexos.

Janistraquis, que depois de conhecer José Dirceu passou a acreditar em uiaras, sacis e lobisomens, acha que o pessoal do Fórum Econômico Mundial também poderia arranjar alguma coisa útil pra fazer, junto com os padres da notinha acima.

O colunista pelo menos julga confiável a tal contrapartida.

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Portuglês no cinema

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo varandão debruçado sobre a sem-vergonhice vê-se Lula azeitando o ‘trem da alegria filantrópico’, no dizer de Josias de Souza, pois Roldão organizava seu espetacular arquivo quando reencontrou esta anotação:

Filmes em cartaz nos cinemas de Brasília neste fim de semana (16/17 Ago.2008):

Star Wars – The clone wars

Only the strong survive

Sex and the city – O filme

Space Chimps – Micos no espaço

Wall-E

Será que ainda está em vigor a exigência da tradução em português dos títulos dos filmes exibidos no Brasil?

Boa pergunta, Mestre Roldão, boa pergunta.

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Talis Andrade

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo excerto epigrafa esta coluna. Romântico, o poeta traslada o coração para a Provença do Século XII e identifica-se com o apaixonado menestrel Bernard de Ventadour (1148-1195)

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Mortos na autópsia

O considerado Altemir Soares Dutra, professor no Rio de Janeiro, envia notícia publicada no Globo Online, na qual se lê, sob o título Ataque terrorista — Condenados por ataque em Bali são executados:

Os três homens condenados à morte devido ao ataque terrorista de 2002 em Bali foram executados por um pelotão de fuzilamento na noite de sábado para domingo, na Indonésia.

(…)O gabinete do procurador-geral indonésio informou que os três foram mortos à 0h15, horário local (15h15, horário de Brasília).

‘Os resultados da autópsia mostram que os três foram mortos. Os familiares agora estão limpando os corpos’, informou o porta-voz Jasman Panjaitan em uma entrevista coletiva.

Altemir ficou perplexo:

‘Pelo que diz a notícia, os três não foram fuzilados, mas levados vivos para o IML de lá. Ora, por que ‘os resultados da autópsia mostram que os três foram mortos’?!?! Quem chega para fazer alguma autópsia, em qualquer lugar do mundo, já chega morto, né não??!’.

Janistraquis, que não conhece Bali mas já serviu na polícia do Moxotó, garante:

‘Nessas questões, considerado, tudo pode acontecer. Mas tudo meeeeesmo!’

Vá-se entender!

Da série que apresenta os títulos mais herméticos do jornalismo faz parte esta chamada encontrada na capa do UOL:

Juiz de tênis é cego a bola fora, diz estudo.

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Vão tomar clister!

Deu no indispensável Consultor Jurídico:

Cervejarias são acionadas por danos causados à saúde

As cervejarias Ambev, Schincariol e Femsa estão no alvo do Ministério Público Federal, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Ele entrou com uma Ação Civil Pública contra as empresas em que pede R$ 2,75 bilhões pelo aumento dos danos causados à saúde pelo consumo de cerveja e chope.

Janistraquis, que bebe desde criança e sempre preferiu cerveja a guaraná e cachaça a Fanta Uva, ficou revoltadíssimo:

‘Considerado, tem gente no MPF que não tem nada pra fazer, né não? Será que não aparece ninguém pra mandar esse pessoal tomar clister de pimenta malagueta com porra de facheiro?’

Leia aqui a íntegra da besteira.

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Nome da pomba!

O considerado Paulo Droescher, jornalista paulistano, despacha de seu QG na Rua Augusta:

Estava agorinha no iG a matéria com o título abaixo, o qual, na minha modesta opinião, dispensa o texto:

Wonarllevyston entra na Justiça e tira ‘Marllon Branddon’ e ‘Paullynelly Mell’ do nome.

Droescher, que já viu de tudo nesta vida, manteve-se calmo e comentou:

Agora sim, ficou bom…

Janistraquis tem quase certeza de que Wonarllevyston é nome paraibano. Lá pros nossos lados a criatividade abunda.

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Negócio em notícia

A considerada Renata Nogueira, contato da Scritta – Serviço de Imprensa, envia release para anunciar o lançamento do livro Como Usar a Mídia a seu Favor:

O dia-a-dia de uma agência de comunicação empresarial ganha as páginas do livro Como Usar a Mídia a seu Favor, mais novo lançamento da Editora CLA Cultural. Organizada por Paulo Piratininga, que há 15 anos dirige a Scritta, a obra funciona como um guia para orientar empresas e organizações a transformarem seu negócio em notícia.

O livro é uma coletânea dos textos do boletim eletrônico MediaTraining, produzido desde 2003 pela equipe da Scritta, reconhecida por suas bem sucedidas estratégias de comunicação para pequenas e médias empresas.

Segundo Piratininga, ‘em uma linguagem coloquial e didática a obra aponta caminhos, ajuda a desmitificar o universo jornalístico e reforça a tese de que comunicação não é despesa, e sim investimento com retorno certo.’

Como Usar… tem 172 páginas e custa R$ 36,00.

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Nota dez

O considerado Sérgio Augusto, de longe o melhor jornalista cultural do Brasil, escreveu no Estadão sob o título Crise? Compre um livro e se divirta:

Quando a economia vai bem, sempre aparece alguém para anunciar a ‘morte do livro’. Com a economia mundial na maior sinuca desde a Depressão, era de se esperar que até nos precisassem a data do enterro.

Mas, apesar da recessão à vista e da alta dos custos de papel e impressão, a mais recente profecia sobre o futuro do livro não fala em morte, e sim em ressurreição. ‘Os livros podem recuperar o terreno supostamente perdido para outras formas mais dispendiosas de entretenimento’, previu há dias o britânico Laurence Orbach, há 32 anos à frente da editora Quarto.

Leia no Blogstraquis a íntegra do texto que multiplica nossa alegria de viver.

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Errei, sim!

‘LEÃO DE… – Título do excelente caderno Propaganda & Marketing, encartado às segundas-feiras na Folha da Tarde, de São Paulo: Propaganda do banco trouxe Leão de para agência. Assim mesmo, com o espaço em branco. Em tal suspense Janistraquis detectou sinais de curiosa inovação:

‘Considerado, é absolutamente intencional; dessa forma o leitor participa da feitura do jornal, preenchendo os título incompletos. Talvez seja apenas o começo; depois será a vez de antetítulos, legendas e, finalmente, o próprio texto’.

Convenhamos que é, pelo menos, ousado.’ (abril de 1993)

P.S. – Verifica-se neste 2008 que a FT antecipava em 1993 o que mais tarde seria conhecido como interatividade. O jornal estava fora de sua época e, certamente por isso, foi fechado…

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

 

PRÊMIO ESSO
Eduardo Ribeiro

Correio Braziliense, O Dia e O Globo largam na frente no Esso, 12/11

‘Dos 38 trabalhos classificados para a final do Prêmio Esso de Jornalismo, cujos resultados finais serão anunciados no próximo dia 9 de dezembro, em evento marcado para o Copacabana Palace, no Rio, quase 1/3 teve autoria de profissionais de três jornais:

· Correio Braziliense (Informação Econômica, Primeira Página, Criação Gráfica – Jornal e Regional 2)

· O Dia (Fotografia, Primeira Página, Criação Gráfica – Revista e Regional 3)

· O Globo (Reportagem, Informação Econômica, Informação Científica/Tecnológica/Ecológica e Regional 3).

Cada um desses jornais entra na disputa final com quatro trabalhos classificados, vindo a seguir, com duas indicações:

· Folha de S. Paulo (Reportagem e Criação Gráfica – Jornal)

· Época (Reportagem e Informação Científica/Tecnológica/Ecológica)

· A Crítica/AM (ambos na categoria Fotografia)

· Jornal do Commercio/PE (Fotografia e Regional 1)

· O Estado de S. Paulo (Informação Científica/Tecnológica/Ecológica e Regional 3)

· O Povo/CE (Criação Gráfica – Jornal e Regional 1)

· Diário de Pernambuco (Regional 1 e Melhor Contribuição à Imprensa, este já ganho por antecipação)

· Superinteressante (ambos na categoria Criação Gráfica – Revista)

Com uma indicação, chegam à final:

· Diário de S.Paulo (Fotografia)

· Exame (Informação Econômica)

· A Tarde/BA (Primeira Página)

· Diário de Santa Maria/RS (Interior)

· Diário da Região – São José do Rio Preto/SP (Interior)

· Correio Popular – Campinas/SP (Interior)

· Estado de Minas (Regional 2)

· Zero Hora (Regional 2)

· TV Cultura/SP, Record e SBT (os três, disputando a categoria Telejornalismo).

A Esso destina este ano aos vencedores um total de R$ 109 mil, já deduzidos os impostos. Além do prêmio principal, que leva o nome do programa, fixado em R$ 30 mil, e do Prêmio de Telejornalismo, estabelecido em R$ 20 mil, serão distribuídos R$ 10 mil para as categorias de Reportagem e Fotografia, R$ 5 mil para cada uma das categorias de Criação Gráfica – Jornal, Criação Gráfica – Revista, Informação Econômica, Informação Científica/Tecnológica/Ecológica, Interior e Primeira Página, e R$ 3 mil para cada um dos três prêmios regionais.

A Comissão de Seleção dos trabalhos de mídia impressa decidiu atribuir a distinção de Melhor Contribuição à Imprensa em 2008 ao projeto Diário em Braille, do Diário de Pernambuco, que teve a iniciativa de editar diariamente exemplares em braille, e distribuí-los gratuitamente para todas as entidades de apoio a deficientes visuais de Pernambuco.

Ao todo, 25 profissionais de alguns dos maiores jornais e revistas brasileiros examinaram durante cerca de 30 dias um total de 1.090 trabalhos de texto, fotografia e criações gráficas. Outros sete jurados que integraram as duas comissões de mídia eletrônica indicaram os três finalistas ao Esso de Telejornalismo, após o exame de 88 trabalhos.

A escolha final dos vencedores de jornais/revistas caberá a uma Comissão de Premiação especialmente constituída para esse fim, e a designação do vencedor no telejornalismo competirá a uma Comissão de Julgamento com cinco integrantes. A indicação da foto vencedora do Esso de Fotografia será feita via internet por uma Comissão Especial de 50 jurados, que votarão em um dos cinco trabalhos selecionados.

As editoras regionais de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro, Cristina Vaz de Carvalho, e em Brasília, Kátia Morais, ouviram os editores dos três jornais com mais trabalhos classificados, não só para aferir o sentimento de cada um dos veículos com esse grande número de indicações, mas também ver as razões desse sucesso.

Correio Braziliense

No Correio Braziliense, as quatro indicações para o Esso foram muito comemoradas. O editor-executivo Carlos Marcelo, por exemplo, salienta que o resultado ‘mostra a força de um trabalho coletivo e, mais importante, o reconhecimento de um trabalho continuado’. Ele lembra, por exemplo, que a 1ª página foi para a final quatro vezes, nos últimos cinco anos, o que demonstra a capacidade e a criatividade da equipe.

Já o editor-adjunto, Carlos Alexandre, ressalta que estas indicações são sinônimo de reconhecimento e, mais do que isso, de estímulo ao trabalho. ‘Estamos felizes e queremos ganhar, mas que vença o melhor’, diz, acrescentando: ‘ Concorremos na 1ª página com a capa de Fidel, representando o momento histórico de Cuba. Na parte gráfica, saímos com Bob Dylan, e por aí vai, revisitando o passado e representando o presente para nosso leitor’.

Também o editor de Arte, João Bosco Almeida, falou a este J&Cia: ‘A vitória da 1ª Página em 2005, época em que George Bush foi reeleito, coroou o nosso trabalho e demonstrou o poder de fogo da Arte do Correio. Continuamos chegando à final do Esso, e também temos recebido outros prêmios, ou seja, o Correio está muito bem representado entre os jornais’.

Raul Pilati, editor de Economia, salienta que este é o 3ª ano consecutivo que o jornal entra na final com Economia. ‘Isso mostra a qualidade de nosso trabalho, num momento em que o tema voltou a ser fonte de preocupação dos leitores’, diz. O trabalho desta vez classificado foi a série publicada na virada de 2007 para 2008, quando o Brasil e as pesquisas apontavam pela primeira vez a nova classe média brasileira. ‘E o Correio, mesmo antes das pesquisas, já anunciava o que todo mundo viria saber mais adiante’, conclui.

O Globo

O Globo está na final da categoria Reportagem com a série Favela S/A, também finalista do internacional Every Human Has Rights. Paulo Motta, editor de Rio do jornal, divide a indicação com a equipe composta por Angelina Nunes, Carla Rocha, Cristiane de Cássia, Dimmi Amora, Fernanda Pontes, Luiz Ernesto Magalhães, Selma Schmidt e Sérgio Ramalho.

Ele descreveu este trabalho para o J&Cia: ‘Mostramos na série um mercado que movimenta R$ 3 bilhões por ano em atividades legais e informais. A ilegal – estimativa de tráfico e roubo – ninguém tem. A informal, são quase 2 milhões de pessoas; um em cada três cariocas mora em favela. A série foi publicada em oito edições especiais, de domingo a domingo, dividida por quem lucra com isso, como a indústria das invasões; as construções para aluguel; os ‘gatos’ e o consumo de serviços públicos que deixam de ser pagos; o lazer, como os bailes funk; a política, com os cargos públicos e centros sociais – levantamos até 150 políticos que vivem do voto da favela. Tem também a violência como commodity, ou as taxas cobradas pelas milícias, um tipo de factoring sem risco, pois o inadimplente sabe que será morto. Cobrimos muito a favela, procurando mostrar não só o lado ruim. E esta é a segunda série de análises que fazemos. Tudo começou no ano passado, com Os brasileiros que ainda vivem na ditadura, sobre a população que tem seus direitos violados por um estado paralelo. Não há estudos acadêmicos sobre o que está por trás dos grupos armados; as últimas estatísticas são do censo de 2000. Tivemos que coletar números. Foi difícil fazer, porque não há dados sobre nada, e são áreas violentas. O poder público tem feito a integração na parte física, como a urbanização do espaço, mas não na esfera política e econômica. Cada matéria teve como ponto de partida uma denúncia, mas nos concentramos na análise do que, para o Rio, é uma questão importante. O Jornalismo Investigativo é muito quantitativo.

Tentamos fazer também um jornalismo qualitativo, de coisas imateriais, sem deixar de lado o outro, mais tradicional. Muitas vezes, os dois se confundem.’ (Nota da Redação: Angelina Nunes, que faz parte da equipe, é a presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji)

O Dia

Entre outras indicações, O Dia concorre em Criação Gráfica – Revista, com uma coleção de sete fascículos, em formato de revista, intitulada 200 anos – A família real. O trabalho recebeu o prêmio de excelência da Society for News Design (SMD) e menção no prêmio da Associação Mundial de Jornais (WAN), na categoria Jovens Leitores.

Alexandre Freeland, diretor de Redação, falou a J&Cia sobre o projeto: ‘Ainda em 2007, o jornal começou a definir os investimentos editoriais para o ano seguinte e estabeleceu que sua cobertura dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil seria a melhor do Rio. Queríamos participar do momento histórico oferecendo mais do que o noticiário sobre as festividades – um conteúdo editorial bem trabalhado, como um presente.

Decidimos dar atenção especial às escolas do município, com algo que tivesse também o poder de atrair o leitor comum, não fosse simplório. Para isso, fizemos um brainstorming, aqui no jornal, com professores da rede de ensino. Tínhamos que entender as necessidades deles, evitar o folclore e a reprodução de clichês, e adaptar diversas linguagens para diversas plataformas. Eles disseram coisas importantes como (1) a linguagem dos quadrinhos é a que fala mais de perto aos jovens, e (2) gostariam de ver a valorização da cidade, pois no Rio ainda hoje se esbarra, no dia-a-dia, com remanescentes daquele período. O departamento de Arte do jornal, com André Hippertt à frente, optou pela graphic novel de traço radical, a linguagem mais contemporânea da indústria cultural atualmente. O jornal criou uma editoria para a coleção, encabeçada pela repórter especial Fabiana Sobral, que respondeu pela pesquisa e adaptação da linguagem. A Arte, sob a coordenação de Ivan Luiz, buscou referências em obras de arte formais da época, cujas citações permeiam todo o trabalho, e o ilustrador Breno Girafa as usou como linhas-mestras de seu traço. Também foram inscritos no Esso Carlos Mancuso, André Provedel, Boni, Gustavo Moore e Raquel Vásquez. O primeiro fascículo foi publicado, ainda em 2007, no dia 29/11, data da partida (ou fuga) da família real de Portugal para o Brasil, há exatos 200 anos. Voltou ao tema em fevereiro e março deste ano, entre o fim do carnaval e a retomada do ano letivo. Para o primeiro exemplar, foi feita uma capa falsa, em papel offset, com uma versão romanceada, com elementos contemporâneos. A intenção era fisgar o leitor pela notícia, causar estranhamento. Mas era um risco e, por isso, os jornaleiros foram avisados com antecedência e houve monitoramento em bancas. Para satisfação do jornal, as vendas cresceram 20%, na última 5ª feira do mês – o leitor está mais aberto à inovação do que se imaginava. Nesta segunda etapa, foram acrescentadas entrevistas com historiadores, e o tema estava presente no noticiário como um todo. A repercussão foi muito positiva e, para isso, a Arte foi essencial. Houve um rigor histórico absoluto, com charme, leveza e poder de atração. Um jornal chegar a um Prêmio Esso na categoria Revista é muito importante. Mas o prêmio que não tem preço é saber que a coleção (que não foi oferecida às escolas como cortesia) hoje faz parte de várias bibliotecas. Um trabalho que não morre com a edição do jornal.’

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

 

TELEVISÃO
Antonio Brasil

TV em 3D, realidade virtual e o jornalismo do futuro, 10/11

‘‘Nas suas formas mais evoluídas, a tecnologia é indistinguível da magia’. Arthur C. Clark

O futuro está cada vez mais próximo. Na última semana, durante a cobertura das eleições americanas, a rede de TV CNN lançou uma nova tecnologia: transmissão de imagens em sistema tridimensional ou holografia ao vivo (ver vídeo aqui).

Para muitos tecnófobos, tudo não passa de mais uma quinquilharia eletrônica, brinquedo inútil de jornalista de TV americano. Gente que não tem mais o que fazer ou inventar. Coisa de bobo.

Mas por mais incrível que pareça, no passado, disseram a mesma coisa da própria reportagem e da TV. Buscar os fatos era desnecessário e novas tecnologias eram totalmente inúteis e dispensáveis. Nos seus primórdios, o jornalismo era essencialmente militante, partidário e ideológico. A busca dos fatos pelas técnicas era algo desprezível e dispensável. O bom jornalista sabia tudo. Tinha opiniões formadas sobre ‘quase’ tudo. Transmitia suas idéias ou ideologia para o público cativo ou simpatizante. Tudo mais era ‘secos e molhados’.

Para os ‘apocalípticos’ ou neo-luditas, o conteúdo e a ‘substância’ do jornalismo estariam sendo substituídos pela tecnologia. Discussão tão inútil como a precedência da teoria sobre a prática na academia. Como se pudesse haver conteúdo sem tecnologia ou prática sem teoria.

Em passado recente, ainda no século XIX, sair da redação para confirmar as notícias, os fatos não era atividade condizente com o bom jornalismo. O importante era escrever bem, muito bem, com estilo esmerado e correto sobre qualquer coisa. A opinião tinha precedência sobre o fato.

Só depois de muitos séculos, surgiria o herói máximo do jornalismo: o repórter.

Influenciado pelas ciências, pelo método científico em geral e pela Antropologia em particular, o jornalista saía a campo para investigar a realidade. Ir ao encontro dos fatos para relatá-los da melhor forma possível tornou-se a essência da nossa profissão. O objetivo era a representação da realidade pelas palavras e imagens. Buscar informações objetivas e impressões pessoais subjetivas para trazer a realidade ao público.

Telejornal holográfico, TV dos sonhos

Agora, a tecnologia nos oferece o que deve ser a ‘última fronteira’. Para a pesquisadora portuguesa Nelia Bianco em seu trabalho, ‘A Internet como fator de mudança no jornalismo’, ‘para os jornalistas que usam a Internet na produção de notícias, a realidade virtual estaria se convertendo em um novo modo de conhecimento do mundo exterior e das pessoas. Essa realidade é produto de virtualizações e atualizações sucessivas que pode ser percebida num tempo, espaço e condições históricas específicas e de modo diferente em relação a ambientes tecnológicos anteriores. Isso não implica em dizer que essa realidade, pelo seu enorme caudal informativo, acabaria por substituir a necessidade de conhecimento de uma realidade material e objetiva’.

Muito pelo contrário.

TV simulacro

Ao invés de buscar os fatos, relatar os acontecimentos, representar ou narrar as notícias para o público, o jornalista, em sua primeira, fase, tem presença virtual no estúdio. Na próxima fase da viagem à realidade virtual no jornalismo, o repórter vai estar presente tridimensionalmente, ou seja, muito próximo do real, não mais no estúdio da CNN, mas na casa do espectador.

A TV ou o que hoje entendemos por TV em conjunto com a internet, se liberta dos limites da telinha ou da telona (hoje seu poder aquisitivo determina o tamanho e qualidade da imagem) e invade o espaço da sua sala.

A TV abandona o televisor e se torna teatro de imagens tridimensionais. Tudo muito parecido com a realidade, a realidade… virtual.

Nesta primeira fase, rumo à nova fronteira do futuro do jornalismo, as holografias se parecerão com mágica, espíritos ou ‘fantasmas’ dos fatos. Mas na fase derradeira deste caminho sem volta, o telejornal ou algo que hoje chamamos de telejornal, deixará de ser ‘assistido’ para ser vivido.

Assim como no mundo dos nossos sonhos onde não temos certezas se estamos vivenciando o real ou o irreal até acordarmos. Viveremos as notícias como reais até que desliguemos a TV holográfica.

A TV das transmissões em forma de ‘sonho’, algo parecido com as propostas de ficção científica de filmes como ‘Total Recall’ (O Vingador do Futuro, 1990) (ver aqui), terão todas as sensações da realidade.

A cobertura da guerra em Bagdá no Iraque ou no Complexo do Alemão aqui no Rio não será mais assistida pelos telespectadores. Será vivenciada com ‘quase’ todos os seus riscos pela TV em realidade virtual.

Assim como o repórter trouxe a notícia para o leitor e a TV ao vivo trouxe a distância para a sala de estar, o jornalista do futuro e as tecnologias de realidade virtual inverterão ou subverterão essa mão única ou sentido obrigatório das notícias.

O repórter ou jornalista na realidade virtual inicial, aquela realidade que começamos a ver nos estúdios da CNN durante a cobertura das eleições americanas, passa a estar presente em sua casa e traz o mundo para o espectador.

Ao invés de contar histórias, o futuro jornalista holográfico da CNN ou de qualquer outra emissora de TV digital com internet será o guia que nos conduzirá ao mundo virtual das notícias.

A idéia principal é estimular a participação e a interação do telespectador dentro da própria notícia e aumentar a qualidade dos noticiários, resgatando alguns dos valores fundamentais da mediação presencial do jornalista. Nesta nova proposta, o jornalismo se inspira no passado, na essência da reportagem. Está em busca de maior rigor com a qualidade que foi perdida numa longa trajetória de erros e acertos. Um futuro que pode ser pior. Se permitirmos. Mas que também pode ser melhor. Um futuro que se confunda com as melhores promessas da ficção científica.

Mas essa viagem ao futuro é só para quem quer. Para quem adora ou é ‘viciado’ em notícias. Quem não tem medo de ir ao encontro dos fatos ou das notícias.

Quem viver o futuro não só verá os jornais. Vai viver as notícias! Simulacro de uma vida não-vivida. Porém, não menos rica e ‘arriscada’.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

 

 

 

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